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Vol
ume6Númer
o5 Abr
ilde2017
Caro leitor,
É com muito prazer que apresentamos o segundo exemplar da Revista de Iniciação
Científica, Tecnológica e Artística dedicada a Saúde e Bem Estar. Uma grande
oportunidade para jovens pesquisadores, estudantes de graduação e pós-graduação
compartilharem com a comunidade científica os seus trabalhos de conclusão de curso
e iniciação científica.
A edição começa com o texto intitulado “O Paradoxo da saúde pública: a prática de
exercícios físicos e a poluição atmosférica”. O artigo conta um pouco sobre o projeto
interdisciplinar desenvolvido por professores e alunos dos cursos de Educação Física e
Engenharia Ambiental Centro Universitário Senac.
Para esse exemplar recebemos trabalhos com foco em diferentes áreas de atuação
profissional, o que fortalece o caráter multidisciplinar da revista e torna a leitura ainda
mais enriquecedora.
Saudações
Rosilene Virgínia Simões Coelho Aguiar1, Claudiana Oliveira1, Natália Barelli1, Bianca de
Melo1, Tatiana Gonçalves1, Geovana Prado Vaz Feitosa2.
1
Graduandas do curso de Tecnologia em Estética e Cosmetologia- Centro Universitário Senac
2
Professora Mestre – Centro Universitário SENAC
(coelhoaguiar@hotmail.com)
Resumo
O envelhecimento é um processo biológico complexo e sucessivo, caracterizado por
alterações celulares e moleculares, é classificado entre envelhecimento intrínseco
(cronológico) e extrínseco (fotoenvelhecimento). O processo de envelhecimento varia de
acordo com a etnia de cada indivíduo, entre suas principais diferenças encontradas na
particularidade da estrutura, no número, tamanho e morfologia dos melanossomas.
Sendo o fotoenvelhecimento o principal fator de diferenciação do envelhecimento
cutâneo em cada grupo étnico, persistem outros fatores que podem influenciar nesse
processo como localização geográfica, ambientais e estilo de vida.
Abstract
Aging is a complex and successive biological process, characterized by cellular and
molecular alterations, being classified between intrinsic (chronological) and extrinsic
aging (photoaging). The aging process varies according to the ethnicity of each
individual, among the main differences found in the particularity of the structure, in the
number, size and morphology of melanosomes. Since photoaging is the main
differentiating factor of cutaneous aging in each ethnic group, other factors that may
influence this process, such as geographic location, environment and lifestyle, persist.
Key words: aging skin, ethnic groups, melanogenesis, free radicals, photoaging.
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial-SemDerivações 4.0
Internacional
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1- Introdução
A pele é o maior órgão do corpo humano com funções vitais ao organismo, como
revestimento, proteção, controle de temperatura, sensorial, estética, absorção da radiação
solar (UV), síntese de vitamina D, absorção e eliminação de substâncias químicas. A
epiderme e derme são camadas constituintes da pele, a primeira sendo a camada que
reveste o corpo e possui diferentes camadas (basal, espinhosa, lúcida, granulosa e
córnea), onde são produzidos os melanócitos e queratinócitos. A derme fica abaixo da
epiderme, possui vascularização, estímulos nervosos, folículos e glândulas e a sua principal
célula são os fibroblastos que são responsáveis pela síntese de fibras de elastina, colágeno,
reticulares e conteúdo da matriz extracelular (RIBEIRO, 2010).
A variabilidade racial determina diferenças significativas fenotípicas, funcionais, reacionais
e patológicas na pele.
Apesar de a cor ser a principal diferença na determinação das raças, não é somente por
ela que possa haver determinação, mas as fisiológicas respostas aos estímulos químicos
e do meio ambiente específico e peculiares (MAIO, 2011).
Dentre as classificações em termos raciais a mais básica difundida tem três grandes
subdivisões: caucasoide (branca), negroide (negro), e mongoloide (amarelo) (BATISTELA,
et. al, 2007).
O que deixa ainda mais complicado a definição da cor da pele é a miscigenação que ocorre
praticamente em quase todo o mundo principalmente no brasil. Acontece que em cada
lugar ocorre de maneiras diferentes à definição de cor de pele, sendo em alguns lugares
por auto declaração, e em outros por ancestralidade (ALCHORNE; ABREU, 2008).
Definido por um processo multifatorial que tem influência genética, fatores ambientais, e
comportamentais, de acordo com Maria Paulina Kede, o envelhecimento da pele é um
processo contínuo que afeta não só a aparência, mas também a função cutânea. Nem
todos envelhecem com a mesma velocidade, evidenciando que fatores intrínseco e
extrínseco contribuam para o processo de envelhecimento (RIBEIRO, 2010).
Dentre essas mudanças progressivas que se dá na pele através do envelhecimento a mais
importante é a redução da espessura e das características arquitetônicas dos tecidos,
morfologicamente essas mudanças se manifestam com rugas, flacidez do tecido e
irregularidades da pigmentação (BERARDESCA et.al, 2007).
