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REINT/MANUTENÇÃO POSSE PROCED.ESP.JURISD.CONTENC. Nº


2008.72.00.004283-8/SC
Autor : UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC
ADVOGADO : FERNANDA STEINER SCHROEDER
Réu : DARCIA FRANZ
ADVOGADO : ANGELA ELIZABETH BECKER MONDL
Réu : JUCELENA BARBOSA
: LUCIANO BARBOSA
ADVOGADO : LUIZ FERNANDO KREMER

SENTENÇA

I - Relatório

Trata-se de ação de reintegração de posse proposta pela Universidade Federal de


Santa Catarina (UFSC).

A autora alega que:


a) por meio do processo administrativo n° 23080.005286/97-14 constatou a
ocupação irregular de imóveis de sua propriedade pelos réus, com os quais não possui vínculo;
b) a ré Dárcia Franz é ex-esposa de servidor da UFSC, para o qual o imóvel havia
sido cedido de forma verbal e, após o divórcio, sem pagar taxa de ocupação, continuou ali
residindo;
c) os réus Jucelena Barbosa e Luciano Barbosa são filhos da servidora falecida
Nalva Dorvalina Barbosa e, após o falecimento desta, continuaram a ocupar o imóvel sem o
pagamento de taxa de ocupação;
d) em 1998, os réus foram notificados para a desocupação dos imóveis em 60 dias,
não tendo, entretanto, tomado quaisquer providências;
e) tentou obter a devolução dos imóveis na esfera administrativa sem, contudo,
lograr êxito em seu intento;
f) pediu a notificação judicial dos réus para a desocupação por meio do processo n°
2007.72.00.013554-0, e uma vez efetuada, a ocupação fictamente consentida haveria sido
alterada para esbulho possessório.

A petição inicial veio instruída com documentos às fls. 11/115.

A ré Dárcia Franz apresentou contestação às fls. 125/134 e reconvenção às fls.


141/151.

Na contestação alegou, em síntese:


a) a inexistência de esbulho, uma vez que não se nega a deixar imóvel, somente tem
impossibilidade de fazê-lo por não possuir condições financeiras para tanto;
b) que reside no imóvel há mais de 40 anos, o que impediria a concessão liminar da
reintegração de posse;

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c) que empregou todos os seus ganhos e economias para a manutenção do imóvel,


com a ciência da autora.

Na reconvenção, a reconvinte Dárcia pediu, em suma, a condenação da reconvinda


ao pagamento indenização no valor de R$ 120.299,66, "referentes ao valor de mercado do
imóvel, benfeitorias, manutenções mensais, ampliações necessárias, mão-de-obra para
realização dos serviços", acrescido de juros e correção monetária. Pediu, também, a permanência
no imóvel até o recebimento da indenização devida, "para que a mesma possa adquirir um
imóvel para sua morada". A reconvinte requereu o benefício da gratuidade da justiça e anexou
documentos às fls. 152/232.

Os réus Jucelena Barbosa e Luciano Barbosa contestaram às fls. 234/240.


Aduziram, em resumo, que:
a) ocupam o imóvel desde que nasceram, visto que área foi ocupada por sua mãe,
com o consentimento da autora, desde 1965, há mais de quarenta anos;
b) nunca tiveram oportunizado o pagamento de taxa de ocupação e, ao contrário do
afirmado pela autora, não foram notificados em 1998 para a desocupação do imóvel;
c) a ré Jucelena tem vínculo direto com a autora, sendo servidora pública vinculada
à UFSC, ao passo que o réu Luciano tem vínculo indireto, uma vez que, por meio do vínculo
mantido com a FAPEU exerce suas atividades laborais junto à UFSC, no Hospital Universitário;
d) não houve o alegado esbulho possessório e, tratando-se de posse sem vício, a
autora tem o dever de indenizar os réus pelas benfeitorias realizadas;
e) é incabível a fixação de aluguel, por tratar-se de ação possessória.

Requereram a designação de audiência de conciliação e o deferimento do benefício


da justiça gratuita. Juntaram documentos às fls. 241/251.

A autora manifestou-se sobre as respostas dos réus, às fls. 254/260. Quanto à


reconvenção, argumentou que o procedimento seria inviável por se tratar de ação de reintegração
de posse, de natureza dúplice, e não de ação ordinária.

