Você está na página 1de 11

Lentes de contato para olhos secos

Lentes de contato para olhos secos : o que pode ser feito ?

Desconforto, olhos vermelhos e irritados. Estes são os sintomas associados com olhos
ressecados, e, no passado, devem ter sido a razão porque muitas pessoas resistiam a usar
lentes de contato.

Em muitos casos o ressecamento dos olhos é causado pelo ambiente. Ar condicionado


no verão e aquecimento no inverno podem ocasionar desconforto ocular. Alergias e a
poluição do ar também são culpados.

É importante reconhecer que alguns medicamentos e doenças podem, também,


contribuir para o ressecamento dos olhos.- por exemplo, pílulas contraceptivas podem
causá-lo, assim como a artrite reumatoide e, até mesmo, o processo natural de
envelhecimento.

Olhos ressecados podem ser um problema para qualquer pessoa – mesmo para aquelas
que não usam lentes de contato – mas existem vários remédios à disposição para ajudar
a aliviar os sintomas.

Quais são as melhores lentes de contato para olhos secos ?

Para aqueles que usam lentes de contato o ressecamento pode se dever à escolha da
lente de contato. Isto se dá porque muitas das lentes gelatinosas são feitas com
polímeros que incorporam água – alguns contendo entre 40 e 80 por cento de água.

A composição plástico/água destas lentes de contato foi concebida para manter as lentes
úmidas e confortáveis, porém, ao longo do dia, as lentes podem começar a ressecar,
absorvendo, então, umidade dos seus olhos o que resulta em secura e desconforto.

Uma solução é mudar para uma lente feita de silicone-hidrogel. Este material usa
silicone ao invés de água na sua composição, e não resseca ou absorve água de seus
olhos.
Caso você sofra de ressecamento nos olhos, algumas marcas de lentes descartáveis
também oferecem lentes feitas de silicone. Com estas lentes você terá o duplo benefício
das lentes de contato de silicone e lentes que são descartadas diariamente, evitando o
acúmulo de minerais que resultam de pouca lubrificação e podem piorar o desconforto.

Fique confortável ao usar lentes de contato

Seja qual for o tipo de lente que você usa, algumas medidas adicionais podem ser
tomadas para evitar a sensação de ressecamento dos olhos. Várias soluções e
lubrificantes podem ser usados para limpar suas lentes e ajudá-las a manter a umidade.

O uso adicional de colírios pode ser uma boa maneira de evitar o desconforto. Ao
comprar estes produtos não deixe de checar as instruções de suas lentes de contato e
compará-las à bula do colírio para ter certeza de que os produtos que você está
comprando são, de fato, compatíveis com o tipo de lentes que você usa. Seu
oftalmologista ou farmacêutico podem ajudá-lo.

Ache as lentes de contato certas para olhos ressecados

Caso você sofra de ressecamento nos olhos você deve discutir este problema com seu
oftalmologista. Ele poderá informá-lo sobre sua situação específica e assegurar que seus
olhos estão sadios, além de ajudá-lo a escolher lentes apropriadas para seu caso.

Lente de contato e Olho Seco

A síndrome do olho seco é um problema que afeta


a muitas pessoas em graus de severidade branda a severo, os casos mais
leves geralmente o paciente é praticamente assintomático. Já nos casos mais
severos o paciente sente ardência nos olhos, acaba muitas vezes coçando os
olhos com vigor para aliviar o incômodo. O olho seco significa que o paciente
possui uma quantidade de lágrima nos olhos menor do que o necessário e a
causa pode ser deficiência da na produção de lágrima ou causa evaporativa. O
tempo seco e com baixíssima umidade registrados nestes últimos 10 dias na
grande São Paulo devem ter sido catastróficos para estes pacientes pois os
sintomas agravam-se com a umidade relativa do ar muito baixa e com a
concentração de poluição no ar.

Muitos pacientes submetidos a cirurgia refrativa apresentam o quadro de


insuficiência lacrimal, alguns pacientes ainda que assintomáticos podem ser
diagnosticados com instabilidade lacrimal com os exames de tempo de ruptura
do filme lacrimal (T-BUT), teste de Schirmer com ou sem anestésico (nós
preferimos com anestésico de acordo com o protocolo do Will's Eyes Hospital)
e também o teste com Rosa Bengala ou Lissamina Verde para corar células
mortas e filamentos de muco no filme lacrimal (nós preferimos o teste com
Lissamina Verde pelo fato de não causar ardência no paciente e que apresenta
resultados precisos). É normal pacientes com agravamento da síndrome de
olho seco pós-cirurgia refrativa conformar-se com a situação relatando que a
independência de óculos ou lentes de contato ainda é melhor mesmo tendo
que depender do uso de colírios em forma de lágrimas artificiais.

