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Créditos:
Cel. André Luiz Rabello Vianna – PMESP
Ten Cel. Erich Meier Júnior – PMDF
No curso de Direitos Humanos, você teve a oportunidade de ter contato com vários
materiais escritos, imagens, vídeos e os textos do professor Ricardo Brisolla
Balestreri. Destaque como o mais importante o texto “Treze reflexões sobre polícia e
direitos humanos”. É um texto escrito já há alguns anos, mas que continua atual. A
forma bastante direta e simples da linguagem permite uma análise crítica da função
dos profissionais de Segurança Pública tanto dentro das instituições e corporações
policiais, como em sua relação com a sociedade na qual estão inseridos.
Esse contato inicial com a temática de direitos humanos começou, com toda certeza,
a desmontar o preconceito e a discriminação com que muitas vezes o profissional de
Segurança Pública relaciona a sua ideologia. O policial começa a refletir sobre a real
dimensão de sua profissão e de sua missão numa sociedade democrática, e que ele,
ao contrário do que anteriormente parecia, se conscientiza de que é a primeira linha
de defesa e garantia dos direitos humanos das pessoas da comunidade.
Agora, neste curso, você irá mais além. Ele foi pensado e estruturado de maneira que
você aprofunde mais seus estudos, sem ter a pretensão de esgotar o tema. Aqui não
é a linha de chegada, mas o ponto de partida para os que se interessarem em buscar
mais conhecimentos.
Muitos desses aportes estão reunidos nos materiais didáticos utilizados nos cursos
ofertados, na modalidade presencial, pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha
(CICV). http://www.cicr.org/por
Ao final desta breve introdução fica para sua reflexão, as palavras do professor
Ricardo Balestreri:
Bom estudo!
De acordo com CANÇADO TRINDADE (1991, p. 1), foi nas últimas décadas do século XX
que o processo histórico de generalização e expansão da proteção internacional dos
direitos humanos foi marcado pela multiplicidade e diversidade dos mecanismos de
proteção, acompanhadas pela identidade predominante de propósito desses
mecanismos e pela unidade conceitual dos direitos humanos.
Esses instrumentos de proteção, de natureza e efeitos jurídicos distintos, ao se
multiplicarem ao longo dos anos, tiveram o propósito e acarretaram a consequência
de ampliar o alcance da proteção a ser estendida às supostas vítimas.
Conceito
MELO (2002, p. 113) explica que as fontes do direito internacional se constituem dos
modos pelos quais o direito se manifesta, isto é, as maneiras pelas quais surge a
norma jurídica.
Artigo 38
De acordo com ROVER (2005), a importância legal das resoluções da Assembleia Geral
da ONU é cada vez mais um assunto em debate. No que diz respeito ao
funcionamento interno da ONU, essas resoluções possuem efeito jurídico pleno. A
questão que permanece, no entanto, é até que ponto essas resoluções são
legalmente obrigatórias aos Estados Membros, principalmente àqueles que votaram
contra as mesmas. Os critérios importantes para se determinar a obrigatoriedade
subsistem no grau de objetividade que cerca a adoção das resoluções e, até que
ponto, uma resolução pode ser considerada a expressão da consciência legal da
humanidade como um todo. Esse último aspecto é ainda mais importante do que a
maioria dos Estados simplesmente adotar a resolução. As resoluções emanadas da
Assembleia Geral estão recebendo um apoio cada vez maior por parte de escritores e
publicistas como um meio subsidiário para se determinar estados de direito.
Quanto aos encarregados pela aplicação da lei, suas ações, quando executadas em
capacidade oficial, são imputáveis ao Estado e, consequentemente, são uma questão
de responsabilidade do mesmo.
Definição
De acordo com ROVER (2005, p. 149), as situações de conflito armado não surgem
espontaneamente. São resultantes da deterioração do estado da lei e da ordem em
um país, pelos quais as organizações de aplicação da lei possuem uma
responsabilidade direta. Pela verdadeira natureza de seus deveres, o envolvimento
prático dos encarregados pela aplicação da lei, em casos de manifestações de
violência, distúrbios e tensões, que podem gerar uma guerra civil, requer deles que
sejam cuidadosos e capazes de integrar os princípios de DIH e direitos humanos em
suas operações e treinamento. Por essa razão, para o correto desempenho de sua
atividade, certo nível de conhecimento do Direito Internacional Humanitário (DIH) é
indispensável a eles.
2. Necessidade militar
Toda atividade de combate deve justificar-se por motivos militares. Estão proibidas
as atividades que não sejam militarmente necessárias. São aquelas que não são
proibidas pelo direito humanitário e necessárias para derrotar o inimigo. Deve ser
analisada, juntamente, com os princípios de distinção e proporcionalidade.
3. Limitação
As armas e os métodos de guerra que podem ser utilizados são limitados. Estão
proibidas as armas que causem sofrimentos desnecessários ou danos supérfluos. Ex.:
Estão proibidas aquelas que causem ferimentos de impossível tratamento ou que
causem morte lenta e cruel.
4. Distinção
Deve-se distinguir entre combatentes e não-combatentes. Deve-se também distinguir
entre objetivos militares (que podem ser atacados) e bens de caráter civil (que não
podem ser atacados).
5. Proporcionalidade
Quando são atacados objetivos militares, as pessoas civis e os bens de caráter civil
devem ser preservados o melhor possível de danos colaterais. Não devem ser
excessivos os danos colaterais com respeito à vantagem militar direta e concreta
esperada de qualquer ataque contra um objetivo militar.
