Você está na página 1de 16

LEITURA E MULTILETRAMENTO NA BASE NACIONAL COMUM

CURRICULAR
Allana de Melo
Mariana Maués

RESUMO: A Base Nacional Comum Curricular BNCC é um documento que


regulamenta as competências que devem ser trabalhadas em todas as escolas
brasileiras, públicas ou particulares. Por meio de uma metodologia bibliográfica
e crítica, no artigo em questão objetivamos nosso objetivo é analisar como a
leitura e o multiletramento são concebidos neste documento e quais empecilhos
poderão ser enfrentados na implementação destas das competências
explicitadas no documento. As considerações preliminares apontam a Commented [WAGPMES1]: No final, reescrever sendo
importância de um arquivo teoricamente rico que norteia a educação brasileira, mais objetivas no que descobriram.
e a necessidade do preenchimento de lacunas referentes à prática efetiva da
BNCC nos diversos contextos escolares do país.

Palavras-chave: Base Nacional Comum Curricular; Leitura; Multiletramento

ABSTRACT:

Key words: Commented [WAGPMES2]: Decidir se os dois ficam em


maiúsculas ou minúsculas. Ver em português, quando vocês
INTRODUÇÃO colocaram um em maiúsculas e outro em minúsculas.
Padronizar.

No decorrer dos anos 1990, iniciou-se um fortalecimento da crítica às


abordagens de ensino que envolviam o ensino de línguas no Brasil. Tais críticas
surgiram por meio de pesquisas linguísticas que questionavam a forte abordagem à
gramática tradicional, o ensino descontextualizado da linguagem e o uso de textos como
pretexto para a análise de aspectos gramaticais. Consequentemente, passou-se a
revisar as praticas educacionais que norteavam o país e surgiram, então, os Parâmetros
Curriculares Nacionais e, mais recentemente, a Base Nacional Comum Curricular.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) define o conjunto orgânico e
progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao
longo das etapas e modalidades da Educação Básica (BRASIL, 2016, p. 7). A habilidade
que norteia grande parte das aprendizagens ditas como essenciais é a leitura. Cagliari
(1993) afirma que o melhor que a escola pode oferecer a seus alunos deve estar voltado
para a leitura.
A leitura exige do leitor um processo de compreensão e interpretação, ativação
de conhecimentos prévios, uso de bagagem linguística, e compreensão dos objetivos
advindos do autor do texto a ser lido. Segundo Cagliari (1993), ler é uma decifração e
uma decodificação. Primeiramente, o leitor deve decifrar a escrita e compreender a
linguagem para assim conseguir compreender as implicações do texto e, por fim, refletir
sobre o que foi lido para formar sua própria interpretação.
No entanto, salienta-se que a leitura não envolve apenas textos escritos. Nos
encontramos em um contexto no qual “todos os aspectos da vida, incluindo as atividades
cotidianas, as práticas de trabalho e o mundo da aprendizagem, são transformados
pelas tecnologias digitais” (BARTON; LEE, 2015, p. 11-12). Nos deparamos então, com
o termo Multiletramentos que, de acordo com Rojo e Moura (2012, p.13), surgiu da
necessidade de tratar em sala de aula, “a multiculturalidade caracteriś tica das
sociedades globalizadas e a multimodalidade dos textos por meio dos quais a
multiculturalidade se comunica e informa (...)”
Nesta pesquisa bibliográfica buscamos investigar como a Base Nacional Comum
Curricular aborda a leitura e como a relaciona com o multiletramento em sala de aula.
Portanto, iniciamos este artigo com uma breve discussão sobre o conceito de leitura,
letramento, depois sobre as abordagens de multiletramento, e, em seguida, analisamos
como a BNCC apresenta tais conceitos, como veremos a seguir.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Introduzir aqui as subpartes

2.1 A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR

A Base Nacional Comum Curricular é um documento de caráter normativo


que norteia as aprendizagens essenciais que todo estudante deve desenvolver
ao longo da educação básica e em cada etapa de sua escolaridade. O
documento foi desenvolvido colaborativamente por especialistas de todo o país
e contou também com a abertura de um portal que recebeu mais de treze
milhões de contribuições online. Desta forma, o documento objetiva visa reduzir
as desigualdades de aprendizado por meio de uma maior padronização dos
currículos escolares para que todos os alunos estejam aptos a competir
igualmente, independente de suas origens escolares.

