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NYEMAR ALVES ROCHA

2018
NYEMAR ALVES ROCHA

OCUPAÇÃO EFÊMERA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Vila Velha, como requisito parcial
para a obtenção do grau de Bacharel em
Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação do
Prof.° Dr.° Giovanilton Ferreira.

VILA VELHA
2018
NYEMAR ALVES ROCHA

O USO DE VAZIOS URBANOS POR MEIO DA ARQUITETURA EFÊMERA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Arquitetura e


Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito parcial para a obtenção do grau
de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação do Prof.° Dr.° Giovanilton
Ferreira.

Aprovado em ___ de _____________ de 20___.

COMISSÃO EXAMINADORA

_______________________________
Prof.° Dr. Giovanilton Ferreira
Universidade Vila Velha
Orientador
Às pessoas mais
importantes de minha vida:
Lincoln, meus pais, irmãos,
cunhados e sobrinhos.
AGRADECIMENTOS

À Deus, pela fé e persistência na realização do que um dia foi um sonho. Graças à


Ele, hoje é realidade. No Seu tempo!

À minha mãe e ao meu pai, Marta e Antoniel, pela educação, amor, carinho e
dedicação em todo o tempo para concretização dessa etapa de minha vida. Obrigado
por tudo meus pais!

À minha grande família!

Ao grande amor de minha vida, Lincoln, o qual devo essa realização. Nos instantes
de inquietude, fez-me enxergar os caminhos. Em todo momento acredita em mim.

À todos os mestres, que com grande afinco deixaram seus conhecimentos ao alcance
de todos que acreditam nessa profissão como ferramenta transformadora do mundo.

Ao meu orientador, Prof.° Dr.° Giovanilton Ferreira, o qual acreditou no tema proposto
como instrumento que vale o estudo e implementação aliado à outras pesquisas. A
quem também expresso minha admiração e respeito pelo que representa em minha
vida acadêmica.

Aos meus amigos de toda vida que sempre me incentivaram e acreditaram em minha
formação acadêmica.

E à todos que, de alguma maneira, somaram para a realização deste trabalho e para
minha graduação. Muito obrigado!

Nyemar Alves Rocha


RESUMO

Este trabalho de pesquisa de conclusão de curso tem como objetivo apresentar e


comprovar que a Arquitetura Efêmera pode ser uma ferramenta de indução ao
desenvolvimento urbano dando uso aos vazios urbanos consolidados, a fim de que se
possa fazer cumprir a função social da propriedade desses espaços na nossa
sociedade. Para isso, explicam-se os conhecimentos da Arquitetura e Urbanismo em
que se baseiam para explicitar o conceito de Arquitetura Efêmera, de Função Social
da Propriedade, como também o que seriam Vazios Urbanos. A área de análise dessa
pesquisa é a chamada Região 01 (um) da cidade de Vila Velha, município localizado
no Estado do Espírito Santo - Brasil, a fim de mostrar os benefícios de se ocupar
vazios urbanos com potencial demanda e infraestrutura para recuperação de áreas
deixadas sob a lógica de retenção especulativa do solo urbano.

Palavras-Chave: Arquitetura Efêmera, Vazios Urbanos, Função Social da


Propriedade.
ABSTRACT

The objective of this research is to present and prove that Ephemeral Architecture can
be an induction tool for urban development, giving use to consolidated urban voids, so
that the social function of ownership of these spaces can be fulfilled on our society. For
this, the knowledge of the Architecture and Urbanism on which they are based to
explain the concept of Ephemeral Architecture, of Social Function of Property, as well
as what Urban Voids are explained. The area of analysis of this research is called
Region 01 (one) of the city of Vila Velha, a municipality located in the State of Espírito
Santo - Brasil, in order to show the benefits of occupying urban voids with potential
demand and infrastructure to recover areas left under the speculative retention logic
of urban land.

Keywords: Ephemeral Architecture, Urban Voids, Social Function of Property.


LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – ARQUITETURA EFÊMERA DE CARATER COMERCIAL .................... 12


FIGURA 2 - ARQUITETURA EFÊMERA DE CARATER COMERCIAL......................12
FIGURA 3 - ARQUITETURA EFÊMERA DE CARATER DE LAZER.........................13
FIGURA 4 - ARQUITETURA EFÊMERA DE CARATER CULTURAL/
ENTRETENIMENTO..................................................................................................13
FIGURA 5 - ARQUITETURA EFÊMERA DE CARATER CULTURAL/
ENTRETENIMENTO..................................................................................................14
FIGURA 6 - ARQUITETURA EFÊMERA DE CARATER CULTURAL/
ENTRETENIMENTO..................................................................................................14
FIGURA 7 - ARQUITETURA EFÊMERA DE CARATER ESPORTIVO.......................15
FIGURA 8 - ARQUITETURA EFÊMERA DE CARATER ESPORTIVO......................15
FIGURA 9 - ARQUITETURA EFÊMERA DE CARATER INSTITUCIONAL.................16
FIGURA 10 - ARQUITETURA EFÊMERA DE CARATER INSTITUCIONAL...............16
FIGURA 11 - ARQUITETURA EFÊMERA DE CARATER INSTITUCIONAL...............17
FIGURA 12 - ARQUITETURA EFÊMERA DE CARATER INSTITUCIONAL...............17
FIGURA 13 - PAVILHÃO DE PESQUISA ICD/ ITKE..................................................19
FIGURA 14 - PAVILHÃO CMY...................................................................................19
FIGURA 15 - PAVILHÃO HEAD IN THE CLOUDS....................................................20
FIGURA 16 - OVO DE EXBURY................................................................................21
FIGURA 17 - ABRIGO DE EMERGÊNCIA................................................................21
FIGURA 18 - ARQUITETURA EFÊMERA EM MENOR ESCALA.............................23
FIGURA 19 - ARQUITETURA EFÊMERA EM MAIOR ESCALA...............................23
LISTA DE MAPAS

MAPA 1 - MAPA REGIÕES ADMINISTRATIVAS DE VILA VELHA .......................... 27


MAPA 2 - MAPA REGIÃO 01 DE VILA VELHA......................................................... 28
MAPA 3 - MAPA DAS ÁREAS DE VAZIOS DA REGIÃO 01 DE VILA VELHA ... Error!
Bookmark not defined.29
MAPA 4 - HIERARQUIA VIÁRIA DA REGIÃO 1 DE VILA VELHAError! Bookmark
not defined.0
MAPA 5 – PAVIMENTAÇÃO DAS VIAS DA REGIÃO 1 DE VILA VELHA .......... Error!
Bookmark not defined.1
MAPA 6 – ÁREAS ALAGÁVEIS NA REGIÃO 1 DE VILA VELHA ............................. 32
MAPA 7 - ÁREAS DE LAZER NA REGIÃO 1 DE VILA VELHA ................................ 33
MAPA 8 - ENSINO INFANTIL ................................................................................... 34
MAPA 9 - ENSINO FUNDAMENTAL ........................................................................ 35
MAPA 10 - ENSINO MÉDIO...................................................................................... 36
MAPA 11 - ENSINO SUPERIOR............................................................................... 37
MAPA 12 – SAÚDE ................................................................................................... 38
MAPA 13 – SEGURANÇA......................................................................................... 39
MAPA 14 - SOCIAL (CRAS)...................................................................................... 40
MAPA 15 - PONTO DE ÔNIBUS............................................................................... 41
MAPA 16 – POTENCIAL CONSTRUTIVO ................................................................ 42
MAPA 17 – RANKING .............................................................................................. 44

LISTA DE ABREVIATURAS

IPTU – Imposto Predial e Territorial Urbano


PEUC – Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsório
PMVV – Prefeitura Municipal de Vila Velha
UVV – Universidade Vila Velha
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 2

2. ARQUITETURA EFÊMERA E O CUMPRIMENTO DA FUNÇÃO SOCIAL DA


PROPRIEDADE URBANA ...................... ERROR! BOOKMARK NOT DEFINED.