No que tange aos pedidos de indenização, que "constituem o núcleo do direito de


retenção ou indenização por benfeitorias", as benfeitorias não foram permitidas ou autorizadas
pelas hipóteses legais. Além disso, as notas e documentos apresentados não provam que os
materiais foram destinados na forma que pretendem os réus.

Os réus alegam residir há mais de quarenta anos no imóvel, mas não juntam
nenhuma prova material do alegado. Procuram, ainda, estabelecer um vínculo jurídico entre a
autora e a FAPEU, o qual inexiste, uma vez que se trata de entes distintos sem relação jurídica de
subordinação ou hierarquia.

Não há a alegada hipossuficiência, pois os réus comprovam que trabalham e as


notas fiscais juntadas provam o poder aquisitivo para a compra dos materiais e ampliação das
construções com a finalidade de locar moradias para estudantes.

A ré Dárcia Franz manifestou-se às fls. 265/272.

Às fls. 273/275, indeferi a medida liminar pleiteada, deferi aos réus o benefício da

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assistência judiciária gratuita, indeferi o pedido de reconvenção formulado pela ré


Dárcia Franz e designei audiência de conciliação e instrução.

Em 22/10/2008, foi realizada audiência, ocasião em que a partes manifestaram o


desejo de prosseguir com as negociações na esfera administrativa por quatro meses, motivo pelo
qual determinei a suspensão do feito por esse prazo (termo de fls. 287/287v).

Às fls. 290/291, a ré Dárcia informou a impossibilidade de arcar com as despesas


para a avaliação do imóvel e requereu que a UFSC fosse intimada para se manifestar sobre a
viabilidade de providenciar tal levantamento.

À fl. 295, a UFSC informou que não tinha intenção de alterar o acordo firmado em
audiência. Requereu a continuidade do feito em relação à ré Dárcia Franz.

À fl. 297, os réus Jucelena Barbosa e Luciano Barbosa requereram a juntada da


cópia do requerimento administrativo (fls. 298/299) apresentado por eles ao Pró-Reitor de Infra-
Estrutura da UFSC, em atenção ao acordado em audiência.

À fl. 300, a UFSC informou que, findo o prazo de 4 meses fixado em audiência, os
réus, na tentativa inverterem o ônus da prova, restaram sem apresentar uma proposta de saída
do imóvel.

Às fls. 310/311, os réus Jucelena e Luciano informaram que, a despeito da petição


da autora de fl. 300, a UFSC havia concordado em realizar a avaliação dos imóveis. Requereram,
em razão disso, a prorrogação da suspensão do feito. Juntaram os documentos de fls. 312/313
para comprovação do alegado.

À fl. 313, em razão do conteúdo do documento de fl. 312, determinei a suspensão


do feito por mais 30 dias.

À fl. 316, a UFSC requereu a juntada de cópia do procedimento instaurado a partir


do requerimento administrativo de Jucelena e Luciano, no qual providenciou a avaliação dos
imóveis dos réus (fls. 317/336).

À fl. 339, os réus Jucelena e Luciano requereram designação de nova audiência de


conciliação, tendo em vista a grande possibilidade de composição frente à apresentação dos
valores pela autora.

À fl. 340, a ré Dárcia requereu que sua casa também fosse avaliada pela UFSC, o
que foi feito pela autora à fl. 353/355.

À fl. 359, a ré Dárcia manifestou discordância com o valor apresentado pela UFSC
de R$ 40.000,00 e juntou avaliação do imóvel de R$ 120.000,00 (fl. 360).

Às fls. 365/370, a UFSC refutou a avaliação apresentada pela ré Dárcia, bem como
a possibilidade de indenização dos réus pelas alegadas benfeitorias. Por fim, requereu que as
construções fossem removidas ou demolidas, por inservíveis aos fins institucionais da UFSC.

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II - Fundamentação

Em 22/10/2008 suspendi o andamento do feito por vislumbrar possibilidade de


acordo entre as partes. Todavia, passados 8 meses, tem-se que os réus não manifestaram expressa
concordância com os valores apresentados pela autora. Jucelena e Luciano apenas acenaram
nesse sentido, requerendo nova audiência conciliatória. Dárcia, por sua vez, apresentou valor
referente ao triplo do obtido na avaliação feita pela UFSC. Diante disso, a autora, na petição de
fls. 365/370, informou que, na tentativa de conciliação, já havia ido além do que deveria, que as
alegadas benfeitorias jamais poderão ser indenizadas e, por fim, que não tem interesse nas
construções, por serem inservíveis aos fins institucionais da UFSC.

