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DONZELAS, ESPOSAS E CAMPONESAS; DAMAS, RAINHAS E

ABADESSAS: UM RETRATO DA MULHER MEDIEVAL.

SALES, Alexandre da Silva.1

ABSTRACT

France was the cradle of revolutionary movements that were the framework of
modern or neo-liberal democracies. From there it expanded (after its creation in Kiev,
Ukraine) movements such as FÊMEN, revolutionary bias that pleads the emancipation
of women.
The activists of this movement hold strongly anti-clerical prerogatives

RESUMO

A França foi o berço de movimentos revolucionários que foram o arcabouço das


chamadas democracias modernas ou neoliberais. De lá se expandiu (após sua criação
em Kiev, Ucrânia) movimentos como o FÊMEN, de viés revolucionário que pleiteia a
emancipação da mulher. As ativistas deste movimento sustentam prerrogativas
fortemente anticlericais e pressupõe-se uma falta de pedigree no que diz respeito à
complexidade da problemática por elas abordada.
Alude-se no presente artigo, a abordagem hoje sustentada na perspectiva
feminista que classifica a Idade Média como um período de misoginia. Essa perspectiva,
o decorrer dessa pesquisa poderá ratificar ou não, respaldado pelo testemunho dos
medievalistas e especialistas, com o presente artigo fazendo uma abordagem retratando
a atuação da mulher medieval na sociedade.

Palavras Chaves: Idade Média, Mulheres, misoginia, machismo, feminismo,


ativistas, Fêmen;
A Idade Média dos medievalistas versus a Idade Média dos ideólogos

“En esa Edad Media masculina, la mujer era respetada, las


prostitutas, bien tratadas y hasta desposadas, y solía suceder que las
jovencitas aprendieran a leer y a escribir.”2

A citação em epígrafe é fragmento de uma entrevista de Jacques Le Goff


publicada em 2005 pelo Jornal “La Nación”, que carrega em seu bojo uma questão
pertinente nos meios acadêmicos. É que hoje no Brasil se discute a chamada “cultura do
macho” e subentende-se que uma análise histórica através da condição da mulher na
Idade Média torna-se interessante neste momento no intuito de perfazer o ambiente
histórico que suportou essa “cultura”; alguns sustentam, aliás, que o período medieval é
permeado de misoginia surgida de “deturpações do pensamento judaico-cristão
perpetradas pela Igreja Católica, bem como suas consequências sociais para as mulheres
daquele período.” 3
Diante do exposto e considerando a abordagem dos ideólogos, um leigo vê-se
persuadido a considerar esse raciocínio como coerente, pois dentro da perspectiva que
permeia os livros didáticos, a mulher medieval teria sido brutalmente oprimida pela
cultura burguesa dominante, “machista e patriarcal”. No entanto consideramos que
“agitação, “recrutamento”, massas”, não são expressões adequadas para pesquisadores
porque faz com que caiamos na tentação de transferir a ideologia para as pesquisas em
detrimento da mesma porque com a militância vem a ratificação do ensino com viés
ideológico, a critica da sociedade democrática "burguesa", do "capitalismo' e o ensino,
considerado "burguês", sendo colocado ao nível mais deplorável possível.
Dentro deste contexto, o testemunho das fontes primárias vislumbra uma Idade
Média que remete-nos a Santa Catarina de Sena, mulher que “peitou” o papa
persuadindo-o a retornar a Roma e acabar com a convulsão que agitava a Igreja por
conta do Exílio de Avignon; a Heloísa, amante de Abelardo e que cogitou criar o filho,
sozinha para que seu amante não perdesse a cátedra de professor universitário, entre
tantas outras que além de esposas, mães e filhas, eram mulheres que protagonizavam
diversos papéis sociais: médicas, tintureiras, professoras, encadernadoras, caçadoras,
boticárias, copistas, miniaturistas, arquitetas, donas de feudos, historiadoras, abadessas,
guerreiras e rainhas. Elas inclusive tinham direito a voto nas comunas burguesas e
quando o historiador se debruça nas fontes para analisar o montante de universidades
que se estabeleceram do século XIII ao XV na Europa, principalmente na França

