Primeira Unidade
Apresentação da Unidade
Objetivos da Unidade
Introdução
Conteúdo
Numa óptica cristológica, o ato de aconselhar é uma atitude que marca uma
relação, entre dois ou mais seres humanos. Não de superioridade, mas de
irmandade, um ato de fraternidade imbuído de serviço ao próximo. É um ato, por sua
vez, essencialmente diaconal, no sentido do serviço cristão, diaconia. Assinale-se
aqui, portanto, que esse assunto será aprofundado mais adiante como um desafio
para igreja, neste mundo contemporâneo.
Portanto, é imprescindível conhecer, compreender, entender, ou até mesmo,
se possível, decifrar a vida contemporânea, a qual se mostra cheia de
complexidade. Eis ai uma boa palavra chave para os nossos estudos: complexidade.
E isso não é mero discurso de intelectual, mas a mais pura constatação do mundo
empírico. Principalmente quem vive o dia-a-dia do aconselhamento com
adolescentes, jovens, mulheres, homens, casais, famílias. Quem vive o dia-a-dia do
cuidado ao outro.
Antes de nos voltarmos para a realidade social e cotidiana propriamente dita,
observemos filosoficamente o que tem marcado, de maneira geral, a vida
contemporânea, bem como se apresenta o universo religioso em nossos dias.
Segundo Mardones (1988), em seu livro Postmodernidad y cristianismo – El desafio
del fragmento, são três os pensamentos que predominam na contemporaneidade:
necessária para os nossos dias, que é o cuidado da vida, da mente e das relações
das pessoas, principalmente, daquelas que vivem sua fé em Cristo Jesus.
Nesse sentido, temos outro desafio, em nossa disciplina, olhar a realidade
não de cima para baixo, como donos do mundo, senhores ou senhoras, mas sim
como aqueles que têm a honesta e sincera vontade de compreender as mais
diversas realidades concernentes ao indivíduo, as formações grupais, comunitárias
ou as mais diversas formas de relacionamento, como da família, da conjugalidade,
dos relacionamentos ou, em última análise, da vida em sociedade.
Quem ressalta essa questão de uma maneira apropriada é Marcelino (2006)
quando trata da questão da “Departamentalização e Unidade das Ciências Sociais”,
em seu livro. Ele afirma que os olhares dos conhecimentos estão necessariamente
voltados para um mesmo mundo social.
Portanto, afirme-se que esse mundo social é complexo, e, composto de uma
multiplicidade de aspectos e elementos que se interpenetram, de maneira
significativa e rica, na interpretação e entendimento dele mesmo.
Nessa perspectiva é que Marcelino (2006), ainda, assinala que não há como
negar uma construção teórica que descarte esse viés unitário. Portanto, dialogar. É
dialogando que se pode utilizar o conhecimento especializado; considerando,
simultaneamente, o outro conhecimento, que observa um mesmo objeto, que se
pode conhecer melhor e ainda mais. A palavra de ordem, nessa direção, é soma, é
formar rede interativa, é inclusão e não subtração, fragmentação ou exclusão. Aqui
está mais um desafio contemporâneo para o aconselhamento.
Santos (2008) destaca que é imprescindível estar ciente que há resultados
diferem conforme a área do conhecimento, por exemplo, das áreas de exatas e das
de humanas. As primeiras são mais conclusivas do que as segundas. Estas têm
diferença entre si. Por isso, em especial, há um complexidade nos estudos sobre a
humanidade, dentre os quais ressalta Santos (2008) como exemplo, a comunicação
humana, a qual se coloca como uma necessidade urgente em toda e qualquer
relação: a) a natureza do ato comunicativo pode ser interpessoais, máquinas, meios
de comunicação de massa, recursos verbais (sonoro ou escrito), gestuais ou
pictóricos (desenhos, por exemplo) e b) a interdisciplinaridade – a utilização de
conceitos forjados em outras áreas do conhecimento (sociologia, antropologia,
psicologia, física, biologia, etc.).
Por isso, de forma geral, a Teologia nesse sentido deve se encontra nessa
“comunidade dialógica” com outras áreas do conhecimento humano, como forma de
expressar significativamente seus conhecimentos para a vida humana hoje. Nessa
perspectiva, por exemplo, no que diz respeito à Teologia Prática, Sathler-Rosa
(2004) enfatiza a reciprocidade entre teologia e a ação cristã, no mundo. Isso quer
dizer que, a Teologia Prática deve abrir canais de diálogo com as ciências humanas,
sociais e outras, de forma mais ampla, e, de maneira, mais objetiva, com é o caso do
aconselhamento. Agora, não se pode é fechar os olhos à relação entre teologia e
outros conhecimentos quando, em especial, nos referimos ao âmbito eclesial ou
comunitário.
Deve ficar claro, por fim, nesta unidade, que estamos estudando fenômenos
humanos e sociais, os quais são imprescindíveis à compreensão da própria
realidade humana, pois estamos colocando em apreço também o ato de aconselhar
ou cuidar do outro. Por isso, é que devemos guardar todo o respeito no diálogo com
as Ciências Humanas e Sociais, no afã de alcançar objetivos que contribuam para o
entendimento da nossa realidade atual, e, assim, por sua vez, a aplicação dos
conhecimentos em relação com o aconselhamento cristão para essa realidade, sem
cair, mesmo que estejamos sujeitos a extremos ou equívocos, os quais são próprios
de quem ousa buscar honestamente o conhecimento do seu tempo. Novamente
temos aqui mais um desafio contemporâneo do aconselhamento.
essencial idealizado, mas tem de ter uma relação com o sentir ou vivencia o prazer
aqui e agora.
A religião é mais encontra somente nos tempos ou locais físicos. Observa-se
que ela se apresenta nas mais diversas formas ou meios de comunicação, desde os
de massa (TV e rádio) como os das novas tecnologias (via internet) tem dia-a-dia
sido expressivo e significativo. Por quê? A seguir, para concluir, esta unidade, tomo
as ideias e os dados apresentados por Fausto Neto (2004) para responder, essa
pergunta e também a seguinte pergunta, no mínimo interessante: Por que evolui a
midiatização da religião no Brasil, via TV? Segundo ele por três fatores:
Conclusão
Referências Bibliográficas
Segunda Unidade
Apresentação da Unidade
Objetivos da Unidade
Introdução
Os métodos de aconselhamento
o Dirige a entrevista;
o Seleciona os tópicos;
o Define os problemas;
o Sugere soluções e planos de ação;
o Dirige a entrevista;
o Visa ao amadurecimento emocional
e não apenas solução de
problemas,
o Focaliza o conteúdo emocional
expresso pelo cliente,
o Proporciona atmosfera propicia para
autodeterminação por parte do
orientando.
Método eclético o Emprega, simultaneamente ou não,
os vários métodos, de acordo com a
natureza do problema e a
necessidade do cliente.
Fonte: Scheeffer, 1989
bem diferente da psicanálise, que compreendia que o ser humano era refém de
impulsos negativos e se não fosse socializado adequadamente dariam origem a
comportamentos destrutivos para ele próprio e para os outros.