3. CARACTERIZANDO A ARQUITETURA EFÊMERA ........................................ 10

A. FUNCIONALIDADE.....................................................................................11

B. MATERIAIS E SUAS TÉCNICAS CONSTRUTIVAS...................................18

C. ESCALA......................................................................................................22

4. ÁREA DE ESTUDO ........................................................................................... 24

5. CONSIDERAÇÕES PARCIAIS ......................................................................... 45

6. REFERÊNCIAS ................................................................................................. 46
2

1. INTRODUÇÃO

A percepção do adensamento urbano e da não ocupação de terrenos gerando


ociosidade e o não cumprimento de sua função social da propriedade, conforme
estabelecido pela Constituição federal de 1988 e reiterado pelo Estatuto da Cidade –
Lei federal nº 10.257 de 10 de Julho de 2001.
Foram os principais motivos que deram origem à este estudo em que se pode provar
e validar a aplicação da Arquitetura Efêmera para cumprir a função social da
propriedade nos casos de vazios urbanos, os quais são de propriedades privada e/ou
pública, que em muitos casos atuam dentro de uma lógica de retenção especulativa
do solo urbano.
A importância desse estudo se mostra atual diante dos problemas sociais causados
pela ineficiência da aplicação da legislação vigente e pela falta de gestão e
investimentos por parte dos poderes público e privado na ocupação de terrenos
vazios, seja por meio de edificações com funções de moradia, lazer e/ou cultura,
saúde, ou até mesmo institucional. Tal importância denota um caráter que a
Arquitetura Efêmera possui se tornando uma maneira de mexer com todos os
sentidos, confrontando com a realidade de hoje onde nossa arquitetura trabalha muito
mais com as estruturas tradicionais. A Arquitetura Efêmera também possui um caráter
de flexibilidade, assim se pode ser adaptável aos vários tipos de configuração de
terrenos, bem como pode ser transportada de um sítio para outro, ser desmontável e
reutilizável até com outra função. A Arquitetura Efêmera cria mais espaços para
educação, lazer/cultura e moradia para a sociedade em casos de situações de
vulnerabilidade, bem como valorização dos próprios terrenos que antes dessa
oportuna ocupação se caracterizavam, em sua maioria, como espaços inseguros,
promovendo e constituindo, assim, "laboratórios privilegiados de novas concepções e
sociabilidades urbanas”.

Como a Arquitetura Efêmera pode contribuir para o cumprimento da função social da


propriedade nos vazios urbanos?

Elaborar proposta de intervenção urbana por meio da Arquitetura Efêmera em vazios


urbanos, na Região Administrativa 1 de Vila Velha - ES, a fim de cumprir a função
social da propriedade.
3

Entender a Arquitetura Efêmera e verificar se ela poder ser um instrumento para


cumprir a função social da propriedade, classificando-a e mostrar alguns exemplos de
uso dessa arquitetura.

Classificar e explicar os tipos de Arquitetura Efêmera, analisar suas técnicas


construtivas e suas possibilidades de ocupação dos vazios urbanos.

Identificar os vazios urbanos da Região I em Vila Velha - ES e ver as possibilidades


de aplicação da Arquitetura Efêmera, escolhendo uma área para implantação dessa
arquitetura.
Elaborar e desenvolver proposta de intervenção urbana por meio de um projeto de
Arquitetura Efêmera para os vazios selecionados na Região I em Vila Velha - ES.
Serão utilizados para o entendimento do que é Arquitetura Efêmera e do que é a
Função Social da Propriedade textos, livros, artigos e citações de autores sobre o
assunto e com base nesse referencial bibliográfico dispor a relação que os
instrumentos de indução do desenvolvimento urbano concorrem para que os espaços
vazios se tornem possíveis de usos, conforme a demanda e infraestrutura das áreas
s serem propostas a implementação dessa arquitetura. Dessa mesma forma se fará
sua classificação e tipologias.
Com base no mapeamento disponível por meio do levantamento dos Vazios Urbanos
da Região I de Vila Velha, ES da pesquisa de trabalho “Os Vazios Urbanos e a
Aplicação do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsória nas Regiões I e V de
Vila Velha, ES” (UVV, 2018) serão analisados e diagnosticados esses vazios em
função das necessidades da Arquitetura Efêmera, apoiados em dados existentes
nessa pesquisa e visitas de campo para implantar propostas de projetos a serem
desenvolvidos com os princípios dessa arquitetura.
Em nível de Estudo Preliminar serão elaboradas e propostos projetos de intervenção
urbana, por meio de arquivos digitais e maquete eletrônica, com ressalva a
detalhamentos pertinentes para essa etapa de projeto que caracterizam a
funcionalidade, tipos de materiais a serem empregados e escala de implantação da
Arquitetura Efêmera nas áreas escolhidas.
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2. ARQUITETURA EFÊMERA E O CUMPRIMENTO DA FUNÇÃO


SOCIAL DA PROPRIEDADE URBANA

Considerando a construção como algo provisório no espaço, precisa-se redefinir


alguns itens, como a própria idéia de arquitetura como espaço construído, edificado.
Nas situações mais rotineiras, o construído se mescla com o lugar. Por não ser o
bastante, propõe-se a diferença entre configuração e objeto (PAZ, 2008).
Conforme o autor, a configuração inclui todos os elementos que compõem a cena: o
entorno adjacente, o edifício, o mobiliário e outros elementos constituintes nesse
arranjo. Ainda de acordo com o autor, o objeto é o artefato projetado e construído, o
edifício em si. A partir de fundações, enraizado no solo ou meramente pousando no
sítio. O propósito do binômio configuração-objeto é evitar o uso habitual do termo
‘arquitetura’ como nomenclatura geral para o espaço edificado, por não revelar estas
relações. Estas relações extrapolam a compreensão do senso comum da arquitetura
traduzida no elemento edificado.
Sem entrar no mérito da qualificação necessária para seu projeto e construção,
o que importa é o ambiente construído. Assim, dos objetos que o constituem, nem
todos são do labor do arquiteto em nossa sociedade. Alguns destes, apesar das
pequenas dimensões, são determinantes para a qualidade ambiental do espaço. E
alguns elementos não-arquitetônicos são a faceta mais expressiva do construído, no
que diz respeito à percepção. Logo, distingui-se do conceito largamente utilizado e
aplicado, que a arquitetura traz pra seu usuário uma experiência que pode e deve ser
sensorial, perceptiva não somente aos olhos, mas a todos os outros sentidos, fazendo
com que por si só seja também inclusiva, acessível.
Precisa-se, ainda, definir o que se entende por efêmero e, posteriormente,
móvel, evitando que encontremos efemeridade e mobilidade em tudo. Num sentido
amplo não seriam mentiras já que, de um modo geral, toda construção é efêmera e
inútil é ficar a determinar o período de duração de algo para qualificá-lo como
temporário ou não. Entende-se que quanto menor a existência de uma construção no
espaço, maior a sensação de sua efemeridade. No geral, uma construção temporária
se dá quando se pretende melhorar a performance de um lugar para um fim
igualmente temporário.
A correspondência entre a forma construída e o programa destinado ao objeto
tradicionalmente é definido com funcionalidade. O emprego de uma arquitetura
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efêmera tende em modificar a especificidade de um sítio a dada função, e submeter-