O documento se divide em competências e habilidades. Segundo a


BNCC,

Competência é definida como a mobilização de conhe- cimentos


(conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e
socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas
complexas da vida cotidiana, do pleno exercić io da cidadania e
do mundo do trabalho (BRASIL, 2017, p. 8). Commented [WAGPMES3]: O texto maior deve estar em
fonte 12 e este em 11, o que está. No entanto, é preciso
A BNCC afirma que para que tais competências sejam atingidas, cada corrigir a fonte do texto do artigo em si.
componente curricular é contemplado com um conjunto de habilidades que são
definidas como a expressão de “aprendizagens essenciais que devem ser
asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares” (BRASIL, 2017, p.
29).
Tratando-se ainda de competências, a BNCC apresenta um conjunto de
dez competências gerais que abordam os direitos educacionais estudantis. Tais Commented [WAGPMES4]: Resolver no texto essa
repetição de “competências”.
competências envolvem a articulação de habilidades cognitivas, físicas, culturais
Commented [WAGPMES5]: Muita repetição do termo.
e emocionais dos indivíduos e devem ser contempladas no decorrer de toda a
educação básica.
Dentre as dez competências abordadas no documento, duas delas Commented [WAGPMES6]: Novamente...

englobam o atual cenário multimodal e o consequente ensino por meio de novas


tecnologias. A primeira refere-se ao uso da linguagem digital para se expressar
e compartilhar informações, enquanto a segunda foca no aprofundamento no
uso de meio digitais como uma ferramenta para uma comunicação crítica.
Percebe-se assim a tendência ao estímulo do uso de informações em diferentes
formatos e o distanciamento do tradicional letramento da letra.

2.2 O PAPEL DA LEITURA

A aquisição da leitura é fundamental para o processo de aculturamento


de um ser social. Todavia, não podemos desassociar a importância de
compreender e de se apropriar do sistema de escrita para se alcançar a
competência na leitura ou em um trajeto na direção oposta. Mendes e Brunoni Commented [WAGPMES7]: ???

(2015, p.15 ) afirmam que,


A aprendizagem da leitura tem como base o reconhecimento
de que os símbolos (letras/grafemas) representam unidades,
que, por sua vez, formam palavras no sistema de escrita. Em
seguida é possível reconhecer que cada unidade escrita
corresponde a uma unidade sonora (fonema).

Nesta perspectiva, encontramos a importância da não


desassociaçãoinseparabilidade do processo de leitura com odo sistema de
escrita, visto que a execução de uma ação não ocorre em detrimento de outra,
pelo contrário, a complementa.
Neste contexto, sabendo que a escrita em língua portuguesa apresenta um
sistema alfabético, pode-se elucidar que deste modo, no interior do processo de
leitura estão presentes as relações entre grafemas (letras) e fonemas
(sons), relações estas, que se encontram dependentes de uma decodificação
de palavras para que ocorra uma compreensão significativa da escrita.
Segundo Castella, Amaro Junior e Costa (2011),
[...] neste processo, ocorre inicialmente a análise visual,
dependente, portanto, deste sistema sensorial e da atenção
seguida do processamento linguístico da leitura, para a
associação grafema-fonema e leitura global da palavra.
(CATELLA; AMARO JUNIOR; COSTA, 2011, p. 53)

Posto isto, não podemos deixar de citar que o ato de alfabetizar precisa r
ser levado em consideração para que mais a frente a execução da leitura e o
processo de multiletramento sejam melhor compreendidos. Mendes e Brunoni
(2015), nos levam a entender que o sistema de leitura é construído
progressivamente, com base na capacidade de transformar letras em sons, bem
como na reflexão sobre a linguagem até chegar na compreensão textual.
Ante o exposto, Koch e Elias (2011, p. 10) anunciam que “a leitura de um
texto exige muito mais do que o simples conhecimento linguístico compartilhado
pelos interlocutores”. De fato, muitos são os apontamentos que assinalam as
marcas de compreensão de um texto seja ele oral ou escrito.
Ingedore Koch e Vanda EliasEssas autoras (ibidem, 2011) corroboram
que é de crucial importância cultivar o hábito da leitura na vida das crianças,
jovens e adultos. Tendo em vista que estes são os principais agentes na
elaboração e recepção de um texto, desta maneira as autoras distribuíram o foco
da leitura em três elementos distintos, sendo eles: o autor do texto, que carrega Commented [WAGPMES8]: Será que elementos é a
palavra que vocês querem aqui? Vejam que mais adiante
consigo uma subjetividade na representação de seus pensamentos; o texto, o vocês chamam isso de “concepção”.

