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Pesquisa Empírica Sobre o Envolvimento de Leitores

Brasileiros e Norte-americanos com a Literatura:


Uma Análise de Identificações Afetivas e Analíticas com Poemas

Prof. Dn. Ricardo Miguez


Doutorando em Estudos de Literatura, UFF

I. Introdução

Esta pesquisa visou investigar o engajamento cognitivo que brasileiros e norte-


americanos, com formação superior, demonstram no momento da leitura (recepção/
interpretação) de poemas. Certamente, todo ato de leitura é um processo de cunho afetivo
pois, assim como qualquer outra interação cognitiva do ser humano com seu meio, desperta
sentimentos, emoções e afetos no leitor. No entanto, a leitura poderá não se restringir a
produzir uma resposta afetiva e direcionar a atenção do leitor para seus aspectos formais,
expondo-se para uma análise crítica de sua composição no âmbito de artifícios literários
orquestrados pelo autor.
Esta pesquisa visou avaliar se existem diferenças entre as leituras de indivíduos com
formação na área das Ciências Humanas e de outros provenientes da área Tecnológica. Em
teoria, a leitura daqueles academicamente familiarizados com interpretações de textos (na área
de Humanas) tenderia a ser mais elaborada em sua análise, guiando o leitor pelo texto além do
prazer estético proporcionado e, geralmente, fazendo-o avaliar a literatura mais por sua
técnica de composição do que por seu potencial de mobilização afetiva. A leitura do leigo, por
sua vez, deveria ser mais atida às respostas emocionais que o texto produz, pois justamente
(em tese) lhe falta conhecimento teórico para aprofundar e refinar sua impressão sobre a
construção do texto literário ou mais precisamente, no caso deste trabalho, do poema.
Na seqüência, discuto duas questões fundamentais sobre as quais a pesquisa se ancora:
1) Em termos gerais, como ocorre a recepção do texto literário pelo leitor? Qual é a dinâmica
deste processo? 2) O que é/ qual é a função literária e o efeito de um "eu lírico/ narrador"
observador presente em textos e como ele funciona como parte da narrativa em poemas?
Como, tendo em vista a discussão da primeira parte, o leitor poderá interagir com este "olhar"
privilegiado e de que forma a leitura se enriquecerá ou se tornará mais intensa com isso?
II. O Olhar do Leitor sobre o Texto: Breves considerações sobre o prazer e a
afetividade no processo de recepção literária.

