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A TORCIDA

por Runildo Pinto

Essa Coisa de torcer para que o governo do capiroto* seja bom ou solicitarem que não
rogue praga (quem roga?) para que o governo não dê certo é Coisa de gente que vê a
política como se fosse um jogo de futebol, um jogo de cartas, uma corrida de cavalos,
mesmo nesses casos é possível uma avaliação das possibilidades ou acreditam, até
mesmo, em uma quimera. Nem mesmo intuir se permitem os ansiosos, tropeçam na
realidade ou a realidade os atropela, nesse ato emerge o putativo que há de resgatar do
presente, o futuro da nação. A massa em devaneio imagina a salvação, ilumina a
novidade, toma para si, eufóricos apostam aleatoriamente no que supõe ser o protagonista
e como animais primitivos pelo qual o espírito se inclina por um desejo, por uma ação
definitiva e arrasadora, se entregam de corpo e purga ao autoritário pai provedor e
protetor.

Essa gente não leu o programa de governo do Coiso e não consegue entender o que já
está sendo projetado pelas próprios vestígios e evidencias apresentados após as eleições,
nem mesmo entendem a euforia da bolsa de valores quando é divulgado cada projeto do
futuro governo em relação ao mercado, ou a privatização da saúde, da educação, da
previdência, ou ainda, da mudança da sede da embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv
para Jerusalém somente para "puxar o saco" do presidente Trump dos EUA (o Coiso
batendo continência), não imaginam o custo dessa mudança, não me refiro à mudança de
cidade, mas do prejuízo para o Brasil em torno dos US$ 8 bilhões pelo já esperado boicote
dos árabes às exportações do Brasil para a maior parte do oriente médio.

Não foram capaz de ler o programa de governo do candidato e não compararam o que ele,
o bolsonaro disse antes e depois de eleito, estavam e estão obcecados pelo PT que
esqueceram de verificar os reais objetivos e a que interesses o governo do Coiso está
comprometido. Não entendem que é um governo comprometido com os capitalistas do
exterior e do Brasil, não compreendem que é um governo que vai entregar as riquezas do
país, e é voltado para aumentar os lucros do grande capital internacional, dos banqueiros,
dos grandes empresários e dos latifundiários para que a classe trabalhadora continue a
pagar a conta pela crise mundial iniciada a partir da queda da bolsa de valores de
novembro de 2008 nos EUA (Bolha imobiliária).

Pelo visto, insisto, não entenderam e ainda não entendem a que veio o capiroto (gostei do
termo) bolsonaro, para isto terão que sentir na carne e vão sentir às consequências dessa
eleição. Não perceberam o quê está em jogo. O que está em jogo é a democracia e os
direitos dos trabalhadores. Enfim, o governo eleito é o aprofundamento do nocivo governo
Temer. Eles, os eleitores de bolsonaro, agiram e agem como se tudo fosse por acaso, algo
que se pode apostar, acreditam em uma liderança caricata imprevisível e depois esperam
e sonham infantilmente com a possibilidade da redenção para o povo, ignorando a
realidade com requintes de esquizofrenia.
Essa gente dá um tiro no escuro na mais profunda ação do analfabetismo funcional e
político e acham que todo mundo tem essa falta de compreensão da realidade, para vir
pedir para torcer que dê certo, essa gente está acostumada a ver a vida das
arquibancadas e na hora que a realidade polariza, aparecem totalmente despreparados
optando pelo pior, pelo mais reacionário, sem a mínima capacidade de analise, sem o
mínimo bom senso.

Deram um tiro no escuro e a bala em ricochete vai explodir na cara deles. Política não é
uma loteria, há interesses em jogo e se expressa de forma muito sutilmente, as vezes
implícita e muitas vezes explicitamente, mas essa gente é o modelo de senso comum
desejado pelas elites, modelo da obediência, da submissão e da agressividade cega, não
há nenhum senso crítico nessa massa e acham que entendem de política e que a
sociedade é uma massa homogenia que compactua dos mesmos interesses, ignorando
classes sociais e a história. E, ao mesmo tempo, depois, se dizem apolíticos, apartidários.
Por fim se declaram neutros. Não sabem os incautos que em uma sociedade divida em
classes não há neutralidade (ponto).

É preciso adquirir capacidade de análise, entender os interesse que estão em jogo,


acordar para a história. Por isto é preciso resistir a tais catástrofes eleitorais, como a que
estamos presenciando e vivendo, mesmo porque tem que se levar em conta e partir da
abrangência do fato sociológico que "a ideologia dominante é a ideologia da classe
dominante", que esta massa que votou no Coiso é uma massa formada na trajetória
histórica antidemocrática no Brasil que recalcou a tradição autoritária na família e
reforçada pela religião conservadora e reacionária. Afinal, quem é o bobo da corte!?

* Capiroto: alcunha atribuída ao Coiso, ao bolsonaro pela minha amiga Jaqueline


Rodrigues Fabres. Espero que não se importe por eu ter usado essa termo de sua autoria.

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