qual é propriamente executável na concepção de língua como código, posto que


esta apresenta o texto como produto da codificação do emissor a espera de ser
decodificado por um receptor; o terceiro elemento, a interação autor-texto-leitor,
diferentemente apresentada na visão das concepções anteriores, evidencia que
os sujeitos são vistos como “atores/construtores sociais, sujeitos ativos que -
dialogicamente - se constroem e são construídos no texto” (KOCH; ELIAS, 2011,
p.10).
Deste modo, nos fundamentamos quanto aà relação da leitura, pois, em
uma concepção sociocognitivo-interacional que “privilegia os sujeitos e seus
conhecimentos em processos de interação” (KOCH; ELIAS, 2011, p.12). O papel Commented [WAGPMES9]: Esta frase ficou no ar. Vejam
que ela se encaminha para continuar e para.
da interação aqui apresentado é a relação posta na construção de sentidos que
reverbera a partir do elo entre as sinalizações dadas pelo autor e os
conhecimentos já adquiridos pelo leitor, que durante o processo de leitura deve
assumir uma atitude ativo-crítica para a construção de sentido apresentada no
texto construído. Commented [WAGPMES10]: Eliminar repetição de
“construção”.
Soares (2000) afirma que ao tornar-se letrado, o indivíduo é transformado.
Não no sentido de mudança de classe social ou cultural, mas de lugar social,
visto que a forma como ele interage socialmente e culturalmente se modificam.
Em consequência, no atual contexto de ensino e aprendizagem, junto às
constantes mudanças sociais, culturais e tecnológicas, encontra-se também a
multimodalidade textual.

2.3 LEITURA NA BNCC

Na BNCC o texto é apresentado como eixo central para a definição dos


conteúdos e habilidades que devem ser desenvolvidas desenvolvidos pelos
alunos. Desta forma, encontramos a leitura em três dos eixos propostos pelo
documento: o eixo leitura/escuta, o eixo análise linguística/semiótica e o eixo
oralidade. De acordo com o documento, o eixo leitura compreende
as práticas de linguagem que decorrem da interação ativa do
leitor/ouvinte/espectador com os textos escritos, orais e
multissemióticos e de sua interpretação, sendo exemplos as
leituras para: fruição estética de textos e obras literárias;
pesquisa e embasamento de trabalhos escolares e
acadêmicos; realização de procedimentos; conhecimento,
discussão e debate sobre temas sociais relevantes; sustentar
a reivindicação de algo no contexto de atuação da vida
pública; ter mais conhecimento que permita o
desenvolvimento de projetos pessoais, dentre outras
possibilidades (BRASIL,2017, p. 69)

Percebemos que a leitura é abordada por um viés crítico e que objetiva Commented [WAGPMES11]: Não gosto deste verbo...

um processo que vai além de um simples jogo de adivinhações. Como afirma


Lajolo (1984), ler é ser capaz de atribuir significação ao texto, conseguir
relacioná-lo a outros textos significativos, reconhecer nele o tipo de leitura que
seu autor pretendia e entregar-se a esta leitura, ou rebelar-se contra ela.
No eixo análise linguística/semiótica "sistematiza-se a alfabetização,
particularmente nos dois primeiros anos, e desenvolvem-se, ao longo dos três
anos seguintes, a observação das regularidades e a análise do funcionamento
da língua" (BRASIL,2017, p. 87). Destaca-se, portanto, que o documento aborda
a decifração (eixo análise linguística/semiótica) e a decodificação (eixo leitura)
como caminhos que levam à leitura. Como mencionado por Cagliari (1993),
primeiramente o leitor deve decifrar a escrita para em seguida decodificar as
implicações presentes no texto e, por fim, criar suas conclusões a respeito do
que foi lido.
Já no eixo Oralidade, "aprofundam-se o conhecimento e o uso da língua
oral, as características de interações discursivas e as estratégias de fala e escuta
em intercâmbios orais" (BRASIL, 2017, p. 87). Este eixo é distribuido pelos
temas: interação discursiva/intercâmbio oral no contexto escolar, funcionamento
do discurso oral, estratégias de escuta de textos orais em situações especif́ icas
de interação, produção de textos orais em situações especif́ icas de interação e
variação Linguiś tica. Cagliari (1993, p. 155) afirma que "uma leitura pode ser
ouvida, vista ou falada". Percebemos então, que a BNCC engloba os três tipos
de leitura classificados pelo autor ao inserir também a oralidade como uma das
manifestações linguísticas "que uma pessoa realiza para recuperar um
pensamento formulado por outra e colocado em forma de escrita" (1993, p. 155).