Essa abordagem, segundo Patterson e Eisenberg (1988), esta baseada em
uma teoria da personalidade chamada teoria do eu (self theory). Essa concepção
advoga que o que a pessoa tem do próprio eu no contexto de seu meio determina
seu comportamento e sua satisfação pessoal, isso devido à forma que as relações
foram se constituindo, ou amigável ou hostil. Nessa teoria, ressalta que as
percepções que a pessoa faz do eu e das outras pessoas são a realidade para ela,
ou seja, se uma pessoa se vê como incompetente independente que haja uma
situação favorável para a estima ele agirá como um incompetente.
O processo de aconselhamento parte do princípio que os seres humanos são
positivos e autorrealizadores por natureza. Nessa direção, o conselheiro deve
proporcionar condições que permitam a autodescoberta e encorajem a tendência
natural do aconselhando para o crescimento pessoal.
Segundo Patterson e Eisenberg (1988) para encorajar a descoberta, o
conselheiro deve estabelecer condições que promovam confiança no aconselhando.
São essas as condições como características da relação de ajuda ao
crescimento propostas por Rogers: a) Empatia – compreender a experiência do
outro como se fosse a própria, sem jamais esquecer a condição “como se”; b)
Coerência ou autenticidade – ser como você parece, sempre coerente, digno
de confiança no relacionamento; c) Consideração positiva – interessar-se por
seu aconselhando; d) Incondicionalidade – não estabelecer condições para seu
interesse; e) Concreção – usar linguagem clara para descrever a situação de vida
do aconselhando.
É fundamental destacar que o conselheiro nessa perspectiva atua
fundamentalmente como um modelo operacional para orientar a pessoa como deve
viver integralmente os relacionamentos com outras pessoas.
A abordagem centrada no aconselhando emprega técnicas menos condutivas
no processo de aconselhamento, utilizando respostas de silêncio, aceitação,
reafirmação e clarificação, sendo o aconselhando que conduz a discussão e é
responsável pelos resultados (PATTERSON e EISENBERG, 1988).
b) Aconselhamento Gestáltico
c) Aconselhamento Psicanalítico
d) Aconselhamento Behaviorista
habilidades para lidar com a tensão; d) construção de planos de ação para seu
futuro pessoal.
Contudo é necessário observar ainda os seguintes itens sobre o término do
aconselhamento tanto para o conselheiro quanto para o aconselhando: a) Deve ser
uma decisão mútua e b) Observar os níveis de resistência à separação tanto por
parte do conselheiro quanto do aconselhando.
Esse processo deve ter um término positivo. Patterson e Eisenberg (1995)
listam os seguintes princípios que devem ser observados pelo conselheiro para a
finalização positiva do aconselhamento: 1. Esteja claramente consciente das
necessidades e desejos do cliente; 2. Esteja claramente consciente de suas próprias
necessidades e desejos; 3) Esteja consciente de suas experiências anteriores de
separação e de suas reações interiores a essas experiências; 4) Peça ao cliente
para dizer como se sente quanto ao término da experiência; 5) Diga a seu cliente,
sinceramente, como você se sente quanto a essa experiência de aconselhamento;
6) Faça uma revisão dos acontecimentos principais da experiência de
aconselhamento; 7) Reconheça aprobativamente as mudanças que o cliente
efetuou, e, 8) Diga ao cliente para mantê-lo em dia sobre o que está acontecendo na
vida dele.
Por fim, é importante ressaltar que um aconselhamento pode terminar porque
o conselheiro não reúne condições para atender o aconselhando. Isso pode ser
observando quando não há avanço no processo de aconselhamento. Diante disso, é
preciso que este profissional faça os devidos encaminhamentos ao aconselhando.
Sobre essa fase, Patterson e Eisenberg (1995) observam:
O término é uma fase integrante do processo de ajuda. O término eficaz
proporciona um encerramento positivo para a experiência e encoraja o cliente a
continuar usando sua nova aprendizagem. Por ser uma experiência de separação
após um relacionamento intenso, os sentimentos de perda podem algumas vezes
originar resistências. As diretrizes para o conselheiro incluem a consciência de suas
próprias emoções e das do cliente, a comunicação sincera sobre as emoções atuais
do aconselhamento. Se o aconselhamento não foi bem-sucedido, o
encaminhamento pode ser adequado. As diretrizes para ajuda o cliente a trabalhar
sua tendência incluem dar apoio, apresentar a ideia no momento oportuno e ter
informações fidedignas sobre o recurso envolvido (p. 107).
Como este material tem como objetivo maior formar ou capacitar pessoas
para a atividade de aconselhamento; se faz necessária abordar a figura do
conselheiro propriamente dito. As ideias a seguir foram sistematizadas e resumidas
do texto “O processo de aconselhamento” de Patterson e Eisenberg (1995),
especificamente do item que trata das características dos conselheiros.
A forma de apresentação será em sinopse conforme proposta original do
texto:
1. O conselheiro eficiente é hábil em levar à extroversão, quando encoraja
a outros a se comunicarem aberta e sinceramente com ele. Ouve de modo atento e
envolvido.
2. O conselheiro eficiente inspira sentimentos de segurança, credibilidade
e confiança nas pessoas a quem ajuda, pois é sentido pelo aconselhando
rapidamente que pode compartilhar suas preocupações e sentimentos abertamente.
3. O conselheiro eficiente é capaz de introversão e extroversão, pois está
ciente dos sentimentos que experimentam e das origens dos mesmos. São capazes
de dominar a ansiedade e responder a pergunta “quem sou eu?”.
4. O conselheiro eficiente transmite interesse e respeito pelas pessoas
que estão procurando ajuda, quando age colocando-se junto a elas nos seus
momentos de felicidade ou de tristeza, sendo uma presença que pode ser acima de
tudo sentida como real.
5. O conselheiro eficiente gosta de si mesma, respeita-se, e não usa as
pessoas, a quem está tentando ajudar, para satisfazer suas próprias necessidades,
pois estão cientes da sua missão e profissionalismo.
6. O conselheiro eficiente tem conhecimento específico em alguma área
que será de especial valor para a pessoa que está sendo ajudada, pois utiliza os
seus conhecimentos para auxiliar e não manipular a favor de seus próprios dogmas.
7. O conselheiro eficiente procura compreender o comportamento das
pessoas a quem tenta ajudar, sem impor julgamento de valor, mas procuram agir
sem pré-julgamentos, ao contrário, aceita o comportamento do aconselhando como
uma forma que ele encontrou para poder dar conta da realidade que o assola.
8. O conselheiro eficiente é capaz de pensar em termos de sistemas, não
de uma forma pontual ou estaque. Prima por uma visão holística, inter-relacional em
que um determinado comportamento de uma pessoa sempre tem a ver com os
comportamentos, os quais também apontam, por sua vez, outras relações que
guardam, consequentemente, os seus significados.
9. O conselheiro eficiente é contemporâneo e tem visão global dos
acontecimentos humanos. É conhecedor do seu tempo, pois o vive integralmente
seu momento. Tem ciência em profundidade das preocupações sociais atuais e
consciência de comum esses fatos afetam as concepções de aconselhandos.
Conclusão
Acredito que ao final desta segunda unidade devemos destacar alguns pontos
sobre o aconselhamento psicológico, e, suas contribuições para o aconselhamento
cristão:
1. O aconselhamento tem suas origens no ato de ajudar e orientar jovens em
suas decisões profissionais e escolhas. Nesse sentido, o acúmulo dos
conhecimentos do aconselhamento psicológico pode ajudar em muito o conselheiro
cristão, pois há também assuntos e situações que vivenciam e que as pessoas que
necessitam de ajuda buscam orientação espiritual para os seus problemas, e, este
conselheiro cristão deve está apto e ciente de seu papel nesses momentos tão
importantes para tomada de decisão.