A recepção de um texto literário é um processo complexo de negociação de


significados envolvendo o leitor e o texto. O texto é o produto criativo de um autor cujo
desejo ficcional original de criação não pode ser totalmente apreendido por leitor algum ou
pelo próprio autor ao reler sua obra. Tem-se assim que, para o autor, o processo de
composição do texto literário é um momento de impressão de significantes e significados
pessoais sobre a folha, dotados de temporalidade, intransferíveis com fidelidade e jamais
recuperáveis em sua totalidade. Diz-se que tais elementos não podem ser posteriormente
recuperados da forma como o autor ou o leitor os sentiu/ percebeu inicialmente porque
diversos mecanismos psíquicos e racionais estão em constante ação em nossa mente (e, mais
precisamente, sobre a nossa schemata) (cf. Miguez, 2003 e Cook, 1994) atualizando-a e
recobrindo seus referenciais emocionais e materiais com novas significações. Fala-se então
em "atualização" da interpretação de um texto a cada leitura subseqüente (mesmo que estas
signifiquem mudança total no sentido inicialmente observado). (Cf. Iser, 1972)
Jean-Paul Sartre (1989) colabora com essa discussão da percepção/ interpretação de
um texto no que afirma que, por exemplo, uma paisagem nunca é bela por si mesma, pois a
beleza é um valor que não pode ser aplicado senão no imaginário de um indivíduo. Se a
beleza é necessariamente imaginária e o objeto estético somente constituído pelo olhar
contemplativo do observador, o ato imaginante também necessariamente conduz consigo o
prazer estético. Esta breve análise de Sartre ilumina alguns aspectos da diferença fundamental
entre percepção e imaginação, tanto de um objeto presente quanto de um ausente. Porém, ela
não questiona o que se deve acrescentar para que a imaginação do objeto ausente (como algo
descrito em um texto) possa causar um prazer estético.
Sigmund Freud (1994) descreveu em diversas ocasiões o prazer estético pelo
relacionamento do prazer no outro com o prazer no próprio indivíduo. O paradigma com que
Freud descreve, por exemplo, a necessidade antropológica da figura do herói, muito presente
tanto em nossas relações e devaneios cotidianos, como na literatura, explica o prazer estético
da identificação pela função de alívio, da proteção da distancia estética e, ao mesmo tempo,
revela no ser humano um interesse mais profundo pela atividade da fantasia. O leitor de
romances, assim como qualquer (tele)espectador, pode entregar-se totalmente a emoções
inicialmente recalcadas dentro dele por meio de sua identificação com a obra. O seu prazer
nestas atividades tem por pressuposto a ilusão estética, ou seja, o alívio de uma pressão em
seu psiquismo pela segurança de que: em primeiro lugar, trata-se de um outro que age e sofre
e, em segundo lugar, trata-se apenas de um jogo, que não pode causa dano algum à segurança
pessoal do leitor/ espectador. Deste modo, o prazer estético da identificação nos possibilita
participar de experiências alheias que talvez jamais tivéssemos a oportunidade de
experimentar não fosse vicariamente. Contudo, a teoria de Freud sobre o auto-prazer estético
e o prazer no outro vai além dos objetivos deste trabalho e não se esgota em uma reprise
psicanalítica da catarse aristotélica.
O efeito da literatura de ficção não se restringe ao prazer estético da identificação e ao
alívio psíquico pela descarga relaxante. O que a doutrina do prazer catártico incluía antes de
Freud, deste Aristóteles, é atualizado pelo fundador da psicanálise com a nova descoberta
segundo a qual ao puro ganho de prazer estético na economia psíquica, se acrescenta uma
função mais ampla: a de um prazer primário ou de uma "bonificação de incentivo"
(Verlockungsprämie) para a liberação de um prazer maior advindo de fontes mais profundas
na psique do indivíduo. Trata-se da notável experiência estética do retorno do recalcado. O
prazer assim determinado alcança uma incomparável intensidade no indivíduo.
Hans Robert Jauss (1967) afirma que a conduta de prazer estético é executada por três
funções autônomas e sem hierarquias: 1) para a consciência produtora, pela criação do mundo
como sua própria obra, o prazer ante a obra que nós mesmos realizamos (poiesis); 2) para a
consciência receptora, pela possibilidade de renovar sua percepção, tanto na realidade externa,
quanto na interna (aisthesis) e 3) de acordo com Górgias e com Aristóteles, aquele prazer dos
afetos provocados pelo discurso ou pela poesia, capaz de conduzir o espectador tanto à
transformação de suas convicções, quanto à liberação de sua psique (katharsis). Conforme
discutido acima, a katharsis, enquanto experiência estética comunicativa, age libertando o
espectador dos interesses práticos e das implicações do seu cotidiano, a fim de levá-lo, através
da relação de identificação afetiva, para a liberdade estética de sua capacidade de julgar.