2.4 MULTILETRAMENTO
Para compreendermos o conceito de multiletramento, julgamos
necessário revermos primeiramente a distinção existente entre os conceitos de
letramento e alfabetização. De acordo com Kleiman (1995), um sujeito
alfabetizado domina a tecnologia de ler e escrever através da decodificação de
letras. Já o indivíduo letrado se diferencia do primeiro por ler e escrever em
práticas sociais. Tal distinção foi possível ao notar que alguns sujeitos, apesar
de alfabetizados, não conseguem utilizar adequadamente o seu conhecimento
de leitura e de escrita para interagir em práticas sociais. Rojo e Moura (2014)
também verificaram que muitas pessoas não alfabetizadas, conseguem realizar
atividades sociais do cotidiano que envolvem a leitura e a escrita, tais como:
diferenciar placas de ônibus, identificar e escolher produtos no supermercado,
entre outras.
A partir de então, os estudos sobre letramento tiveram início no período Commented [WAGPMES12]: Este conector não funciona
aqui. Vocês não estão em um eixo temporal antes para se
pós-guerra nos Estados Unidos (KLEIMAN, 1998). No Brasil, iniciaram-se os usar “a partir de então”. Acho que dá para eliminar
simplesmente.
estudos na segunda metade da década de 80, com os estudos de Mary Kato,
especialista em educação e linguística, com sua obra intitulada “No mundo da
escrita: uma perspectiva psicolingüística” (1986). Commented [WAGPMES13]: Resolvam a repetição de
“estudos”...
Para Soares (2004), o termo letramento envolve um conjunto de
habilidades, conhecimentos individuais, competências e práticas
sociais. Geraldi (2014) acrescenta que, a partir desta percepção acerca do
conceito de letramento, mais recentemente, inúmeros termos utilizados para
designar habilidades específicas, estão emergindo, entre eles: letramento digital,
letramento jurídico, letramento matemático, entre outros.
Diante disso, destacamos que, há uma vasta gama de trabalhos sobre
letramentos, no entanto, não iremos discuti-los em detalhes neste trabalho, uma
vez que, nosso objetivo aqui é elucidar questões que diferenciam as noções de
letramentos dos conceitos de multiletramentos, sendo este último nosso objeto
de discussão.
Afinal, hoje, sabemos que outras habilidades estão sendo exigidas dos
sujeitos, tais como: enviar e receber e-mails, usar ferramentas de busca
corretamente, compreender a linguagem presente em redes sociais, gravar
áudios, produzir vídeos, editar textos colaborativamente, entre outras. Desta
forma, taisEssas habilidades envolvem a capacidade de lidar com as novas
linguagens e tecnologias, desenvolvendo uma postura participativa, reflexiva,
curiosa e crítica., sendo que eEstas habilidades não podem ser características
de sujeitos alfabetizados e/ou letrados, mas sim daqueles do que denominamos
de multiletrados.
Sendo assim, Soares (2004) define o conceito de multiletramento como
estado ou condição do indivíduo que usa bem a leitura e escrita levando em
consideração a diversidade dos usos da linguagem em suportes impressos e/ou
digitais. As práticas inerentes ao multiletramento exigem uma postura
protagonista dos sujeitos, além de uma consciência crítica e reflexiva acerca do
seu papel em sociedade, sobretudo das consequências de suas ações.
O conceito de multiletramento surgiu em 1996, em um artigo publicado
por dez americanos, ingleses e australianos, o qual foi intitulado “A Pedagogy of
Multiliteracies: Designing Social Features”, publicado na Harvard Education
Review. Para os autores, a vida das pessoas está mudando constantemente e
isto, proporciona mudanças na cultura e nos processos de comunicação.
Nesta direção, os autores enfatizam a existência de uma diversidade
linguística e cultural, a qual exige de seus usuários o reconhecimento e o domínio
de novas linguagens. É preciso superar a linguagem do texto escrito, pois
segundo os autores, há agora a fusão de meios semióticos, tais como imagens,
cores e sons.
Para os autores, as esferas pessoais, profissionais e públicas estão sendo
alteradas profundamente pelas Tecnologias de Informação e Comunicação
(TICs). Com o advento das tecnologias digitais há o surgimento de novos
espaços, ações e cultura. É nesta direção que, identificamos aqui a presença
de canais de multimídia e hipermídia, onde nos quais os membros compartilham
informações, criam materiais diversos, além de interagirem uns com os outros.
Para Cope e Kalantzis (2001), as tecnologias digitais oferecem inúmeras
oportunidades de autoria aos seus participantes, reconhecendo-se aqui a
multidimensionalidade do conceito de multiletramento. Para os autores, o termo
engloba vários outros, os quais discutiremos a seguir.
Destacamos primeiramente, o conceito de letramento digital, o qual
envolve estar familiarizado com as linguagens digitais, as práticas de leitura e
escrita em ambientes virtuais. Nesta direção, cCabe aqui ressaltarmos o Commented [WAGPMES14]: Esse “aqui” é um dêitico de
local que não cabe no texto. Resolvam na reescrita.
letramento crítico, o qual pode ser definido como o desenvolvimento de uma
consciência crítica acerca do que se lê e escreve, identificando ideologias e
propósitos, sendo consciente de seu papel na sociedade, da complexidade
existente nos processos de leitura e escrita.
Aqui, surge o termo multimodalidade, que também é inerente ao processo Formatted: Highlight