Direito de Genebra
Trata da proteção das vítimas de guerra, sejam elas militares ou civis, na água ou em
terra. Protege todas as pessoas fora de combate, isto é, que não participam ou não
estão mais participando nas hostilidades: os feridos, os doentes, os náufragos e os
prisioneiros de guerra. As quatro Convenções de Genebra, de 12 de Agosto de
1949, constituem o conjunto dessas normas de proteção.
Direito de Haia
Preocupa-se mais com a regulamentação dos métodos e meios de combate, e
concentra-se na condução das operações militares. O Direito de Haia é, portanto, de
interesse fundamental ao comandante militar em terra, mar e ar.
● O artigo 3º, comum as quatro convenções de 1949, tem sido chamado de uma
«miniconvenção» por direito próprio, porque contém regras que são aplicáveis não só
a conflitos internacionais, mas também a conflitos internos. Atualmente, essas regras
são consideradas como sendo regras do Direito Internacional Consuetudinário, isto é,
uma coisa à qual os beligerantes (fazem guerra ou estão na guerra) estão obrigados,
independentemente das obrigações que eles possam ter em relação a tratados. Elas
representam um mínimo que tem de ser observado em todas as circunstâncias.
As graves violações do DIH são consideradas crimes de guerra que podem ser julgadas
perante tribunais, nacionais ou internacionais; e
Sua aplicação:
● Ressalta o profissionalismo dos integrantes das Forças Armadas;
● Reforça a moral e a disciplina;
● Tem o apoio da população civil;
● Permite a reciprocidade, principalmente com relação a feridos, doentes e
prisioneiros de guerra;
● Melhorará as chances de uma paz sem ressentimentos;
● Logra concentrar o esforço militar somente na derrota das Forças Armadas
inimigas; e,
● É uma escolha política sensata.
Você quer conhecer mais sobre o Direito Internacional Humanitário? Acesse a página
do Comitê Internacional da Cruz Vermelha. (http://www.icrc.org/por)
Contexto e definição
De acordo com Rover (2005, p. 72), um direito é um título. É uma reivindicação que
uma pessoa pode fazer para com outra de maneira que, ao exercitar esse direito, não
impeça que outrem possa exercitar o seu. Assim sendo, os direitos humanos são
títulos legais que toda pessoa possui como ser humano. São universais e pertencem a
todos, ricos ou pobres, homens ou mulheres.
Conforme ensina MORAES (2000, p. 36), a evolução histórica da proteção dos direitos
humanos fundamentais em diplomas internacionais é relativamente recente,
iniciando-se com importantes declarações sem caráter vinculativo, para
posteriormente, assumirem a forma de tratados internacionais, no intuito de
obrigarem os países signatários ao cumprimento de suas normas.
O direito conhecido por Direito Internacional dos Direitos Humanos (DIDH) consiste
num conjunto de princípios e regras, com base nas quais os indivíduos ou grupos de
indivíduos podem esperar uma certa qualidade de comportamento ou benefícios, da
parte das autoridades, somente por virtude de serem seres humanos.
Para aprofundar seus estudos, você pode acessar esses e outros instrumentos
internacionais nas seguintes páginas eletrônicas:
http://www.onu-brasil.org.br/documentos.php
http://www2.camara.gov.br/comissoes/cdhm/instrumentos
http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/sumario
.htm
Vários corpos estabelecidos sob os auspícios da Carta das Nações Unidas ou dos
principais tratados internacionais sobre direitos humanos constituem, no seu
conjunto, um sistema internacional de supervisão dos direitos humanos.
Conclusão
Gabarito
Conceitos
Democracia
O termo “democracia” tem muitos significados e existem várias formas de governos
democráticos.
Da mesma forma que explicitado no artigo 21, da Declaração Universal dos Direitos
Humanos (DUDH), que estipula que “a vontade do povo é a base da autoridade do
governo...” e complementa:
3. “(...) esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio
universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de
voto.”
1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou
por intermédio de representantes livremente escolhidos.
2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país.”
A existência do estado de direito e o respeito por ele origina uma situação onde os
direitos, liberdades, obrigações e deveres estão incorporados na lei para todos, em
plena igualdade, e com a garantia de que as pessoas serão tratadas,
equitativamente, em circunstâncias similares. (Cees de ROVER 1998, p. 143)
Esse aspecto fundamental pode ser encontrado no artigo 26, do Pacto Internacional
dos Direitos Civis e Políticos, que estipula que “todas as pessoas são iguais perante
a lei e têm direito, sem discriminação, a igual proteção da lei...”, bem como no
caput do artigo 5º, da Constituição Federal:
“Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”.
Você pode perceber que esses ideais são interdependentes e fundamentais para que
os direitos humanos sejam mais bem protegidos pelo processo democrático e a
aplicação da lei.
Aplicação da lei
É importante você saber, que os órgãos que aplicam a lei recebem seus poderes dos
órgãos próprios ao Estado Democrático de Direito – Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário – para garantia da ordem e a Segurança Pública, tal como surgem das bases
da institucionalização da democracia, desenvolvendo as políticas de justiça para a
aplicação da lei que é definida por quem representa a vontade do povo.
É requisito essencial, no Estado Democrático de Direito, que os órgãos
encarregados pela aplicação da lei prestem contas de seus serviços prestados à
comunidade, direta ou indiretamente, através de seus representantes.
Nesta aula, você aprenderá a conduta ética e legal que deverá adotar para cumprir
seu papel de encarregado de aplicar a lei.
O ambiente social global está em constante mutação e exige cada vez mais dos
Estados, suas instituições e seus funcionários. As pessoas não esperam apenas que o
Estado disponibilize os melhores serviços, mas aguardam também que a conduta de
suas instituições e seus funcionários seja ética e responsável.