Assim, vê-se que a conciliação entre as partes restou inviabilizada e que não
adiantaria perseguir este intento, quando a UFSC em definitivo se posicionou contrária.

Neste caos, não havia necessidade de produção de outras provas para o deslinde da
questão posta nos autos, seja para análise do esbulho, seja para fins de análise dos efeitos
financeiros da desocupação.

Esbulho possessório

Os réus reconhecem que ocupam o terreno no qual a UFSC pede a reintegração de


posse. Controvertem as partes apenas quanto à origem e o caráter da ocupação, atributos que
caracterizariam a necessidade de indenização das benfeitorias ali realizadas, bem como o
quantum devido a título de indenização.

Não há, nos autos, qualquer documento comprovando a ocupação regular do bem
público. Ao contrário, os réus reconhecem que continuaram a ocupar imóveis funcionais cuja
permissão de uso havia sido dada, pela UFSC, tempos atrás, a terceiros - no caso de Dárcia, a seu
ex-marido, e, no de Luciano e Jucelena, a sua mãe, falecida.

A ré Dárcia assume não ter vínculo com a UFSC e, à fl. 137, apresenta termo de
audiência, datado de 03/08/1990, no qual consta que, em processo de separação, celebrou acordo
com seu ex-marido, o qual dispôs sobre algo que não lhe cabia, uma vez que o imóvel em questão
não era seu, mas sim da UFSC, como bem consta registrado naquele termo. Não há prova de que
tal acordo tenha sido comunicado à UFSC e que a autarquia tenha com ele anuído, o que nem
seria possível, tendo em vista o desvirtuamento do caráter de imóvel funcional. Tal documento,
que não chancela a ocupação da ré, poderia apenas indicar sua boa-fé - e somente no início da
ocupação irregular, porquanto foi intimada para deixar o imóvel há mais de 10 anos (fl. 19) e não
o fez. A questão da existência de boa-fé, todavia, será oportunamente tratada adiante, no tópico
referente ao alegado direito de indenização.

O réu Luciano, que afirma possuir vínculo com fundação de pesquisa que não se
confunde com a UFSC, e a ré Jucelena, que aduz ser servidora da UFSC, reconhecem que sua
mãe, a servidora Nalza Dorvalina Barbosa, já falecida, é que teria recebido permissão de uso do

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imóvel, sendo certo que tal direito é intuitu personae e intransmissível aos
herdeiros.

Ressalto que o fato de ser a ré Jucelena servidora da UFSC, por si só, não torna a
ocupação regular, uma vez que nunca foi concedida a ela a permissão de uso do imóvel. Às fls.
47/48, a autora apresentou a listagem dos servidores da UFSC que têm descontada taxa de
ocupação e ali não consta o nome da ré Jucelena Barbosa.

De qualquer sorte, independentemente que os tivessem título e boa-fé na origem da


ocupação do imóvel da UFSC, o certo é que a situação se inverteu ao serem notificados para a
desocupação em 1998, extrajudicialmente (fls. 19/20) ou judicialmente, em 2007 (112/115). É
dizer: desde então está caracterizado o esbulho do bem público e a má-fé dos réus, para ter lugar
a aplicação o disposto no art. 71 do Decreto-Lei nº 9.760/46, que assim dispõe:
O ocupante de imóvel da União sem assentimento desta, poderá ser sumariamente despejado e
perderá, sem direito a qualquer indenização, tudo quanto haja incorporado ao solo, ficando ainda
sujeito ao disposto nos arts. 513, 515 e 517 do Código Civil.

A regra supra, ao se referir aos bens da União em nada prejudica sua aplicação
extensiva aos bens das autarquias, pois com a vigência do Decreto-lei 200, de 25/2/67 operou-se
a descentralização administrativa com a criação desta categoria de entidades para atividades de
execução.

Configurado o esbulho possessório, tem direito a UFSC à reintegração de sua posse


sobre o imóvel objeto destes autos.

Indenização

O art. 71 do Decreto-Lei nº 9.760/46 é claro ao excluir, no caso de ocupação


irregular, o direito à indenização por tudo quanto haja sido incorporado ao solo. Todavia,
defendem os réus que têm direito à indenização. Para tanto, alegam que se trata de ocupação de
longa data e de boa-fé.

