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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE QUÍMICA DA UFBA

DANIEL GOMES
ERNESTO
TAINÃ CORREIA
VINICIUS FRANÇA

GESTÃO DE RESÍDUOS: DESPERDÍCIO E CONSUMO DE


MATÉRIA E ENERGIA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DA
BAHIA

Salvador
2018
DANIEL GOMES
ERNESTO
TAINÃ CORREIA
VINICIUS FRANÇA

GESTÃO DE RESÍDUOS: DESPERDÍCIO E CONSUMO DE


MATÉRIA E ENERGIA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DA
BAHIA

Trabalho apresentado ao Departamento


de Química da UFBA-Campus Salvador,
como avaliação parcial da disciplina
Química Geral e Experimental (QUI029),
ministrada por Beatriz Inês Almeida.

Salvador
2018
Sumário
Introdução...................................................................................................................................1
Geração/Gestão de Resíduos .................................................................................................2
Soluções .....................................................................................................................................4
Conclusão...................................................................................................................................6
Referências Bibliográficas ........................................................................................................7
Introdução

A geração, manejo e descarte do material orgânico, tem se mostrado um dos


principais problemas socioambientais da atualidade, visto que essa
problemática tem relação direta com o crescimento da produção, tipos de
material descartados, e a complexidade para encontrar áreas que possam
armazena-lo, já que sua geração e descarte são atividades diárias da
população.
Segundo a Pesquisa Nacional do Saneamento Básico feita em 2008,
63,6% dos municípios, descartam seus resíduos de forma inadequada,
contribuindo para a problemática ambiental, social, econômica e política que
assola todo o país.
Na sociedade, a regulamentação e gestão dos resíduos sólidos é feita
através da Política Nacional de Resíduos Sólidos instituída por meio da lei Nº
12.305, de 2 de agosto de 2010, que se mostra uma importante medida para o
solucionar questões socioambientais geradas pela gestão/descarte indevido (a)
dos resíduos sólidos. Estabelecendo medidas sustentáveis para o descarte
adequado do lixo e recolhimento do mesmo, através da separação onde houver
coleta seletiva.
Na UFBA, a gestão, controle e descarte correto dos resíduos é feita pela
Coordenações da Superintendência do Meio Ambiente e infraestrutura –
SUMAI, mais precisamente o NAAMB que coordena atividades como o
“Programa de Coleta Seletiva” Recicle UFBA, que coordena diversas atividades
de sustentabilidade por todo o campus, como a coleta de óleo vegetal, pilhas,
cartuchos e lâmpadas usadas para devido descarte. O grande desafio do
projeto infelizmente se encontra na falta de verbas para manter algumas
dessas ideias, mas mesmo com dificuldades o projeto se mostra promissor,
como já constatado através de avaliações periódicas.

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Geração/Gestão de Resíduos

A partir da aplicação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS –


Lei 12.305/10), foi implantado um novo conceito para estabelecer que: lixo é
algo descartado por não possuir mais qualquer tipo de utilidade, enquanto que
o resíduo sólido é algo que deve ser destinado de maneira correta, pois precisa
ser reaproveitado. Vale ressaltar que grande parte dos resíduos sólidos
domésticos são constituídos por resíduos orgânicos e recicláveis, o que
significa que uma grande quantidade do que é descartado poderia estar sendo
reaproveitado.
Dados da ONU Meio Ambiente, informam que mesmo tendo mais da
metade de seu lixo doméstico como um potencial de reaproveitamento, apenas
20% é reciclado na América Latina. Apesar de existirem leis que especificam e
abrangem as etapas para manejo de resíduos sólidos e com punições para o
descumprimento, ainda assim a diferença entre a proposta teórica e a
aplicação da lei é muito grande.
Na UFBA, é o Núcleo de Ações Ambientais – NAAMB que coordena
atividades como o “Programa de Coleta Seletiva”. O Recicle UFBA foi iniciado
em fevereiro do ano de 2013, em cumprimento às determinações do Decreto
Presidencial nº 5.940/2006, com o objetivo de promover a segregação dos
resíduos recicláveis (papéis/papelões, metais, plástico e vidros) gerados na
universidade e doá-los para cooperativas de catadores da cidade de
Salvador/BA. Desde então, muitos foram os avanços conquistados e
atualmente a universidade conta com cerca de 85% de suas Unidades
participantes.
Vale ressaltar que assim como a Política nacional de resíduos sólidos
regulamenta a gestão/descarte dos resíduos na sociedade, em âmbito
acadêmico a Coleta Seletiva de Resíduos Recicláveis é uma exigência legal
para todos os órgãos da Administração Pública Federal, instituída por meio do
Decreto nº 5.940/2006 e fiscalizada pelo Ministério Público Federal, através de
relatórios enviados periodicamente.
Outros projetos sob o comando da NAAMB são:

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- Coleta e Reciclagem de Lâmpadas Fluorescentes (O projeto se encontra
suspenso a 1 ano devido à falta de verbas “o descarte de cada lâmpada custa
R$1,75 por unidade”)
- Coleta e Reciclagem de Pilhas e Baterias (Projeto em funcionamento, recolhe
os resíduos por todo o campus, também aceita resíduos de fora do campus
sem cobrar nenhum tipo de taxa)
- Coleta e Reciclagem de Cartuchos e Toners (Projeto em funcionamento,
recolhe os resíduos por todo o campus, também aceita resíduos de fora do
campus sem cobrar nenhum tipo de taxa)
- Coleta e Reciclagem de Óleo Vegetal Residual (Projeto em funcionamento,
recolhe o óleo usados em lanchonetes, cantinas e no RU, também aceita óleo
de fora do campus sem cobrar nenhum tipo de taxa)
- Coleta de Resíduos Infectantes e Perfuro cortantes (Projeto em
funcionamento, recolhe os resíduos por todo o campus)
- Resíduos Químicos (Projeto em funcionamento, recolhe os resíduos por todo
o campus)
A coleta e descartes de as matérias acima é feita através de contrato com
corporativas encarregadas da coleta/descarte sustentável do material cedido
pelo projeto.
Um exemplo de sucesso para a sociedade foi o projeto SOLAR
implantado em 2001 pela EMBRAPA PANTANAL, onde o compromisso
ambiental e a preocupação com os resíduos sólidos recicláveis, trouxe grandes
resultados na área de atuação da empresa. Suas ações envolvem um
sincronismo em cada atividade desempenhada sendo:
- S: Segurança - isenção de riscos, ou seja, procura adotar procedimentos e
normas para a coleta; - O: Organização, - o apoio gerencial é fundamental para
o desenvolvimento do projeto;
- L: Limpeza - um ambiente saudável promove mais qualidade de vida para
todos;
- A: Acondicionar - guardar de forma selecionada esses materiais recicláveis;
- R: Reciclar - o processo final de todas as ações, que é o encaminhamento de
todos esses materiais para a reciclagem.
Os resultados obtidos desde sua implantação em 2001 até 2008 permitiram:
- Preservação de 257 árvores

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- Evitou que 4.490 m2 de área que fosse desflorestada
- Economia de 264.640 litros de água
- Economia de 15.398,4 litros de combustível
- Diminuição da geração de resíduos na fonte
- Economia de recursos naturais
- Diminuição da poluição e ampliação da visão ambiental de seus funcionários
O projeto também destacas algumas curiosidades:
- Uma tonelada de papel reciclado substitui o plantio de 350 m2 da monocultura
do eucalipto
- A reciclagem de 1 tonelada de papel representa a não – derrubada de 20
árvores, reduzindo em 71% o consumo de energia elétrica e também em 74% a
poluição do ar, enquanto a reciclagem de 1 tonelada de metal significa a
economia de 5 toneladas de bauxita

