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MAPA GEOMORFOLOGICO DO TRIANGULO MINEIRO: UMA ABORDAGEM MORFOESTRUTURAL-ESCULTURAL Triangulo Mineiro Geomorphological Map: A Morphostructural-Sculptural Approach RESUMO: ABSTRACT: Prof. Dra, Cloudete Aparecida Dallevedove Baccaro Ivone Luzia Ferreira Marlon Rogério Rocha Dr. Silvio Carlos Rodrigues Instituto de Geografia- UFU LAGES ~ Laboratério de Geomorfologia e Erosio de Solos © texto apresemua os procedimentos técnicos ¢ merodotégicos adotados na elaboragao do mapa geomorfologico da regido de Tridngulo Mineiro embasada nos conceitos de morfoestratura ¢ morfoescultura. bem como nas proposicdes de ROSS (1992). A imerpretacto de imagens TM-Landsat na escata de 1:250,000 possibilitou a geragao de um produto final na eseala de 1:500.000, que propiciaré uma grande contribuigdo para a compreensio da paisagem regional. Palavras chave: Geomorfologia, morfoestrutura, morfoescultura. This paper presents both technical and methodological procedures adopted in the elaboration of the geomorphological map of the Tridingulo Mineiro based in the morphosiruciure and morphosculpiure concepts, as well as in the propositions of ROSS (992). The interpretation of TM-Landsat satellite pictures in the scale of 1:250.000 allows the generation of a final product in the 1:500.000 seale, which will be a huge comtribuition 10 understand the landscape of the area. Key words: Geomorphology, morphostructure, morphosculprure. 1. INTRODUCAO A cartografia geomorfolégica & uma importante ferramentanosestudosambientais eno Plancjamento Fisico Territorial, gerando subsidios para o entendimento dos ambientes naturais. © iinico trabalho de cartografia geomorfolégica sistemsitica executado no Triéngulo Mineiro foi 0 mapeamento desenvolvido pelo Projeto RadamBrasil no inicio da década de 1980 (Planalto Rebaixado de Goiania ¢ Planalto Setentrional da Bacia do Parana). Outro trabalho relevante foi ode BACCARO (1991) que, levando em conta a geologia, as formas ¢ o nivel de lissecagaio, definiu quatro grandes compartimentos: Areasde relevo intensamente dissecado, Areas com relevo medianamente dissecadlo, Areas de relevo residual e Areas elevadas de cimeira com topos amplose largos. ‘Soviedade & Natureza, Uberiandia, 19 (25) 115-127, jansier, 2001 115, ‘Mapa Geomorfoligico do Triéngulo Mineiro: uma abordagem morfuesrutwralecultural ‘Ambos os irabalhos foram produzidos na escala de 1:1,000,000, 0 que, diante do arcabougo gcologico da area c complexidade de organizagio do relevo, evidencia a necessidade de se aprofundar tais estudos, possibi gerapio de informagSes mais detalhadas que, por sua vez itdo possibilitar novos estudos nao apenas naescala regional, mas também naescala local 2. CARACTERIZACAO FISICA DA AREA Segundo RADAMBRASIL (1983) a regi do Tridingulo Mineiro insere-se na unidade dos Planaltos e Chapadas da Bacia Sedimentar do Parana, Trata-se de uma regio que, nas tiltimas décadas sofreu grandes impactos ambientais, tendo em vistaa ocupagao e crescimento nao planejados. A vegetagdo de cerrado foi quase totalmente substituida por pastagens e por culturas de grd0s, principalmente a soja, o que, com ceteza, rompeu o estado de equilibrio de extensas dreas. Quase todo o Triangulo Mineiro, insere-se na morfoestrutura Bacia Sedimentar do Parana, apresentando como litologiasasroches do Grupo Bauru (Cretéceo), como as formagdes Uberaba, Marilia e Adamantina, sotopostas as rochss basilticasda Formagsio Serra Geral do Grupo So Bento (Mesoz6ico). Acima das rochas do Grupo Bauru, encontram-se 0s Sedimentos Cenozbieos inconsolidados, formando osterrenos de maiores altitudes. Todo esse pacote sedimentarda Bacia do Parana na regio do Tridngulo Mineiro, encontra-se assentado sobre as rochas Pré-Cambrianas do Grupo Araxa, ocorrendoainda areas de afloranento do Complexo Basal ou Granito-gniissico, Todo esse arcabougo geoligico regional é,a0 ladodos processos morfocliméticos pretéritos, eatuais, responsivel por toda a organizagio do relevo na regido, fazendo com que se formassem distintos compartimentes geomorfoldgicos na dea. 3. METODOLOGIA. A concepgio tedrico-metodolégica adotada parao desenvolvimento do mapeamento tem sua origem nos pressupostos tedrieos de morfoestruturae morfoescultura. Segundo PENCK apud ROSS, (1992), as formas de relevo da superficie de terra sio produtos do antagonismo das forgas internas ¢ externas, ou seja, dos processos endégenos ¢ exdgenos. Os processos endigenas de formagio do relevo si aqueles ligados a dinamica