lhe à outra atividade. À essa possibilidade de múltiplos desempenhos, Herman
Hertzberger (1996) chama de performance. Neste termo, tem-se no construído uma
performance arquitetônica que se explica, não intrinsecamente, pela relação de sua
forma e função, mas também por uma relação mais abrangente e ampla dos usos e
maneiras de que se dão esses espaços edificados, permeada pelo conceito da relação
público e privado, em que alguns autores também refletem sobre essa performance.
A questão no presente texto se refere à compreensão do "que a arquitetura pode
fazer?”, enfatizar o entendimento da performance arquitetônica como algo dinâmico,
estritamente ligado a agentes não apenas tecnológicos, mas também culturais, sociais
e políticos de nossa sociedade.
Ainda de acordo com PAZ (2008), em nossos espaços urbanos, as edificações
servem de porta voz das atividades humanas. Sua forma pode indicar que ali se
desempenha uma determinada função num determinado período, porém não o exime
de exercer outra função num outro período por outros usuários. Há vários exemplos
dessa mudança de função e uso de espaços edificados em toda a Europa e no Brasil
não é diferente. Espaços que eram privados passam a ser públicos e por algum outro
motivo estes se ficam abandonados, a capital paulista está repleta desses eventos,
não obstante a Grande Vitória também os possui. Assim sendo, a configuração de um
sítio favorece o curso de atividades, mas não podem realizá-las por si só, nem
determinar que aconteçam. Uma rua deixa de ser via de tráfego de veículos e se torna
uma feira livre, com a eliminação dos primeiros, e a aparição dos vendedores e dos
compradores, bastando que assim se deseje. Tal ação é válida não somente para as
áreas urbanas! No caso do nomadismo tradicional, um espaço vazio pode se tornar
um lar, por exemplo. De qualquer modo, há a necessidade de assinar a determinados
espaços funções distintas dos usuais, e o confronto com aquilo que a preexistência
impede, permite, sugere e apóia. Por isso o recurso à arquitetura transitória, cujos
artefatos realizam essa intenção. Alguns já são uma arquitetura definida (objetos),
outros ainda não são, mas em outra escala constituirão (configuração).
Segundo João Whitaker (2003), bastante comum pensar que a grave
situação em que se encontram as cidades brasileiras é uma decorrência de um
processo "natural" do fato de o país ter hoje cerca de 80% de sua população morando
nas cidades, e só tende a aumentar. É como se o caos urbano, as favelas
(comunidades), o transporte coletivo ruim, a falta de saneamento básico, a violência,
6

a falta de educação fossem características intrínsecas às cidades grandes,


justificando a gigantesca dificuldade do Poder Público em resolver esses problemas e
gerir a dinâmica de produção urbana. Ao contrário dos países industrializados, o grave
desequilíbrio e desigualdade social que assolam as cidades brasileiras – assim como
outras metrópoles da periferia do capitalismo mundial – são resultantes não da
natureza da aglomeração urbana por si só, mas sim da nossa condição de
subdesenvolvimento. De outra forma, as cidades brasileiras expressam,
espacialmente e territorialmente, os graves desajustes históricos e estruturais da
nossa sociedade. O fenômeno de urbanização desigual observado em grande parte
dos países subdesenvolvidos se deve à matriz de industrialização tardia da periferia.
No nosso caso em específico, data-se a partir da década de ’50 essa industrialização.
Ermínia Maricato (1996) já mostrou como, nesse contexto, enquanto as periferias
urbanas expandiam seus limites -- sempre desprovidas dos serviços urbanos
essenciais -- para receber o enorme contingente populacional de migrantes rurais ao
longo dos anos 60 e 70, o mercado formal urbano se restringia a uma parcela das
cidades que atendia as classes mais favorecidas, deixando em seu interior grande
quantidade de terrenos vazios, na especulação por uma futura
valorização imobiliária.
Entretanto, as políticas públicas, na maioria das cidades do país, continuam a
favorecer em seus investimentos urbanos apenas as regiões mais favorecidas. Flávio
Villaça (2000) mostrou como, na maior parte das capitais do país, verifica-se
recorrentemente um eixo de desenvolvimento produzido pelas elites em seus
deslocamentos em busca das áreas mais privilegiadas para se viver. Em uma clara
inversão de prioridades, os governos municipais investem quase que exclusivamente
nessas porções privilegiadas da cidade, em detrimento das demandas urgentes da
periferia.
Nossas cidades explodiram e se desenvolveram deixando pelo caminho os "vazios
urbanos" e áreas deterioradas justamente em localizações centrais dotadas do
potencial para se configurarem como territórios compactos e multifuncionais, urge
recuperá-los.
Tal cenário evidencia a necessidade de se reverter um quadro de exclusão e
segregação sócio-espacial que apenas reflete espacialmente a inquietante fratura
social do país. Nesse sentido, o papel do Poder Público, em especial dos executivos
municipais, torna-se fundamental na medida em que consiga romper com sua histórica
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tendência a favorecer apenas os interesses dominantes. Os Planos Diretores e os


instrumentos urbanísticos do Estatuto da Cidade podem vir a ser
ferramentas importantes nesse processo, embora não sejam por si só garantia de
mudanças. Pode-se depreender desse raciocínio uma questão pertinente à
proposição deste trabalho, dado os vários tipos de arquitetura efêmera possíveis como
opções de uso para cumprimento da função social da propriedade, o Plano Diretor
entende, flexibiliza ou engessa a contribuição de utilização dessa arquitetura para
ocupação dos vazios urbanos em potencial?
Concorda-se com Wilson Alcântara Buzachi Vivian (2016) que a atual Constituição,
ao incluir a função social da propriedade como direito fundamental, surge como um
divisor de águas entre o pensamento liberal e o social, configurado no ordenamento
jurídico pela limitação aos direitos subjetivos individuais em prol da existência digna e
do bem-estar comum da sociedade. O Estatuto da Cidade está diretamente ligado e
pertinente ao dito princípio e estabelece e regulamenta todo o capítulo de política
urbana – arts. 182 e 183 da Carta Magna. É, portanto, um dos pilares fundamentais
do direito urbanístico, pelo que se tornou inconcebível a ocupação aleatória, sem
controle e informal do espaço urbano e o Plano Diretor tem papel fundamental na
eficácia da política de desenvolvimento e de extensão urbana. Deste modo, os
instrumentos de política urbana são considerados importantes e indissociáveis aliados
na repressão à especulação imobiliária e efetividade do princípio da função social da
propriedade urbana. Essa função social da propriedade, cuja noção tal qual a
conhecemos atualmente, é resultado de transformações econômicas, políticas,
sociais e jurídicas perceptíveis ao longo dos tempos. O câmbio deste conceito de
propriedade se caracteriza pela criação de crescentes limitações e transformações de
seu caráter subjetivo em benefício da coletividade.
O autor ainda ressalta que no Direito Romano, a propriedade era definida como o
poder jurídico absoluto e exclusivo sobre uma coisa, uma relação entre o titular do
direito essa coisa. No entanto, segundo Levin (2010), por volta do século XVIII, a
propriedade passa a ser considerada como um direito natural contradito ao poder
estatal, passando o proprietário a gozar de poderes invioláveis e absolutos sobre a
coisa, muito influenciado pelo pensamento liberal e pela revolução industrial. Após a
Primeira Grande Guerra, esse pensamento começa a se modificar quando o Estado
intervém com mais ênfase na vida econômica e no direito da propriedade, um dos
pilares da economia de mercado, “O Estado liberal dá lugar ao Estado social”. Impor
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limitações aos direitos subjetivos individuais em benefício de existência digna e bem-