Inicialmente, friso que o decurso de décadas, no decorrer das quais ocorreu,


inclusive, a edificação e reforma de casas no terreno público, demonstra que a UFSC ficou inerte
diante de situação irregular. Entretanto, a falha do administrador não tem o condão de gerar
direitos ao particular, em especial o direito de retenção e de indenização, porquanto para isso
seria necessário que detivessem a posse do imóvel, o que se afigura inviável no caso de bem
público para o qual no máximo de admite a detenção, com marca de precariedade.

Nesse sentido:

PROCESSO CIVIL - ADMINISTRATIVO - AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - IMÓVEL


FUNCIONAL - OCUPAÇÃO IRREGULAR - INEXISTÊNCIA DE POSSE - DIREITO DE
RETENÇÃO E À INDENIZAÇÃO NÃO CONFIGURADO - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO -
EFEITO INFRINGENTE - VEDAÇÃO.
1. Embargos de declaração com nítida pretensão infringente. Acórdão que decidiu motivadamente
a decisão tomada.

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2. Posse é o direito reconhecido a quem se comporta como proprietário. Posse e propriedade,


portanto, são institutos que caminham juntos, não havendo de se reconhecer a posse a quem,
por proibição legal, não possa ser proprietário ou não possa gozar de qualquer dos poderes
inerentes à propriedade.
3. A ocupação de área pública, quando irregular, não pode ser reconhecida como posse, mas
como mera detenção.
4. Se o direito de retenção ou de indenização pelas acessões realizadas depende da configuração
da posse, não se pode, ante a consideração da inexistência desta, admitir o surgimento daqueles
direitos, do que resulta na inexistência do dever de se indenizar as benfeitorias úteis e
necessárias.
5. Recurso não provido. (grifei)
(STJ, REsp 863939, Segunda Turma, Relatora Min. Eliana Calmon, DJe 24/11/2008)

O Superior Tribunal de Justiça, em decisão recente, reafirmou tal entendimento,


destacando que, mesmo de boa-fé, a ocupação de área pública não gera direito à indenização por
benfeitorias. A decisão assim foi noticiada no site daquela Corte:

Para a Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), as regras do direito civil não são
aplicáveis aos imóveis públicos, já que as benfeitorias não só não beneficiam a Administração
Pública como geram custos ao erário em razão da demolição e recuperação das áreas.

(...)para o ministro Herman Benjamin, o possuidor é aquele que tem, de fato, o exercício de algum
dos direitos de propriedade, o que jamais ocorre em relação a áreas públicas. "O particular
jamais exerce poderes de propriedade, já que o imóvel público não pode ser usucapido. O
particular, portanto, nunca poderá ser considerado possuidor de área pública, senão mero
detentor", explicou. O ministro ressaltou que, apesar de esse ponto já bastar para afastar o
direito à compensação pelo poder público em razão de melhorias, o instituto da indenização
pressupõe a existência de vantagem oriunda dessas obras para o real proprietário. E, no caso da
Administração, como esses imóveis são geralmente construídos com ilegalidades ambientais e
urbanísticas, o Poder Público precisa demoli-los ou regularizá-los.

"Seria incoerente impor à Administração a obrigação de indenizar por imóveis irregularmente


construídos que, além de não terem utilidade para o Poder Público, ensejarão dispêndio de
recursos do erário para sua demolição", afirmou o relator. "Entender de modo diverso é atribuir à
detenção efeitos próprios da posse, o que enfraquece a dominialidade pública, destrói as
premissas básicas do princípio da boa-fé objetiva, estimula invasões e construções ilegais e
legitima, com a garantia de indenização, a apropriação privada do espaço público", completou.
Segundo o ministro, a tolerância da Administração não pode servir para afastar ou distorcer a
aplicação da lei: "Não fosse assim, os agentes públicos teriam, sob sua exclusiva vontade, o poder
de afastar normas legais cogentes, instituídas em observância e como garantia do interesse da
coletividade." Ainda segundo o relator, o entendimento da Turma não afasta o dever de o Estado
amparar os que não possuem casa própria. Mas não seria razoável torcer as normas de posse e
propriedade para atingir tais objetivos sociais e dar tratamento idêntico a ricos e pobres que
ocupam ilegalmente bens que pertencem à comunidade e às gerações futuras.
(Disponível em: . Acesso em 23/07/2009.

