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Modulo 2 – Diagnóstico Hanseníase

Aspectos neurológicos e alterações de sensibilidade


Aspectos neurológicos
 Neurônio normal coberto por bainha de mielina 
 bacilo destrói bainha, causando alterações de sensibilidade
 Hanseníase: doença causada pelo micobacterium leprae que acomete nervos e pele, cujo
diagnostico se baseia por:
o Lesoes ou áreas de pele com alterações de sensibilidade
o Espessamento neural com alteração de sensibilidade, motora ou autonômica
o Baciloscopia de esfregaço intradermico positiva

 O diagnostico é clinico

DISTURBIOS SUBJETIVOS X OBJETIVOS


 Anamnese é essencial
o Parestesias: áreas são em ilhas (isoladas)  queimação, ferroadas, agulhadas,
formigamento. Mais intensas à noite e ao frio.
 Perguntar se há áreas de dormência
o Dores neuvralgicas: neurites (reacional ao tto): dores lancinantes, debilitantes,
delimitadas aos trajetos nervosos (princ. nas extremidades) mais intensas a noite.
 Podem ser unilaterais e passarem para o lado oposto
 Disturbios objetivos
o Alterações de sensibilidade superficial (o bacilo gosta do SN nervoso periférico):
sensibilidade tátil, térmica ou dolorosa
o O instrumento usado deve ser menor que a área a ser testada
o Avaliação com olhos vendados, as vezes simulada
 + normoestesia
 - hipoestesia
 0 anestesia
o A hiperestesia é rara
 O teste é diagnostico quando a maioria de hipo ou anestesias encontram-se nas áreas
suspeitas. E na periferia há excessivos sinais positivos.

Sensibilidade térmica: tubos de ensaio, algodão, instrumento metálico (ambos frios e quentes)
 Temperatura até 45º (acima disso é dolorosa)
Sensibilidade dolorosos: objeto pontiagudo (ex: agulha de insulina) – testar diferença entre o toque e a
dor (ouvir o AI)  podendo usar a ponta e o cabo da agulha.
Sensiblidade tátil: algodão ou monofilamento (estesiometro)
A SENSIBILIDADE TERMICA É A PRIMEIRA A SER PERDIDA  DOLOROSA  TÁTIL
DIAGNOSTICO: Áreas bem definidas envoltas por áreas normoestesicas
DISTURBIOS OBJETIVOS
 Espessamento e/ou dor a palpação neural inicialmente assimétrico
AVALIAÇÃO DOS NERVOS PERIFÉRICOS MAIS ACOMETIDOS
 Nariz: ressecamento, crostas (disfunção do nervo facial)
 Nervo trigemeo: reflexo corneopalpebral ausente e dificuldade de fechar as pálpebras
(lagoftalmo)  cegueira
 Nervo auricular: seu espessamento indica hanseníase
MMSS
 Nervo radial (posterior e inferior a inserção do deltoide): espessamento , choque, dor e
assimetria
 Nervo ulnar: túnel cubital (goteira epitroclear) – palpar tb 5 a 6cm superiormente, pois pode se
espessar antes da goteira (nervos álgicos qnd batemos em quinas)
 Nervo mediano: baixa sensibilidade para hanseníase (palpação profunda)

MMII
 Nervo fibular comum: lateral a cabeça da fíbula
o Amartelamento dos dedos para buscar equilíbrio
o Pé caído (sem dorsiflexao plantar)
 Tibial posterior: maléolo medial
 BUSCAR MANIFESTAÇÕES MOTORAS DEVIDO PARALISIAS DO NERVO = AMIOTROFIA
(ATROFIA DOS MUSCULOS) + DIMINUICAO OU PERDA DA FORÇA MUSCULAR
 Atrofia dos coxins das mãos, perdendo o contorno da região palmar (fica retificada)

HANSENIASE NEURAL PRIMÁRIA: pelo menos 1 Manifestação neural sem lesão cutânea.

