Você está na página 1de 1

1.

Foi noticiado nos �ltimos dias a decis�o que tomei de me de demitir de Vice-
Presidente da Comiss�o de Or�amento, Finan�as e Moderniza��o Administrativa
(COFMA), de sair do grupo parlamentar do PS e tornar-me deputado �n�o inscrito�.
N�o foi uma decis�o impulsiva, nem conjuntural. Ontem saiu uma entrevista sobre
este assunto, e com este artigo termino a conversa sobre o passado porque o que
verdadeiramente me interessa � o futuro. � uma decis�o que se insere na vis�o sobre
qual deve ser o papel do parlamento, como deveria ser o papel dos partidos, o que
entendo sobre disciplina partid�ria. Em resumo, numa democracia robusta, a fun��o
primordial da assembleia legislativa � assegurar a representatividade ideol�gica
existente na sociedade, produzir legisla��o, assegurar a governabilidade e
fiscalizar o Governo.

Para cumprir estas fun��es � necess�rio partidos bem organizados e estruturados.


Defendo o monop�lio das listas de deputados elaborados pelos partidos (sou contra a
possibilidade de candidaturas independentes fora dos partidos), defendo a
personaliza��o do voto num sistema misto (� alem�), a disciplina partid�ria em
rela��o aos projetos e propostas de lei, quer necess�rios � governabilidade, quer
consistentes com os programas eleitorais sufragados pelos eleitores e concretizados
num programa de governo. Tudo isto � compagin�vel com a liberdade de voto em outras
mat�rias e isso s� enriqueceria e dignificaria a atividade parlamentar, se fosse
mais exercida.

Para o perceber consideremos que a disciplina de voto era universal. Nesse caso
bastaria termos 7 deputados, um de cada partido, nos momentos das vota��es em que o
voto de cada um seria proporcional aos mandatos obtidos por cada partido. Um
benef�cio seria que evitar-se-iam assim os problemas de deputados que votam sem
estar presentes. Mas ser� que � isto que desejamos dos nossos deputados e da
Assembleia da Rep�blica? Ou desejamos uma delibera��o democr�tica parlamentar que
concilie a disciplina de voto com alguma liberdade enriquecedora da actividade
legislativa e fiscalizadora da AR?

Você também pode gostar