Não basta fazer as coisas bem, é fundamental fazê-las da forma correta. A forma
como os funcionários efetuam o seu trabalho é tão importante como o trabalho em
si. É fundamental que sua conduta seja íntegra e em conformidade com as leis e
os regulamentos que regem as suas atividades.
Na atividade dos órgãos encarregados pela aplicação da lei essa questão deve ser
tratada com especial distinção, pois, seus Funcionários Encarregados pela
Aplicação da Lei (FEAL) possuem, com exclusividade, as faculdades profissionais
● No caso da legalidade, não é só importante a lei, mas também saber seu espírito,
cabendo ao FEAL aplicar o poder discricionário.
Essa avaliação subjetiva, por sua vez, não pode depender somente de uma noção
pessoal de ética, mas sim de uma ética profissional. Quando se busca um médico ou
um advogado está se manifestando confiança nessa pessoa. O mesmo acontece
quando os cidadãos necessitam da ajuda de um FEAL. Esperam, dentre outras coisas,
que se guarde a confidencialidade da informação e proteção.
Para auxiliar nessa tarefa é que existem códigos, princípios, guias e manuais que
orientam a conduta desses profissionais. Alguns deles você estudará a seguir.
É importante notar que, como foi reconhecido por aqueles que elaboraram o código,
esses padrões de conduta deixam de ter valor prático a não ser que o seu conteúdo e
significado, através de educação, treinamento e acompanhamento, passem a fazer
parte da crença de cada indivíduo encarregado pela aplicação da lei.
O artigo 1º estipula que “os encarregados pela aplicação da lei devem sempre
cumprir o dever que a lei lhes impõe...”
O parágrafo a., dos comentários desse artigo, estabelece que o uso da força policial
deveria ser excepcional e que, enquanto a polícia faz uso de uma tal força dentro do
razoavelmente necessário, para a prevenção do crime, a realização ou para a
assistência à detenção legítima de delinquentes ou de cidadãos suspeitos, nenhuma
outra força além dessa pode ser usada.
As normas sobre o uso da força pelos funcionários responsáveis pela aplicação da lei,
incorporadas no artigo e no comentário, reiteram a importância dos princípios de
proporcionalidade (a força sendo usada somente até a necessária extensão) e da
necessidade (a força sendo usada somente quando é estritamente necessária).
Como se verifica, o poder do uso da força e o emprego de armas de fogo pelos FEAL
têm implicações de grande alcance e profundidade e, por essa razão, foi elaborado
um instrumento internacional específico que estabelece princípios para seu emprego.
Esse documento denominado Princípios Básicos sobre o uso da Força e Armas de
Fogo foi adotado pelo Oitavo Congresso das Nações Unidas sobre a Prevenção do
Crime e o Tratamento de Infratores, em 7 de setembro de 1990.
O artigo 6º diz respeito ao dever de cuidar e proteger a saúde das pessoas privadas
da sua liberdade.
Providências
“A. Princípios gerais
1. Os princípios consagrados no código deverão ser incorporados na legislação e práticas
nacionais[...]
4. Os governos devem adotar as medidas necessárias para que os funcionários responsáveis
pela aplicação da lei recebam instrução, no âmbito da formação de base e de todos os cursos
posteriores de formação e de aperfeiçoamento, sobre disposições da legislação nacional
relativas ao código, assim como outros textos básicos sobre a questão dos direitos do
homem[...]
B. Questões específicas
2. Remuneração e condições de trabalho. Todos funcionários responsáveis pela aplicação da
lei devem ser satisfatoriamente remunerados e beneficiados de condições de trabalho
adequadas[...]
3. Disciplina e supervisão. Devem ser estabelecidos mecanismos eficazes para assegurar a
disciplina interna e o controle externo, assim como a supervisão dos funcionários
responsáveis pela aplicação da lei[...]
II. Implementação do código
A. A nível nacional
1. O código deve estar à disposição de todos os funcionários responsáveis pela aplicação da
lei e das autoridades competentes na sua própria língua[...]
B. A nível internacional
1. Os governos devem informar o secretário-geral, em intervalos apropriados de, pelo menos,
cinco anos, sobre os progressos na implementação do código[...]”
Conclusão
Nesta aula, você estudou os aspectos legais, morais e éticos da profissão sob pena
de cometer desvios de conduta e abusos no poder que lhes foi conferido para atuar
em defesa da sociedade.
Gabarito
1. Nunca está permitida.
2. 2 - 3 – 1
3. Um governo democraticamente eleito, que represente o povo e seja responsável
perante ele; A existência de um Estado de Direito e o respeito por ele; O
respeito pelos Direitos Humanos e liberdades.
O foco de estudo deste módulo está nas tarefas da polícia para a prevenção do crime
e a manutenção da ordem, alinhadas ao respeito aos direitos humanos. Esse
alinhamento exigirá a compreensão de definições, normas e recomendações
relacionadas às atividades policiais.
De acordo com Rover (2005), a prevenção e detecção do crime estão entre as áreas
de interesse imediato das organizações de aplicação da lei em todo o mundo.
É claro que nas suas tarefas de prevenir e detectar crimes, a polícia deve respeitar os
direitos humanos em todas as ocasiões. Por isso, uma prevenção e detecção de
crimes devem basear-se em práticas e tácticas legais e não-arbitrárias.
- A presunção da inocência;
- O direito de todas as pessoas a um julgamento justo; e
- O respeito pela dignidade, honra e privacidade.