2. O aconselhamento é um processo interativo, caracterizado por uma relação
única entre conselheiro e aconselhando, que leva este último a mudanças em
diversas áreas da vida. Aqui se tem uma contribuição impar para a relação entre
conselheiro e aconselhando, onde a ciência dessa atividade já enriquece em muito o
trabalho do conselheiro cristão, e, assim cria condições necessárias para o bom
desempenho dessa atividade junto a quem busca mudanças.
3. Ao longo dos tempos, foram sendo desenvolvidos os mais diversos
métodos de aconselhamento, como o método diretivo e não diretivo, os mais
conhecidos. Têm-se aqui as formas ou maneiras que um conselheiro pode exercer
sua atividade. Isso contribui em muito para o trabalho do conselheiro, pois tendo um
método ou procedimento, o conselheiro sente-se mais seguro e pode propor
atividades mais organizadas, e, assim, avaliar o processo como um todo. Ressalte
que esse tema referente aos métodos de aconselhamento cristão será abordado em
uma unidade específica.
4. Há um consenso no processo e procedimentos no aconselhamento
psicológico. Suas fases são: descoberta inicial, exploração em profundidade,
preparação para a ação e o término do aconselhamento. Sem dúvida, sabe-se que
os procedimentos estão relacionados a uma concepção determinada, ou linha, ou
abordagem ou concepção, mas o fato de haver fases que se colocam como
estruturantes, que possibilitam organizar a relação com o aconselhando para que se
possa extrair o melhor, com vistas aos objetivos dessa atividade, é primordial.
5. Para que um conselheiro exerça as suas funções enquanto tal são
necessárias as seguintes características: proporcionar comunicação do
aconselhando; ouvir com atenção; proporcionar um ambiente de segurança
credibilidade e confiança; dominar a ansiedade e procurar se conhecer; manifestar
interesse e respeito pelas pessoas; gostar de si mesma, respeitar-se e a outras; ser
profissional; ter conhecimento; não fazer pré-julgamentos; ter uma visão sistêmica
sobre a vida humana; identificar padrões de comportamentos contraproducentes e
ter como função ser um suporte para o aconselhando. De forma objetiva essas
Referências Bibliográficas
NALINI, J. R. Ética geral e profissional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.
Terceira Unidade
Apresentação da Unidade
Objetivos da Unidade
Introdução
Conteúdo
Poimênica e Aconselhamento.
Por fim, é oportuno enfatizar que a poimênica, no AT, é a luta humana por
resgatar tudo aquilo que torna plena a vida concedida por Deus. Bem por isso, ela
não trata de questões abstratas e distantes do dia-a-dia, mas lida com as concretas
e palpáveis condições de vida do povo hebreu, condições intrinsecamente
arraigadas na fé dos semitas em Javé, como postula o Sl 23.
Para tanto, interessa reconhecer Deus no coração, a fim de amá-lo, temê-lo e
louvá-lo como Deus Criador e mantenedor da vida. A partir do descrito no capítulo
anterior, é possível traduzir o objetivo da poimênica nestes termos: é voltando a leb
ao ruah de Deus, que a nefesh permanecerá saudável e encontrará futuro. Pois,
apenas na relação direta com Deus, que se manifesta a solução também para Jó.
Só assim, a identidade como filho saudável de Javé pode novamente vir a ser
celebrada por ele, com Deus e os/as demais irmãos (ãs).
Já no novo testamento, a poimênica encontra o seu berço na ação e doação
libertadora de Cristo. Ele é a expressão perfeita do que significa pastorear. O filho de
Deus, com sua fraterna forma de agir, com sua consciência interior e com o efeito
que causou sobre o meio de sua época, pode ser visto como o inaugurador do
comportamento poimênico.
Já no NT a poimênica encontra no termo grego “paraclein”, “paraclesis”, o seu
conceito chave que aponta para a oferta de salvação e de vida em abundância
oferecida por Cristo em sua vida e cruz. A “paraclesis” remete ao consolo da
salvação que Cristo oferece através de sua graça (2 Ts 2.16); entretanto, igualmente
admoesta às pessoas a transformarem suas vidas cotidianas, desafiando-as a
realizar uma identificação com Jesus Cristo também no decurso de um sofrimento (2
Co 1.5-7). Após a reflexão acima acerca do ministério de Cristo, viu-se que Ele
guiou, vigiou, providenciou a vida e sentiu profunda afetividade pelo povo do seu
Pai.
Nesse sentido, pode-se definir poimênica a partir dessas quatro funções
pastorais que, no ministério de Cristo, se materializaram em plenitude, conforme
destaca Hoepfner (2008):
nome de Emanuel, que quer dizer: Deus conosco”. É o “Deus conosco”, - que se
relaciona com o seu povo, que se torna igual em meio à alegria e ao sofrimento; que
compartilha e dá vida -, a Boa Nova do Evangelho. É o Evangelho o esteio da
poimênica cristã e Cristo o seu paradigma. Agora, a poimênica não deve ser vista
como uma expressão individual, entretanto comunitária.
Ainda, sobre os fundamentos bíblico-teológicos da poimênica, Clinebell (2000)
afirma reiteradamente as notáveis potencialidades dos seres humanos:
Deus tem pelo ser humano, e, por outro lado, evidenciam-se também as
potencialidades do ser humano, criadas pelo próprio Deus, as quais revelam as suas
possibilidades para um desenvolvimento de forma integral, em Cristo.
Conclusão
Cristã que são imprescindíveis não só para os nossos intentos, mas para todo e
qualquer objetivo para quem queira fundamentar o testemunho cristão.
Em nosso caso, olhamos firmemente para o campo da Teologia Prática, ou
mais especificamente, para a área do Aconselhamento. Nesse sentido, quando
estudamos o termo “diaconia”, vimos como este termo é rico e diverso, bem como
apontou indelevelmente para o ser próprio do Cristianismo: servir ao mundo.
Destacou o nome e o sobrenome dessa essência diaconal: Jesus Cristo, o servo por
excelência. Assim ficou límpido que o ministério cristão, guarda-chuva maior que
abarca o Aconselhamento, como sendo um instrumento de serviço no mundo.
Observou ainda o termo poimênica. Esse termo é caro e deve ser entendido
como ponto de partida e de chegada do aconselhamento cristão também? Claro que
sim! Este termo alimenta essa atividade que do ponto de vista bíblico-teológico é um
instrumento para possibilitar ajuda e crescimento a todo aquele que se encontra
necessitado. Contudo, esse termo guarda também as potencialidades inerentes ao
ser humano; isso não se pode esquecer quando se faz Aconselhamento nessa
perspectiva, pois o aconselhando não é um mero objeto, mas sujeito em
crescimento e isso atestado pela valorização do sujeito hoje. Contudo, isso deve ser
compreendido radicalmente como um mote da ética da ajuda cristã, a qual se
configura como um desafio, uma vez que outras leituras que também fundamentam
práticas em aconselhamento olham a pessoa do aconselhando como um objeto, que
deve apenas receber os benefícios para quem busca essa atividade cristã.