Algumas teorias tentam explicar porque envelhecemos e porque alguns manifestam esse
processo de forma mais rápida e mais intensa do que outros, dentro dessas teorias
está à cor da pele onde há diferenças do envelhecimento entre raças (RIBEIRO, 2010).
O objetivo desse artigo é fazer uma revisão literária sobre as principais
diferenças fisiológicas e morfológicas do processo de fotoenvelhecimento nos diferentes
grupos étnicos, e é justificado pela importância do conhecimento do comportamento de
cada pele nesse processo.
2- Pele
Sendo o maior órgão do corpo humano, a pele é responsável pelo revestimento de todo o
corpo com efeito protetor representado como uma barreira à troca de fluidos e gases
fazendo a proteção contra microrganismos, radiações térmicas e ultravioletas. A resposta
imune deste órgão se dá pelas células dentrítricas (células de Langerhans) que ativa
resposta imunológica em situações de risco. Com inúmeros nervos existentes a pele
também tem a função de sensibilidade, e através da circulação sanguínea a pele promove
a transpiração que é essencial para o controle térmico (RÖCKEN et al., 2014).
EPIDERME
A epiderme é o que vemos quando olhamos no espelho ou quando vemos outra pessoa.
O ciclo de vida das células da epiderme é de mais ou menos quatro semanas. Sua camada
mais interna é formada por células que se multiplicam rapidamente, sendo empurradas
para a superfície conforme a camada basal se multiplica e assim elimando as células mais
superficiais, diferenciadas e mortas (MACEDO, 2001).
Esta camada é divida em cinco subcamadas:
Camada basal que é a camada que une a epiderme à derme e é onde ocorrem à renovação
contínua das células da pele, nela são encontrados algumas de suas principais células, os
queratinócitos e melanócitos células responsáveis pela produção de queratina e melanina
(VAZ et. al. 2008).
Camada espinhosa que apresenta uma camada com junções celulares desmossômicas,
que ao microscópio óptico têm a aparência de pequenos espinhos (RÖCKEN et al.,
2014). Camada granulosa apresenta-se com grande quantidade de grânulos precursores
de queratina, que se revelam ao serem coradas (VAZ et.al. 2008,). Nessa camada ocorre
à produção de ceratina (queratina) e as células se tornam achatadas depois de perderem
seu núcleo (BORGES, 2010).
Camada lúcida que está presente somente na pele glabra (da palma da mão e na planta
dos pés), possui uma substância graxa (eleidina) responsável pela hidratação e
lubrificação das estruturas (VAZ et. al. 2008).
Camada córnea a última camada da epiderme é o resultado final do processo de
diferenciação celular, pelo qual passam os queratinócitos, e que começa na camada
basal (RIBEIRO, 2010,). É a camada mais superficial da pele, as células que a compõe são
células mortas e achatadas (semelhantes a escamas) que se soltam, descamam. Tem
como função oferecer proteção, pois forma uma barreira contra o meio externo (BORGES,
2010).
A membrana basal ou junção dermo epidérmica faz a união entre a derme e a epiderme, a
sua estrutura e composição molecular a faz diferente dos tecidos vizinhos. Os
queratinócitos são fixados na membrana basal através dos hemidesmossomos, na região
mais profunda encontra-se uma rede de colágeno com fibras longitudinais, apresentando
estruturas emaranhadas com aberturas para os canais sudoríferos e para
os infundíbulos dos folículos polissebáceos. A face epidérmica do bloco dérmico é
papilomatosa, apresentando grandes cílios que separam as estruturas das papilas, sendo
essa estrutura mantida por uma rede de colágeno da membrana basal. Apresenta grande
quantidade de antígenos que ajudam no processo de defesa de microrganismos. É
constituída por quatro regiões principais: membrana celular dos queratinócitos da camada
basal; lâmina lúcida, lâmina densa; lâmina fibrosa sub-basal (rede fibroreticular) (HARRIS,
2009).
A Derme é a camada que dá sustentação a pele. É parte vital, onde muitos sinais de
mudanças se manifestam. É composta de elastina, que dá tônus e elasticidade a pele,
colágeno, proteína responsável pela estrutura e alongamento, vasos sanguíneos, que
liberam os nutrientes essenciais e removem as toxinas; nervos, que fazem da pele um
dos órgãos mais sensíveis do corpo, glândulas sebáceas, que a lubrificam, glândulas
sudoríparas, que regulam as oscilações de temperatura do corpo (MACEDO, 2001).
Apresentada por duas camadas: a papilar que são formadas por fibroblastos, e fibras
colágenas, que fornece o suporte para a camada da epiderme (DAL GOBBO, 2010). A
camada inferior da derme, a camada reticular, possui fibras bem tramadas, formando o
tecido conjuntivo denso, com menor número de capilares, com exceção daqueles que
nutrem os anexos que se aprofundam no local (GUIRRO; GUIRRO, 2004).