III. O Olhar: Implicações na sociedade e na poesia

Uma condição fundamental para a seleção dos poemas modernistas brasileiros e norte-
americanos utilizados nesta pesquisa foi a presença de um efeito estético/ estilístico que é
conseguido na narrativa com o emprego de um "olho" como elemento focalizador. Este "olho"
ou, neste caso, "eu lírico" como observador, terá uma função bastante interessante pois será
através dele que o leitor será informado acerca da história desenvolvida no poema. Estes
vínculos, por sua vez, produzem uma resposta emocional eficaz que acarreta no processo
descrito no capítulo anterior. O efeito deste olhar no texto posicionará o leitor como um
observador "por detrás das câmeras" e isso refletirá em sua resposta afetiva ao texto no
processo de interpretação.
O leitor ao ser familiarizado com os elementos da narrativa pelo olhar presente no
texto, processo a que se dedica a discussão que segue, produz uma resposta afetiva. Na
pesquisa que apresentarei na seqüência esta resposta afetiva é um dos elementos avaliados.
Vale ressaltar que novos conhecimentos são registrados em nós por meio de um processo
similar de mobilização de nossas emoções/ sentimentos diante dos estímulos externos que nos
fornecem informações. Caso não ocorresse esta mobilização afetiva, não existiria processo
cognitivo de aprendizagem. (A este respeito, cf. Miall, 1995 e Miguez, 2002 e 2003.)
Ítalo Calvino (1990) faz uma conexão interessante entre visão e imaginação (imagem
mental com carga afetiva, responsável pelos processos cognitivos decorrentes da leitura). Ele
afirma que podemos distinguir dois processos imaginativos: o primeiro deles partiria da
palavra para produzir uma imagem visível e o segundo partiria desta imagem para produzir a
expressão verbal. O primeiro processo é o que, segundo Calvino, ocorre na leitura pois,
conforme a maior ou menor eficácia do texto, o leitor é levado a ver a cena como se ela
estivesse se desenrolando diante de seus olhos.
Entre suas "propostas para o próximo milênio", Calvino preza a visibilidade como uma
das mais importantes. Em seu texto, ele nos adverte que corremos o perigo de perder "uma
faculdade humana fundamental: a capacidade de pôr em foco visões de olhos fechados, de
fazer brotar cores e formas de um alinhamento de caracteres alfabéticos negros sobre uma
página branca, de pensar por imagens" (1990: 108) Ele continua: "Penso numa possível
pedagogia da imaginação que nos habitue a controlar a própria visão interior sem sufocá-la e
sem, por outro lado, deixá-la cair num confuso e passageiro fantasiar, mas permitindo que as
imagens se cristalizem numa forma bem definida, memorável, auto-suficiente".

IV. A Pesquisa Empírica


A pesquisa empírica desenvolvida neste projeto utilizou um questionário (cf.
Apêndice) com noventa respondentes brasileiros de nível superior (concluído ou em curso) e
do mesmo número de norte-americanos. Os questionários foram distribuídos a professores
colaboradores em diferentes regiões do Brasil e dos Estados Unidos que foram instruídos a
respeito do projeto e da abordagem que deveria ser utilizada no momento da aplicação das
perguntas. No total, cento e quinze brasileiros e noventa e oito norte-americanos responderam
ao questionário na última quinzena de agosto de 2003 durante alguma aula de seu curso
universitário ou em espaços públicos dentro de campi universitários. Foram aproveitados,
aleatoriamente, noventa questionários de cada amostragem.
A pesquisa empregou poemas modernistas brasileiros e norte-americanos: “Infância”
de Carlos Drummond de Andrade (e sua tradução para o inglês “Infacy” por Elizabeth
Bishop), “Paisagem: Como se Faz” do mesmo autor, “Alumbramento” de Manuel Bandeira,
“Desert Places” de Robert Frost, e “somewhere i have never travelled, gladly beyond” de e. e.
cummings. Todos estes apresentam elementos que podem ser caracterizados como o olhar do
"eu" lírico do poema sobre o espaço exterior ao seu corpo (que, em alguns casos, acaba
refletindo o estado interior do próprio observador). A autoria dos poemas não foi considerada
como uma variável passível de ser incluída nesta pesquisa, pela própria infinidade de
possibilidades textuais que cada autor tem à sua mercê no momento da composição. Contudo,
não coincidentemente, os autores incluídos na pesquisa possuem alguma tradição na criação
poética com forte apelo ao sentido da visão. Por que textos que trazem olhares seriam os
ideais para esta pesquisa? Porque eles trazem suas palavras recobertas de elementos
pertencentes ao universo subjetivo do "eu" lírico (sem a objetividade de uma câmera
fotográfica, embora às vezes alguns possam tentar passar-se por uma). Assim, podemos
afirmar que a identificação do leitor com o texto é facilitada (assim como ocorre com leitores
de contos narrados na primeira pessoa do singular).
Procurava-se avaliar originalmente, para fins deste projeto, as diferenças entre os
leitores das áreas Humanas e Tecnológicas nos dois países. Pretendia-se observar se os
respondentes, tendo em vista sua formação acadêmica, deixavam-se guiar pelo olhar presente
nos poemas criando imagens mentais afetivas (recobertas de material proveniente do leitor
como descrito na primeira parte deste trabalho) do texto em detrimento de um olhar mais
analítico que dificultaria ou deteria o leitor de envolver-se afetivamente com a obra
(representando um olhar mais teórico como tratei brevemente acima). Por fim, buscava-se
propor uma interpretação dos dados que correlacionasse as variáveis "área de formação
acadêmica", "elementos mais percebidos durante as leituras" e "nacionalidade" (entendida
aqui como o local onde o indivíduo recebeu sua formação escolar. Não foram aceitos
respondentes que já haviam estudado, mesmo que por pequeno intervalo de tempo, fora de
seu país de origem). A primeira parte do questionário buscava identificar minimamente o
respondente e situá-lo dentro da primeira e da terceira variáveis anteriormente mencionadas.
A segunda parte buscava identificar, a respeito de cada poema, a segunda variável acima. Nos
cálculos percentuais, cada respondente foi computado três vezes (uma vez para cada um dos
poemas lidos). Essa solução foi buscada para tentar avaliar um mesmo leitor diante de
diferentes textos (que causam diferentes respostas nele), relativamente minimizando o
problema da avaliação de um leitor condicionada a uma única obra, erroneamente acreditando
que sua resposta serviria como um padrão que se repetiria em obras subseqüentes. A análise
dos resultados comprovou que um mesmo leitor tem diferentes percepções de acordo com
cada um dos poemas em questão. Ou seja, embora possamos buscar estatisticamente e
empiricamente um padrão, devemos sempre considerar cada obra literária como geradora de
uma resposta única para cada leitor a cada leitura para não corrermos o risco de padronizar
demais nossas expectativas diante do processo da leitura.
Tendo em vista que a interpretação equivale à decodificação das escolhas estilísticas
do autor, podemos afirmar esquematicamente que:

RECEPÇÃO = Reposta emocional + Interpretação (racional)


! !
Afetividade = “enxergar o poema com o olhar Captar o olhar do texto
interno do leitor, identificando-se.” analiticamente

Qual(is) dos sub-processos da recepção literária são melhor percebidos tendo em vista
as variáveis do questionário eleitas para este projeto?

V. Análise dos Dados


A pesquisa obteve grande receptividade dos respondentes que, em 92% dos casos
responderam às questões discursivas apresentadas no questionário. Diversas abordagens são
disponibilizadas no questionário de acordo com a eleição de diferentes variáveis, sozinhas ou
em conjunto. A apresentação dos dados na seqüência irá valorizar, inclusive na aglutinação de
variáveis subordinadas, os itens discutidos no capítulo anterior.
Dados Obtidos:

Brasil Estados Unidos


No de Participantes 90 90
Idades: ≥ 20 ≤ 25 anos: 37% 29%
≥ 26 ≤ 30 anos: 33% 40%
≥ 31 anos: 30% 31%
Sexo Masculino: 61% 57%
Feminino: 39% 43%
Formação Acadêmica
Até o Ensino Médio: 0% 0%
Ensino Superior (completo/
incompleto): 81% 92%
Pós-graduação (completa/
incompleta): 19% 8%
Área de Formação
Humanas: 50% 43%
Biomédicas*: 2% 4%
Tecnológicas: 48% 53%
Aspectos mais percebidos Humanas: Tecnológica: Humanas: Tecnológica:
por área de formação:
Ritmo (sonoridade): 13% 19% 18% 15%
Aspectos estilísticos assim
como a estrutura formal : 51% 49% 21% 22%
Resposta emocional sentida
pelo leitor: 36% 32% 61% 63%
(* Este item foi incluído apenas para oferecer uma idéia mais precisa da amostra. Contudo, ele não será incluído
neste trabalho. Os dados seguintes se referem apenas aos alunos das áreas Humanas e Tecnológica.)