Por fim, vimos de maneira detalhada o verbo “cuidar” ou o substantivo
“cuidado”. O “cuidar” e o “cuidado” são palavras, sem dúvida, que melhor
interpretam em última instância toda e qualquer ação cristã. Nesse sentido, o
oxigênio afetivo do Aconselhamento e é justamente nessa perspectiva a boa nova
de Salvação a todo aquele que crê: “Por que Deus amou (cuidou) do mundo de tal
maneira que enviou o seu filho unigênito para que todo o que nele crê não pereça
mais tenha vida eterna” (João 3:16).
Referências Bibliográficas
Quarta Unidade
Apresentação da Unidade
Objetivos da Unidade
Introdução
Outra referencia histórica dessa atividade pode ser encontrada logo nos
primeiros cem anos da Igreja Cristã. A história registra textos cuidadosos, como, por
exemplo, a Carta a uma Jovem Viúva, escrita por João Crisóstomo em 380; o “Livro
de Cuidado Pastoral”, de Gregório, o Grande, no final do século VI ou a carta
Catorze Consolos Para os Exaustos e Sobrecarregados, escrito por Martinho Lutero
em 1520. Em cada um destes há demonstração de um tempo na Igreja cristã em
que o cuidado era parte integrante do ensino e da vivência pastoral. (Flor, 2010).
Castro (1974, p.182) faz a seguinte pergunta: qual será a meta da atividade
pastoral? Ele mesmo responde da seguinte maneira: “logicamente como todo
conselheiro, procura ajudar a recuperar a saúde plena da personalidade do
aconselhando”. Nessa direção, Castro (1974) destaca as seguintes questões do
aconselhamento:
Por isso para Schipani (2004) aconselhamento pastoral deve ser entendido
teologicamente como:
1. Crescimento na visão
2. Crescimento em virtude
3. Crescimento em vocação
Conclusão
Referências Bibliográficas
Quinta Unidade
Apresentação da Unidade
Objetivos da Unidade
Introdução
orientações muitas vezes e não podem continuar sofrendo mais o que estão o
passando. Portanto, cabe aquele que se sente chamado a exercer o
aconselhamento; cuidar de sua formação, se preparando de forma adequada para
essa atividade. Esta unidade quer singelamente contribuir nesse processo que
considero um árduo desafio.
Portanto, fundamentalmente são abordas técnicas de intervenção em
aconselhamento cristão, com destaque para os métodos diretivos e não diretivos.
Por fim, Szentmartoni (1999) observa que o conselheiro tem de ter os devidos
cuidados em sua atividade, deve evitar colocações ou expressões que não
contribuem para o objetivo principal do aconselhamento, segundo Mannóia (1985,
p.103), que “é o de facilitar o crescimento da personalidade ao máximo nível de
maturidade”. São observações que o conselheiro passa ao aconselhando como
sendo as suas conclusões, de forma moralista e não observa as manifestações do
seu aconselhando. Segundo Szentmartoni (1999) isso denota falta de confiança nos
recursos do outro, por parte do conselheiro e impede que o objetivo maior do
aconselhamento seja atingido.
Para desenvolver uma relação adequada no aconselhamento Clinebell (1976)
em um texto denominado “Os elementos comuns a todo aconselhamento” trata de
dois itens fundamentais e necessários para o exercício do aconselhamento, o qual
pode ser exercido no contexto do gabinete pastoral ou de um leito, no hospitalar: o
desenvolvimento de uma relação terapêutica, e, como facilita comunicação do
aconselhando.
Outro exemplo de procedimento ou técnicas de aconselhamento vem de
Collins (1995), com seu texto clássico, o livro: “O aconselhamento Cristão”. Nessa
obra, o referido autor apresenta técnicas de aconselhamento, que considera como
sendo as mais básicas numa situação de ajuda; antes, porém, de apresentá-las ele
faz a seguinte ressalva, que nessa relação de aconselhamento, ela é uma relação
necessariamente de ajuda, mas de uma relação de ajuda que deve ser desenvolvida
num formato profissional. Vejamos as técnicas:
1. Atenção – O conselheiro deve tentar conceder atenção integral ao
aconselhando:
• Contatos de olhos;
• Postura relaxada, não tensa e interessada;
• Gestos naturais.
• Percepção suficiente;
• Evitar expressões verbais e não verbais dissimuladas de desprezo ou
juízos antecipadas;
• Aguardar pacientemente o funcionamento do aconselhando;
• Ouvir não somente o que o aconselhando diz, mas as suas reais
necessidades;
• Estar atento a fala e o comportamento;
• Analisar as reações do aconselhando diante das suas intervenções;
• Senta-se imóvel;
• Limitar o numero de execuções mentais às próprias fantasias;
• Não julgar antecipadamente através da manifestação de sentimentos
em relação ao aconselhando;
• Praticar a aceitação da pessoa do aconselhando.
• O conselheiro é um educador;
• O aconselhando é aprendiz;
• O aconselhamento é um espaço para a discussão;
• O aconselhamento é um espaço para uma relação sincera e honesta.
Para fechar essa parte, o próprio Clinebell, assim interpreta essas cinco
perguntas, ao dizer:
Associada a essas duas ideias está outra ideia: a empatia. Faber e Shoot
(TINÃO, 1976, p. 121) observam que “simpaticamente sintonizados nos sentimentos
do nosso interlocutor. Com a ajuda de uma simpatia saudável projetamos sobre ele,
e, estamos particularmente preocupados com os seus sentimentos”.
1. Aconselhamento diretivo
Sra. P: olá pastor, desde muito tempo as coisa não vão muito bem em minha
casa... (coloca-se muito sentida).
Pastor: Veja bem, estou seguro de que as circunstancias não tão mal como
parece ser, e estou seguro que podemos ver melhor para ajuda à luz da Palavra de
Deus.
Sra. P: pastor, o senhor não sabe como é tão mal a minha situação.
Pastor: penso que você veio se socorrer em seu pastor, não é isso? Falemos
agora sobre o seu problema abertamente e inicie desde o começo e me diga tudo.
OK.
Sra. P: tenho tanto vontade de conversar com alguém...
Conclusão
Referências Bibliográficas
Sexta Unidade
Apresentação da Unidade
Objetivos da Unidade
Introdução
Conteúdo
Ética e Aconselhamento
Como vimos, e, se pode inferir, por sua vez, são muitas as exigências para
garantir um bom desempenho profissional de conselheiro. Nesse sentido, torna-se
caminho comum e necessário, o tema da ética. Ela está em alta.
É bom observar que esse assunto não é mais um modismo, ou seja, uma
coisa que só tem valor agora, depois passa. É o mesmo que acontece quando surge
um fenômeno televisivo que faz moda de um dia para o outro: com um penteado, de
uma roupa ou de um jeito de ser que impacta a massa, mas rapidamente também se
vai. Cai no esquecimento ou saudosismo. Ética profissional não é nada disso. Não é
modismo. Pelo contrário, é uma questão necessária e urgente para a sociedade e
para a vida de quem quer ser realmente um profissional (MARIANO, 2007).