estar social passa a ser doutrina estatal, o interesse individual dá lugar ao coletivo.
Desde então, a visão e definição de propriedade vem tomando espaço e significados
mais profundos e coletivos nas nossas Cartas Magnas, a Constituição de 1934 é a
primeira a fazer referência expressa às relações entre propriedade e função social; a
de 1937 silenciou com relação ao interesse social do uso da propriedade, inserindo a
desapropriação por necessidade ou utilidade pública, mediante prévia indenização; a
de 1946 previa que o uso da propriedade era condicionado ao bem-estar social; a de
1967 dispunha que a ordem econômica tinha por fim realizar a justiça social com base
em determinados princípios, dentre eles o princípio da função social da propriedade;
mas foi a Constituição Federal de 5 de outubro de 1988, a principal norma inovadora
de Direito Urbanístico e Ambiental que introduziu, expressamente, as mudanças mais
profundas com respeito ao direito de propriedade. A propriedade urbana cumpre sua
função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade
expressas no plano diretor. De acordo com Carmona (2010), “O Estado passou intervir
cada vez mais na sociedade e na economia, de tal forma que não foram abolidos os
direitos individuais, mas comprimidos. Vale dizer, o que antes era só direito de
propriedade transformou-se em direito-dever de propriedade, pois há de cumprir sua
função social.” O autor ainda transcreve as palavras de Léon Duguit, em sua obra
Les transformations générales du droit privé depuis le Code Napoleón, demonstrando
que a importância da função social da propriedade vem sido destacada há bastante
tempo:
“Todo indivíduo tem a obrigação de cumprir na sociedade uma certa função, na razão
direta do lugar que nela ocupa. Ora, o detentor da riqueza, pelo próprio fato de deter
a riqueza, pode cumprir uma certa missão que só ele pode cumprir. Somente ele pode
aumentar a riqueza geral, assegurar a satisfação das necessidades gerais, fazendo
valer o capital que detém. Está, em consequência, socialmente obrigado a cumprir
esta missão e só será socialmente protegido se cumpri-la e na medida em que o fizer.
A propriedade não é mais o direito subjetivo do proprietário; é a função social do
detentor da riqueza.”
Neste sentido, a Carta Magna eleva a função social da propriedade ao grau dos
direitos e garantias fundamentais e destina capítulo específico para a questão da
política urbana, no qual determina, no art. 182, que a política de desenvolvimento
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urbano deverá ter suas diretrizes fixadas em lei, a “ordenar o pleno desenvolvimento
das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes”.
Como diz Pilati (2013), “a Função Social abre espaço à autotutela da Sociedade.”
Como instrumento de indução ao desenvolvimento urbano, pode-se destacar a
eficiência na utilização do "Parcelamento, Edificação ou Utilização
Compulsórios. IPTU Progressivo no Tempo. Desapropriação com Pagamento em
Títulos”. É um conjunto de instrumentos que servem para coibir e penalizar o
proprietário de terrenos urbanos que retém seus usos com finalidades de especulação
imobiliária, de mesmo modo, que não cumprem sua função social. A aplicação das
sanções previstas no instrumento serve para fazer com que terrenos vazios ou sub-
utilizados que se encontram em áreas dotadas de infra-estrutura (servidas de água,
rede de esgoto, sistema de transporte) e equipamentos (escolas, hospitais,
parques, centros culturais, etc.) sejam devidamente ocupados, enfraquecendo a
especulação imobiliária, por meio dos prazos estabelecidos por lei para cada uma das
induções. O proprietário que não cumprir esse prazo será penalizado pela
aplicação progressiva do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que deverá ser
aplicado por um período de cinco anos. Se, no caso de esgotamento do prazo, a área
ainda não tiver sido ocupada com os usos e densidades previstas, o imóvel poderá
ser desapropriado, e o proprietário será ressarcido com pagamento em títulos da
dívida pública.
Assim, pode-se retomar à questão anteriormente já citada se a Arquitetura Efêmera,
ao se apropriar de um espaço, contribui para o cumprimento da função social da
propriedade por meio do seu uso, considerando a localização, o público alvo, o tipo
dessa arquitetura, a infraestrutura e as demandas deste espaço para sua implantação.
De certo, a contribuição deste trabalho é de mostrar a necessidade de se pensar
“outside”, provocar o pensamento provando a eficácia da utilização da Arquitetura
Efêmera em vazios urbanos como elemento de cumprimento da função social da
propriedade. Dessa forma se pode considerar que, com o desenvolvimento e explosão
urbana de nossas cidades, a utilização desses instrumentos de indução do
desenvolvimento urbano é capaz sim de solucionar, não em sua totalidade, mas em
grande parte deles, os problemas que enfrentam as cidades na questão dos seus
vazios urbanos.
10

3. CARACTERIZANDO A ARQUITETURA EFÊMERA

Uma arquitetura é efêmera (configuração ou o objeto), não por empregar esta ou


aquela modalidade construtiva, mas por atrelar-se a algo temporário, a um uso que é
transitório. Seu critério definidor não é a sua durabilidade potencial do objeto
construído, mas sim sua durabilidade real (PAZ, 2008). Por isso, a tecnologia de
construção não é critério válido para compreender a arquitetura efêmera. A tecnologia
de desconstrução sim o será, como a construção deixa de estar no lugar. Porque
nosso critério não é a origem do objeto, mas a maneira como ele se constitui em algo
temporário no lugar.
Vale ressaltar, em concordância com o autor, que um ambiente é efêmero com a
provisoriedade da situação de objetos significativos no espaço. Aqueles que, de fato,
implicam em mudança de usos, independente de seu porte e dos diferentes destinos.
Em uma feira livre o que modifica o espaço rotineiro e o transforma em algo diferente,
em um mercado, é o seu sem-número de tendas, cada uma de pequeno porte.
Portanto, um objeto arquitetônico está temporariamente em um lugar quando ele é
destruído pelo homem, quando ele se destrói por processos naturais ou quando ele é
retirado do local. Então, para a configuração ser transitória, ou o objeto é provisório
em sua própria constituição ou ele é nômade. Essa vertente de direcionamento é o
que se tem como o processo desconstrutivo característico dessa arquitetura
(montagem, demolição ou desmontagem e, por fim, remontagem).
Necessita-se então caracterizar esse tipo de arquitetura que possui mais aspectos a
compartilhar com a sociedade do que segregar, visto que é responsável por criar
ambientes vivos e de interatividade com o meio e as pessoas, estimulando os sentidos
dos usuários em todos os aspectos e caráter de impressão, encanto ou emoção desta
arquitetura, a qual pode ser considerada uma cenografia. Para que isto ocorra,
conceitos abstratos, elementos gráficos, instalações multimídia, cenários e
decorações geram conteúdo para que as pessoas possam contemplar e experimentar
esta arquitetura. Tal pegada, qualitativamente, tem seu caráter sustentável quanto ao
seu modo de inserção e operação no meio inserido, pois se trata de uma arquitetura
de montagem rápida e temporária que causa impacto a fim de que, num curto espaço
de tempo, a obra se eternize na memória e registros da sociedade. Assim, quando a
obra morre a estrutura sai de cena sem deixar vestígios de algo destruído, nem altera
as características naturais do sítio onde foi implantada. A partir desse perfil, verificam-
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se alguns tipos de arquitetura efêmera, os quais são caracterizados segundo sua