Rover (2005) reforça esse entendimento enfatizando que uma das tarefas primárias
na aplicação da lei é a de trazer os infratores à Justiça e não compete aos
encarregados da aplicação da lei decidir sobre a culpa ou inocência de uma pessoa
capturada por um delito. Sua responsabilidade é registrar, de forma correta e
objetiva, todos os fatos relacionados a um crime cometido. Os encarregados da
aplicação da lei são responsáveis pela busca de fatos, ao passo que o Judiciário é o
responsável pela apuração da verdade, analisando esses fatos com o propósito de
determinar a culpa ou inocência da(s) pessoa(s) acusada(s).
Artigo 14 (...)
1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as cortes de justiça. Toda pessoa terá o
direito de ser ouvida publicamente e com as devidas garantias por um tribunal competente,
independente e imparcial, estabelecido por lei, na apuração de qualquer acusação de caráter
penal formulada contra ela ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil. A
imprensa e o público poderão ser excluídos de parte ou da totalidade de um julgamento, que
por motivo de moral pública, de ordem pública ou de segurança nacional em uma sociedade
democrática, quer quando o interesse da vida privada das partes o exija, quer na medida em
que isso seja estritamente necessário na opinião da justiça, em circunstâncias específicas, nas
quais a publicidade venha a prejudicar os interesses da justiça; entretanto, qualquer sentença
proferida em matéria penal ou civil deverá tornar-se pública, a menos que o interesse de
menores exija procedimento oposto, ou o processo diga respeito à controvérsia matrimoniais
ou à tutela de menores.
2. Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se presuma sua inocência enquanto
não for legalmente comprovada sua culpa.
3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualdade, a, pelo menos, as
seguintes garantias:
a) De ser informado, sem demora, numa língua que compreenda e de forma minuciosa, da
natureza e dos motivos da acusação contra ela formulada;
b) De dispor do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa e a comunicar-se
com defensor de sua escolha;
4. O processo aplicável a jovens que não sejam maiores nos termos da legislação penal levará
em conta a idade dos menores e a importância de promover sua reintegração social;
5. Toda pessoa declarada culpada por um delito terá o direito de recorrer da sentença
condenatória e da pena a uma instância, em conformidade com a lei;
7. Ninguém poderá ser processado ou punido por um delito pelo qual já foi absolvido ou
condenado por sentença passada em julgado, em conformidade com a lei e os procedimentos
penais de cada país.
Veja nas próximas páginas alguns dispositivos internacionais que preveem a proteção
da privacidade, a honra e a reputação dos indivíduos.
Você já deve ter percebido que essas normas têm repercussões óbvias sobre as ações
e investigações policiais. Como exemplo, é possível citar as revistas e buscas de
pessoas, instalações, veículos e outros bens, bem como a interceptação de
correspondência, mensagens telefônicas e outras comunicações. Todas essas ações
deverão respeitar a lei e ser, absolutamente, necessárias para fins legítimos de
aplicação da lei.
Comentário
Rover (2005) ressalta que a prevenção e detecção do crime são áreas da aplicação
da lei que exigem padrões altos de moralidade e ética dos policiais, pois é
justamente na condução de investigações que se verificam grande parte das
violações dos direitos e liberdades individuais das pessoas capturadas e/ou
detidas. Ele cita como exemplos: o preconceito por parte dos encarregados das
O modo como você e seus colegas desempenham sua atividade profissional é que
darão a exata noção do que significa a presunção da inocência, um julgamento justo
e o respeito pela dignidade da pessoa humana. O modo profissional de se trabalhar
resultará na contribuição individual para os resultados coletivos e a imagem da
sua corporação como um todo.
A ordem pública
As ideias que surgem do conceito de ordem pública são as de vida em paz, bem-estar
social, cooperação dos membros de uma sociedade para o convívio harmonioso e que
todos possam desenvolver plenamente suas potencialidades, exercerem seus direitos,
ter a garantia de que podem invocar a proteção de um órgão superior do Estado, no
caso de violações dos mesmos.
“Es el estado de paz y armonía de una sociedad cuando se somete al respeto de las
normas establecidas por el estado, entre las libertades y derechos individuales y el
interés general y cuya ruptura haría imposible la convivencia y el cumplimento de
los fines del estado y de sus instituciones” (RAMIREZ, p. 12)
Ordem pública
Deve-se prestar especial atenção à instrução dos militares antes de empreender uma
operação de segurança interna. Pois, apesar de realizarem tarefas relacionadas para
fazer cumprir a lei, perdura a essencialidade da força militar. Os membros das Forças
Armadas não são policiais quando realizam uma operação de segurança interna, eles
apenas ajudam a polícia a manter a ordem pública.
As forças militares que participam de operações de segurança interna não necessitam
receber instruções a respeito de toda a gama de capacidades e poderes relacionados
Não existe uma definição padrão para as operações de segurança interna. Utilize a
seguinte:
O Estado, por intermédio de suas polícias, deve zelar e velar pelo bem-estar coletivo
e dos cidadãos em particular, cabendo-lhe, como consequência, o direito-dever ou,
até mesmo, o dever-poder de tudo fazer na defesa desses direitos. (MAGALHÃES,
1987, p. 61)
O poder de polícia
MEIRELLES (1997, p. 120) e MARQUES (2001) apontam como sendo três os atributos ou
características do poder de polícia:
- Discricionariedade;
- Autoexecutoriedade; e
- Coercibilidade.
