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Abordagens marxistas:
São abordagens que emergem da tradição marxista que têm em comum
a crítica ao capitalismo, que promove a concentração de recursos e poder em
uma minoria, às custas da maioria. A economia política global marxista
desenvolve explicações estruturais sobre como mercados, empresas e governos
interagem. Leva as instituições a sério e as analisa em relação aos diferenciais
de poder, tanto para manter desigualdades baseadas em classe quanto para ter
um papel corretivo em atenuar as hierarquias de classe. Outra variante do
marxismo apresenta as visões de Antonio Gramsci, prestando especial atenção
às questões da cultura e como a regra hegemônica ocorre através do
consentimento ideológico. Por exemplo, a ideologia do neoliberalismo é
promovida através de múltiplas mídias, que cultivam uma aceitação do
capitalismo como desejável e inevitável ("não há outra alternativa"). Sua ênfase
nos desenvolvimentos históricos é importante para esclarecer como os sistemas
são feitos e, portanto, podem ser alterados. Como os economistas liberais, elas
tendem a se concentrar no setor formal, mas também realiza contribuições
significativas para teorizar a informalidade.
O marxismo está associado à visão de que a formalização ou a
proletarização substituiria outras formas de trabalho à medida que o capitalismo
se desenvolvesse. Ao mesmo tempo, os marxistas mais próximos ao
materialismo histórico compreendem que a proletarização total é uma
contradição estrutural para o capitalismo. Eles argumentam que a acumulação
de capital depende não apenas dos lucros obtidos através de mecanismos
formais de produção e troca, mas também da acumulação de lucros através de
atividades econômicas não-capitalistas e/ou de atividades econômicas informais
que não são proletarizadas.
Uma dimensão dessa tese é que a busca do capital pelo maior lucro
implica manter um excedente ("exército de reserva") do trabalho que não é, no
momento, empregado e formal, mas potencialmente empregável. Esse
excedente aumenta os lucros por meio da manutenção da pressão declinante
sobre os salários, e disciplina os trabalhadores empregados pela ameaça de
serem substituídos por essas reservas. Em outras palavras, a disponibilidade de
mão-de-obra excedente obriga os trabalhadores a competirem uns com os
outros; esta competição aumenta a vantagem de barganha dos empregadores,
diminuindo o que eles precisam oferecer em termos de salários e benefícios. O
setor informal constitui parte desse excedente de mão-de-obra e tende a reduzir
os salários.
Em primeiro lugar, a evasão das condições de trabalho regulamentadas
evita uma variedade de custos para as empresas e diminui os custos médios de
mão-de-obra. Segundo, a concorrência direta de trabalhadores informais tende
a diminuir o número de trabalhadores mais bem pagos (formais) e, às vezes,
diminui o quanto eles são pagos. Dada essa dinâmica, o contrato salarial que
sustenta os arranjos formais de trabalho é apenas uma parte e não o conjunto
das atividades econômicas; a proletarização total prejudicaria a busca capitalista
expansionista de apenas as maiores taxas de lucro concebíveis.
Além disso, analistas marxistas reconhecem que a informalização não
é um fenômeno passageiro. Pelo contrário, é uma característica estrutural das
relações capitalistas e desempenha um papel na reestruturação associada aos
ciclos de expansão e recessão (boom-and-bust cycles) do capitalismo. Durante
as recessões econômicas, as atividades informais aumentam à medida que as
oportunidades de emprego formal diminuem. Da mesma forma, a novidade do
crescimento informal nas economias avançadas deve-se à seletividade
conceitual (o foco na produção industrializada, atividades formais, etc.) e a
relegar atividades informais a teorias de desenvolvimento (focadas em
economias pobres, do "terceiro mundo" e não industrializadas).
Para finalizar, a autora afirma que as abordagens marxistas nos ajudam
a entender a informalização como uma característica estrutural do capitalismo
(ligando a economia informal à formal através da pressão declinante sobre os
salários) e um processo cíclico de longo prazo (ligando a expansão das
atividades informais aos ciclos de acumulação). Por mais que sejam avanços
importantes no quesito dos estudos sobre a informalidade eles ainda
permanecem limitados, segundo a autora, de duas formas. Primeiro, as críticas
desses analistas raramente são ampliadas para além dos indicadores
econômicos e das classes. E, segundo, eles negligenciam de seus estudos a
reprodução social, o trabalho doméstico e a dinâmica intrafamiliar.
5. Conclusões