funcionalidade, de várias ordens, podendo dizer a respeito de festas e exposições, ou
à desastres naturais (terremoto, por exemplo) ou à conflitos armados, ou seja, à
situações de emergência, ou à venda e promoção de produtos e marcas, ou ao
entretenimento, cultura e lazer de um modo amplo, enfim, pode-se dizer que esta
arquitetura possui inúmeras funcionalidades e aplicações na sociedade. Para
alcançar o objetivo do conceito da arquitetura efêmera são usados diferentes tipos de
materiais e estruturas tradicionais, modulares ou tensionadas, construções pré
fabricadas e desmontáveis também se aplicam nesse contexto, sendo a última uma
aplicação bastante utilizada dado o evento das Olimpíadas 2016, no Rio de Janeiro,
em que muitas das instalações tinha esse caráter efêmero. Após o evento as
estruturas teriam outro destino e propósito de uso. A construção transitória é, então,
a contraparte que reforça a condição e durabilidade da arquitetura permanente. Aquilo
que lhe dá sobrevida e permite, de fato, que perdurem ainda mais (PAZ, 2008). Leva
em consideração quem será o público que usará o espaço, quanto tempo o mesmo
ficará montado e qual é a mensagem que se pretende transmitir.
Nestes termos, pode-se classificar em 3 tipos, para melhor compreensão, a
Arquitetura Efêmera: A) quanto à sua funcionalidade; B) quanto aos materiais e
tecnologias usados e C) quanto à sua escala; todas inter-relacionadas entre si,
dotando o espaço de qualidades sensíveis, que satisfazem a vontade do valor de uso
do mesmo.
A. Funcionalidade: de acordo com Sara Carnide (2013), a Arquitetura Efêmera se
revela exatamente por esse meio, pois há um programa com esses espaços de estada
e de encontro social, cujas exigências técnicas limitam a modelação espacial e formal.
Não se pode deixar de evidenciar também que o inverso é disposto e paradoxalmente
funcional quando não há um programa estabelecido para determinado espaço.
Concorda-se que, aliado a esse conceito, deve-se considerar o público alvo para os
eventos que se sugerem a implantação de uma arquitetura do gênero exposto nesse
texto, pautados pelas condições de inserção no espaço urbano nas questões de sua
localização, acessibilidade e infra-estrutura urbana, demandas essas que
proporcionam e determinam a potencialidade e êxito dessas implantações. Ainda se
pode caracterizar sua funcionalidade com relação à sua finalidade seja comercial
(feiras livres, stand de vendas em salões de toda ordem, etc.); de lazer (parques
itinerantes, etc.), cultural/ entretenimento (exposições, feiras internacionais, etc.);
12

esportivo (arenas de vôlei, etc.) e também institucional (módulos de sobrevivência


para desabrigados pós desastres naturais, etc.).

Figura 1 - Arquitetura Efêmera de caráter comercial: Modelo de stand de vendas, São Paulo -
Brasil. http://www.tammiranda.com.br/stand-vendas-container. Acesso em novembro 2018.

Figura 2 - Arquitetura Efêmera de caráter comercial: Modelo de stand de vendas, São


Paulo - Brasil. http://www.abrastands.com.br/montadoras-de-stands/montadora-de-
stand-para-ponto-de-venda/montadoras-de-stands-para-pontos-de-venda-rio-grande-
da-serra. Acesso em novembro de 2018.
13

Figura 3 - Arquitetura Efêmera de caráter de lazer: Parques itinerantes, Bogotá –


Colômbia. https://www.brasileirinhospelomundo.com/bogota-para-criancas-parte-1/.
Acesso em novembro de 2018.

Figura 4 - Arquitetura Efêmera de caráter cultural/ entretenimento: Serpentine Gallery


Pavilion de 2016 - BIG, Londres – Inglaterra.
http://www.archlife.blog.br/2016/06/arquitetura-efemera-6-projetos.html. Acesso em
novembro de 2018.
14

Figura 5 - Arquitetura Efêmera de caráter cultural/ entretenimento: Serpentine Gallery


Pavilion de 2016 - BIG, Londres - Inglaterra.
http://www.archlife.blog.br/2016/06/arquitetura-efemera-6-projetos.html. Acesso em
novembro de 2018.

Figura 6 - Arquitetura Efêmera de caráter cultural/ entretenimento: Serpentine Gallery


Pavilion de 2016 - BIG, Londres - Inglaterra.
https://www.archdaily.com.br/br/789088/serpentine-pavilion-do-big-e-inaugurado-
juntamente-com-outras-4-estruturas-temporarias. Acesso em novembro de 2018.
15

Figura 7 - Arquitetura Efêmera de caráter esportivo: Arena de Vôlei de Praia em Copacabana, Rio de
Janeiro – Brasil, Olimpíadas 2016. https://esporte.ig.com.br/olimpiadas/2016-08-22/elogios-criticas-rio-
2016.html . Acesso em novembro de 2018.

Figura 8 - Arquitetura Efêmera de caráter esportivo: Arena do Futuro, Rio de Janeiro – Brasil,
Olimpíadas 2016. https://olharolimpico.blogosfera.uol.com.br/2017/06/14/prefeitura-do-rio-volta-atras-
e-diz-que-nao-vai-transformar-arena-do-futuro-em-escolas/ . Acesso em novembro de 2018.
16

Figura 9 - Arquitetura Efêmera de carater institucional: Abrigo de Emergência - Nick


Gonsalves + Nick Martoo, Austrália - 2013. http://www.archlife.blog.br/2016/06/arquitetura-
efemera-6-projetos.html. Acesso em novembro de 2018.

Figura 10 - Arquitetura Efêmera de caráter institucional: Módulo de Sobrevivência -


Michel Antoun, Madrid - Espanha.
https://www.cosasdearquitectos.com/2013/05/vivienda-desplegable-para-
emergencias/. Acesso em novembro de 2018.
17

Figura 11 - Arquitetura Efêmera de caráter institucional: Módulo de Sobrevivência -


Michel Antoun, Madrid - Espanha.
https://www.cosasdearquitectos.com/2013/05/vivienda-desplegable-para-
emergencias/. Acesso em novembro de 2018.

Figura 12 - Arquitetura Efêmera de caráter institucional: Habitação para situações emergenciais –


Giovana Savietto Feres, São Luiz do Paraitinga, São Paulo – Brasil, 2010.
https://www.ecodebate.com.br/2011/04/04/arquiteta-projeta-habitacao-efemera-para-situacoes-
emergenciais/ . Acesso em novembro de 2018.
18

B. Materiais e suas Tecnologias Construtivas: dada a grande variedade de


possibilidades de materiais que se pode utilizar nessa arquitetura, tem-se essa
caracterização os espaços feitos em lonas tensionadas, madeira, vidro, água, ar,
som, luz, sombra, cores, estruturas metálicas e outra infinidade de escolha de
matérias disponíveis conforme a intenção do arquiteto. Sua tecnologia construtiva
e desconstrutiva entra nesse aspecto quando se pensa o ambiente para receber a
montagem de forma que não se aproveita mais esses materiais e quando se
projeta para remontá-los em outro ambiente. Peter Zumthor procura enfatizar
aspecto sensoriais e espirituais da experiência arquitetônica, através da escolha
precisa dos materiais, numa manipulação da luminosidade, sombras e escala. Ele
afirma que “Qualidade arquitetônica só pode significar que sou tocado por uma
obra. (...) Entro num edifić io, vejo um espaço e transmite-se uma atmosfera e numa
fração de segundo sinto o que é. A atmosfera comunica com a nossa percepção
emocional, isto é, a percepção que funciona de forma instintiva e que o ser humano
possui para sobreviver.” Conclui-se que o avanço da tecnologia e os constantes
estudos das estruturas, possibilitaram o uso da arquitetura efêmera em grande
escala, em eventos dos mais variados tipos, exposições e feiras. Devido à sua
contínua montagem e desmontagem, necessitam de uma estrutura flexível e de
um sistema fácil de transportar.
19

Figura 13 – Pavilhão de pesquisa fabricado totalmente por robôs a partir de componentes de fibra
de carbono e vidro: Pavilhão de Pesquisa ICD/ ITKE/ Universidade de Stuttgart, Alemanha, 2012.
https://www.archdaily.com.br/br/01-104457/pavilhao-de-pesquisa-icd-slash-itke-slash-universidade-
de-stuttgart-faculdade-de-arquitetura-e-urbanismo . Acesso em novembro de 2018.