Discricionariedade
Esse poder pode se tornar um problema se o policial não for bem preparado. BEATO
critica esse poder ao afirmar que um dos aspectos mais difíceis no gerenciamento das
atividades policiais é o grau de discricionariedade dos policiais nas ruas. O autor
alega que esse problema adquire contornos dramáticos quando se trata de avaliar a
necessidade ou não do uso de força letal pelos policiais. No dia-a-dia da atividade
policial, esses extremos não são tão frequentes. As decisões dos policiais sobre
quando se deve ou não acionar as leis para a manutenção da ordem determinam os
Autoexecutoriedade
Coercibilidade
MOREIRA NETO (1987, p.11) afirma em sua obra que o poder de polícia, com seus
instrumentos, a discricionariedade e a executoriedade são o tripé do direito
administrativo da Segurança Pública.
Confundida, de um lado, com a ordem jurídica e, de outro, com a ordem nas ruas, o
conceito de ordem pública mereceu exaustivos debates. Embora toda violação à
ordem jurídica possa caracterizar-se como uma violação à ordem pública, a
recíproca não é verdadeira, o que demonstra que esse conceito tem matizes meta-
jurídicos que se referem às vigências sociais essenciais à convivência harmoniosa e
pacífica, como a moral e os costumes.
Para MOREIRA NETO (1987, p.13), “ordem pública, objeto da Segurança Pública, é a
situação de convivência pacífica e harmoniosa da população, fundada nos princípios
éticos vigentes na sociedade”.
Sobre Segurança Pública, MOREIRA NETO (1987, p.19) diz que o Estado atua
juridicamente na sua vertente normativa, estabelecendo as leis que a disciplinarão, e
na sua vertente jurisdicional, aplicando a lei aos casos contenciosos e, em especial,
A ordem de polícia
Geralmente um comando negativo, se contém num preceito, que, necessariamente,
nasce da lei, pois se trata de uma reserva legal (artigo 5º, II, Constituição Federal
1988), e pode ser enriquecido discricionariamente, de acordo com as circunstâncias,
pela administração;
O consentimento de polícia
Subordina certas atividades a um controle prévio. Quando couber, será a anuência,
vinculada ou discricionária do Estado com a atividade submetida ao preceito vedativo
relativo, sempre que satisfeitos os condicionamentos exigidos;
A fiscalização de polícia
É uma forma ordinária e inafastável de atuação administrativa que se dá para
verificar o cumprimento das ordens ou observar as condições do consentimento. No
caso específico da atuação da polícia de preservação da ordem pública, é que toma o
nome de policiamento;
A sanção de polícia
É a atuação administrativa autoexecutória que se destina reprimir a infração. No
caso da infração à ordem pública, a atividade administrativa, autoexecutória, no
exercício do poder de polícia, se esgota no constrangimento pessoal, direto e
imediato, na justa medida para restabelecê-la, ou seja, o direito, o costume e a
moral.
Nenhum direito pode ser exercido sem limites. Ao exercício desses direitos podem
ser impostas restrições, desde que legítimas e necessárias para que se respeite o
direito à reputação de outrem, para a proteção da segurança nacional ou da ordem
pública, ou da saúde pública e moral. Veja o mesmo PIDCP nos artigos 19.3, 21 e
22.2. Além dos citados, a Segurança Pública pode ser uma razão legítima para
restrição do direito à liberdade de reunião pacífica e à liberdade de associação.
1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na qual o livre e pleno
desenvolvimento de sua personalidade é possível.
2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano estará sujeito apenas
às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o
devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer
as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade
democrática.
A violência
Em toda sociedade podem surgir situações especiais e excepcionais que podem
colocar em perigo a ordem pública, a segurança das pessoas e, em última instância,
do próprio Estado. São circunstâncias provocadas por conflitos armados, distúrbios
civis ou desastres naturais, que requerem do Estado uma atuação especial para
restaurar a ordem e a normalidade.
Nível 2: Todos os direitos humanos, sem qualquer derrogação, sob reserva única das
restrições autorizadas pela lei com o único fim de garantir plenamente o
reconhecimento e respeito pelos direitos e liberdades de terceiros, bem como as
justas exigências da moral, ordem pública e bem-estar geral numa sociedade
democrática.
A doutrina vigente não atribuiu uma definição objetiva e precisa sobre distúrbios e
tensões internas, e nenhum instrumento internacional correu o risco de fazê-lo.
Entretanto, para os efeitos deste curso, e com intuito de padronizar e esclarecer seu
significado, adotaram-se os conceitos constantes do “Diccionario de Derecho
Internacional de los Conflictos Armados – Pietro Verri (1998)”.
O diploma legal não oferece uma definição, ou melhor, nos indica uma definição
“negativa”, isto é, por exclusão. Assim sendo, “situações de tensão e perturbação
internas” não podem ser caracterizadas como conflitos armados (guerra). Portanto,
o Protocolo II não se aplica a elas.
DE ROVER (2005) menciona que nem sempre fica claro quando incidentes separados,
como reuniões, passeatas, manifestações, desordens e atos isolados de violência
Dificuldade de conceituação
DE ROVER (2005) verificou que o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV)
tentou definir distúrbios e tensões. Entende que, embora a fórmula do CICV não
seja plenamente reconhecida como tal, proporciona uma descrição completa, que
serve aos propósitos de aprofundamento dos estudos. Em um documento do CICV
oferece a seguinte descrição de distúrbios interiores:
DEYRA (2001), assim como DE ROVER (2005) e CAPUTO (1996-1997), verifica que o
artigo 1.2, do II PA (Protocolo Adicional II), exclui de sua proteção as situações de
tensões e distúrbios interiores, como os motins, os atos isolados e esporádicos de
violência e outros atos análogos não considerados como conflitos armados.