Logo, mostra-se desnecessário perquirir acerca da boa-fé ou má-fé dos réus. E não
poderia ser diferente, porquanto, sabedores de que o imóvel não lhes pertencia, realizaram obras,
reformas e/ou ampliações sempre em benefício do próprio bem-estar e sem prévia aquiescência
da autora. Ademais, a autora afirmou que as construções e benfeitorias são inservíveis aos fins
institucionais da UFSC. Dessarte, não lhe representaram acréscimo patrimonial para que tenha
que indenizar como forma de evitar locupletamento injusto.

Portanto os réus não possuem o alegado direito à indenização pelos bens que

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ocupam ou ainda que fosse pelas benfeitorias que realizaram nos bens da UFSC.

Retirada dos bens do local. Como a autarquia destacou que não tem interesse nas
construções, pleiteando, inclusive, sua demolição, fica assegurado aos réus o direito de retirada
e/ou aproveitamento dos bens existentes sobre o terreno ocupado e que possam ser mobilizados.

Perdas e danos. A autora postula a condenação dos réus a perdas e danos no valor
de R$ 800,00 mensais. Entendo que, além de não ter sido demonstrado efetivo prejuízo à
autarquia, além daquele naturalmente decorrente do uso indevido de bem público, o tempo pelo
qual a autora manteve-se inerte milita contra ela, levando a crer que as perdas e danos postuladas
são exageradas ou não encontram referencial para justificá-las nesta medida.

Por outro lado, os réus, sabendo que a autora pretendia recuperar a posse de seu
imóvel, poderiam tê-lo desocupado, senão desde as notificações que receberam, desde a citação
havida neste processo.

Diante disso, entendo devido, desde a citação e até que os réus desocupem
definitivamente o imóvel, o pagamento mensal de quantia equivalente a 10% dos rendimentos ou
proventos por eles individualmente recebidos, conforme venha a ser apurado na fase de
cumprimento de sentença, sem prejuízo de indenizar a UFSC pelas despesas de água e luz que
estão sendo também pagas por esta.

III - Dispositivo

Ante o exposto, ACOLHO o pedido para reintegrar a autora na posse dos imóveis
ocupados pelos réus e julgo o processo com resolução de mérito, a teor do art. 269, I, do CPC.

Fica assegurado aos réus o direito de retirada e/ou aproveitamento dos bens
existentes sobre o terreno ocupado e que possam ser mobilizados, tudo às suas próprias expensas,
o que poderá ser feito em até 60 dias após o trânsito em julgado desta sentença, findo os quais a
UFSC poderá dar-lhes a destinação que melhor lhe aprouver.

Pela utilização indevida dos imóveis ocupados após a citação neste processo,
CONDENO cada um dos réus a pagar à autora o valor mensal equivalente a 10% de seus
respectivos rendimentos ou proventos, desde a citação até a efetiva desocupação do imóvel
(voluntária ou forçada), bem como a indenizá-la (a UFSC) pelo equivalente ao valor das tarifas
mensais mínimas dos serviços de água e luz para o mesmo período em relação a cada um dos três
imóveis.

Após o trânsito em julgado da sentença e o decurso de 60 dias para a remoção de


bens, caso a autora noticie que os imóveis não foram desocupados, expeça-se o competente
mandado de reintegração de posse, se necessário com requisição de força policial.

Condeno os réus ao pagamento de honorários de sucumbência, que fixo em R$


500,00 (quinhentos reais), para cada um deles, ficando, porém, suspensa a exigibilidade, nos

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termos do art. 12 da Lei 1.060/50, em razão da gratuidade da justiça.

Custas isentas - art. 4º, II, da Lei 9.289/96.

Caso seja interposta apelação (tempestiva, e se for o caso preparada), recebo-a em


ambos os efeitos, a teor do art. 520 do CPC; neste caso, deverá a Secretaria da Vara intimar a
parte adversa para contrarrazoá-la, no prazo legal, e, após, remeter os autos ao TRF-4ª Região.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Florianópolis, 22 de julho de 2009.

Hildo Nicolau Peron


Juiz Federal Substituto

Documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu


a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, por:
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Data e Hora: 30/07/2009 16:57:45

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