Os pacientes que apresentam síndrome de olho seco frequentemente coçam


mais os olhos e tem um diagnóstico de alergia ocular, inclusive utilizando
medicação anti-alérgica em forma de colírio enquanto na verdade o diagnóstico
diferencial aponta para deficiência do filme lacrimal e olho seco. Pudemos
observar nestas últimas décadas que muitos pacientes com ceratocone tem o
hábito de coçar sofreguidamente sendo esta provavelmente a causa da perda
de parte da resistência biomecânica corneana o que irá provocar o surgimento
do ceratocone.
Os pacientes operados por Lasik que anos depois
desenvolveram um "ceratocone" não primário (ectasia secundária), também
chamada cientificamente de ceratoectasia iatrogênica, se tornaram portadores
de ceratocone provavelmente pelo fato de durante a cirurgia quando é feito o
corte do flap corneano várias fibras de colágeno corneano são cortadas,
dmiminuindo significamente a resistência biomecânica pois estas fibras não
voltam a ser ligadas e também pelo fato de com a ablação pelo laser uma
quantidade significativa de tecido estromal é retirado para obter a correção do
grau na cirurgia refrativa. Aliado a este fator, a dminuição da produção de
lágrima ou a instabilidade da lágrima poderá gerar a necessidade do paciente
de coçar os olhos como nos portadores de olho seco, o que sabe-se é um dos
motivos sempre mencionados como importante em todos os estudos
relacionados a origem do ceratocone.

Uso de Lentes de Contato no Olho Seco

Para os usuários de lentes de contato esse é um problema que pode


impossibilitar o uso de lentes gelatinosas ou descartáveis pelo fato destas
terem um efeito de absorver a lágrima do paciente e agravar os sintomas de
olho seco. Neste caso a adaptação de lentes rígidas gás permeáveis (RGPs)
ou simplesmente gás permeáveis é bem indicado, desde que a adaptação seja
feita corretamente e com lentes de boa qualidade para assegurar ao paciente
conforto, segurança e a melhor acuidade visual possível de se obter,
geralmente melhor que qualquer lente gelatinosa. As lentes de contato RGPs
de boa qualidade e com desenho apropriado permitem que a lágrima (ainda
que em menor quantidade) circule livremente pela córnea, sendo mais
saudável especialmente para a córnea e para a livre passagem da pálpebra
superior ao piscar. Devido ao fato destas lentes não absorverem a lágrima os
olhos ficam umidificados com a pouca lágrima que o paciente apresenta no
caso do olho seco ou com o uso de colírio lubrificante em forma de lágrimas
artificiais.

Embora as lentes RGPs sejam melhor indicadas para portadores de síndrome


de olho seco é importante que esse detalhe seja observado no exame sob o
biomicroscópio. A falha em não observar o problema e indicar um colírio
lubrificante em forma de lágrima artificial pode levar o paciente a agravar os
sintomas de coceira e desconforto com as lentes, especialmente em condições
atmosféricas impróprias como umidade relativa do ar muito baixa (tempo seco)
e em ambientes com ar condicionado, vento ou ambientes com calefação. Isso
agrava sobremaneira o estado de saúde geral da córnea, podendo levar o
paciente a ter desde crises de hiperemia conjuntival (olho vermelho) como a
lesões corneanas que podem ser superficiais ou mesmo erosão de córnea com
rompimento da membrana de Bowman atingindo o estroma, que em alguns
casos provoca uma úlcera de córnea.

O tratamento nestes casos envolve a suspenção imediata do uso de lente de


contato, tratamento com gel reepitelizador e cicatrizador, lubrificantes e se
necessário o uso de antibióticos profiláticos nos casos
mais severos. Naturalmente que os casos mais graves são mais raros pois
geralmente o paciente irá fazer revisão oftalmológica, geralmente ele é levado
a acreditar que o problema encontra-se na sua lente, o que pode ocorrer
também se a lente não for bem adaptada e se não for de boa qualidade,
mas neste caso estamos falando de alteraçãoes na fisiologia da lágrima e de
uma condição que afeta em torno de até 40% da população.