4-Raças e etnias
A definição de cor da pele é um assunto um tanto complicado para a sua classificação
efetiva. Existem alguns estudos e teorias que ajudam a definir a cor da pele, mas é preciso
levar em conta os fatores de raça e etnia. O conceito de raça é compreendido pelas
características morfológicas comuns de um povo (cor da pele, tipo de cabelo, confirmação
cranial e facial, ancestralidade, genética e etc.), desenvolvidas num processo de adaptação
a determinado espaço geográfico e ecossistemas ao longo de várias gerações (BATISTELA,
et. al, 2007).
As peles étnicas têm a sua classificação em várias subdivisões, que dentre as principais
incluem: os caucasóides, tendo população representativa os ancestrais europeus,
mediterrâneos e do oeste asiático. São caracterizados pelo formato da face e pela cor da
pele, sendo comumente chamados de “brancos”. Os mongolóides formam um grupo que
se estende pelas condições climáticas extremas do Polo Norte (esquimós) ao Equador
(malásios), incluindo os chineses e os índios sul e norte- americanos. Entram também no
grupo os indianos, paquistaneses, russos, japoneses, coreanos e sudeste- asiático.
Possuem características como região frontal proeminente, malar arredondado, linha
mandibular bem demarcada, olhos amendoados e brilhantes, geralmente com prega
epicantal, tornam o olhar atrativo, sendo a prega supratarsal pouco definida ou ausente
de gordura periorbital abundante (MAIO, 2011).
Com a miscigenação que há em quase todo mundo, fica ainda mais difícil à determinação
com precisão da cor da pele de uma pessoa, em alguns lugares como no Brasil
é considerado o tom da pele e a aparência física, não a ancestralidade, a população
brasileira se divide em: brancos, pretos, pardos, amarelos e indígenas. O termo pardo é
empregado a miscigenação entre índios, branca e negra, ou seja, pessoas com
ancestralidade indígena, europeia e africana. Nos Estados Unidos a classificação da cor se
dá pela descendência (ALCHORNE; ABREU, 2008).
Embora os tipos de pele pareçam semelhantes do ponto de vista anatômico, funcional e
bioquímico existem variações entre elas, principalmente quando se trata das influências
raciais e para dermatologia ainda não é muito conhecido o determinismo da genética da
pigmentação da pele (BATISTELA, et. al, 2007; ALCHORNE; ABREU, 2008).
Os cromóforos absorvem a radiação solar assim que ela penetra na pele, transformando
essa energia em radicais livres. Esses radicais livres atacam os queratinócitos da
epiderme, além de degradar os fibroblastos da derme, podendo lesar as cadeias de DNA,
proteínas, carboidratos, lipídeos e as membranas celulares na parte mais profunda
da epiderme (HIRATA, et.al,2004).
Por serem mais penetrante, os raios UVA atinge a derme profunda e se torna o principal
responsável pelo fotoenvelhecimento. A radiação UVB, apesar da penetração através da
pele ser menor, pode chegar até a derme papilar, provocando uma série de alterações às
fibras de elastina e de colágeno presente nessa região, bem como na atividade metabólica
dos fibroblastos. A UVA longa, diferente das ondas curtas, é pouco absorvida pelo DNA,
mas acredita-se que através da absorção por cromóforos geram radicais livres que podem
atacar o DNA, embora a irradiação UVB também gere radicais livres, ele tem como
principal mecanismo de ação a interação direta com o DNA, causando a sua
destruição (AZULAY; AZULAY, et.al, 2013 apud RIBEIRO, 2010).
A agressão externa está relacionada com a influência do meio ambiente, tais como
radiação UV, tabagismo, vento, exposições a agentes químicos, mas a exposição solar é
sem dúvida, o principal fator contribuinte para o envelhecimento extrínseco, ocasionando
diversas disfunções estéticas (AZULAY; AZULAY, et. al, 2013). Essas alterações são
percebidas nas áreas mais expostas como face, pescoço, e são bem intensas devido à
somatória dos envelhecimentos, mais de 85% das rugas são devido à radiação solar
(RIBEIRO, 2010).
A característica mais proeminente do fotoenvelhecimento é a elastose, nele ocorre um
grande dano ao tecido conjuntivo da derme devido à ação da radiação ultravioleta. Sob a
influência dessa radiação, é possível observar o aumento da síntese de fibras elásticas
anormais. Sob estas condições, a elastina se apresenta espessa, emaranhada, degradada
e finalmente, degenera-se, formando uma massa amorfa que acumula na derme. Os
fibroblastos, sobre ação da radiação ultravioleta, aumentam a síntese de enzimas
proteolíticas, metaloproteinases, que podem degradar o colágeno, elastina e
várias proteoglicanos. A perda de colágeno com concomitante aumento de tecido elatótico,
pobremente funcional, pode resultar uma pele com aparência amarelada, inelástica e
coreácea (RIBEIRO, 2010).