Afirmar a necessidade da ética no exercício profissional é uma abrupta
redundância que agride não só a nossa língua, mas principalmente o ser
profissional. Sabe por quê? Porque profissão, segundo Nalini (2001, p.15) “é uma
atividade pessoal, desenvolvida de maneira estável e honrada, a serviço dos outros
e a benefício próprio, de conformidade com a própria vocação e em atenção à
dignidade da pessoa humana”. Isto quer dizer que ninguém é profissional para si
mesmo. A finalidade do exercício profissional é estar a serviço do bem comum, ou
seja, a serviço do outro, em harmonia com sua autorrealização, objetivos de uma
mesma ação que tem como grande beneficiada a sociedade.
A seguir serão apresentadas questões éticas relacionadas à prática do
conselheiro. Essas questões foram extraídas do livro Corey (1983) “Técnicas de
Aconselhamento e Psicoterapia”, onde são ressaltadas as atitudes principais do
conselheiro. Este livro é um excelente texto para aprofundamento das abordagens,
uma vez que há uma riqueza teórica e prática.
Responsabilidade – quem exerce a atividade de conselheiro tem a
responsabilidade sobre o aconselhando, além dos membros de sua família, à própria
função de conselheiro, à instituição da qual depende, à sociedade e à profissão. É
função central do conselheiro o bem-estar do aconselhando e não a satisfação das
suas necessidades próprias. Tal exigência reivindica, caso isso ocorra, que encerre
a relação terapêutica;
Competência – o conselheiro deve reconhecer os limites de sua competência
e limitações pessoais, não podendo aplicar tratamentos ou diagnósticos que
ultrapassem o alcance de seu tratamento. Deve-se então consultar colegas,
supervisor ou fazer encaminhamentos. Quando o aconselhando queixa-se de
sintomas físicos é essencial encaminhar para um médico para saber se é de fundo
orgânico;
Relação terapeuta aconselhando – deve-se deixar claro para o aconselhando
as limitações da relação, além do mais, o aconselhamento só é suficiente quando o
aconselhando deseja cooperar com o conselheiro no trabalho;
Coelho Filho (2015) inicia seu artigo abordado o perfil do conselheiro cristão,
como segue:
O primeiro deles é empatia. A palavra vem da mesma raiz de “simpatia” e
de “antipatia”. Simpatia é sentir na mesma direção, sentir com. Antipatia é sentir
contra. Sobre empatia, o prefixo grego en nos esclarece: é “sentir dentro”, “sentir
como se fosse à pessoa”. A simpatia pode ser entendida como uma ternura, mas a
empatia é uma profunda compaixão que nos faz colocar-nos no lugar daquela
pessoa. O fundador do cristianismo foi a maior manifestação de empatia que o
mundo já viu: “O Verbo se fez carne” (Jo 1.14). Deus foi empático conosco, na
pessoa de Jesus. Empatia tem a ver com compaixão. O Salvador era profundamente
empático, porque era profundamente compassivo: “Vendo ele as multidões,
compadeceu-se delas, porque andavam desgarradas e errantes, como ovelhas que
não têm pastor” (Mt 9.36). E este é um conselho bíblico para todos os cristãos:
“Alegrai-vos com os que se alegram; chorai com os que choram” (Rm 12.15). Somos
exortados a experimentar e partilhar os sentimentos dos irmãos. O autor de Hebreus
aconselhou a comunidade cristã nos seguintes termos: “Lembrai-vos dos presos,
como se estivésseis presos com eles, e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos
também no corpo” (Hb 13.3). O conselheiro cristão deve ter este sentimento bem
aguçado. Ele não é juiz nem um crítico, mas um ajudador. E um ajudador com
compaixão.
Não somos profissionais que atendem a pessoa, ouvem-na sem experimentar
emoção alguma (algumas vezes bocejando de indiferença), e depois apenas
perguntam: “Sim, o que você pensa em fazer sobre isso?”. Somos pessoas que
amam a Deus, que amam o povo de Deus e que servem a Deus servindo a seu
povo. E mostramos nosso amor a Deus no amor ao seu povo. Empatia é mais uma
postura que adotamos que um sentimento que experimentamos. É sentir com a
pessoa. A frieza ou a indiferença é mortal no trabalho do conselheiro. Como bem
frisou Collins: “É possível ajudar as pessoas mesmo sem compreendê-las
inteiramente, mas o conselheiro que consegue transmitir empatia (principalmente no
com ninguém. Um conselheiro deve ser sigiloso. Por isso que deve ser uma pessoa
que cuide de sua vida espiritual e se fortaleça, sempre, com o Grande Conselheiro,
Deus. É a vinha dele que ele deve guardar.
O quarto é sobriedade. O Novo Testamento faz várias referências à
sobriedade. Nós é que pouco mencionamos esta virtude cristã. Há líderes que
amam holofotes ou são pouco discretos. Têm grande necessidade de atenção.
Jesus exortou à discrição na vida espiritual, quando deixou recomendações sobre a
oração e o jejum. Sobriedade tem a ver com discrição. Não se faz alarde de que
estamos ajudando alguém. O trabalho do conselheiro é um trabalho de bastidores,
que se faz nos bastidores, e não em público. Como o aconselhamento envolve
questões emocionais, e por vezes delicadas, o conselheiro deve lembrar que a
imagem do aconselhando deve ser poupada. Repreensão pública ou conselhos
dados em voz alta prejudicam muito. Ninguém precisa ouvir a conversa. Por isso,
quando atender, fale baixo. Uma das tarefas do conselheiro é ajudar a pessoa a ser
madura e tomar decisões por si, orientada pelo Espírito Santo. Outra tarefa é
levantar a pessoa. Neste sentido, expô-la em público, como alguém tutelado, é
prejudicial. Somos conselheiros e não pais de criancinhas travessas que devem ser
chamadas à atenção.
Há conselheiros que gostam de publicidade para que os demais vejam como
ele é importante ou como está sendo usado por Deus. Remo Machado, psicólogo
cristão, faz esta afirmação, em uma de suas obras: “Caso Deus seja o centro de
nossa vida, ele tem um plano para nossa existência, e se ele nos delegou a posição
de psicoterapeutas, devemos usá-la para enaltecimento do nome de Deus, e não
para o nosso engrandecimento pessoal”. Sobriedade é esta característica assumida
de que somos apenas instrumentos, a glória é de Deus, fazemos o que temos que
fazer e saímos de cena, sem esperar aplausos ou reconhecimento. O conselheiro
não faz alarde do seu trabalho. A vaidade sempre é notada, sempre desgasta o
vaidoso e geralmente cobra um preço muito elevado. E as pessoas que
aconselhamos não devem ser vistas como troféus a exibir.
O quinto é desprendimento. Isso significa que o conselheiro não deve levar
vantagem na tarefa de aconselhar. Por vezes, o conselheiro é profissional, um
psicólogo ou outro tipo de terapeuta. Neste caso, ele cobrará consultas. O levar
vantagem, neste contexto, significa que o conselheiro não usa as informações que
recebe, nem antes nem depois do processo de aconselhamento. Suponhamos que
o conselheiro seja o pastor ou o líder de um trabalho. Um irmão o procura e lhe
revela um problema e pede ajuda. Não será justo o conselheiro divulgar
publicamente uma possível incapacidade da pessoa para o exercício de uma função
para a qual ela vier a ser indicada. Evidentemente que se for um caso grave, como
uma pessoa que tenha tendências pedófilas sendo indicada para cuidar de crianças,
o conselheiro precisará agir. Mas isso exige cautela. A questão principal é de ordem
pessoal: não levar vantagem. Não impugnar a pessoa para um cargo ou função
porque tem outro nome que é seu preferido ou porque o ambiciona, etc. Deve se
lembrar também que Cristo pode transformar uma vida e que um pecado que uma
pessoa cometeu no passado não será, necessariamente, cometido outra vez pela
pessoa.