OUTROS SINAIS DE ALTERAÇÕES NEUROLOGICAS


 Alopecia: destruição do nervo  perda da função do m. eretor do pelo  pelo enfraquecido
 Ictiose: destruição de nervos simpáticos responsáveis pela sudorese  desidratação da
epiderme (escamas de peixe)

QUANTO MAIS PRECOCE FOR O TRATAMENTO  MAIOR POSSIBILIDADE DE CURA E REVERSÃO

DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO
 O diagnóstico é clinico
 As manifestações clínicas são as respostas de imunidade celular contra o bacilo
 Hanseníase indeterminada: 1 a 3 manchas indeterminadas (hipocromicas) na mesma região
o laudo histopatológico inespecífico
o função autonômica
 teste da função sudoral alterado
 teste de histamina incompleto.
 Forma tuberculoide: avermelhada (placa eritematosa), endurecida, bem definida
o Granuloma com histiocitos epitelioides
o Células gigantes tipo corpo estranho
o BAAR (baciloscopia) negativo (sistema imune competente)
 Forma virchowviana: resposta célular quase nula com infiltração cutânea (nódulos) devido
resposta humoral. Madarose nas sobrancelhas.
o Histiocitos vacuolizados
 Forma dimorfa: placas foveolares, grandes, eritematosas, com borda interna infiltrada e
definida e externa indefinida.
o Forma intermediaria entre tubercuoide e virchowviana
o Granuloma mais frouxo com histiocitos menos diferenciados
o BAAR variável (+ ou -)
 Forma dimorfa tubercoloide:
o Teste da histamina incompleta
o Lesão hipocromica maior que 10cm
 Hanseníase dimorfa hipocromiante (parece pano branco)
 Hanseníase dimorfa virchowviana:
o Lesoes papulo-nodulares
INDETERMINADA: lesão hipocromica inicial
TUBERCULOIDE: Lesão placar eritematosa, com bordas bem definidas e com pequenos tubérculos
(expressão érgica da RI)
VIRCHOWVIANA: Lesões infiltrativas associadas a nódulos (hansenomas - expressão anérgica da RI e
máxma da humoral)
DIMORFA: Lesoes hipocromicas múltiplas ou placares eritematosas-infiltradas com bordas externas
imprecisas e centro hipocromico (lesoes faveolares)

CLASSIFICAÇÃO OPERACIONAL: para facilitar o sistema terapêutico, quando há poucos médicos.


PAUCIBACILAR: Até 5 lesoes e um tronco nervoso acometido (HI, HT)  baciloscopia negtiva (resposta
imune celular competente)
MULTIBACILAR: mais de 5 lesões e/ou mais de um tronco acometido (HV, HD)  baciloscopia positiva

Sinais de infiltração na pele


 Dobras com poucas rugas, movimento da pele em bloco
 Aspecto da pele em casca de laranja

EXAMES COMPLEMENTARES
 Esperar a baciloscopia e histopatologia significa retardar o tratamento
 O exame negativo não exclui diagnostico clinico
 FOTOGRAFIA DIGITAL COM AUTOCONTRASTE
 TESTE DA HISTAMINA: aplicada em área suspeita e área normal.
o Destruição dos filetes neurais autonomicos
o Sinal da puntura: 15-20 em áreas normais e suspeitas
o NÃO HÁ Eritema reflexo secundário: não houve vasodilatação
o Pápula edematosa lenticular: 2-3 min em ambas as áreas
 HISTAMINA ENDÓGENA
o DERMOGRAFISMO OU AGULHADAS CONTINUAS
 Pressao continua  formação de eritema linear
 Área de lesão: surge mais vagarosamente ou nem surge
 TESTE DO IODO-AMIDO
o Onde houve suor escurece
 BACILOSCOPIA DO RASPADO DERMICO
o Exame negativo não exclui diagnostico clinico
 HISTOPATOLOGIA
o Paucibacilares: ausência de bacilos
o Infiltrado histiocitário perineural e perivascular
REAÇÕES HANSENICAS E DIAGNOSTICOS DIFERENCIAL
REAÇÃO TIPO 1 OU REVERSA = prednisona
 Resposta celular TH1  paucibacilares
 Eritematosas, difusas
 Neurites
 Edema de mãos e pés (salsicha)
TIPO 2 = talidomida
 Imunidade humoral  eritema nodoso dolorosos (imunocomplexos)
 Febre, artralgias
 Reação th2