9- Materiais e métodos
Este artigo trata-se de uma modalidade de pesquisa focado no fotoenvelhecimento em
diferentes grupos étnicos, que foi realizado através da análise de pesquisas científicas,
favorecendo a divulgação do conhecimento produzido, pré - existente em
artigos científicos de publicação online em bases dados como SCIELO e livros que abordam
o assunto.
Para a identificação dos estudos, realizou-se uma busca online em artigos (original ou
revisão), para a localização dos artigos foram utilizados os descritores: raça, etnia,
envelhecimento cutâneo nos diferentes grupos étnicos, radicais
livres, fotoenvelhecimento. Após a seleção dos artigos e conteúdo abordado nos livros,
foram feitos, interpretação e análise de resultados dos estudos para assim, identificar a
temática central abordada no projeto.
A literatura é muito escassa no que se refere a envelhecimento em diferentes grupos
étnicos, principalmente relacionado ao envelhecimento em mongolóides.
BERARDESCA, E. et al. Ethnic skin and hair. New York: Informa Healthcare, 2007.
RÖCKEN, M. et al. Dermatologia: texto e atlas. Porto Alegre: Artmed, 2014. 406 p.
STEINER, D. Produtos étnicos. Cosmetics Toiletries. São Paulo, n.3, p.24, 1999.
Nilce Miriam Zonta Dias, Paulo André Jung, Elusa Cristina de Oliveira
Centro Universitário Senac - Santo Amaro
Tecnologia em Estética e Cosmética
(nilcezonta@gmail.com, ajung@ajung.com.br, elusaoliveira@gmail.com)
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial-SemDerivações 4.0
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1. Introdução
A fotografia é um importante instrumento para os tratamentos estéticos, sendo uma
ferramenta fundamental para o acompanhamento da evolução do tratamento, assim como
para a comparação entre os resultados (GARCIA e BORGES, 2010).
O registro através de fotografias vem sendo cada vez mais utilizado entre os profissionais
da estética, pois possibilita a análise comparativa das várias fases do tratamento.
Há uma variedade de recomendações para um bom registro fotográfico na literatura
especializada, sendo algumas convergentes, outras divergentes, o que dificulta o
entendimento por profissionais da área de Estética que são leigos no tema fotografia
profissional.
Segundo Garcia e Borges (2010) para a realização dos registros fotográficos há
necessidade de ter como referência alguns parâmetros indispensáveis para o registro ser
realizado com maior fidelidade, e de forma a não ocasionar diferenças entre as imagens
nos diversos momentos do tratamento, fazendo assim, com que as mesmas sirvam de
instrumentos de verificação da evolução de um determinado tratamento estético.
Para iniciar a tarefa de foto documentação científica é necessário o preparo adequado do
ambiente, mesmo que este seja uma sala improvisada. De acordo com Hocham, Nahas e
Ferreira (2005) é de grande importância que se tenha o controle da iluminação para
obtenção de uma boa fotografia para documentação.
Segundo Diniz (2014) o conhecimento básico sobre alguns tipos de luzes é necessário para
que se obtenha qualidade na fotografia. A luz do flash da câmera, também chamada de
luz dura ou luz frontal, é intensa e não forma sombras suaves, mas sombras duras, com
muito contraste. Este tipo de luz, por exemplo, quando utilizada irá ressaltar sulcos, rugas
e cicatrizes do cliente, o que não favorecerá a análise da sua pele no registro fotográfico.
Para se evitar a formação das sombras duras, pelo flash das câmeras, pode ser criada luz
artificialmente com a utilização de material difusor como uma tela de tecido, papel vegetal
ou mesmo um plástico colocado na frente do flash. Esta luz tem característica suave e o
efeito de sombra é quase imperceptível. Ela se torna difusa ou indireta refletindo em outras
superfícies e mudando sua característica original antes de atingir o objeto a ser fotografado
(DINIZ, 2014).
De acordo com Pinheiro (2013), é fundamental estabelecer inicialmente o balanço de
branco (BB) nas câmeras. O BB é regulado conforme a fonte de luz do ambiente, seja para
lâmpadas fluorescentes, incandescentes, luz do sol, sombra ou utilização de flash,
deixando-a neutra. Nas câmeras amadoras o BB geralmente é regulado de forma
automática.
Além da iluminação, o fundo fotográfico também é um ponto importante a ser considerado
devendo ser de cor neutra e opaca para não haver reflexos como em um fundo de textura
lisa (HOCHMAN; NAHAS; FERREIRA, 2005).
Garcia e Borges (2010) chamam a atenção para que não haja interferência de objetos que
desviem a atenção do observador como cadeiras, mesas e relógio de parede.
Além disso, deve-se tomar cuidado para retirar acessórios e adereços da região da face,
tais como óculos e adornos, assim como os cabelos devem estar presos (KEDE e
SABATOVICH, 2009).