Figura 14 – Através da aplicação de películas translúcidas nas cores ciano, magenta e amarelo nos
vidros, o pavilhão se transforma numa peça gráfica tridimensional: Pavilhão CMY, Shift Archtecture
and Urbanism, Groningen - Holanda, 2015. https://www.archdaily.com.br/br/771764/pavilhao-cmy-
shift-architecture-urbanism?ad_medium=widget&ad_name=category-installation-article-show .
Acesso em novembro de 2018.
20

Figura 15 – Feita com 53.780 garrafas recicladas, os visitantes podem entrar e contemplar a luz e
cores; areia, água e armações curvas de alumínio garantem rigidez estrutural: Pavilhão Head in the
Clouds, STUDIOKCA, Nova York - EUA, 2013. https://www.archdaily.com.br/br/01-
141580/inauguracao-do-pavilhao-head-in-the-clouds-em-nova-iorque . Acesso em novembro de
2018.

Figura 16 – Em madeira, o projeto cria uma estrutura habitacional e de trabalho com mínimo impacto
e sustentável: Ovo de Exbury, PAD Studio, SPUD Group, Stephen Turner; Beaulieu River, Reino
Unido, 2013. https://www.archdaily.com.br/br/01-104457/pavilhao-de-pesquisa-icd-slash-itke-slash-
universidade-de-stuttgart-faculdade-de-arquitetura-e-urbanismo . Acesso em novembro de 2018.
21

Figura 17 – Com estrutura de madeira, esse abrigo de emergência para vítimas de desastres naturais
e provocados pelo homem com capacidade para controlar nível de interação com o exterior através
de uma pele flexível, translúcida e transparente: Abrigo de Emergência - Nick Gonsalves + Nick
Martoo, Austrália - 2013. http://www.archlife.blog.br/2016/06/arquitetura-efemera-6-projetos.html .
Acesso em novembro de 2018.
22

C. Escala: ainda em consonância com Sara Carnide, as dimensões desses modelos


também fazem parte de sua caracterização dada as possibilidades de mexer com
o espectador ou usuário nos seus sentidos, seja em menor ou maior escala de
implantação dessa arquitetura. Exposições e feiras internacionais entram nesse
contexto como exemplos nítidos. Efetivamente, as feiras e exposições temporárias
agem, frequentemente, no âmbito das correntes mais recentes de pensamento,
procurando inovar e desafiar a perceção dos espectadores. Exemplifica-se, a uma
escala menor e numa linha distinta de reflexão arquitetónica, o paradigmático
programa da Serpentine Gallery, situada em Kensington Gardens, em Londres.
Destaca-se pelo seu forte sentido experimental, promovendo formas ousadas que
não seriam viáveis em edifić ios permanentes. Este ambicioso programa tem sido
palco para experimentações arquitetônicas internacionais assinadas por arquitetos
de referência: nas edições anteriores, desde 2000, participaram arquitetos como
Zaha Hadid, Daniel LIbeskind, Toyo Ito, Cecil Balmond, Oscar Niemeyer, Alvaro
Siza, Eduardo Souto Moura, Olafur Eliasson, Frank Ghery, SANAA, Jean Nouvel,
Peter Zumthor e Herzog & de Meuron. Os pavilhões das feiras internacionais
figuram a escala de maior porte da arquitetura efêmera, em que determinados
exemplos eram pra ser temporários passaram a ser definitivos como a Torre Eiffel
em Paris.
23

Figura 18 - Arquitetura Efêmera em menor escala: Serpentine Gallery Pavilion de SelgasCano, ‘’Saco
Plástico Barato’’ ou ‘’Parquinho Inflável Pop-Art’’, 2015 Londres - Inglaterra.
https://www.archdaily.com.br/br/769351/serpentine-pavilion-de-selgascano-caso-plastico-barato-ou-
parquinho-inflavel-pop-art . Acesso em novembro de 2018.

Figura 19 - Arquitetura Efêmera em maior escala: Pavilhão Brasileiro na Expo Milano - 2015, Arthur
Casas, Milão - Itália. https://emais.estadao.com.br/noticias/casa-e-decoracao,arquitetura-
efemera,1688381 . Acesso em novembro de 2018.
24

4. ÁREA DE ESTUDO

Conforme pesquisa ‘’Os Vazios Urbanos e a Aplicação do Parcelamento, Edificação


e Utilização Compulsória nas Regiões 1 e 5 de Vila Velha, ES’’ (UVV, 2018), para a
caracterização do instrumento do Parcelamento, Edificação ou Utilização
Compulsórios (PEUC), a definição e análise dos estudos de caso de cidades
brasileiras que têm aplicado o PEUC foram utilizados principalmente materiais de
capacitação desenvolvidos pelo Programa Nacional de Capacitação das Cidades, do
Ministério das Cidades e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Contribuíram
também nesta parte do trabalho artigos e dissertações de mestrado relacionadas ao
tema da pesquisa.

Ainda de acordo com o trabalho citado foram identificados, mapeados, caracterizados


e classificados os imóveis não edificados (vazios urbanos) da Região Administrativa
1 do município de Vila Velha e definidas as áreas prioritárias para aplicaçã do PEUC
(nos vazios urbanos) da Região Administrativa 1 do município de Vila Velha com os
procedimentos pertinentes ao método da pesquisa por meio de levantamento, coleta
e compilação dos dados georreferenciados pré-existentes, o que possibilitou a
elaboração dos mapas e o cruzamento de informações, os quais resultaram nos que
serão apresentados posteriormente, levando-se em conta critérios que definem
categorias de análise relacionadas à dimensão dos lotes, infraestrutura urbana,
equipamentos urbanos comunitários, mobilidade urbana e legislação urbana que
passam a ser descritas juntamente com os procedimentos realizados:

Dimensão dos lotes:

Os lotes em função da sua área foram classificados em:

Área até 125 m² (referência de lote mínimo permitido pela legislação urbana federal);
Área acima de 125 m² até 360 m²;

Área acima de 360 m² até 500 m²;

Área acima de 500 m² até 1000 m²;

Área acima de 1.000 m² até 2.000 m²;

Área acima de 2.000 m².


25

Mobilidade Urbana:

Hierarquia viária:

Os lotes vazios (mapeados previamente) foram classificados segundo a hierarquia da


via na qual a testada do lote está voltada. Assim, os lotes vazios com testada voltado
para vias arteriais receberam classificação (A), lotes vazios com testada voltado para
vias coletoras receberam classificação (C) e as vias locais receberam classificação
(L).