Uma correta avaliação oftalmológica e do padrão de adaptação da lente


RGP assegura a saúde do paciente e pode mantê-lo saudável usando suas
lentes de contato. Em alguns casos pequenas recomendações devem ser
feitas aos pacientes lembrando-os da necessidade de piscar, hoje em dia com
o uso cada vez maior de computadores é normal que mais pacientes
tenham sintomas de olho seco quando se expõem por horas ao monitor e
"esquecem de piscar". É importante observar o paciente para investigar
blefarite, em alguns casos simplesmente orientar o paciente a lavar os olhos
com sabonete líquido neutro com as pálpebras fechadas, esfregando por sobre
as pálpebras e cílios em movimentos circulares passageando estas áreas o
ajudará a ter uma melhor lubrificação e diminuição dos sintomas, as vezes
também é interessante lavar os olhos uma vez por semana com soro fisiológico
recém aberto, enaguando bem os olhos abundantemente e piscando algumas
vezes para remover detritos e filamentos de mucina que possam estar
presentes na lágrima e que podem irritar os olhos.

O uso de ar condicionado ou calefação que provocam uma súbita diminuição


na umidade do ar também é um fator agravante e algumas recomendações
importantes devem ser feitas para o paciente, como o uso de umidificadore de
ambiente ou a simples colocação de um balde ou bacia com água (pode ser
uma toalha umedecida) no ambiente onde ele se encontra. Pausas no uso do
computador e pequenas caminhadas para fortalecer estas pausas a cada 20 -
30 minutos são úteis pois neste momento o paciente irá voltar a piscar
normalmente.

Os casos de olho seco mais graves devem ser clinicamente registrados no


consultório médico e o paciente deve ser orientado a utilizar medicação
adequada de maneira a obter melhor estabilidade lacrimal. Hoje em dia existem
diferentes tipos de colírios lubrificantes a base de lágrimas artificiais mas é
importante lembrar que pacientes dependentes destes lubrificantes que pingam
estas gotas várias vezes por dia devem ser orientados a utilizar lubrificantes
sem preservativos (conservantes) devido a toxicidade presente na maior
parte dos lubrificantes. Os pacientes que tem deficiência ou instabilidade
lacrimal crônica ou muito grave ao utilizar lubrificantes com conservantes criam
um efeito "rebote" no qual quanto mais lubrificam os olhos mais eles parecem
necessitar de lubrificação, tornando o tratamento ineficaz.
Alternativas para o tratamento do olho seco

Os colírios lubrificantes em forma de lágrimas artificiais são os mais utilizados


recursos para tratamento do oho seco, alguns destes possuem fórmulas mais
modernas de forma a hidratar e manter por mais tempo hidratada a superfície
ocular. A Allergan por exemplo disponibiliza os lubrificantes Fresh Tears,
Optive e o Endura. Estes lubrificantes tem a vantagem de segundo o fabricante
de ter em sua formulação o conservante Purite que logo que a gota do produto
sai do frasco e entra em contato os olhos se transforma em um dos
componentes da lágrima natural. A Allergan também oferece hoje os
lubrificantes Refresh Flaconetes e o Optive UD que são apresentados em
forma de flaconetes e sem conservantes. Outros lubrificantes com fórmulas
semelhantes ao Fresh Tears (Carmelose Sódica 0,5%) são os lubrificantes
Lacrifilm e Ecofilm.

O Fresh Tears Liquigel da Allergan (carboximetil celulose sódica) é uma boa


alternativa aos pacientes com sindrome de olho seco pois sua exclusiva
formulação gel-líquida assegura maior tempo de retenção na superfície da
córnea, o que permite sua utilização também em casos de gravidade moderada
de olho seco, aliviando os sintomas associados.

Entre as alternativas com a utilização de medicamentos em forma de colírios


está o uso da ciclosporina que embora os resultados demorem a aparecer
(geralmente em torno um mês e meio) podem ser um importante aliado em
alguns casos onde o oftalmologista observa que é preciso promover uma maior
produção lacrimal. Existem alguns trabalhos publicados sobre a utilização do
Restasis para tratamento do olho seco, a ciclosporina apresenta atividade
imunossupressora. Em pacientes cuja produção de lágrimas é supostamente
suprimida devido à inflamação ocular associada à ceratoconjuntivite seca,
acredita-se que a ciclosporina emulsão apresente atividade imunomoduladora
parcial. O mecanismo de ação exato não é conhecido. a ciclosporina apresenta
atividade imunossupressora. Em pacientes cuja produção de lágrimas é
supostamente suprimida devido à inflamação ocular associada à
ceratoconjuntivite sicca (olho seco), acredita-se que a ciclosporina emulsão
apresente atividade imunomoduladora parcial. O mecanismo de ação exato
não é conhecido. Os recentes estudos envolvendo o Restasis mostraram que
leva em torno de 4 a 6 semanas para começar a ter efeito e pode ser utilizado
concomitantemente com lágrimas artificiais.