Primazia do poder civil se deve ao fato das Forças Armadas normalmente serem
empregadas para manter e restaurar a ordem em nome das autoridades civis,
baseando-se nas normas de direito contidas no direito penal e no civil do Estado em
questão.
Uso mínimo da força entende-se a mínima necessária para levar a cabo uma missão
lícita que pode ir desde a defesa própria até o emprego de técnicas tradicionais de
guerra.
Legitimidade diz respeito às operações que devem ter como objetivo a proteção do
estado de direito. Deve-se velar para que as forças militares sejam parte da solução
Artigo 4º
1. Quando situações excepcionais ameacem a existência da nação e sejam proclamadas
oficialmente, os Estados Partes do presente Pacto podem adotar, na estrita medida exigida
pela situação, medidas que suspendam as obrigações decorrentes do presente Pacto, desde
que tais medidas não sejam incompatíveis com as demais obrigações que lhes sejam impostas
pelo direito internacional e não acarretem discriminação alguma apenas por motivo de raça,
cor, sexo, língua, religião ou origem social.
2. A disposição precedente não autoriza qualquer suspensão dos artigos 6°, 7°, 8° (§§1° e
2°), 11, 15, 16 e 18.
3. Os Estados Partes do presente pacto que fizerem uso do direito de suspensão devem
comunicar imediatamente aos outros Estados Partes do presente Pacto, por intermédio do
secretário-geral das Nações Unidas, as disposições que tenham suspenso, bem como os
motivos de tal suspensão. Os Estados Partes deverão fazer uma nova comunicação,
igualmente por intermédio do secretário-geral da Organização das Nações Unidas, na data em
que terminar tal suspensão.
a) A situação deve ser uma emergência pública que ameace a vida da nação; e
b) O Estado Parte deve proclamar oficialmente o estado de emergência, o que é
essencial para a manutenção dos princípios de legalidade e império da lei nas
situações em que são mais necessárias.
O artigo 4º (2) dispõe que não autoriza derrogação dos seguintes artigos, que
contemplam os seguintes direitos inalienáveis:
Apesar de ser objeto de estudo específico na aula sobre uso da força e armas de
fogo, o tema merece aqui uma consideração mais específica. A questão do emprego
da força e armas de fogo é, muitas vezes, uma questão de doutrina da instituição ou
corporação policial colocando-se sempre em evidência a questão do serviço e do
interesse público. Entretanto, atualmente, se enfatiza que os policiais e outros
funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem ter conhecimento teórico e
prático sobre o uso progressivo da força.
O exercício do poder para usar da força e armas de fogo não é uma questão
individual, mas sim uma questão funcional. Qualquer uso que não esteja dentro da
legalidade estará sujeito a uma crítica por excesso, desvio, abuso de autoridade ou
poder.
Artigo 3º: Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só podem empregar a força
quando tal se afigure estritamente necessário e na medida exigida para o cumprimento do
seu dever.
Comentários:
a) Essa disposição salienta que o emprego da força por parte dos funcionários responsáveis
pela aplicação da lei deve ser excepcional. Embora admita que esses funcionários possam
estar autorizados a utilizar a força na medida em que tal seja razoavelmente considerada
como necessária, tendo em conta as circunstâncias, para a prevenção de um crime ou para
deter ou ajudar à detenção legal de delinquentes ou de suspeitos, qualquer uso da força fora
desse contexto não é permitido.
b) A lei nacional restringe, normalmente, o emprego da força pelos funcionários responsáveis
pela aplicação da lei, de acordo com o princípio da proporcionalidade. Deve-se entender que
tais princípios nacionais de proporcionalidade devem ser respeitados na interpretação dessa
disposição. A presente disposição não deve ser, em nenhum caso, interpretada no sentido da
autorização do emprego da força em desproporção com o legítimo objetivo a atingir.
c) O emprego de armas de fogo é considerado uma medida extrema. Devem fazer-se todos os
esforços no sentido de excluir a utilização de armas de fogo, especialmente contra as
crianças. Em geral, não deverão utilizar-se armas de fogo, exceto quando um suspeito
ofereça resistência armada, ou quando, de qualquer forma coloque em perigo vidas alheias e
não haja suficientes medidas menos extremas para o dominar ou deter. Cada vez que uma
arma de fogo for disparada deverá informar-se prontamente as autoridades competentes.
Ao estudar o princípio básico 14, a conclusão inicial poderia ser de que ele apresenta
uma circunstância adicional para o uso legal de armas de fogo. Isso, porém, não é
Conclusão
Gabarito
Aula 1 – Definições
Aula 2 – Captura
Aula 3 – Detenção
Aula 4 – Uso da força e arma de fogo
Captura designa o ato de reter uma pessoa sob suspeita da prática de um delito ou
pela ação de uma autoridade.
Prisão significa a condição de manter qualquer pessoa privada de sua liberdade como
resultado da condenação por um delito.
Saiba mais...
Para saber mais acesse o Conjunto de Princípios.
http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/legislacao-pfdc/docs_sistem-prisional/conj_principios.pdf
Definição
Esclarecimento inicial
Utiliza-se o termo “captura” como tradução da palavra “arrest”, em inglês, para
padronizar este curso aos instrumentos internacionais aqui referidos, e também para
marcar a distinção entre a captura da pessoa sob suspeita e a prisão da pessoa
sentenciada.
Ninguém será privado de [sua] liberdade exceto com base em e de acordo com os
procedimentos estabelecidos por lei. (PIDCP, artigo 9º, item 1)
Para que alguém seja capturado ou detido é necessário que os motivos estejam
claramente estabelecidos na legislação nacional ou não sejam contrários a ela.