As reações podem ocorrer antes durante ou após o tratamento, não interrompendo tto.

DIAGNOSTICOS DIFERENCIAIS
 PRURIDO
 SENSIBILIDADE NORMAL
 DESCAMAÇÃO

 Ptiríase versicolor (descamação furfurácea), sensib normal


 Nevo anêmico: teste de histamina completo, sensibilidade normal
 Dermatofitose: prurido
 Farmacodermia
 Lúpus cutâneo
 Dermatite de contato
 Vitiligo: ACROMIA
 Neurofibromatose
 Leishmaniose anérgica: histopat com leishmania
 Cromoblastomicose: NORTE DO BR. Histopatologia
 Doença de Jorge lobo: histopatologia.

O brasil ainda não alcançou a meta de eliminacoaa: PREV <1 CN p 10.000hab


TRATAMENTO DA HANSENÍASE
 Rifampicina: altamente bactericida. Dose mensal elimina quase todos os bacilos.
o Meia vida 2-3h
o Fígado e excreção nas fezes
 Clofizamina Pouco bactericidas isoladamente. Associadas eliminam
 Meia vida 70 dias quase todos em 3 meses
 Fezes
 Acumulo no tecido adiposo e células do sistema reticuloendotelial
 Dapsona
o Meia vida 1 a 2 dias
o Excretada na urina

TRATAMENTO DA HANSENIASE
 Ambulatorial, gratuito e feito na atenção básica
 Previne resistencia
 Diminui carga bacilar
 Poucos efeitos colaterais
 Diminui recidiva
 Emergência: rara, por reações hansenicas ou EA medicamentosa
Exames laboratoriais durante o tratamento
 Hemograma
 Urina tipo I
 Parasitológico de fezes
 Glicemia
 Avaliação bioquímica renal
 Avaliação bioquímica hepatica

FEITOS NO INICIO DO TRATAMENTO, SUSPEITA DE EFEITOS ADVERSOS, EPISODIOS REACIONAIS,


PERIODICAMENTE PARA CORTICOTERAPIA

 É NECESSARIO RETORNO AMBULATORIAL A CADA 28 DIAS PARA DOSE SUPERVISIONADA,


RECEBER OS MEDICAMENTOS, AVALIAÇÃO CLINICA E TERAPEUTICA (REACOES HANSENICAS E
EA, DANOS OFTALMICOS E NEUROLOGICOS)
 Orientar retorno imediato se:
o Novas lesoes de pele
o Dor em nervo periférico
o Piora de déficit sensitivo ou motor
o Sintomas gerais: febre, mal estar
o Vermelhidão ou ardor nos olhos, dor testicular ou articular
 Orientar e agendar exame clinico de contatos e vacinação de contatos
 Providenciar cartão de agendamento

TECNICAS DE AUTOCUIDADOS
 Para evitar piora das consequências das lesoes neurais
 Cuidados com mãos, pes, olhos, nariz, ferimentos e ulcerações
 Demonstradas em grupo no atendimento mensal, para poderem colaborar com o paciente na
execução dos procedimentos recomendados
 A técnica devem ser revisadas mensalmente para evitar execução inadequada
FORNERCER
 COLIRIO para reposição de lagrima
 Soro fisiológico para ressecamento nasal
 Óleo com ácidos graxos essenciais e creme com ureia 10% para lubrificar e hidratar a pele.

ALTA DO TRATAMENTO

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