Com relação às câmeras fotográficas, atualmente as mais utilizadas são digitais, sendo
que não precisam ser de última geração para atender às necessidades do registro
fotográfico durante os procedimentos estéticos (MARTINS, 2010).
1
ISO (International Standards Organization), é a medida que indica a sensibilidade do sensor da câmera à luz
do ambiente, ou seja, quanto maior o número ISO maior a sensibilidade do sensor à luz, e quanto menor o
número ISO menos luz será percebida pelo sensor da câmera.
2
Na webpage da Fabinject Technology, consultada em dezembro de 2015, há um vídeo sobre padronização
fotográfica, que exibe uma máquina rotatória onde o modelo permanece parado para a tomada de fotos. Para
obter a angulação necessária, a máquina é movimentada por um auxiliar. Disponível em:
http://www.fabinject.com.br/focco. Acesso em 15 dez 2015.
3. Objetivo
O objetivo do trabalho foi estabelecer um protocolo para execução de registros fotográficos
da face, após revisão bibliográfica, que permita a análise da evolução dos tratamentos
estéticos, e que seja facilmente aplicado pelos profissionais da área.
4. Materiais e Métodos
Trata-se de uma revisão bibliográfica que utilizou os seguintes critérios de inclusão de
referências: ser original, com texto completo disponível, publicado em português nos
últimos doze anos (2004 a 2016). Foram excluídos: artigos em outros idiomas, publicados
em período superior a doze anos e realizados fora do Brasil.
As bases eletrônicas pesquisadas foram: Google Acadêmico e Scielo, além de pesquisa na
Biblioteca do Centro Universitário Senac – Santo Amaro.
5. Resultados e Discussão
Na Estética, para fins de demonstrar a evolução de um tratamento, seja ele facial ou
corporal, o uso do registro fotográfico é cada vez mais requisitado pelos profissionais como
instrumento de avaliação das fases do procedimento aplicado (GARCIA e BORGES, 2010).
Atualmente a foto documentação digital está presente em diversas áreas da saúde, sendo
que a utilização desse recurso tecnológico veio facilitar em todos aspectos o registro das
imagens de interesse (GARCIA e BORGES, 2010).
A máquina fotográfica digital se estabelece como uma ferramenta que reduz custos e
aumenta a versatilidade e produtividade, conseguindo fidelizar a imagem mais próxima da
realidade além de facilitar a formatação de arquivos para consultas (MIOT, PAIXÃO e
PASCHOAL, 2006).
A tendência é que cada vez mais o profissional da estética utilize-se dessa técnica como
ferramenta eficaz que contribua para que seu trabalho seja mais eficiente no
acompanhamento da evolução do tratamento que está sendo aplicado (KEDE e
SABATOVICH, 2009).
Apesar de todos os recursos tecnológicos hoje disponíveis nas câmeras digitais, se faz
necessário considerar certos parâmetros indispensáveis para que as fotografias sejam
boas ferramentas para a análise (GARCIA e BORGES, 2010).
Após a revisão bibliográfica e testes experimentais foram reunidos procedimentos com
vistas a se obter a padronização das ações do registro fotográfico. Isso é necessário para
que a comparação do antes e depois não seja afetada por condições diferentes no
momento do registro (KEDE e SABATOVICH, 2009).
Um dos critérios norteadores da revisão de literatura foi a facilidade de o registro
fotográfico ser feito por profissionais com pouca familiaridade com a fotografia científica.
Com isso, foi criado um conjunto de normas a serem seguidas para se estabelecer um
protocolo que pudesse atender aos objetivos de padronização das fotografias faciais com
critérios como: a facilidade de acesso aos materiais e equipamentos, a simplicidade para
se seguir um padrão de posicionamento correto do modelo, bem como o controle do
ambiente no momento do registro fotográfico.
6. Conclusão
Referências
ANG, Tom. Fotografia Digital uma introdução. 4ª ed. São Paulo: Senac, 2012.
BAVISTER, Steve. Guia de Fotografia Digital. 1ª ed. São Paulo: Senac, 2011.
COSTA, João Vicente. Fotolog e fotografia Digital. 1ª ed. Rio de Janeiro: Ciência
Moderna, 2005.
DINIZ, Angela. A iluminação na fotografia. Revista Especialize On-Line IPOG.
Goiânia, v.1, n.9, p. 1-17, dez, 2004. Disponível em
https://www.ipog.edu.br/revista-especialize-online/edicao-n8-2014/a-iluminacao-
na-fotografia/. Acesso em 2 de junho de 2016.
GARCIA, Paula Gasparini; BORGES, Fábio dos Santos. Foto documentação em
Fisioterapia dermato-funcional. In: BORGES, Fábio dos Santos. Dermato
funcional: modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. 2ª ed. São
Paulo: Phorte, 2010. p. 558-582.
