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Sistema de Alimentação
Esta é a primeira parte do projeto, pois antes de dimensionar o sistema de enchimento,
é preciso conhecer o volume total de metal que será necessário para preencher as cavidades da
peça e alimentadores. Vazios ou rechupes tendem a surgir nos “pontos quentes”, que são zonas
na peça com maior temperatura e consequentemente o último lugar que irá solidificar. O
alimentador deve ser posicionado em um lugar correto para que haja um gradiente térmico de
solidificação, isto é, o “ponto quente” deve ser deslocado para o massalote com o objetivo da
peça solidificar antes do alimentador e deixar a peça isenta de defeitos. Na prática da fundição
existem dois tipos básicos de alimentadores:
· Alimentador atmosférico ou de topo, que é posicionado na parte superior da peça e
cuja superfície está em contato direto com a atmosfera.
· Alimentador cego, que fica completamente dentro do molde, sendo envolvido pelo
material de moldagem.
O alimentador atmosférico tem como grande vantagem a facilidade para a exaustão de
gases. Porém, por estar em contato com o ar atmosférico sofre grande perda de calor por
radiação e convecção térmica, e age com pressão atmosférica. O alimentador cego, por estar
totalmente coberto pelo material de moldagem, tem menor perda de calor que o massalote
atmosférico. A escolha por esse tipo de alimentador se dá quando a quantidade de metal
utilizado é em níveis menores ou o projeto do sistema de alimentação não permite o anterior.
A eficiência dos massalotes pode ser aumentada, de modo que não seja preciso aumentar
o seu volume, com o uso de materiais isolantes, de topo ou lateral, isto é, luvas ou tintas
refratárias são adicionadas na interface metal/molde ou metal/atmosfera. Também podem ser
usados pós exotérmicos para que ocorra uma reação entre os componentes desses materiais, e
óxidos metálicos, gerando uma quantidade extra de energia para que o metal do massalote
permaneça líquido durante mais tempo. O superdimensionamento do alimentador fornecerá
uma maior probabilidade de ausência de defeitos, mas por outro lado, dará um baixo rendimento
metálico. Portanto, é necessário que haja um equilíbrio entre o volume do massalote e o
rendimento metálico.
Na ligação massalote/peça, é preciso um pescoço (com seção reduzida), para deixar que
o metal do alimentador escoe para a peça e permaneça líquido até que a peça se solidifique.
Além do mais, deve ser rojetado a fim de facilitar a sua retirada após a desmoldagem da peça.
Com a regra de Chworinov, regra esta que torna possível calcular o tempo de solidificação de
uma liga metálica baseado em uma série de propriedades físicas do metal líquido e da areia do
molde, além da forma da peça (relação entre volume e área). Com base nessa regra é possível
verificar que a geometria mais apropriada para prolongar a vida do massalote é esférica. Porém,
como sua moldagem é complexa, a forma mais frequente é a cilíndrica com o topo e a base
esférica.
A ligação entre massalote e peça (pescoço) deve estar líquida (ou parcialmente líquida)
aberta para permitir a passagem do metal do massalote para a peça durante a contração líquida
e durante a solidificação das partes finas da peça.
Nesta condição, os pescoços ficam abertos por mais tempo em peças de ferro nodular,
permitindo um refluxo parcial de metal das peças para os massalotes, aliviando parte da pressão
na cavidade do molde e prevenindo o problema de inchamento da peça (massalote de alívio de
pressão).
A figura abaixo ilustra o aspecto geral de massalotes de ferros fundidos cinzentos (sem
refluxo) e nodulares (com refluxo).
Para peças fundidas em moldes com partição horizontal é importante que o rechupe do
massalote não fique abaixo do nível da peça, para minimizar o risco de apresentar rechupe na
parte superior da peça, como ilustra a figura abaixo.
3.
Distância de alimentação dos massalotes (raio de ação):
Rigidez do molde:
Moldes de areia a verde apresentam rigidez limitada, mesmo com o uso de máquinas de
moldar de alta pressão, exigindo controle das misturas de areai quanto à compatibilidade.