O sexto é capacitação. Já tangenciamos este aspecto anteriormente. Trata-
se da capacitação para o serviço a desempenhar e da capacitação espiritual para
poder desempenhar o serviço. Precisamos ter em mente que nenhum de nós, como
líder cristão, é um produto acabado. No que se presume ser sua última carta, já
idoso, Paulo pede a Timóteo: “Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade,
Pode ser que a pessoa aconselhada esteja em pecado e deva ser orientada
quanto a isso, mas não compete ao conselheiro, como conselheiro, condená-la. No
aconselhamento não se prega. Conversa-se e se mostra à pessoa a situação em
que ela se encontra e as alternativas a tomar na sua vida. Em outras ocasiões, o
conselheiro administrará conflitos de relacionamentos entre partes. Deve evitar se
posicionar contra um ou contra outro. Ele deve ser uma ponte e não um juiz. Pode
ser que a questão esteja bem clara e ele tenha uma posição bem definida, mas deve
se lembrar que está ali para conciliar partes.
Já me aconteceu, em passado remoto, aconselhar um líder da igreja com
problemas de drogas. No íntimo, por dentro, fiquei muito indignado com este
comportamento vindo de um líder em que eu e a igreja confiávamos, mas sabia que
perderia a pessoa se manifestasse este sentimento. Ela já estava bastante frustrada
e envergonhada. Não manifestei minha postura de censura. Ela já sabia que estava
errada. Tratamos de como superar a situação. Mostrei-lhe empatia. A pessoa
superou o problema e até hoje está na liderança (pedi permissão a ela para citar o
evento, sem nomear e localizar, e ela me concedeu). Precisamos ter muita cautela e
lutar para impedir que nossos sentimentos pessoais de aceitação ou rejeição nos
levem a tomar atitudes que bloqueiem o processo de aconselhamento.
precisamos ser humildes para reconhecer que nem sempre a vontade de Deus é a
nossa, como conselheiros. Podemos mostrar à pessoa as opções e as
consequências das opções, mas deve ser deixada com ela a decisão a tomar. É
assim que ela amadurecerá. Quando dizemos às pessoas o que fazer, elas criam
dependência emocional. E isto não é bom. O conselheiro poderá dizer que executou
bem sua função quando a pessoa chegar a um ponto em que o aconselhado não
mais precisar mais dele como orientador. Essa ideia de “guru” ou de um mentor que
tutoreia a pessoa a por toda sua vida não é uma medida salutar. É antibíblica.
Conforme Efésios 4.13, o exercício de dons na igreja é para que os crentes
cheguem “ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo”
(Ef 4.13). Conduzir alguém pela mão por toda a vida não faz desse alguém uma
pessoa neste patamar de adulto em Cristo. Há muito manipulador querendo ser
mentor.
Não confunda as coisas nem tente fazer “pegadinhas”, dizendo que isto é o
oposto da empatia mostrada como necessária. Terapeutas profissionais não devem
aconselhar parentes ou pessoas a eles ligadas emocionalmente. Sua análise
sempre será prejudicada porque terá envolvimento emocional. Há uma linha
divisória entre empatia e envolvimento emocional. A empatia é produto da
misericórdia cristã. O envolvimento sucede quando o conselheiro se sente
perturbado porque aquilo o atinge diretamente. Por vezes, ele está passando por um
problema semelhante ao que a pessoa que lhe procura está passando e sente
desnorteado, ou sem condições de fazê-lo. Não é errado um conselheiro ter
problemas e passar por lutas, é preciso dizer neste contexto. O problema é quando
o aconselhando está numa situação idêntica e o conselheiro sente que está sem
condições.
A eficácia do aconselhamento, neste caso, será reduzida. Ao mesmo tempo,
em contrapartida, o conselheiro poderá ver nesta situação como a pessoa está
sofrendo. Mas sua orientação poderá ser apenas um reflexo do que ele faria. E as
pessoas reagem de maneira diferente. O conselheiro poderá mostrar um caminho
que ele tem condições de percorrer, mas talvez a outra pessoa não tenha. Ele
precisará refletir bastante, orar e ter humildade para, se for o caso, dizer à pessoa
que naquele momento não poderá ajudá-la. Se tiver certeza de que estará mais
capacitada exatamente por estar vencendo o problema, deve ajudar. Mas se estiver
sendo abatida pelo problema, terá pouco o que dizer. E deverá ter a humildade de
reconhecer isto.
Nem sempre as palavras revelam. Por vezes mascaram. Para filtrar bem, o
conselheiro precisa de um bom filtro (ou um coador). É oportuno lembrar que
vivemos numa sociedade massificada pelo egoísmo e que as pessoas, em sua
maior parte, têm motivações egoístas. Até mesmo na área espiritual. O conselheiro
precisa ter um bom parâmetro para avaliar e orientar. Por exemplo: qual é a
finalidade da vida? É a busca de felicidade? É o que as pessoas buscam, e o que
muitas pregações sinalizam. Mas é este o propósito de Deus para nós?
O conselheiro deve ter em conta que lidará com muitas pessoas que têm
problemas por causa de necessidades que não devem ser atendidas. Cito Crabb Jr.,
a respeito:
Os conselheiros cristãos devem ser sensíveis à profundidade do
egoísmo na natureza humana. É temerosamente fácil ajudar alguém
a atingir um alvo não-bíblico. É nossa responsabilidade, como
membros do mesmo Corpo, continuamente recordar e exortar uns
aos outros a fim de manter em vista o alvo de todo verdadeiro
aconselhamento: libertar as pessoas para que possam melhor adorar
e servir a Deus, ajudando-as a se tornarem mais semelhantes ao
Senhor. Em suma, o alvo é maturidade. A atividade de aconselhar
biblicamente não é a de dar pirulitos a crianças frustradas, mas ajudar
as pessoas a entenderem o propósito de Deus para a vida delas. Há
uma diferença enorme entre desejos e necessidades. É preciso saber
a distinção entre os dois. E o conselheiro, algumas vezes, terá que
levar a pessoa a entender isso. (CLABB JR, 2013, p. 60)
Conclusão
Referências Bibliográficas
NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2001.
____________Bíblia Sagrada; Nova Tradução na linguagem de Hoje. Barueri (SP):
Sociedade do Brasil, 2000.
Sétima Unidade
Apresentação da Unidade
Objetivos da Unidade
Introdução
Tenho notado que o grande interesse das pessoas é como proceder quando
uma pessoa precisa de apoio, ou quando está em crise; diante de uma separação;
de uma perda pessoal; de uma crise matrimonia ou como aconselhar toda uma
família em crise.
Hoje, temos um número considerável de literatura cristã que tem dado conta
dessa demanda, lembro aqui alguns clássicos, como: “Aconselhamento Cristão” e
“Ajudando uns aos outros pelo Aconselhamento” de Collins; “Aconselhamento
Pastoral: modelo centrado em libertação e crescimento” de Clinebell; El arte de
aconsejar biblicamente de autoria de Crabb Jr, e, um dos textos mais recentes
nessa área, do conhecido argentino psicólogo e pastoralista Schipani: “O caminho
de sabedoria no Aconselhamento Pastoral”.