HEDGECOE, John. O novo manual de fotografia: guia completo para todos os
formatos. 4ª ed. São Paulo: Senac, 2009.
HOCHMAN, Bernardo; NAHAS, Fábio Xerfan; FERREIRA, Lydia Masako. Fotografia
aplicada na pesquisa clínico-cirúrgica. Acta Cirúrgica Brasileira. São Paulo, n.20
(supl. 2), p. 19-25, 2005. Disponível em:
<www.scielo.br/pdf/acb/v20s2/v20s2a06.pdf >. Acesso em 30 de maio de 2016.
KEDE, Maria Paulina Villarejo; SABATOVICH, Oleg. Dermatologia estética. 2ª ed.
São Paulo: Atheneu, 2009.
MARTINS, Nelson. Fotografia: da Analógica à Digital. 1ª ed. São Paulo: Senac,
2010.
MIOT, Helio Amante & PAIXÃO, Maurício; PASCHOAL, Francisco Macedo.
Fundamentos da fotografia digital em Dermatologia. Anais Brasileiros de
Dermatologia. Botucatu, v. 81, n.2, p.174-180, 2006. Disponível em
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PINHEIRO, Maria Valéria Bussamara; CONCEIÇÃO, Vila Nova. A fotografia na
cirurgia dermatológica e na cosmiatria: parte I. Surgical and Cosmetic
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STOCCHERO, Ithamar Nogueira; TORRES, Fabrício Carvalho. Fotografia Digital
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The study of the application of (-)--bisabolol in a concealer for the eye area skin
juliana_ssimon@hotmail.com,capedriali@hotmail.com
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1. Introdução
Existe uma variedade de corretivos coloridos ou em tons da pele para a área dos olhos
no mercado e são vendidos em apresentações diferentes como pastas, pós, cremes e
bastões. A mistura de pigmentos geralmente varia entre as cores branca, marrom e
amarela, e em alguns casos, vermelha, verde e preto, e pode ter a presença de um
ativo. A principal função do corretivo é de cobrir as olheiras ou manchas na pele. Isso
é possível, pois a quantidade de pigmentos existentes numa formulação promove o
recobrimento da área onde se aplica a maquiagem (ABIHPEC, 2015; BRT, 2012).
A elaboração desta revisão bibliográfica justifica-se pelo fato das olheiras serem um
problema estético na vida de algumas pessoas e necessita-se de uma solução simples
e eficaz, como o uso de corretivos para a área dos olhos que contenham ativos que
ajudem a amenizá-las.
2. Revisão de literatura
A produção de fibroblastos, que são as células grandes e jovens com uma alta
capacidade produtiva presentes no tecido conjuntivo, é menor. Sendo assim, a pele se
torna mais fina com espessura de 0,06 mm na região da área dos olhos (HARRIS,
2016; PEREIRA, 2012; MONTANARI, 2015).
- Ação dos raios UV: este seria um fator externo onde a ação dos raios ultravioleta B
(UVB) multiplica os melanócitos ativos e estimula a enzima tirosinase (NICOLETTI et
al., 2002; MIOT et al., 2009).
2.2 Olheira
As olheiras são causadas por uma combinação de fatores como: o excesso de vasos
sanguíneos e de melanina, a presença de bolsas de gordura, a flacidez, a privação de
sono, o uso de medicamentos vasodilatadores, a ingestão de bebidas alcoólicas, o
tabagismo, as alergias, o desvio de septo, o uso de anticoncepcionais, os
quimioterápicos, os antipsicóticos e o genético. Como a pele ao redor dos olhos é
muito fina possuindo uma média nos seres humanos de 0,4 mm de espessura, os
vasos sanguíneos e qualquer acúmulo de melanina ficam mais evidenciados (LÜDTKE
et al., 2013; STEINER, 2007; HARRIS, 2016).
Existem dois tipos principais de olheiras que podem ser classificadas de acordo com a
sua causa e efeito (LÜDTKE et al., 2013):
Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Saúde e Bem-estar - Vol. 6 no 5 – Abril de 2017
Edição Temática em Saúde e Bem-estar
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(a) Tipo vascular → não existe mudança da cor da pele, no entanto ela é mais fina e
podem ser visualizados os vasos sanguíneos dilatados. Têm como principal causa a
herança familiar e aparecem muito precocemente, na adolescência ou até mesmo na
infância;
A coloração das olheiras também varia de acordo com a substância que está
depositada naquela área como: (a) coloração violeta-esverdeada relacionada a um
excesso de biliverdina (cristais insolúveis com uma coloração verde) que são
produzidos no organismo a partir da hemoglobina ou da bilirrubina; (b) coloração
violeta relacionada a um excesso de hemossiderina; (c) coloração marrom alaranjada
que condiz com a decomposição de ferro e bilirrubina (LÜDTKE et al., 2013;
NICOLETTI et al., 2002).