de multiletramento, uma vez que os espaços virtuais apresentam uma


experiência de leitura cada vez mais multifacetada e dinâmica, alterando
profundamente a concepção tradicional de leitura, como afirmam Rojo e Moura
(2012). Em uma página multimodal, por exemplo, é possível ler um texto escrito,
ouvir um texto sonoro, assistir um vídeo, acessar links diversos, visualizar Commented [WAGPMES15]: Não esqueçam de colocar as
palavras estrangeiras no texto em itálico.
animações e imagens, entre outros. Neste contexto, os textos rompem com a
linearidade e se caracterizam por sua flexibilidade, dinamicidade e hibridismo.
Esta hipertextualidade oferece uma dimensão interativa ao texto, com interfaces
semióticas e outras formas de textualidade.
Por último, os termos de inclusão e cidadania relevam a importância e Commented [WAGPMES16]: Acho que vocês querem
dizer “revelam” ou “ressaltam” aqui. O termo “relevar” vai
necessidade de formar indivíduos que atuem ativamente na sociedade e sejam contra o que vocês estão querendo dizer...
conscientes da dinamicidade e diversidade linguística e cultural existente em
nossa sociedade. Tal formação deve superar os aspectos meramente
linguísticos e ser voltada para uma formação cidadã baseada em reflexões, e na
participação ativa e crítica do indivíduo perante a sociedade.

2.5 MULTILETRAMENTO NA BNCC


A aplicação dos multiletramentos nas diversas atividades escolares é Commented [WAGPMES17]: Inserção não seria melhor?
Difícil “aplicar” algo. Dá uma ideia de “pronto”.
proposta na BNCC com o objetivo de garantir que todos os alunos possam
desenvolver competências para lidar com as diversas semioses inerentes ao
processo comunicativo (FRANCISCO, 2018). Para ilustrar tal perspectiva,
destacamos aqui, uma das competências presentes no documento:
Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação
e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética
nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se
comunicar, acessar e disseminar informações, produzir
conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e
autoria na vida pessoal e coletiva. (BRASIL, 2017, p. 09)

Como podemos observar, a BNCC evidencia o desenvolvimento de


competências linguísticas ligadas ao uso de tecnologias digitais e suas
aplicações no cotidiano. Também, elencamos, dentre as competências gerais
previstas pela BNCC, a que trata sobre o repertório cultural, propondo a
articulação (...) da diversidade cultural, de maneira a abranger produções e
formas de expressão diversas, a literatura infantil e juvenil, o cânone, o culto, o
popular, a cultura de massa, a cultura das mídias, as culturas juvenis etc., de
forma a garantir ampliação de repertório, além de interação e trato com o
diferente (BRASIL, 2017, p.73). Commented [WAGPMES18]: Cadê as aspas desta
citação?
Deste modo, observamos o reconhecimento e valorização das diversas
manifestações culturais com o propósito de formar alunos que reconheçam e
lidem com a diversidade das práticas sociais.
O documento objetiva ampliar os letramentos dos discentes, uma vez que
este reconhece a necessidade e importância do uso de novas ferramentas em
processos comunicativos. Sobre isto, o texto diz:
As práticas de linguagem contemporâneas não só envolvem
novos gêneros e textos cada vez mais multissemióticos e
multimidiáticos, como também novas formas de produzir, de
configurar, de disponibilizar, de replicar e de interagir. As novas
ferramentas de edição de textos, áudios, fotos, vídeos tornam
acessíveis a qualquer um a produção e disponibilização de
textos multissemióticos nas redes sociais e outros ambientes da
Web. Não só é possível acessar conteúdos variados em
diferentes mídias, como também produzir e publicar fotos, videos
diversos, podcasts, infográficos, enciclopédias colaborativas,
revistas e livros digitais etc. Depois de ler um livro de literatura
ou assistir a um filme, pode-se postar comentários em redes
sociais específicas, seguir diretores, autores, escritores,
acompanhar de perto seu trabalho; podemos produzir playlists,
vlogs, vídeos-minuto, escrever fanfics, produzir e-zines, nos
tornar um booktuber, dentre outras muitas possibilidades. Em
tese, a Web é democrática: todos podem acessá-la e alimentá-
la continuamente. (BRASIL,2017, p. 66) .

