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Os sistemas mistos:

FERRERO aponta o parlamentarismo orleanista como exemplo histórico da busca do equilibrio


entre o executivo e o legislativo no momento de transição das estruturas da monarquia
tradicional para a monarquia constitucional.

O orleanismo traduz a evolução da monarquia limitada para o parlamentarismo. O poder


executivo é atribuído ao rei, e o poder legislativo ao parlamento. O seu segredo consistiu em
reconhecer em teoria e publicamente a superioridade do poder legislativo, mas na realidade, e
sem o revelar, do que se tratava era de controlar invisívelmente o poder legislativo por
intermedio do poder executivo e da autoridade real.

O poder real, mais tarde, presidencial, transforma-se numa força mediadora e conciliadora que
se esconde por detrás do principio democrático.

No quadro de um regime parlamentar dualista, o monarca exerce efectivamente poderes


autónomos de direção politica, que se traduzem no direito de dissolver as camaras, direito esse
que se equilibra com o direito de o parlamento votar a desconfiança ou censura ao governo.

O dualismo característico da forma monárquica representativa decorre de uma fase de


momentâneo equilíbrio entre o principio monárquico e o principio democrático, com
acentuação do papel do chefe de estado, elevado a chave e fator institucional de equilíbrio do
funcionamento global do sistema. Naturalmente, a evolução sucessiva dos textos
constitucionais tenderá a transformar esse dualismo inicial num sistema monista com
prevalência do principio parlamentar ou do principio presidencial

É a propósito das falsas categorias mistas como o semi-presidencialismo que se tem vindo a
afirmar que não correspondem a nenhum modelo novo de sistema político. Não existe uma
oposição natural entre os sistemas, apenas lógicas institucionais diversas. Os modelo mistos
resultam simplesmente circunstanciais e não de principio.

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