Cada tipo de olheira possui um tratamento específico, olheiras do tipo vascular são
comumente tratadas com o uso de cremes, que possuem ativos para melhorar a
vascularização da região, a aplicação de esfoliantes suaves e drenagens linfáticas que
estimulam a circulação sanguínea e amenizam a aparência das olheiras. Já a olheira
tipo melânica podem ser tratadas também com o uso de alguns cremes que possuem
ativos específicos ou com a técnica de laser ou luz pulsada, um método moderno que
consiste em destruir o pigmento existente nos vasos sanguíneos (STEINER, 2007).
O (-)--bisabolol tem a capacidade de tratar os dois tipos de olheiras, por possuir uma
ação anti-inflamatória trata a olheira do tipo vascular, não permitindo o inchaço e
melhorando a vascularização da área tratada e por promover a inibição do processo de
tirosinase, evita a produção de melanina e o acúmulo desta (BIOSPECTRUM, 2010).
Os corretivos faciais mais encontrados hoje em dia possuem uma formulação básica
que é uma emulsão, esta é uma mistura heterogênea no qual dois líquidos imiscíveis
estão homogeneizados e estabilizados por existir um agente emulsificante na
formulação.
3. Objetivo
- Realização de um estudo da utilização do (-)--bisabolol em um corretivo facial para
a área dos olhos, no intuito de maquiar e disfarçar as olheiras.
4. Metodologia
O presente trabalho foi realizado por uma pesquisa bibliográfica nas seguintes bases
de dados: PubMed, Google acadêmico, Revista Cosmetics & Toiletries e PubChem.
Para a inclusão dos artigos no trabalho foram seguidos alguns critérios como, textos
relacionados aos seguintes temas:
5. Resultados e Discussão
Fonte: Tabela adaptada do estudo patenteado pela empresa Biospectrum com a colaboração dos
pesquisadores Park et al. (2010).
Num estudo realizado por Leite e colaboradores (2011) onde pesquisou-se apenas o
(-)--bisabolol, verificou que este inibiu a dermatite formada na orelha do rato
induzida por agentes tóxicos (ácido araquidônico, fenol e capsaicina).
Segundo estudos realizados por Queiroz (2008), com compostos isolados do óleo de
camomila, administrados via oral e tópica, em modelos farmacológicos padrão de
inflamação (eritema UV, edema de pata de rato induzido por carragenina, granuloma
de bola de algodão, artrite adjuvante em ratos), mostrou que os componentes do óleo
que mostraram ação anti-inflamatória eficaz foram: o chamazuleno e o (-)--
bisabolol.
Neste estudo foi percebido que o extrato hidroalcoolico ou mesmo o óleo da camomila
pode apresentar efeitos mais abrangentes que o (-)--bisabolol isolado, como anti-
tumoral, ansiolítico, antioxidante, espasmolítico, imunoestimulante, anti-inflamatório,
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antibactericida, entre outros (RUSSEL; JACOB, 2010; TSALA, 2013). Isto se deve ao
extrato ou ao óleo apresentar várias classes de bioativos responsáveis pelo efeito
sinérgico entre si, como correlacionados no Quadro I.
Quadro I. Composição contida no extrato e óleo de camomila (Matricaria recutita L.) e suas
funções específicas.
Polissacarídeos – imunoestimulantes
Fonte: Quadro adaptado com informações da literatura: EDRIS, 2007; GUPTA et al., 2010; ORAV
et al., 2010; SINGH et al., 2011; SRIVASTAVA et al., 2010; TSALA, 2013.
Segundo Steiner (2007) e Pereira (2012), as olheiras podem ser tratadas com o uso
de formas cosméticas (emulsões, geis e óleos) que contenham alguns ativos como,
por exemplo, a camomila. Nesta está presente o (-)--bisabolol que é um ativo isolado
do óleo da camomila e possui uma ação anti-inflamatória, portanto ele também pode
auxiliar no tratamento de olheiras do tipo vascular. Este ativo pode atuar como anti-
inflamatório inibindo a enzima 5-LOX e a coloração dos vasos sanguíneos amenizando
as olheiras.
6. Conclusão
7. Referências Bibliográficas
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TSALA, D.M.; AMADOU, D.; HABTEMARIAM, S. Natural wound healing and bioactive
natural products. Phytopharmacology, v.4, n.3, p. 532-560, 2013.
Camilla Audi, Vanessa Yumi Kataoka, Graziele Jesus da Silva, Melissa Yumi Tatikava,
Thaís Rodrigues e Bianca Cestari Zychar
Centro Universitário Faculdades Metropolitanas Unidas - UniFMU
Departamento de Estética e Cosmetologia
biancazychar@gmail.com
Abstract. The man has been concerned with their hair since the beginning of humanity,
that has as main function the skull protection against concussion and sun exposure. In
the present day, where the beauty and become essential in society, so the concern of
individuals with the canície, commonly known as "white hair" and a capillary, is growing
every day and many cosmetics and treatments are available in the market in order to
mitigate these effects. Canície so much as the hair fall are related to natural aging or
chronology, and can be increased by intrinsic factors such as heredity; and extrinsic
factors, related to life habits, exposure to ultraviolet radiation (UVR). The imbalances of
these factors can induce formation of free radicals and hair depigmentation, caused by
changes melanogênicas. In this way, our objective was to carry out a review of scientific
articles to understand the mechanism of action and, consequently, formation of radial
free for development of these disorders and possible treatments.