Inserção de SmartPlug de Silicone

O implante de plugs lacrimais de silicone hoje é um importante aliado para que


alguns pacientes possam manter uma quantidade de lágrima nos olhos,
mantendo a fisiologia corneana saudável. É interessante que o paciente pode
ser testado com Smart Plugs de silicone que se decompõem em torno de 10
dias, prazo no qual o médico e paciente poderão avaliar a eficácia ou não do
tratmento e assim se for o caso realizar a colocação de plugs definitivos
(podem ser retirados mas não se decompõem) que irão permanecer nos dutos
de escoamento lacrimal interrompendo seu fluxo normal mas criando um
menisco lacrimal normal que irá garantir uma maior estabilidade do filme
lacrimal corneano e garantido a saúde fisiológica corneana. É dos métodos de
fechamento dos dutos de escoamento lacrimal o menos invasivo e indolor,
podendo ser realizado no próprio consultório sem a necessidade de ambiente
cirúrgico.

Lentes RGPs Esclerais e Semi-Esclerais

O uso de Lentes de contato RGP Esclerais e Semi-Esclerais no tratamento do


olho seco severo é uma alternativa bastante viável ao menos no IOSB onde
estamos realizando adaptações em pacientes com necesidades de tratamento
de olho seco e correção óptica de ametropias regulares (miopia e
astigmatismos) e irregulares (ceratocone, degeneração marginal pelúcida,
ceratocone globoso, seqüelas de cirurgias refrativas e pós-transplante de
córnea). As lentes de contato gás permeáveis esclerais e semi-esclerais
caracterizam-se por serem lentes que não tocam ou se apoiam na córnea,
elas repousam suavemente na esclera (porção branca dos olhos), e são
inseridas nos olhos com uma solução salina sem conservantes que fica em
contato direto com a córnea, mantendo a saudável por períodos que vão de 8 a
12 horas de uso contínuo, podendo naturalmente serem retiradas e
recolocadas se um maior número de horas de uso for necessário. A vantagem
desta técnica é que durante as horas nas quais o paciente mais precisa manter
seus olhos abertos e que sente das dificuldades impostas pelo desconforto da
síndrome de olho seco ele poderá obter total conforto e a acuidade visual
necessária para a realização de suas tarefas diárias, sejam elas de natureza
profissional ou domésticas.

O IOSB inciou de forma pioneira no Brasil a adaptação das lentes SSB


fabricadas pela Ultralentes, com uma casuística de mais de 60 pacientes
testados e a maioria já utilizando estas lentes por diferentes razões. Alguns
destes pacientes possuem a síndrome do olho seco e todos relataram uma
melhora significativa com o uso destas lentes, corroborando estudos e
publicações sobre o assunto nos EUA e no Reino Unido. É sem dúvida um
método de tratamento eficaz para a ceratoconjuntivite sicca, síndrome de
Sjörgen, entre outras patologias que causam olho seco severo.

O diagnóstico de síndrome de olho seco, embora seja uma patologia muito


comum nos dias atuais, ainda é pouco observada na consulta de rotina de
muitos oftalmologistas, talvez não seja dada a devida importância ao caso há
menos nos casos mais severos e as possibilidades de tratamento ainda são
pouco estudadas exceto por aqueles oftalmologistas que se especializam
nessa área e pesquisam muito o assunto assim como estudam as alternativas
de tratamento. Uma dica importante é orientar o paciente a observar quais são
os sintomas que ele sente ao longo do dia desde que acorda e anotar isso para
que ele possa apresentar ao oftalmologista. Isso ajudará ao médico realizar
uma melhor análise das queixas e assim ele poderá fazer um exame mais
detalhado e minuncioso, utilizando os métodos de teste disponíveis para uma
correta avaliação e prescrição do tratamento ideal.

Os pacientes com olho seco severo tem uma qualidade de vida muito ruim e
precisam muito que sejam acompanhados e exploradas as diferentes
alternativas de tratamento para que possam retomar a sua rotina sem soferem
com o problema. Já os pacientes com sintomas leves de olho seco devem ser
corretamente informados da condição e orientados de como proceder para
neutralizar ou amenizar os sintomas, assim como o tratamento preventivo é
eficaz para ele não tenha que futuras complicações com o olho seco que
possam comprometer sua saúde ocular.

Luciano Bastos
Diretor & Instrutor Clínico de LC IOSB
Dr. Marcelo Bittencourt
Diretor Clínico e Oftalmologista - Setor de Córnea IOSB
Dra. Juliana Pozza
Oftalmologista - Setor de Córnea IOSB

Você também pode gostar