Representações da mulher medieval: imagem 1: Christine de Pisan,

A Mulher nas Cantigas de Amor

A historiografia de gênero e o ativismo feminista

Não é desconhecido das mentes atentas o papel do leninismo como âncora do


movimento feminino e a série de arcabouços controversos que essas concepções
ideológicas transportam. Do livro “Recordações de Lênin, de Clara Zetzin, por
exemplo, pode-se extrair uma série de discursos e afirmações como “a comunista é tão
militante do Partido como é o comunista, com as mesmas obrigações e direitos.” A
própria autora, vinculada a militância feminista e opositora feroz do “machismo”
confessa que o camarada Lênin a exortou em várias ocasiões a respeito do movimento
feminino dentre os quais se podem extrair ordenanças como “Devemos educar as
mulheres que tenhamos conseguido tirar da passividade, devemos recrutá-las e armá-las
para a luta de classes proletária sob a direção do Partido Comunista.”

A cultura do “macho” estaria com os historiadores que negligenciam os feitos


femininos durante a Idade Média

https://www.marxists.org/portugues/zetkin/1920/mes/lenin.htm

http://pcrbrasil.org/tag/feminismo/

https://marxists.catbull.com/espanol/lenin/obras/1910s/23ix1919.htm

TACUINUS SANITATIS

http://www.oftalmo.com/seo/2003/02feb03/12.htm

Tacuinus Sanitatis Gallica

http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b8452202k/f1.image

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A visão de von Speyr aborda a experiência REAL de Cristo na cruz e NO INFERNO. Entendo que
isso implica que Cristo experimentou perda total de Deus (em outras palavras condenação). Se
for assim, Isso é totalmente contrário à doutrina católica. Nossa salvação não depende Jesus
enfrentando a condenação tanto na cruz ou depois dela. A descida ao inferno era para liberar
as almas dos justos. Então, a teologia de Von Balthasar pode ser considerada católica? Jesus
diz que "este é o meu corpo, este é o meu sangue, que é derramado por vós para a remissão
dos pecados". Em nenhum lugar que ele diz "esta é a minha alma, que é condenada por você."
Então onde é que a ideia de condenação entra? Von Speyr e Von Balthasar mostra-nos este
tipo de Deus e se atrevem a revelar o cerne da questão que, por causa da condenação de Cristo
e a restauração de todas “criaturas inteligentes”(sic), , o inferno está superado e é impossível,
mesmo para o pior pecador, que sem dúvida serão punidos de acordo com o princípio de "o
castigo se ajusta ao crime".

Eu não tenho sido capaz de ler qualquer de suas próprias obras originais nesta, somente as
citações de outras pessoas. Da mesma forma o conteúdo da visão de von Speyr.
o começo do século XIV, um Papa, João XXII, impugnou esta tese em seu magistério ordinário e
caiu na heterodoxia. Os católicos mais zelosos de sua época reprovaram-no publicamente. João
XXII – escreveu o cardeal Schuster – “tem graves responsabilidades ante o tribunal da história
(…)”, porque “ofereceu à Igreja inteira o espetáculo humilhante dos príncipes, do clero e das
universidades que voltaram a colocar o Papa no reto caminho da tradição teológica católica,
pondo-o na dura condição de ter que se desdizer” (Ildefonso Schuster, O.S.B., Gesù Cristo nella
storia. Lezioni di storia eclesiastica. Benedictina Editrice, Roma, 1996, pp. 116-117).

NOTAS
1
O autor é pós graduando em História Antiga e Medieval pela Faculdade São Bento e com curso de Extensão sobre Império
Romano na UERJ;
2
LE GOFF, Jacques. “Seguimos vivendo em la Edade Media” in La Nacion, 12/10/2005; acesso em 28/05/16;

3
CUSTÓDIO, Pedro Prado. A Misogínia na Idade Média: Bruxaria, alguns aspectos religiosos e sociais. Disponível em <
https://revistas.unasp.edu.br/actacientifica/article/view/74/74> acesso em 18/06/16;

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