Notamos acima o reconhecimento das atuais práticas de comunicação,


as quais exigem novas habilidades de seus sujeitos, de acordo com os estudos
de Rojo e Moura (2012). É preciso lidar com a complexidade destas práticas,
refletindo sobretudo, sendo capaz de agir socialmente e eticamente em diversos
ambientes, em especial, os virtuais. Ainda que estes ambientes virtuais já
estejam sendo vivenciados pela nova geração de alunos em ensino fundamental,
a BNCC questiona: “mas se esse espaço é livre e bastante familiar para
crianças, adolescentes e jovens de hoje, por que a escola teria que, de alguma
forma, considerá-lo?” (BRASIL, 2017, p. 66).
Para a BNCC, os sujeitos precisam refletir sobre suas ações nestes espaços,
agindo, criando e protagonizando nestes espaços. Deste modo, a escola precisa
oportunizar criar oportunidades para práticas de reflexão, criação e colaboração
nestes ambientes. Os sujeitos não podem ser meros usuários. Tal
questionamento interliga-se com a ênfase da Pedagogia dos Multiletramentos
proposta pelo GNL, como podemos observar nos excerto da BNCC a seguir: Commented [WAGPMES19]: O que é isso?

Ser familiarizado e usar não significa necessariamente levar em


conta as dimensões ética, estética e política desse uso, nem
tampouco lidar de forma crítica com os conteúdos que circulam
na Web. A contrapartida do fato de que todos podem postar
quase tudo é que os critérios editoriais e seleção do que é
adequado, bom, fidedigno não estão “garantidos” de início.
Passamos a depender de curadores ou de uma curadoria
própria, que supõe o desenvolvimento de diferentes habilidades
(BRASIL, 2017, p. 66).

Como podemos observar no trecho acima, o documento apresenta uma


proposta atual e extremamente relevante para o momento e as relações que
estamos vivenciando na sociedade contemporânea, a qual está sendo marcada
pela viralização de conteúdo ilegítimo nas redes, por práticas de exposição,
assédio e difamação de terceiros, por exemplo. É a partir disto que enfatizamos
o papel da escola em reconhecer e valorizar diversas práticas de letramento, não
se limitando-se ao letramento da letra, a decodificação de palavras, conforme
apontado por Rojo e Moura (2012).
A partir do que discutimos anteriormente, a BNCC propõe a ampliação
das competências dos alunos não apenas para trabalhar com as tecnologias
digitais, mas sim para tratar de questões inesperadas e complexas da sociedade
contemporânea, as quais não temos conhecimento. O contexto atual exige dos
alunos habilidades de antecipar problemas, prevê prever conflitos, lidar com
situações novas, desafiadoresdesafiadoras, de acordo com Rojo e Moura
(2012). Como podemos notar, o documento reconhece as novas demandas
profissionais do século XXI a partir dos novos processos de comunicação com
suas diversas semioses , gêneros digitais e multimodalidade, como podemos
notar no excerto a seguir:
Uma parte considerável das crianças e jovens que
estão na escola hoje vai exercer profissões que
ainda nem existem e se deparar com problemas
de diferentes ordens e que podem requerer
diferentes habilidades, um repertório de
experiências e práticas e o domínio de ferramentas
que a vivência dessa diversificação pode favorecer
(BRASIL, 2017, p. 67)

A partir do reconhecimento das complexas demandas de trabalho do


século XXI, o documento reconhece e valoriza os gêneros de menor prestígio
social como instrumento de desenvolvimento linguístico e cognitivo, como
veremos a seguir:
O que pode parecer um gênero menor (no sentido
de ser menos valorizado, relacionado a situações
tidas como pouco sérias, que envolvem paródias,
chistes, remixes ou condensações e narrativas
paralelas), na verdade, pode favorecer o domínio
de modos de significação nas diferentes
linguagens, o que a análise ou produção de uma
foto convencional, por exemplo, pode não
propiciar. (BRASIL, 2017, p. 67)

