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Tópicos para questionamento professor ensino fundamental – Arte

1) Idade
30 anos
2) Sexualidade
Masculino
3) Etnia
Branca
4) Renda familia
2 à 3 salários mínimos
5) Religião
Ateu
6) Em quais escolas você trabalhou?

Escola Estadual Deputado Manoel Costa – Como auxiliar docente em estágio remunerado durante a
graduação, Aqui acompanhávamos turmas do sexto ao nono ano do ensino fundamental, escola
pública.

Ensino Médio PÓLEN- Escola Waldorf – Trabalhei nesta escola durante quatro meses substituindo
uma professora, aqui trabalhei após a graduação, primeiro e segundo ano do ensino médio, escola
privada.

Nas duas instituições ministrei conteúdo correspondente aos anos.

7) Quais bairros eram essas escolas?


Céu Azul – Belo Horizonte (bairro da periferia da região centro sul de Belo Horizonte. O público da
escola eram crianças e adolescentes de famílias de baixa renda).

Nova Lima – MG, Região Metropolitana de Belo Horizonte, Bairro com condomínios/bairro,
Alphaviles, escola para crianças e adolescentes de famílias de renda alta).

8) Em quais séries você atuou?


No estágio do sexto ao nono ano do ensino fundamental.

Em minha breve experiência profissional no primeiro e segundo ano do ensino médio.

9) Você possui um estilo próprio de aula?

Na Escola pública como ministrava conteúdo que dava suporte e complementava o conteúdo dado
pela professora, o conteúdo era desenvolvido junto com a educadora, mas a referência para as
atividades em sala e construção de conteúdo era a Sociointeracionista. Como a professora era
graduada em Artes Visuais, o conteúdo desta linguagem era priorizado. Durante o período de
estágio, a professora junto dos estagiários desenvolvia metodologia própria e que os alunos além de
ter contato com obras importantes, também tinham contato com conteúdo referente ao contexto
histórico de cada obra mediado por elas, e com algumas técnicas empregadas em sua construção. A
falta de materiais e espaço condicionava as dinâmicas e atividades. É importante ressaltar aqui nesta
escola o ensino de artes era incentivado, pois mantinha vínculo com a faculdade de educação e a
escola de belas artes da UFMG. Durante o estágio assisti somente uma visitação.

Na Escola Particular a abordagem paragógica empregada em todo percurso escola era de referência
na Pedagogia Waldorf, assim todos os alunos tinham contato com muitas linguagens distintas,
desde a cerâmica à música erudita de vanguarda , vale ressaltar que os alunos têm conteúdo de artes
desde o ensino infantil. Nesta escola pude desenvolver atividades que partiam de uma abordagem
transdisciplinar e se integrava a outros conteúdos . No período letivo era possível para além de uma
abordagem que contextualizava artistas, épocas e técnicas, o contato com conteúdo crítico/filosófico
abordado em outras disciplinas. As experimentações eram possíveis pela abundância de materiais,
equipamentos e espaço. Além disso eram abundantes os dias de visitação a exposições.

10) Havia apoio da direção para seu estilo de aula?

Nas duas escolas havia apoio, mas na escola privada além do apoio havia incentivo e contribuição,
eramos incentivados à propor experimentações com materiais, e a provocar abordagens que
integravam disciplinas.

11) Existiam instrumentos musicais na escola? Quais?

Na escola pública não

Na escola particular em abundância. O contato com a musicalização e referências eruditas existia


desde a educação infantil. Essas referências se iniciavam com o contato a sonoridades e
musicalidades distintas e iam até a apreensão crítica no ensino médio.

12) Qual sua formação?

À época em que lecionei graduado em artes visuais pela UFMG em que escolhi os percursos de
gravura e desenho. Não cheguei a completar a licenciatura.

13) Como eram as aulas de arte em seu período de graduação?