Os resultados obtidos foram bastante interessantes. Diferentemente do que o senso


comum costuma afirmar, tanto a respeito dos brasileiros como dos norte-americanos, não foi
encontrada nenhuma diferença significante entre os respondentes com histórico acadêmico
nas áreas de ciências humanas e tecnológica. Analisando tanto as questões objetivas quanto as
respostas discursivas opcionais, percebe-se uma unidade de percepção dos poemas. A maioria
(87%) dos respondentes demonstrou uma maior consistência pessoal entre suas análises dos
diferentes poemas apresentados enquanto o restante apresentou alguma divergência sobre os
itens que mais lhe chamaram atenção. Essa divergência ocorre justamente devido às
peculiaridades pessoais em jogo na relação entre o leitor e os elementos textuais, que faz com
que alguns leitores identifiquem-se em maior ou menor grau com cada obra, produzindo
respostas que desafiam/ impedem a padronização de previsões estatísticas a respeito do
processo de recepção literária.
Novamente insisto no fato de que os comentários discursivos individuais a respeito de
cada um dos poemas corroboraram a distinção percebida nas respostas objetivas: os
respondentes brasileiros deram maior ênfase aos aspectos formais do poema, enquanto os
norte-americanos procuraram descrever sensações e imagens mentais com grande carga
emocional suscitadas pela leitura.
Uma justificativa provável para isso poderia estar na formação escolar destes
indivíduos. As escolas fundamental e média no Brasil prezam uma maior ênfase nos aspectos
formais e descritivos em suas aulas de literatura, valorizando aspectos histórico-culturais, às
vezes em detrimento do próprio diálogo do leitor com o texto. Os respondentes norte-
americanos, por sua vez, recebem a leitura em sua formação escolar como uma atividade mais
imaginativa e menos técnica. Isso é percebido quando nas respostas dos norte-americanos eles
descrevem como se “deixaram levar” pelo olhar-guia dos poemas e quais emoções foram
sentidas a cada instante. Cada objeto descrito pelo olhar no texto suscita uma manifestação
afetiva neles, que posteriormente fazem questão de citá-la espontaneamente como prova de
seu envolvimento pessoal com as obras. Os brasileiros, em seu turno, surpreenderam pela
postura teórica que, mesmo os academicamente leigos, tentaram assumir. Encontra-se nas
respostas discursivas dos brasileiros diversos termos peculiares à teoria literária, alguns mal
utilizados.
Empiricamente supõe-se então, com essa pesquisa, dois pontos-chave: 1) que a
diferença entre a apreciação e o processamento da leitura nos entrevistados norte-americanos
e brasileiros deve estar, na realidade, nos primórdios de sua educação formal na escola e 2)
que não podemos distinguir nenhuma variação estatística representativa entre indivíduos de
diferentes áreas de formação superior e suas respectivas formas de apreciação e de
processamento dos textos literários, tanto no Brasil como nos Estados Unidos. Estes
resultados nos sugerem a importância que a educação fundamental e média têm para a
formação do estudante inclusive no que diz respeito a sua futura relação com a literatura.
Desta forma, torna-se essencial uma maior valorização da atividade da leitura nas escolas
brasileiras partindo do texto para o diálogo que ele propõe ao leitor e, como complemento, se
atendo a aspectos históricos, biográficos e culturais que dizem respeito às obras.
Com esta pesquisa conclui-se também a importância que a presença de um "olhar" no
texto tem para a sua recepção. Pelo dinamismo e pelo forte apelo visual que ele exerce sobre o
leitor, o olhar no texto foi em 81% dos casos comentado diretamente pelos entrevistados. Em
sua maioria, eles imediatamente associaram a presença do tal "olhar" com um texto
autobiográfico, não conseguindo distinguir facilmente o tal "olhar sobre as coisas" do olhar
pessoal do autor sobre sua obra. O restante dos dados coletados com as outras variáveis serão
utilizados em pesquisas futuras.

Agradecimentos:
O autor gostaria de agradecer aos professores Karl Staff, Maria Clara Simões, Peter
Schwartzkopf, Marlene Lindgren, Paulo Soares, Roberto Yassumoto e a todos os participantes
da pesquisa nos Estados Unidos e no Brasil, por sua ajuda valiosa para a coleta de dados para
este trabalho. Agradecimentos especiais são dedicados a Jorge Costa por seu auxílio em todas
as etapas deste trabalho. O autor é membro do grupo GrPesq Literatura e Comparativismo
(Cnpq). E-mail do autor: ricardo@miguez.org
Bibliografia de Referências Teóricas:

CALVINO, Ítalo (1990). Seis Propostas para o Próximo Milênio. São Paulo:
Companhia das Letras.