Como podemos observar, o documento não se limita aos gêneros


tradicionalmente supervalorizados pela escola, ao letramento da letra, a
decodificação do texto escrito. Para Rojo e Moura (2012), a escola deve romper
com o paradigma do letramento da letra e abordar os gêneros que de fato fazem
parte das práticas sociais dos alunos.
Além disso, os autores propõem a valorização das diversas culturas,
respeitando suas diferenças, semelhanças e história a partir da construção de
sentidos e inserção dos alunos em práticas comunicativas. Para Francisco
(2018), tal inserção dos alunos nas diversas práticas comunicativas deve
pressupor uma atuação crítica destes, com o objetivo de construir uma
sociedade mais igualitária e plural. Isto significa que, o respeito pela
singularidade de seus indivíduos, sua cultura, trajetória, crenças e preferências
deve ser um objetivo a ser atingido. O autor ainda acrescenta que, ser letrado
significa ter as habilidades que abordem a multiplicidade de culturas, a
diversidade e complexidade de linguagens usadas em práticas sociais.
Reconhecemos que, há inúmeras análises a serem feitas sobre a BNCC,
necessitando diversas discussões, reflexões e questionamentos, entretanto,
esperamos que o que foi discutido até este momento fomente discussões e
interpretações, servindo de base para outras pesquisas sobre o documento em
questão e sua proposta de multiletramento.

3 METODOLOGIA
Neste artigo empregamos a pesquisa bibliográfica como metodologia. Tal
pesquisa destaca-se pois “deve-se levar em consideração que os dados por si
só nada dizem, é preciso que o cientista os interprete, isto é, seja capaz de expor
seu verdadeiro significado e compreender as ilações mais amplas que podem
conter” (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 49). Deste modo, buscamos aqui os
dados, a partir da leitura da BNCC, à luz das teorias de leitura e multiletramentos
propostas por Rojo e Moura (2012), pelo Grupo Nova Londres e Koch e Elias
(2011), identificando os conceitos de multiletramentos e suas aplicações nas
propostas do documento em questão.
Destacamos também que este trabalho se caracteriza pelo teor
qualitativo, definido por Flick (2009, p.14) como um "caminho da teoria ao texto
e outro caminho do texto de volta à teoria. A interseção desses dois caminhos é
a coleta de dados verbais ou visuais e a interpretação destes dentro de um plano
específico de pesquisa".
Os dados coletados serão interpretados à luz da pesquisa bibliográfica
acerca do conceito de leitura e mutiletramentos e suas proposições na BNCC.
Assim, além das discussões teóricas já apresentadas anteriormente, uma
análise crítica será apresentada a seguir. Commented [WAGPMES20]: Este não é um artigo
empírico, então a metodologia pode ser retirada.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO Commented [WAGPMES21]: Poxa, esta parte está tão


curtinha... Se acharem por bem, podem mesclar as críticas e
comentários ao texto das partes anteriores, deixando os
Gostaríamos, primeiramente, de enfatizar o desafio que temos aqui, em comentários mais incisivos para a conclusão.
poucas palavras, de analisar as propostas de leitura e multiletramento na BNCC.
Apesar desta pesquisa ser limitada face às diversas possibilidades de analise e
interpretação deste documento, mais do que encontrar resultados, nos
preocupamos neste momento em deixar nossos questionamentos e reflexões.
Começamos nossa discussão ao identificar que por meio de um
documento construído por especialistas e membros da comunidade brasileira, a
BNCC pretende reduzir as desigualdades de aprendizado nas escolas de todo o
país. No entanto, como indaga Ribeiro da Silva (2015, p.375), "é possível falar
em um currić ulo nacional sem recair na ideia de uma determinação que
desconsidera a realidade que insiste em ser não linear e desigual?". A BNCC
destaca diversas vezes a responsabilidade da escola e do corpo docente quanto
ao desenvolvimento de um currículo que priorize as dez competências
ressaltadas no documento, deixando de mencionar a responsabilidade do
Estado perante a manutenção e disponibilização de espaços que favoreçam o
letramento digital, por exemplo. Em outras palavras, a BNCC prevê a mudança
do modelo pedagógico das escolas, mas questionamos aqui se os problemas
enfrentados nas escolas públicas se tornarão um impasse para a proposta de
uniformização da qualidade do ensino brasileiro.
Tratando-se do ensino de linguagens na era das novas tecnologias, é
imprescindível adequar-se à constante ascensão de gêneros multimodais. Para
isso, é necessário que o currículo seja atrelado à a tais modificações e que o
Estado forneça os recursos que favoreçam as mudanças dos novos modelos de
ensino. Mais do que disponibilizar um documento para normatizar o currículo
escolar brasileiro, o governo precisa auxiliar as diversas realidades escolares e
seus profissionais na compreensão das exigências feitas na BNCC. Destaca-se
a necessidade de uma formação pedagógica continuada dos docentes que já
estão atuando nas escolas, para que estes possam ter oportunidades de
compreender e discutir, de fato, as propostas da BNCC de acordo com cada
contexto escolar.
Não podemos deixar de destacar a importância de um documento que
almeja nortear a educação, a formação integral e o desenvolvimento de
competências de seus cidadãos. A BNCC poderá trazer ao Brasil um ensino
alinhado às habilidades exigidas no século XXI, tais como pensamento crítico,
inovação, inclusão e interconectividade. Para que práticas de multiletramento
propostas no documento cheguem até as escolas, pais, professores, gestores
pedagógicos e a sociedade em geral, precisam estar unidos em prol de uma
educação mais justa, igualitária e significativa para os educandos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS Commented [WAGPMES22]: Rever ABNT.