Sempre que uma pessoa for capturada, a razão deve ser pela suspeita da prática de
um delito ou por ação de uma autoridade (Conjunto de Princípios, Princípio 36.2).
Toda pessoa capturada deverá ser informada, no momento de sua captura, das
razões da captura, devendo ser prontamente informada de qualquer acusação
contra ela. (PIDCP, artigo 9.2, Conjunto de Princípios, Princípio 10)
Não há uma definição clara do que se entende por prontamente. Em muitos Estados,
o período máximo permitido, antes que uma pessoa capturada seja trazida perante
um juiz ou autoridade similar é limitado a 48 horas. Há Estados em que esse período
é limitado a 24 horas. Esse período, de 48 ou 24 horas, é mais comumente chamado
de custódia policial. O período que o segue é chamado de prisão preventiva.
Para proteger a situação especial das mulheres e das crianças e adolescentes existem
disposições adicionais a respeito de sua captura, detenção e prisão.
Aula 3 – Detenção
Esclarecimento inicial
Instituições penais
A - Presos condenados;
B - Presos que sofrem de insanidade e doenças mentais;
C - Presos detidos ou aguardando julgamento;
D - Presos condenados a prisão civil; e
E - Pessoas detidas ou presas sem acusação.
Saiba mais...
Leia na íntegra o texto das RMTP, também conhecido como Regras Mínimas para
Tratamento de Prisioneiros/Reclusos.
(http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/legislacao-pfdc/docs_sistem-prisional/regras_minimas.pdf)
Uso da força
Como você já estudou, o artigo 3º, do CCEAL, fornece normas sobre o uso da força,
nos seguintes termos:
“Os funcionários encarregados pela aplicação da lei podem fazer uso da força
quando estritamente necessário e até a extensão requerida para o cumprimento
de seu dever”.
O parágrafo a., dos comentários, estabelece que o uso da força policial deveria ser
excepcional e que, enquanto a polícia faz uso de uma tal força dentro do
razoavelmente necessário, para a prevenção do crime, realização ou para a
assistência à detenção legítima de delinquentes ou de cidadãos suspeitos, nenhuma
outra força além dessa pode ser usada.
O terceiro parágrafo dos comentários exclui a utilização das armas de fogo por
qualquer outra razão que não seja a legítima defesa. O significado da exigência,
como expressa naquele parágrafo, pela qual um relatório deve ser apresentado
quando uma arma de fogo é disparada por um policial, é parte do processo para
assegurar uma responsabilidade efetiva da polícia para com seus atos. Não se trata
de uma mera formalidade. É de fato um elemento importante na investigação
obrigatória que segue uma morte causada por uma autoridade policial, e pode agir
como uma dissuasão contra o uso ilegítimo de armas de fogo pela polícia.
Como se verifica, o poder do uso da força e o emprego de armas de fogo pelos FEAL
têm implicações de grande alcance e profundidade e, por essa razão, foi elaborado
um instrumento internacional específico que estabelece princípios para seu emprego.
Esse documento denominado Princípios Básicos sobre o uso da Força e Armas de
Fogo foi adotado pelo VIII Congresso das Nações Unidas sobre a Prevenção do Crime e
o Tratamento de Infratores, em 7 de setembro de 1990.
Saiba mais...
Acesse os Princípios Básicos sobre o uso da Força e Armas de Fogo e saiba mais
sobre o assunto.
(http://www.dhnet.org.br/direitos/codetica/codetica_diversos/funclei.html)
Captura designa o ato de deter uma pessoa sob suspeita da prática de um delito ou
pela ação de uma autoridade.
O artigo 3º, do CCEAL, fornece normas sobre o uso da força, nos seguintes termos:
Os funcionários encarregados pela aplicação da lei podem fazer uso da força quando
estritamente necessário e até a extensão requerida para o cumprimento de seu
dever.
( ) PBUFAF e CCEAL
( ) PIDESC e PIDCP
( ) DUDH e PBUFAF
( ) CADH e CCEAL
( ) RMTP e DUDH
Gabarito
1. 2 – 3 - 1
2. É considerada medida extrema.
3. XLV - Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o
dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores
e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
XLVI - A lei regulará a individualização da pena e adotará, dentre outras, as seguintes:
a) Privação ou restrição da liberdade;
b) Perda de bens;
Esses poderes (captura, detenção e uso de força e uso de armas de fogo) são
essenciais para que os funcionários encarregados pela aplicação da lei, dentre
eles, você, agente de Segurança Pública, possam desempenhar suas funções.
Essas faculdades trazem também grandes riscos, pois, embora sejam fundamentais
para a salvaguarda dos direitos humanos, podem, ao contrário, levar os funcionários
encarregados de aplicação da lei a serem potenciais violadores de direitos humanos,
que devem manter e defender.
Em situações reais, suas decisões imediatas não são orientadas por um superior
hierárquico que lhes dá a ordem e, sim, orientadas por seu próprio juízo e pelos
princípios de legalidade, necessidade e proporcionalidade.
Contratação e seleção
É necessário que se estabeleçam os perfis físicos e psicológicos mínimos para seleção
e contratação dos funcionários encarregados pela aplicação da lei, em conformidade
com as funções que devem desempenhar.
Educação e a formação
É necessário garantir uma grande qualidade e velar para que estejam em consonância
com as normas internacionais de direitos humanos. Além do que, deve-se
continuamente examinar os procedimentos de aplicação da lei, lembrando que o
artigo 2º, do Código de Conduta dos Funcionários Encarregados pela aplicação da lei,
estabelece que:
● Os funcionários encarregados pela aplicação da lei têm o dever de respeitar e
proteger a dignidade humana e manter e defender os direitos humanos de todas as
pessoas.