COOK, Guy (1994). Discourse and Literature. Oxford: Oxford University Press.

FREUD, Sigmund (1994). Das Unbehagen in der Kultur (und andere


kulturtheoritische Schriften). Frankfurt am Main: Psychologie Fischer.

ISER, Wolfgang (1972). Der implizite Leser. München: Wilhelm Fink/ UTB.

_______________ (1976). Der Akt des Lesens: Theorie ästhetischer Wirkung,


München: Wilhelm Fink/ UTB.

_______________ (1989). Prospecting: From Reader Response to Literary


Anthropology. Baltimore/ London: The Jonhs Hopkins University Press.

JAUSS, Hans Robert (1967). Literaturgeschichte als Provokation der


Literaturwissenchaft. Konstanz: Universitätsverlag.

MIALL, David (1995). "Anticipation and Feeling in Literary Response: A


Neuropsychological Perspective". In: Poetics, no. 23.

MIGUEZ, Ricardo (2002) (Ed.). New Perspectives on Anglophone Studies: An


Anthology. New York/ Rio de Janeiro: TGSC.

MIGUEZ, Ricardo (2003). 'The Simpsons' Takes on the United States: Postmodernism
and (De)Construction of the American Dream. New York/ Rio de Janeiro: TGSC.

SARTRE, Jean-Paul (1989). A Concise Companion to Sartre: Selected Writings. New


York: Prenston Press.
Apêndice: O Questionário
O questionário apresentado aqui é de concepção deste autor e corresponde à versão utilizada
em português para respondentes brasileiros. A versão do questionário em inglês é de conteúdo
idêntico.

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A Leitura de Poemas
Este questionário faz parte de uma pesquisa sobre leitura de poemas desenvolvida na
Universidade Federal Fluminense. Os questionários são anônimos e nenhuma tentativa de identificar
seus respondentes será empreendida. Muito obrigado por sua participação.
Leia os poemas em anexo quantas vezes quiser. Depois retorne para a página seguinte. Não
retorne mais aos poemas depois desta etapa.

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1ª PARTE:
1) Idade: _____ anos.
2) Sexo: _____ Masculino _____ Feminino
3) Formação: (Marque quantas opções forem necessárias)
_____ Ensino Superior (Incompleto)
_____ Ensino Superior (Completo)
Área de estudo: Área Biomédica. ( )
Área de Ciências Humanas e Sociais. ( )
Área Tecnológica. ( )
_____ Pós-graduação (em curso ou concluída)  Especialização ( )
Mestrado ( )
Doutorado ( )

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2ª PARTE: (Nesta parte do questionário foi fornecida uma ficha idêntica a esta para cada um dos
poemas, com o título do mesmo devidamente preenchido no início da folha.)
1) Poema: _____________________________________
2) A respeito da leitura do poema, você:
Gostou muito. ( )
Gostou. ( )
Não gostou. ( )
Indiferente. ( )
3) O que mais lhe chamou atenção no poema? (Marque quantas opções forem necessárias)
O ritmo e a sonoridade (rimas). ( )
A escolha de palavras para contar a história do poema. ( )
A(s) sensação(ões) que o poema causou em você durante/ após a leitura. ( )

4) Você gostaria de ler outros poemas do mesmo autor?


Gostaria muito. ( )
Gostaria. ( )
Não gostaria. ( )
Indiferente. ( )

Por que? (Opcional)


Pág. 4
3ª PARTE:
Se um amigo lhe pedisse para saciar a curiosidade dele falando um pouco sobre cada um dos
poemas lidos, o que você lhe diria? Que comentários privilegiaria?1

1
Nesta parte foi oferecido aos respondentes uma listagem com o título de cada um dos poemas seguidos de
quinze linhas onde eles deveriam expor seus comentários.

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