Ciclomobilidade: foi realizado o levantamento e mapeamento por meio das imagens


aéreas e visitas das vias que apresentam ciclovia ou ciclofaixa na regional 1. Os lotes
voltados para as vias com estas infraestruturas cicloviárias foram classificados com
(C).

Transporte Coletivo: para avaliar os lotes que apresentam melhor acesso ao


transporte coletivo foi utilizado como referência o EMBARQ BRASIL (2015), que
recomenda que os pontos de embarque/desembarque sejam dispostos de maneira
atrativa e segura para os pedestres a uma distância máxima de 500 metros de
deslocamentos para pedestres e ciclistas.

Infraestrutura:

Pavimentação: foi realizado o levantamento e mapeamento por meio das imagens


aéreas em relação a existência de pavimentação nas vias na regional 1. Os lotes
voltados para as vias que não possuem pavimentação foram classificados com (NP)
e os voltados para vias que possuem classificados por (P).

Drenagem Urbana: com base na informação disponibilizada pela PMVV sobre áreas
passíveis de alagamento na regional 1 foram identificados os vazios urbanos
existentes dentro dos polígonos de alagamento. Os lotes alagáveis foram
classificados com (A).

Equipamentos urbanos comunitários: com base nas informações disponibilizadas


pela PMVV sobre a localização dos equipamentos comunitários de educação, saúde,
segurança, assistência social e lazer, juntamente com referencial teórico, indicado na
tabela que segue, que recomenda medidas para a distribuição espacial destes
equipamentos urbanos comunitários foram identificados os vazios urbanos
26

localizados dentro do raio de abrangência dos referidos equipamentos urbanos


comunitários.

Os elementos classificados nas categorias citadas determinam pesos com o sentido


de classificar os vazios melhores localizados de acordo com a quantidade de
infraestrutura proporcionado a eles. Os pesos foram classificados como:

a) Peso Transporte Público: No raio de abrangência dos pontos de ônibus foi


adotado o peso (1) e onde o raio não alcançou ficou sem peso (0).
b) Peso Equipamentos Coletivos: Saúde, educação, segurança, áreas de lazer
dentro do raio receberam peso (1) e onde o raio não alcançou ficou sem peso
(0).
c) Peso Hierarquia Viária: Os lotes com testada voltada para a rua arterial teve
peso (2), os lotes com testada voltada para a rua coletora teve peso (1) e os
lotes voltados para rua local ficou sem peso (0).
d) Peso Pavimentação: Os lotes com testada voltada para vias pavimentadas
tiveram o peso (1) e os que estavam com testada voltada para vias sem
pavimentação ficou sem peso (0).
e) Peso Ciclovia: Lotes com vias onde possuía ciclovia, ciclofaixa ou ciclorotas
tiveram peso (1) e os que não possuíam nenhuma dessas ficaram sem peso
(0)
f) Peso Alagamento: Lotes em áreas alagáveis ficam sem peso, enquanto os
lotes em áreas não alagáveis tiveram o peso (1).
g) Peso Potencial Construtivo: Os lotes localizados em um zoneamento com
potencial construtivo alto foram classificados com peso (2), os lotes em
zoneamento de médio potencial construtivo pontuaram (1) e os em baixo
potencial construtivo não pontuaram (0).

Os mapas a seguir mostram as Regiões Administrativas de Vila Velha e em destaque


a Região 1, área de pesquisa e implementação de projeto de Arquitetura Efêmera,
objeto de estudo deste trabalho, assim como seus vazios urbanos e critérios que
definem categorias de análise.
27

MAPA 1 – MAPA DAS REGIÕES ADMINISTRATIVAS DE VILA VELHA, ES.

Fonte: ‘’Os Vazios Urbanos e a Aplicação do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsória nas
Regiões 1 e 5 de Vila Velha, ES’’ (UVV, 2018).
28

MAPA 2 – MAPA DA REGIÃO 1 DE VILA VELHA, ES.

Fonte: Prefeitura de Vila Velha


29

MAPA 3 – MAPA DE VAZIOS DA REGIÃO 1 DE VILA VELHA, ES.

Fonte: ‘’Os Vazios Urbanos e a Aplicação do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsória nas
Regiões 1 e 5 de Vila Velha, ES’’ (UVV, 2018).
30

MAPA 4 – HIERARQUIA VIÁRIA DA REGIÃO 1 DE VILA VELHA, ES.

Fonte: ‘’Os Vazios Urbanos e a Aplicação do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsória nas
Regiões 1 e 5 de Vila Velha, ES’’ (UVV, 2018).
31

MAPA 5 – PAVIMENTAÇÃO DAS VIAS DA REGIÃO 1 DE VILA VELHA, ES.

Fonte: ‘’Os Vazios Urbanos e a Aplicação do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsória nas
Regiões 1 e 5 de Vila Velha, ES’’ (UVV, 2018).
32

MAPA 6 – ÁREAS ALAGÁVEIS NA REGIÃO 1 DE VILA VELHA, ES.

Fonte: ‘’Os Vazios Urbanos e a Aplicação do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsória nas
Regiões 1 e 5 de Vila Velha, ES’’ (UVV, 2018).
33

MAPA 7 – ÁREAS DE LAZER NA REGIÃO 1 DE VILA VELHA, ES.

Fonte: ‘’Os Vazios Urbanos e a Aplicação do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsória nas
Regiões 1 e 5 de Vila Velha, ES’’ (UVV, 2018).
34

MAPA 1 - ENSINO INFANTIL

Fonte: ‘’Os Vazios Urbanos e a Aplicação do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsória nas
Regiões 1 e 5 de Vila Velha, ES’’ (UVV, 2018).
35

MAPA 2 - ENSINO FUNDAMENTAL

Fonte: ‘’Os Vazios Urbanos e a Aplicação do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsória nas
Regiões 1 e 5 de Vila Velha, ES’’ (UVV, 2018).
36

MAPA 3 - ENSINO MÉDIO

Fonte: ‘’Os Vazios Urbanos e a Aplicação do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsória nas
Regiões 1 e 5 de Vila Velha, ES’’ (UVV, 2018).
37

MAPA 4 - ENSINO SUPERIOR

Fonte: ‘’Os Vazios Urbanos e a Aplicação do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsória nas
Regiões 1 e 5 de Vila Velha, ES’’ (UVV, 2018).
38

MAPA 5 – SAÚDE

Fonte: ‘’Os Vazios Urbanos e a Aplicação do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsória nas
Regiões 1 e 5 de Vila Velha, ES’’ (UVV, 2018).
39

MAPA 6 – SEGURANÇA

Fonte: ‘’Os Vazios Urbanos e a Aplicação do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsória nas
Regiões 1 e 5 de Vila Velha, ES’’ (UVV, 2018).
40

MAPA 7 - SOCIAL (CRAS)

Fonte: ‘’Os Vazios Urbanos e a Aplicação do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsória nas
Regiões 1 e 5 de Vila Velha, ES’’ (UVV, 2018).
41

MAPA 8 - PONTO DE ÔNIBUS

Fonte: ‘’Os Vazios Urbanos e a Aplicação do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsória nas
Regiões 1 e 5 de Vila Velha, ES’’ (UVV, 2018).
42

MAPA 9 – POTENCIAL CONSTRUTIVO

Fonte: ‘’Os Vazios Urbanos e a Aplicação do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsória nas
Regiões 1 e 5 de Vila Velha, ES’’ (UVV, 2018).
43

Conclui-se de acordo com a pesquisa que, por meio dos mapas mostrados, a Região
Administrativa 1 concentra a melhor infraestrutura urbana em Vila Velha – ES.
Composta por 18 bairros, apresenta também a maior representatividade em termos
demográficos (35,5% da população) e no número de domicílios (38,4% do total da
cidade), assim possui os indícios de um número significante de vazios urbanos que
não cumprem a função social da propriedade urbana. Conhecida como “Grande
Centro’’, a Região 1 é detentora de uma maior quantidade de bairros dotados de
infraestrutura e composta tanto por edificações de uso comercial, quanto de uso
residencial, de mesma forma também se caracteriza pela variedade do poder
aquisitivo de sua população. É mais servida de itens de segurança, pontos de ônibus,
vias pavimentadas, ensino e lazer, apesar de possuir uma escassez no quesito social
e com a parte de drenagem das áreas alagáveis. Estes itens são levados em conta
para conhecimento e análise dos vazios urbanos da região.