Os desvios mais frequentes desta técnica de alimentação que podem resultar em defeitos
de rechupes são:
i) Massalote muito próximo da peça (pescoço curto) associado a pecas altas em relação
a linha de partição criam uma concentração de calor (ponto quente) no molde entre a peça e o
massalote. Em consequência, o tempo de solidificação do pescoço é aumentado devido a
concentração de calor, apesar do módulo de resfriamento calculado pela sua geometria estar
conforme projeto. Neste caso, a distância entre massalote e peça deve ser aumentada ou a seção
do pescoço deve ser diminuída. A figura abaixo exemplifica como a pequena distância entre
massalote e peça alta favorecem a formação de pontos quentes (amarelo) e aumentam o tempo
de solidificação do pescoço;
ii) Variação no comportamento da areia de moldagem (areia a verde) associado a variações de
compactabilidade da mistura. Estas variações são muito frequentes em sistemas em que areia
chega muito aquecida ao misturador. Para compensar a elevada temperatura da areia, a prática
normal das fundições é de acrescentar água em excesso, para “compensar” a evaporação que
deveria ocorrer durante o processo de moldagem até o vazamento. Como não há controle da
evaporação, perde-se o controle da compactabilidade da areia do molde no momento do
vazamento
2 Sistema de Canais:
A sistema de canais e um conjunto de dutos que permite preencher a cavidade do molde
com a quantidade necessária de metal liquido, a uma temperatura definida e um tempo
determinado, afim de se conseguir uma peça completa sem defeitos relacionados ao seu
enchimento. Este sistema e composto basicamente pelo funil (bacia de vazamento), canal de
descida, canal de distribuição, canal base e canal de ataque.
O funil permite que o metal líquido o preencha completamente para que o sistema se
mantenha pressurizado, evitando assim a entrada de gases. O canal de descida ou enchimento
é a coluna onde o metal líquido irá se unir aos demais canais. O canal de distribuição é
responsável para que o metal chegue aos canais de ataque, sendo estes que farão o metal líquido
entrar nas cavidades da peça. Ao se projetar esse sistema é necessário levar em consideração
algumas variáveis de projeto a fim de se obter uma peça isenta de defeitos. Por exemplo, deve-
se evitar um escoamento turbulento dentro dos canais, com o objetivo de reduzir a entrada de
gases nas cavidades da peça.
Enchimento rápido do molde – Este requisito tem sua importância devido à perda de
calor em secções finas, que está diretamente relacionada com a fluidez do metal líquido. Quanto
maior for o superaquecimento, mais tempo o metal líquido fluirá nos canais, portanto um canal
muito fino pode gerar uma solidificação prematura do metal fundido.
Teorema de Bernoulli:
Como estas condições não se aplicam na prática devido ao fato do contato entre o metal
líquido e o molde gerar atrito, além das perdas de carga ao longo do sistema de enchimento,
são atribuídos fatores que englobam estas condições. Então, o teorema de Bernoulli pode ser
expresso pela equação:
Algumas considerações sobre esse teorema são relevantes, como, por exemplo, que a
equação só se torna válida no momento em que o canal de descida está completamente cheio e
existe um fluxo contínuo do fluido. No funil de vazamento, na parte superior do molde, a
velocidade deve ser considerada nula. A pressão na parte superior é atmosférica, da mesma
maneira que no momento em que o metal líquido começa a escoar a pressão dos gases no
interior do molde também é atmosférica, então:
Equação da continuidade:
Para um sistema que é preenchido por um fluido, no caso metal líquido, a quantidade
desse fluido que passa por qualquer ponto por unidade de tempo é constante, mesmo tendo
variações de velocidade e área de secção transversal. É evidente que são desconsideradas
absorção entre o fluido e as paredes do sistema. A vazão “Q” é dada pela equação:
𝑄 = 𝑄1 ∗ 𝑄𝑄1 = 𝑄2 ∗ 𝑄𝑄2
Número de Reynolds:
Quando esse número for inferior a 2000, o escoamento é laminar. Se o resultado estiver
acima de 20000 é turbulento. Porém se estiver entre 2000 e 20000 existirá um pouco de
turbulência, mas nas camadas mais externas ao fluxo se manterá o escoamento laminar. O
escoamento misto, que é parte laminar e parte turbulento é verificado na maioria dos projetos
nos canais de descida, e pode ser considerado irrelevante para a sanidade da peça, desde que
não haja entrada de gases nos canais.