Diante disso, nesta unidade, estaremos apresentando alguns dos temas em
aconselhamento, bem como os métodos e técnicas que podem ser utilizados para o
enfrentamento dessas situações. Aqui fizemos uma opção em trabalhar com as
ideias e casos apresentados pelo conselheiro Clinebell, em seu livro
Aconselhamento Pastoral. Fizemos uma seleção de alguns temas e procedimentos
sugeridos pelo referido autor, são eles: a) Aconselhamento de apoio; b)
Aconselhamento em casos de perda pessoal; c) Aconselhamento em casos de
crise matrimonial;
Esperamos que este texto não fosse encarado como um receituário, mas um
guia introdutório teórico-prático para o enfrentamento dos temas abordados aqui.
Ao final de cada tema estudado, tem-se uma sessão denominada de atividade
de exercício prático de aconselhamento sobre o tema abordado. Objetivo é bem
simples, caro aluno, possibilitar uma reflexão sobre a prática. Essas atividades são
todas elaboradas a partir do livro de Aconselhamento Pastoral de Clinebell (2000).
Conteúdo
a) Aconselhamento de apoio
Apoio. Essa é uma palavra muito comum no meio cristão. Afinal as pessoas
procuram igrejas, muitas das vezes, para enfrentar situações que as desestabilizam,
pois se encontra atribuladas quer no âmbito pessoal, conjugal ou grupal. Diante
disso, é fundamental que o conselheiro cristão desenvolva métodos e técnicas que
possibilitem: a) Estabilidade; b) Alicerce; c) Alimento; d) Orientação.
Portanto, cabe ao conselheiro desenvolver, naquele que procura ajuda, as
condições ou capacidades para enfrentar, manejando de forma adequada, os seus
problemas e os seus relacionamentos mais construtivamente, dentro de limites que
lhes são impostos pelos recursos de sua personalidade e pelas circunstancias
oferecidas.
No aconselhamento de apoio, o conselheiro faz uso de: 1. Orientação; 2.
Informação; 3. Tranquilização; 4. Inspiração; 5. Planejamento; 6.Fazer e
responder perguntas; 7. Encorajar ou desencorajar certas formas de
comportamentos, os quais devem ser observados de forma cuidadosa e muito
atenta.
A seguir vejamos sete procedimentos sugeridos por Clinebell (2000) para o
aconselhamento de apoio:
Orientações:
1. Você pode apenas refletir sobre essa situação tentando visualizar toda
essa situação proposta como as cenas aconteceriam e como você procederia, na
qualidade de pastor, por exemplo;
Papel do Pastor
Papel do observador-monitor
A perda pessoal é uma crise universal entre os seres humanos. O pesar está
presente: em todas as mudanças, perdas e transições importantes na vida, não só
por ocasião da morte de uma pessoa amada.
Diante das perdas que são as mais diversas, Clinebell (2000) propõe um
esquema de cinco tarefas nesse processo e o tipo de ajuda que facilita a realização
de cada tarefa:
Orientações:
1. Você pode apenas refletir sobre essa situação tentando visualizar toda
essa situação proposta como as cenas aconteceriam e como você procederia na
qualidade de pastor, por exemplo;
3. Caso queira faça uso de gravador para ouvir partes desta atividade de
exercício prático de aconselhamento de apoio.
Papel do aconselhando
Se você teve uma perda dolorosa em sua vida (talvez aquela que você
reviveu acima), dirija-se ao pastor, pedindo que o ajude. Ou: procure mergulhar nos
sentimentos de alguém que você conhece bem e que está em pleno processo de
digerir uma perda grave. Desempenhe o papel daquela pessoa buscando a ajuda do
pastor.
Ou: você é Jane Carone, uma mulher de uns 45 anos, cujo marido Ricardo
faleceu inesperadamente a 2 meses, de ataque cardíaco. Você sente
profundamente a perda
E acha quase impossível enfrentar contatos sociais, principalmente na igreja,
onde vocês participam ativamente como casal. Você se sente muito deprimida e
gostaria de se esconder das pessoas.
Papel do Pastor
Papel do observador-monitor
Collins (1995) observa que a origem dos problemas, do ponto de vista bíblico,
é justamente quando o casal se afasta dos princípios bíblicos, os quais são
transformados consequentemente em problemas conjugais. Vejamos alguns deles:
O trabalho com casais vai bem além da boa vontade ou de boa intenção. É
necessário ter uma metodologia que contribua para a identificação e precisão do que
de fato tem gerado conflitos e problemas no casal. A falta de comunicação é um dos
primeiro sintomas: deixa de haver ou apresenta muitos ruídos, como se diz na
linguística moderna. Vejamos a seguir duas propostas de intervenção em
aconselhamento conjugal uma elaborada por Clinebell (2000) e outra de Collins
(1995).
A primeira proposta metodológica é de Clinebell (2000), ela a desenvolve no
subitem denominado: “o método de relacionamento intencional ou método de
matrimonio intencional”. Esse método tem quatro passos:
Primeiro passo:
Segundo passo:
Terceiro passo:
Quarto passo:
Por fim, é importante ressaltar que esse método pode ser aplicado não
somente com casais, mas família, amizade, colega, relacionamentos de equipe de
trabalho, por exemplo. O objetivo é aumentar a satisfação mutua de necessidades e
assim reduzir frustração e conflitos, como afirma Clinebell (2000).
Collins (1995) apresenta os procedimentos de aconselhamento conjugal que
tanto o conselheiro tem de ter quanto o aconselhando em seu livro “Aconselhamento
Cristão”; esse método tem quatro estágios, que os denomina respectivamente:
início; manifestação de problemas básicos; desenvolvimento e aplicação de
soluções tentativas e final. Vejamos
Estagio I – Início
Conselheiro:
Aconselhando:
Conselheiro:
Aconselhando:
Conselheiro:
Aconselhando:
• Aprender a formular;
• Agir com relação a...
• Avaliar soluções;
• Expressar frustrações e temores;
• Experimentar algumas vitórias.
Estagio IV - Final.
Conselheiro:
Aconselhando:
• Manifestar dúvidas e temores pelo termino do aconselhamento;
• Reavaliar o progresso;
• Examinar seus recursos espirituais e pessoais.
Orientações:
1. Você pode apenas refletir sobre essa situação tentando visualizar toda
essa situação proposta como as cenas aconteceriam e como você procederia na
qualidade de pastor, por exemplo;
2. A proposta propriamente dita é você e mais duas pessoas ou com mais
outras pessoas, fazerem uma dramatização ou teatralização. Os personagens são
apenas dois. Você necessariamente tem que seguir as sugestões propostas para o
exercício. Lembre-se de estudar e revisar os conteúdos e procedimento do
aconselhamento de apoio.
3. Caso queira faça uso de gravador para ouvir partes desta atividade de
exercício prático de aconselhamento de apoio.
um de vocês dos está bem familiarizado para definir a dinâmica dois papéis)
Procurem a ajuda de seu pastor.
Papel do Pastor
Utilize o que você aprendeu ao ler e refletir sobre este capítulo ao fazer
aconselhamento com este casal. Experimente adaptação do MRI descrito para
aconselhamento neste caso.