BARTON, D.; LEE, C. Linguagem online: textos e práticas digitais. São Paulo: Commented [WAGPMES23]: Subtítulos não são
Parábola, 2015. negritados.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (versão final). 2017. Disponiv́ el
em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/ BNCC_publicacao.pdf>
Acesso em: 25 out. 2018.

BRASIL. Constituiçao ̃ da República Federativa do Brasil. Diário Oficial da


União, Brasiĺ ia, 1998.

BRASIL. Resoluçao ̃ CNE/CEB no 4/2010 Diretrizes Curriculares Nacionais


Gerais para a Educaçao ̃ Básica. Ministério da Educação. Disponiv́ el em:
<http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_10.pdf>. Acesso em: 25 Out.
2018.

CAGLIARI, L. C. Alfabetização e linguística. Scipione: São Paulo, 1993.

CASTELLA, Erasmo Barbante; AMARO JUNIOR, Edson; COSTA, Jaderson

Costa da. As bases Neurobiológicas da Aprendizagem da Leitura.

Aprendizagem Infantil: uma abordagem da neurociência, economia e

psicologia cognitiva, Rio de Janeiro, v. 11, p.50-70, 2011.

COPE, B.; KALANTZIS, M. Multiliteracies. Routledge: New London Group


(COR), 2001.
FLICK, U. Introdução à pesquisa qualitativa. Porto Alegre: ARTMED
EDITORA, 2009.

GERALDI, João Wanderley. A produção dos diferentes letramentos. In:


Bakhtiniana. São

Paulo, 9 (2): 25-34, Ago./Dez. 2014.

KLEIMAN, A. Os significados do letramento: uma nova perspectiva sobre


a prática social da escrita. Campinas: Mercado de Letras, 1995.

____________. O estatuto disciplinar da Linguística Aplicada: o traçado de


um percurso, um rumo para o debate. In: SIGNORINI, I. & CAVALCANTI, M. C.
(Orgs.) Linguística Aplicada e Transdisciplinaridade: questões e perspectiva.
Campinas: Mercado de Letras, 1998.

KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e Compreender: os

sentidos do texto. 3. ed. São Paulo: Contexto, 2011. 216 p.

LAJOLO, M. O texto não é pretexto. In.: ZILBERMAN, R. (org.). Leitura em

crise na escola: as alternativas do professor. Porto Alegre: Mercado Aberto,

1984.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de


metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2003.

NEW LONDON GROUP (NLG). A pedagogy of multiliteracies: designing


social futures. In: Harvard Educational Review, 66, 1, p. 60-92, 1996.

ROJO, Roxane Helena Rodrigues; MOURA, Eduardo. Multiletramentos na


escola. São Paulo: Parábola, 2012.
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte:
Autêntica, 2004.

RIBEIRO DA SILVA, M. Currículo, Ensino Médio e BNCC. Revista Retratos da


Escola, v. 9, n. 17, p. 367-379, 2015. Disponível em <http//www.esforce.org.br>.
Acesso em: 28 Nov. 2018.

Comentários gerais:

Gostei mesmo do texto de vocês. Acho que agora é só reescrever várias vezes,
prestando atenção à linha argumentativa, vendo se um pensamento conduz a outro.
Na introdução, tentem uma estrutura de três parágrafos: 1) contextualiza o tema, 2)
define os objetivos do artigo em relação a esse tema, 3) orienta o leitor na
organização do texto que se seguirá.

Repensem os subnúmeros. Talvez, para um artigo teórico, seja melhor não haver
essas subseções de segundo nível.

O que não entenderem podemos falar na aula de sexta.

Você também pode gostar