Finalizando o levantamento dos dados da Região 01 de Vila Velha, conforme trabalho


de pesquisa, foi gerado um mapa denominado “Mapa Ranking” onde mostra a
pontuação de cada lote, onde zero (verde) são os lotes com pior classificação e 10
(vermelho) os de melhor pontuação para a possível aplicação do PEUC. Esta
pontuação contribuirá para seleção do(s) terreno(s) onde será desenvolvido o objeto
de estudo do próximo capítulo, o qual é a implementação de projeto(s) que promova
o uso de vazios urbanos por meio da Arquitetura Efêmera. Com esses dados é muito
mais vantajoso para a Prefeitura o incentivo da ocupação dos espaços por questão
de custos, podendo apenas melhorar o que existe, e incentivar com os instrumento
urbanísticos a ocupação desses vazios urbanos.
44

MAPA 10 – RANKING

Fonte: ‘’Os Vazios Urbanos e a Aplicação do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsória nas
Regiões 1 e 5 de Vila Velha, ES’’ (UVV, 2018).
45

5. CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

O fenômeno contemporâneo dos vazios urbanos da malha consolidada dos grandes


centros se evidencia em terrenos e em edifícios que passaram por um processo de
esvaziamento e que continuam desocupados, livres e ainda incertos. Contrastam com
a massa construída das nossas cidades por meio das suas condições de uso e
ocupação e por não cumprirem a sua função social quando sem as mesmas.

Um paradigma pós modernista foi criado: vazios e cheios dão ritmo à cidade.

Dadas as necessidades e demandas atuais, a Arquitetura Efêmera se encaixa nas


adaptações de procedimentos usuais no pensamento do espaço em que ela se dará,
incrementando a eficiência deste espaço, antes degradados ou subutilizados, para um
evento que se pretende instalar temporariamente nele tanto para áreas livres, amplas,
naturais, quanto para edificações mais específicas, exigindo o mínimo de impacto pós
ocupação e tornando tudo flexível a fim de que o futuro pós desmontagem tenha a
menor pegada ecológica possível. Esse processo sintático de reconfiguração
semântica certamente provoca questões importantes. Mais do que nunca, atualmente
os objetos se tornam efêmeros e com funções passageiras, estamos numa era de
mudanças crescentes e de incertezas. Em maior ou em menor escala, a arquitetura e
o urbanismo depende muito da linguagem corporal, da expressão física das coisas
com que nos relacionamos, nas cidades, o lugar em que as coisas estão vem por
acréscimo e por singular consequência. O “silêncio” inquietante dos vazios urbanos
despertam a necessidade de novas estruturas urbanas e arquitetônicas capazes de
gritarem aos ouvidos dos expectadores nas suas mais diferentes maneiras de
expressão. Que nossos sentidos sejam aguçados por elas!

É possível! É da lei!
46

6. REFERÊNCIAS

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caracterização. Arquitetextos, novembro de 2008. Disponível em:
http://www.vitruvius.com.br/read/arquitextos/09.102/97. Acesso em novembro 2018.
HERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura. São Paulo: Ed. Martins Fontes,
1999, 2ª. Ed.
FERREIRA, João Sette Whitaker. Alcance e Limitações dos Instrumentos
Urbanísticos na Construção de Cidades Democráticas e Socialmente Justas..
Dezembro de 2003. Disponível em: <https://www.cidadesparaquem.org/textos-
acadmicos/2013/2/alcances-e-limitaes-dos-instrumentos-urbanisticos-na-construo-
de-cidades-democraticas-e-socialmente-justas>. Acesso em: Novembro de 2018.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
BRASIL. LEI N° 10.257, DE 10 DE JULHO DE 2001: ESTATUTO DA CIDADE.
Brasilia, DF: [s.n.], 2001.
BRASIL. LEI Nº 4.575, DE 26 DE NOVEMBRO DE 2007 - PDM: PLANO DIRETOR
MUNICIPAL. Vila Velha, ES: [s.n.], 2007. Disponiv́ el em:
<http://www.vilavelha.es.gov.br/legislacao/arquivo/documents/legislacao/html/l45752
007.html>. Acesso em: Novembro de 2018.
MARICATO, Ermínia. Metrópole na Periferia do Capitalismo. São Paulo: Ed.
Hucitec, 1996.
VILLAÇA, Flávio. Espaço Intra-urbano no Brasil. São Paulo: Ed. Studio Nobel.
1998.
VIVIAN, Wilson de Alcântara Buzachi. Função Social dos Instrumentos
Urbanísticos. Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsória. Estatuto da
Cidade. Disponível em: http://www.ambito-
juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura%artigo_id=17608. Acesso em
Novembro de 2018.
CARMONA, Paulo Afonso Cavichioli. Intervenção do Estado na Propriedade. Belo
Horizonte: Fórum, 2010.
PILATI, José Isaac. Propriedade e Função Social na Pós-modernidade. Rio de
Janeiro: LumennJuris, 2013.
CARNIDE, Sara Joana Ferreira. Arquiteturas Expositivas Efêmeras. Pavilhão
Temporário em Roma. Relatório de Projeto para obtenção do Grau de Mestre em
Arquitetura. 2012.
ZUMTHOR, Peter. Atmosferas. Entornos Arquitetônicos. As Coisas que me
rodeiam. Editorial Gustavo Gili, Barcelona, 2006. ISBN 978-84-252-2169-9. 76p.
DUGUIT, Leon. Las transformaciones del Derecho Publico y Privado. Buenos
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EBNER, Iris de Almeida. A cidade e seus vazios: investigação e proposta para os
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47

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Aplicação do Parcelamento, Edificação e Utilização Compulsória nas Regiões 1
e 5 de Vila Velha – ES. Curso Arquitetura e Urbanismo, 2018.
Parcelamento, edificação ou utilização compulsórios e IPTU progressivo no tempo:
regulamentação e aplicação/ Ministério da Justiça, Secretaria de Assuntos
Legislativos. -- Brasília :Ministério da Justiça, Secretaria de Assuntos Legislativos
(SAL) :Ipea, 2015. 317p. : il. color -- (Série pensando o Direito; 56)
PENSAR A CIDADE. Instrumentos de indução do desenvolvimento urbano.
Disponível em: <https://pensaracidade.wordpress.com/conceitos/instrumentos-de-
inducao-do-desenvolvimento-urbano/>. Acesso em: Novembro de 2018.
PREFEITURA DE VILA VELHA. Regionais administrativas. Disponível em:
http://www.vilavelha.es.gov.br/paginas/infraestrutura-projetos-e-obras-regionais-
administrativas. Acesso em: Novembro de 2018.
48

“Tudo flui e nada permanece.”


Heráclito

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