Papel do observador-monitor
Procure dar ao pastor feedback sobre o quanto ele se concentra na interação
do casal como diretriz primordial do aconselhamento.
Conclusão
Esta unidade foi desenvolvida com o objetivo de expor uma teoria da prática,
em aconselhamento cristão, que pudesse atender os desafios e as necessidades
atuais de procedimentos diante de alguns temas muito comuns que sempre
desafiam quem desenvolve essa atividade de ajuda.
Foram expostos, por sua vez, procedimentos e técnicas de aconselhamento
de apoio, de perda pessoal e de crise conjugal.
Também vimos procedimentos e metodologias necessárias para o
desempenho em Aconselhamento cristão, ou seja, para ter resultados é necessário
desenvolver procedimentos que de fato possibilitem uma condição adequada para o
exercício dessa atividade, no caso específico, vimos duas formas de intervenção
para agir em casos de crise matrimonial, por exemplo, uma com Collins (1995) e a
outra com Clinebell (2000). A primeira ressaltou estágios: início, manifestação de
problemas básicos, desenvolvimento e aplicação de soluções, tentativas e final, e, a
segunda, é um método denominado relacionamento ou matrimônio intencional o
qual tem como objetivo provocar o aumento da satisfação mútua de necessidades e
assim reduzir frustração e conflitos através de quarto passos: 1) A tarefa de quem
ouve é de ouvir e receber esses atributos; 2) neste passo destacam-se as
necessidades/desejos correspondidos ou parcialmente correspondidos em termos
de comportamento do casal; 3) o objetivo neste passo é aumentar intencionalmente
a satisfação mutua do relacionamento e fomentar assim o amor, pela escolha de
uma das necessidades de cada um (ou uma necessidade conjugal) e isso é feito
com a elaboração de um plano concreto e viável, com uma programação
cronológica, que corresponda a essas necessidades do casal e 4) após a execução
do plano de mudança, deve-se executar outros planos para atender outra
necessidade e assim sucessivamente.
Por fim, observaram-se os comportamentos do aconselhando em situação de
crise e como interpretá-las para melhor atuação do conselheiro.
Referências Bibliográficas
_________. Ajudando uns aos outros pelo Aconselhamento. Vida Nova: São Paulo,
1993.
Oitava Unidade
Apresentação da Unidade
Não é redundante afirmar, ainda nesta nossa última unidade, que são muitos
os desafios contemporâneos do aconselhamento. Creio que outras pessoas também
fazem coro comigo. Esses desafios advêm de diversas áreas e atingem o ser
humano, em suas mais diversas faixas etárias: na infância, na adolescência, na
juventude, na fase adulta e nas terceira e quarta idades. E também atingem nas
principais relações das pessoas, como na vida conjugal, na família, na educação dos
filhos e relacionamentos interpessoais dentre outras.
Nesse sentido, a família é um espaço que tem sido atingido por diversas
situações novas, as quais surgem como resultado das mudanças existências,
culturais e sociais da sociedade contemporânea.
Um desafio mais amplo, onde se coloca o problema da dependência química,
é justamente o cuidado com a família, e, esta tem sido atingida proporcionando
sofrimento e desestruturação em suas relações e manutenção.
A presente unidade se propõe chamar a atenção de quem trabalhar na área
do aconselhamento para as informações e as considerações sobre o tema da
dependência química no contexto familiar dos nossos dias.
Tal tema se justifica porque não são poucas as vezes que conselheiros e
conselheiras são procurados para auxiliar, e, assim cuidar de dependentes químicos
(alcoolistas e usuários de drogas), bem como de seus familiares, quando também
têm que administrar conflitos que surgem no seio familiar, e, desenvolver um
processo de aconselhamento aos dependentes e seus familiares periodicamente.
Objetivos da Unidade
Introdução
Conteúdo
Deve-se entender por família uma instituição privada, passível de vários tipos
de arranjos, os quais têm amparo na lei, e, outros ainda não, mas a realidade da
formação familiar hoje já é bem diversificada, de outros tempos, com destaque para
a presença da mulher como chefe de família, bem como sua acessão no mercado
de trabalho, conforme DIEESE (2004).
A família deve ser compreendida, inicialmente, como o lugar próprio da
socialização primária cuja proposição principal é a garantia de comportamentos
normalizados pelo afeto e pela cultura. Segundo Silva (2007), a família influencia as
crenças, atitudes e comportamentos de seus membros sobre os temas da saúde e
enfermidade. Como também hábitos saudáveis, tais como a alimentação e os
exercícios físicos, por um lado, e, por outro, observa-se que há hábitos não
saudáveis que a família influencia como a presença do uso e abuso de tabaco e
álcool.
Como afirma ainda Silva (2007), a família tem se tornado, na atualidade,
como eixo estratégico de organização da socialização e da sobrevivência cotidiana e
pelas quais passam, necessariamente, ações de controle social, no sentido de
conformidade ou da emancipação de seus membros. Por isso, é que a família é
elemento imprescindível e fundamental do tratamento do uso e do abuso de drogas.
A família e a Co-dependência
Raiva;
Ressentimentos;
Descrédito das promessas de parar;
Angústia;
Impotência;
Preocupação;
Dizem sim mesmo quando querem dizer não;
Tentam agradar o dependente mesmo que isso os desagrade;
Buscam amor e aprovação;
Tolerando qualquer tipo de abuso e responsabilidade pelo mesmo.
Preciso a prender a só ser
acham que já fizeram tudo que lhes fora possível e partem então para
a agressividade contra o dependente, muitas vezes chegando à
violência física ou psicológica, como forma de corretivo. ...[...]
A barganha - Na Barganha, a família tenta tirar seu ente querido das
drogas, estabelecendo regras e acordos, com promessa de presentes
e recompensas no cumprimento delas. Tudo vale a pena para ele
abandonar a droga e voltar a ser como antes. O dependente
concorda com as barganhas e se torna exigente, mas não consegue
cumprir seu trato, quebrando todas promessas de abandonar as
drogas, os amigos, “essa vida”. ...[...]
A depressão - Junto com a constatação da família de que todas as
tentativas não tiveram sucesso, vem a quarta fase que é a da
Depressão. Uma angústia e tristeza profunda, muitas emoções
negativas, uma fase que atinge em cheio o dependente e pode
impulsioná-lo a pensar na possibilidade de tratamento, que a família
apóia totalmente, ou o que é mais provável, levá-lo ainda mais para o
fundo do poço. ...[...]
A aceitação - essa fase é como uma fuga dos sentimentos. A dor
parece ter desvanecido, a luta parece que cessou e que é chegado o
momento do repouso derradeiro antes da longa viagem. Para o
dependente e a família, este é o momento para “iniciar” a longa
viagem do tratamento. Finalmente o adicto é visto como doente, a
dependência como uma doença, a família para de vê-lo como um
delinquente, marginal e começa a aceitar sua própria Co-
dependência. A partir da aceitação, a família poderá rever seus
valores e tentar outras formas de comunicação e de relacionamento
com o dependente, ressignificando sua história e a de seus membros.
Nesse momento, ela poderá buscar ajuda com pessoas capacitadas e
sair de seu isolamento e vergonha. (MONASTERO, 2010 pp. 52 e 53)
Figlie informa que A American Society of Addiction Medicine propõe três fases
para o tratamento de famílias de dependentes químicos:
Conclusão
Referências Bibliográficas