● Também é de fundamental importância que cada funcionário encarregado pela
aplicação da lei passe por exames e avaliações periódicas, para que se verifiquem
suas condições físicas e psíquicas adequadas para o desempenho de suas funções.
Prestação de contas
Os cidadãos têm direito de pedir aos órgãos encarregados pela aplicação da lei que
prestem contas de seus trabalhos e do desempenho de suas funções. Portanto, esses
órgãos devem registrar, analisar e avaliar seus próprios desempenhos e dar
conhecimento das conclusões aos cidadãos.
Ainda que essas violações sejam cometidas por agentes individuais de ordem pública,
a comunidade internacional considera responsável o Estado. Mas, a ação de um
funcionário encarregado pela aplicação da lei pode ter repercussões internacionais.
Caso um funcionário encarregado pela aplicação da lei constate que uma ordem é
ilegal e tem a possibilidade razoável, por mínima que seja de negar-se a acatá-la,
não está obrigado a cumpri-la.
● Se recusarem a cumprir uma ordem [ilegal] para usar força ou armas de fogo; ou
● Comuniquem tal uso [ilegal] realizado por outros encarregados. (PB25)
● Tenham conhecimento de que uma ordem para usar força e armas de fogo que
tenha resultado em morte ou ferimento grave de alguém foi manifestamente
ilegítima; e
● Tiveram oportunidade razoável para se recusar a cumpri-la.
O que é deixado claro pelos Princípios Básicos sobre o uso da Força e de Armas de
Fogo para os Funcionários Encarregados pela Aplicação da Lei é que a
responsabilidade cabe tanto aos encarregados envolvidos em um incidente
particular com o uso da força e armas de fogo, como a seus superiores. Esses
princípios afirmam que os chefes têm o dever de zelo sem que isso retire a
responsabilidade individual dos encarregados por suas ações.
Mecanismos de queixa
Muitos países possuem mecanismos e recursos para tratar das queixas de seus
cidadãos. Esses recursos vão desde as comissões internas de remissão até serviços
especiais. Sejam quais forem os mecanismos existentes em um país, as queixas sobre
o trabalho dos funcionários encarregados pela aplicação da lei são sempre um
assunto delicado. Para um agente não é fácil encarar críticas de um cidadão, que é
considerado como uma pessoa de fora. A resistência coletiva por parte dos agentes
de uma determinada organização encarregada pela aplicação da lei em receber
queixas oriundas dos cidadãos é muito comum e, às vezes, veem essas reclamações
de modo muito questionável. Por essa razão, os superiores e função de comando
devem levar em conta todas as queixas e investigá-las de maneira pronta, completa e
imparcialmente. Além disso, deve orientar a seus subordinados de que todos os
cidadãos têm direito de apresentar queixas.
B. Questões específicas
As violações aos direitos humanos são violações das normas pertinentes do direito
penal (âmbito nacional) e/ou do Direito Internacional dos Direitos Humanos.
Num sentido legal restrito, os direitos humanos podem ser violados somente
quando o ato ou omissão é imputável ao Estado.
Como funcionário encarregado pela aplicação da lei, você deve oferecer proteção
e assistência a todas as vítimas de delitos. Entretanto, isso não se limita a situações
em que cidadãos são vítimas de outros cidadãos. Contraditoriamente, os funcionários
encarregados pela aplicação da lei, em virtude de suas atividades profissionais são
sujeitos ao abuso de poder e, em consequência disso, cometem graves violações de
direitos humanos.
No plano internacional, os Estados Partes podem ter que responder pelas suas
práticas no campo dos direitos humanos, através de uma larga variedade de
mecanismos jurídicos, quasi-jurídicos e políticos, incluindo processos de queixas
individuais estabelecidas amparadas em alguns tratados sobre direitos humanos.
As queixas individuais dirigidas a um dos corpos que controlam os tratados podem ser
processadas somente quando o Estado, em questão, tenha aceitado a competência
desse corpo para receber e considerar essas comunicações. Todos os recursos
possíveis em nível nacional devem estar já esgotados.
A importância de assegurar o fim dos abusos de poder no uso da força precisa ser
enfatizada. A violência policial, no entanto, pode resultar em sérias violações do
direito à vida. Além disso, ela exacerba as dificuldades e os perigos do policiamento,
já bastante difícil e perigoso em si mesmo, por causa das reações imediatas e de
longa duração que provoca. A violência policial ilegítima pode levar a uma séria
desordem pública, à qual a polícia tem, então, que responder, podendo assim expô-
la a situações perigosas e desnecessárias, fazendo com que ela se torne mais
vulnerável aos contra-ataques, conduzindo a uma falta de confiança na própria
polícia por parte da comunidade – o que se torna prejudicial a um policiamento
efetivo. (Vianna, 2000)
Conclusão
Referências bibliográficas
ROVER, Cees de. Para servir e proteger. Direitos humanos e Direito Internacional
Humanitário para forças policiais e de segurança: manual para instrutores. Tradução
Sílvia Backes e Ernani S. Pilla. 4ª edição. Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
Brasília – DF, 2005.
ROVER, Cees de. Para servir e proteger. Direitos humanos e Direito Internacional
Humanitário para forças policiais e de segurança: manual para instrutores.
Tradução Sílvia Backes e Ernani S. Pilla. 4ª edição. Comitê Internacional da Cruz
Vermelha. Brasília – DF, 2005.