Soluções

Analisando o contexto da Universidade Federal da Bahia através do ponto de


vista da SUMAI e dos estudantes, é perceptível a falta de conscientização
necessária para redução de produção de resíduos por toda a comunidade da
Instituição. Consumimos e descartamos papel e plástico sem ter plena
consciência quanto a sua destinação e o real impacto socio-econômico-
ambiental da geração de resíduos.
Tendo em vista que o tema “sustentabilidade” vem ganhando cada vez mais
força em importantes estabelecimentos, principalmente no nosso país,
poderíamos implantar algumas soluções já adotadas pelas instituições de
ensino e grandes empresas:
 Capacitação coletiva contínua: Os membros da comunidade
acadêmica deverão ser capacitados continuamente quanto à
conscientização e gestão de resíduos na sociedade, e orientados a
compartilhar o conhecimento fora do ambiente estudantil;
 Limitação de uso de papel no ambiente escolar/escritório: Ainda que
exista a rotina forte de utilização e fácil descarte de papel, poderíamos
utilizar a proposta já implantada na empresa L’oreal, que já não utiliza
mais lixeiras no seu prédio de trabalho, tendo em vista que não há mais
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a produção de resíduos, com exceção da copa e dos sanitários. Caso
houvesse uma forte restrição administrativa quanto ao uso de papel na
Universidade Federal, o corpo docente e discente tenderiam a utilizar
cada vez menos papel, utilizando cada vez mais de recursos
tecnológicos de aprendizado, gerando cada vez menos resíduos;
 Implantação e continuidade de projetos sustentáveis: No ambiente
de uma Universidade Federal, possuímos diversas áreas de pesquisa e
inovação, com estudantes e docentes compromissados, e percebemos
que grande parte dessa riqueza intelectual é perdida por falta de
oportunidade e verba. É notável que, caso houvesse interesse do
governo, as universidades poderiam utilizar do conhecimento docente-
estudantil para elaborar e executar projetos de sustentabilidade, visando
adquirir alguma certificação de prédio sustentável (como a LEED-
eadership in Energy and Environmental Design) e enraizando a
consciência de cuidado com o nosso planeta, transmitindo o
conhecimento para as próximas gerações.

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Conclusão
Para uma boa gestão dos resíduos, é importante repensar a forma como o
descartamos, devemos ter em mente quais são os resíduos que podem ser
encaminhados para coleta seletiva e serem reaproveitados por cooperativas de
materiais recicláveis. Porém, a falta de informação sobre como e onde descarta
os resíduos e também a falta de unidades disponíveis para realizar esse
processo acabem dificultando esse tipo de comportamento sustentável
proposto pela Política Nacional de Resíduos Sólidos. Como constatado pela
própria ONU Meio Ambiente, cerca de 50% de nossos resíduos são passiveis
de reaproveitamento, mas apenas 20% é reaproveitado, devido à falta de
conhecimento ou mesmo uma unidade que possa tratar e processar esses
resíduos sólidos.
Entre 2012 e 2014, cerca de R$ 1,2 bilhão foi disponibilizado para estados
e municípios para que eles se adequassem à PNRS, porem várias regiões
continuam em situação irregular, destinando os resíduos coletados a lixões ao
invés de encaminha-los a aterros ou unidades de coleta seletiva. No brasil os
lixões são proibidos desde 2014, o que pode gerar multa para estados e
municípios que não cumprirem a lei.
Contudo, mesmo com os obstáculos existentes para execução de políticas
públicas voltadas aos resíduos, é necessário que o cidadão comum contribua
para que se possa ocorrer uma mudança nesse cenário, passando a assumir
responsabilidades sobre o lixo gerado e repensando seus comportamentos
cotidianos para que possa agir de maneira consciente e menos consumista.
Em âmbito universitário o maior desafio se encontra na falta de verbas
para manter iniciativas sustentáveis como os projetos coordenados pelo
NAAMB, outras ideias como o projeto de energia solar ficam em segundo plano
devido a “prioridades da gestão” sendo a reforma de salas e laboratórios para
manter uma boa avaliação perante o MEC. Apesar da falta de verbas, a
iniciativa sustentável não pode partir apenas do SUMAI, cada estudante ou
frequentador desse ambiente (UFBA) deve contribuir e agir de forma
sustentável, afinal é muito mais vantajoso/saudável diminuir a geração indevida
de resíduos com comportamentos sustentáveis, que gerir processos para dar
um destino correto a esses resíduos.

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Referências Bibliográficas

 Relatório de gestão SUMAI –UFBA-2017 ;


 Projeto Solar - Uma Experiência de Sucesso na Gestão de Resíduos
Sólidos. Disponível em:
<http://www.cnpma.embrapa.br/boaspraticas/download/Projeto_Solar.pdf >;
 A preservação ambiental na visão da política nacional dos resíduos sólidos.
Disponível em: < http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9750
&revista_caderno=5 >;
 L’oreal Brasil. Disponível em :
<https://www.loreal.com.br/imprensa/not%C3%ADcias/2018/set/somos-
leed-gold-predio-loreal-brasil-escritorio-mais-sustentavel-do-rio-
classificacao-internacional >

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