As aulas eram divididas em disciplinas de desenvolvimento técnico, disciplinas de contato com


conteúdo teórico referente a filosofia, antropologia, história, crítica e sociologia da arte, disciplinas
de desenvolvimento de trabalhos individuais e disciplinas que priorizavam o desenvolvimento
crítico reflexivo que tinham o trabalho autoral como referência.

14) Você tentou alguma inserção desse estilo (que aprendeu na graduação) dentro

das aulas de arte que lecionou?

Sim principalmente na escola particular em que o contato prévio com o conteúdo e com a prática de
diversas linguagens era presente desde o ensino infantil.

15) Houve alguma mudança de postura pela sua categoria depois da Lei da

Obrigatoriedade do Ensino de Música nas Escolas?

Não pude observar com o impacto.

16) A BNCC regulamenta a obrigatoriedade do ensino de Artes Visuais, Música,

Teatro e Dança. Houve algum movimento da categoria (docente) para

manutenção desse processo e inserção efetiva desses componentes curriculares?


Houve movimentação da categoria integrada ao sindicato. Mas não exercia mais a profissão nem
mantive contato com os agentes.

17) Existia ou existe algum incentivo a projetos voltados à música dentro da escola?

Na escola estadual à época do estágio não. Somente o esforço da professora para introduzir
conteúdos na disciplina junto dos alunos da escola de música.

18) Qual é a importância do ensino de música nas escolas?

Na escola particular pude observar o quanto a música aguçava interesses diversos e trabalhava
capacidades lógicas e cognitivas nos alunos. Certa vez um dos alunos do ensino médio desta
instituição dizia que em sua monografia, e lá os alunos escreviam monografias ao final do ensino
médio, e disse que escreveria sobre Beethoven e o período romântico na história da música. Os
alunos estavam familiarizados com sonoridades e musicalidades distintas como jazz, a música das
vanguardas modernas e reconheciam elementos da linguagem musical com facilidade, e isto era
visível. A maioria dos alunos já no ensino médio estavam familiarizados com algum instrumento.

19) O que você acha de grupos e empresas que incentivam projetos voltados às artes? Qual o
interesse (seja financeiro, ideológico, filantrópico, etc) dessas iniciativas privadas?

Existem modos distintos da interação público-privada neste espaço em que institucionalidades


muito diferentes (em sua configuração administrativa) se encontram. Existe desde a manutenção
privadas de acervo e como exemplo é possível citar o INHOTIN, que também recebe subvenção
pública embora seja um acervo privado até a manutenção de mostras e exposições em grandes
instituições de regime misto como a FBB (fundação banco do Brasil, Fundação Bienal, Fundação
ITAÚ cultural, Fundação Vale do Rio Doce e muitas outras), é importante ressaltar que o modelo
adotado, em que a manutenção de acervos e exposições tem uma fatia inexpressiva dos
investimentos públicos, somente a iniciativa privada tem capacidade de investimento para isto. Mas
isto não é desprovido de interesses, pois além do abatimento e desconto de impostos existe um
capital cultural anexado à empresa que é convertido em estratégia de marketing e neste caso não
existe investimento próprio e espontâneo na maioria das vezes por parte das empresas em suas
fundações. Mas a história das artes visuais no Brasil é a história da apropriação privada de
conteúdos e objetos que deveriam ser públicos. De ciccillo matarazzo (bienal de são paulo) à
Bernardo Paes (Inhotin). Hoje com a parcela do PIB dedicada ao ministério da cultura e as vésperas
de sua possível e provável extinção a tendência a privatização dos poucos acervos públicos e de um
patrimônio material e imaterial comum ou que se espera comum. Acho que aqui não vou elucidar
outro interesse que não seja o ideológico. Existe uma política da memória, se existe algo que a arte,
opera é a memoria material de um povo, de uma comunidade, as instituições privadas quando se
responsabilizam pela manutenção e construção de acervos estão operando diretamente e no que há
de conteúdo material nesta política da memória. Esta é uma maneira da construção da história dos
vencedores, e é meio de dominação.

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