estrutural da crosia terrestre, podendo ser notados de forma ativa, no caso dos abalos dobramentos ¢ soerguimentos de plataformes por exemplo, ou de forma passiva, através da resisténcia litolbgica A ago dos processos exdgenes de formagio do relevo. Jéos processos exo genos sto ligados a dinamica externa, ou seja, ds caracteristicas climaticas queno presente e ao longo do pasado geol6gico, através da agao quimicac mecinica dadgua, do vento ede variagdes térmicas, que slo responsaveis pela esculturagao do modelado. ismicos, vuleanismos, Tais proposigdes contribuiram para a formulagio dos conceitos de morfoestrutura ¢ morfoescultura. de GUERASIMOV & MECERJAKOV ( in FAIRBRIDGE, 1968) MECERJAKOV (1968). Nessa perspectiva, 0 relevo ¢ mantido por uma determinada estrutura geolégica (Morfoestrutura) e apresenta caracteristicas esculturais (Morfoescultura), produto da ago climatica atual e pretérita, ‘Nessa linha te6rica, tem-se a proposta taxondmica ¢ de representapao cartogrifica do relevo deROSS (1992), Tratz-se de uma proposta apropriada narepresentaciio dos fatos geomdrficos de grandes dimensdes ¢ em escalas pequenas € ‘médias, tal como o mapeamentoem escala regional Eee nde 2001 16 Mapa Geumorfoldgice do Trlingulo Mineiro. une abordaem morfoestrutr objetivo do presente projet. Os niveis taxdnomicos definidos por ROSS (op. cit.) sto os seguintes 1°taxon- Unidades Morfoestrutur: co maiortaxon correspondente ds macroestruturas geolégicas que definem e sustentam um determinado padrio de formas grandes do relevo. 2" taxon - Unidades Morfoesculturais - Correspondem aos compartimentos © subcompartimentos do relevo pertencentes a uma determinada morfoestrutura gerados a partir de alteragées climéticas. Obrigatoriamente sio menores € mais jovens que as unidades morfoestruturais as quais pertencem. 3° taxon -Unidades Morfolégicas ou de padres de formas sernelhantes (modelado)- S30 conjuntos menores de formas do relevo. Apresentam um padrio de semelhanga entre siem funeao da rugosidade topografica, bem como do formato de topos, vertentes ¢ vales de cada padrao. Neste taxon as processos morfoclimaticos atuais. sto mais facilmente notades podendo-se identificar os agrupamentos de formas de agradagio (relevo de acumulagiio)e formas de denudagao (relevo de dissecagao). 4° taxon - Tipos de formas de relevo ou conjuntos de formas semelhantes - Corresponde as tipologias de modelado. Formas agugadas, convexas, tabulares, aplainadas em relevos de agradagao ¢ de denudagao, planicies fluviais e flivio-lacustres; 5° taxon ~ Tipos de vertentes - Sao as vVertentes ou setores das vertentes, dimensdes ‘menores dorelevo, quer sejam do tipo convexos, retilineos, agugados, planos, abruptos, etc 6° taxon - Formas menores de releva ou de Processos atuais- Ultimo e menor taxon. $0 formas geradas por processos crosives ¢ acumulativos atuais como 2s vogorocas, ravinas, deslizamentos, assoreamentos. depositos aluvionares de inundagio, bem como cortes, aterros, desmontes de morros e outras formes produzidas pelo homem, $6 podem ser representadas em trabalhos com escalas grand Porém, deve-se ressaltara impossibilidade \enica de representagdo de fatos geomériicos de menor dimensdo espacial como os representiveis nos trés iltimos taxons em escala pequenacomoa de 1:500.000. Portanto, a5 unidades mortoestruturais correspondem ao taxon maior e se definem pelos tipos genéticos de agrupamentose litologias e seus arranjos estruturais que determinam as formas do relevo, Asunidades morfoesculturais correspondem ao segundo taxon, compondo 03 conjuntos de formas de relevo que guardam as mesmas caracteristicas geneticas de idade e de semelhanga dos padrdes do modalado. J4 0 terceiro taxon consiste na identificagao das formas que geneticamente foram ou esto sendo gerados por processos denundacionais ou agradacionais. Esses processos denudacionais (D) elaboram as formas esculturais do relevo através da dissecagdo, por ago fisica e bioquimica tendo, como energia, o clima pretérito e atual. Os processos agradacionais (A) elaboram formas de relevo por deposi¢ao (acumulagao) de sedimentos, quer seja emambientes fluviais, lacustres, marinhos ouedlicos A base cartografica geral do mapeamento foi extraida das cartas topograficas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) na escala de 1:250.000. Jéa identificagao dos fatos geomérficos, condig%0 para a compartimentago ‘Soviedacie& Natureza, Ube Wandin, 18005). 1TS-127,jan Mer 2001 417

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