Key words: Aging hair, Canicie, Hair fall, Aesthetics, Hair.
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial-SemDerivações 4.0
Internacional
2
1. Introdução
O sistema tegumentar é composto por pele e tela subcutânea, acompanhado de anexos
cutâneos onde o tegumento é a parte que recobre toda a superfície do corpo formando a
porção epitelial, epiderme e a derme. Abaixo e em continuidade com a derme está a
hipoderme, que serve de suporte e união da derme com os órgãos subjacentes. Além de
permitir à pele uma considerável amplitude de movimento, embora tenha a mesma
origem e morfologia da derme, alguns autores sugerem uma nova classificação, da qual
a hipoderme passa a se chamar tela subcutânea não fazendo parte da pele (Guirro &
Guirro, 2004; Junqueira & Carneiro, 2009).
A epiderme é dividida em quatro camadas distintas da mais profunda para a mais
superficial:
Camada Basal: é uma camada que está afixada à lâmina basal, que limita a
epiderme do tecido conectivo frouxo da derme adjunta, agente da
renovação celular. Nesta camada, encontram-se os melanócitos que
produzem a melanina, proteína encarregada da pigmentação da pele, e os
queratinócitos responsáveis pela produção de queratina, proteínas de
proteção da pele (Vaz et al, 2014; Martini, 2009);
Estrato Espinhoso: camada onde ocorre a diferenciação das células tornando-
se um queratinócito que estão ligados entre si por desmossomos (máculas
de adesão). É constituída por vários filamentos finos de proteínas que se
acomodam de um lado ao outro da célula. Estes fascículos são chamados
de tonofilamentos que conectam os queratinócitos nas células adjuntas.
Nesta camada estão presentes as células de Langerhans e os melanócitos
(Vaz et al, 2014; Martini, 2009);
Camada Granulosa: são pequenos grânulos de queratina, responsáveis pela
impermeabilização da pele, formada por queratinócitos deslocados do
estrato espinhoso (Martini, 2009);
Estrato Córneo: é a camada mais superficial constituída por um revestimento
protetor de células mortas anucleadas instaladas na parte superficial da
epiderme, cujo número de camada é variável de acordo com a região. A
absorção de cosmecêuticos de uso tópico ocorre nesta camada (Vaz et al,
2014; Peyrefitte, 1998).
Por sua vez, a derme é composta por duas porções (derme papilar e derme reticular) as
quais estão localizadas abaixo da epiderme onde se encontram os anexos cutâneos,
como a glândula sudorípara, écrina e apócrinas, além dos folículos pilos-sebáceos (Costa,
2012).
Derme papilar: constituída por tecido conjuntivo frouxo, camada de fibras de
colágeno, fibras elásticas, e um grande número de fibroblastos, possui
contato direto com a epiderme e a sua principal função é o intercâmbio
nutritivo (Vaz et al, 2014; Rivitti, 2014; Sampaio, 2008);
Derme reticular: camada mais espessa que fica em contato com o tecido
subcutâneo (também chamado de tela subcutânea). É composta por feixes
de colágeno e possui menor quantidade de fibroblastos quando comparado
à derme papilar (Vaz et al, 2014; Rivitti, 2014; Sampaio, 2008).
A pele representa cerca de 12% de peso total de um indíviduo e sua aparência depende
de vários fatores: idade, alimentação, sexo, clima e estado de saúde do indivíduo. Além
disso, têm como função exercer papel de barreira de proteção entre o meio externo e
interno (Guirro, 2004).
Como citado anteriormente, a pele é composta por anexos constituídos por ramificações
da epiderme na derme, sendo elas: pêlos, glândulas sebáceas, glândulas sudoríparas,
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unhas e cabelo. Entre eles, os cabelos são uma parte muito valorizada desde a
antiguidade até os dias de hoje, pois transmite personalidade, estilo de vida e serve
como moldura do rosto de um indivíduo (Halal, 2011).
Historicamente, na antiguidade os primitivos necessitavam do cabelo para fins de
aquecimento e proteção, embora atualmente não seja necessário para a sobrevivência,
ainda sofre um grande impacto psicológico na sociedade, sendo de extrema importância
para a autoestima e afirmação pessoal (Halal, 2011).
Os estudos mais antigos sobre os cabelos derivam do Grego Aristóteles, no qual,
percebeu que os eunucos nunca perdiam cabelos. Após milhares de anos, Júlio César
aprovou a utilização da coroa em tempo integral como forma de disfarçar a calvície tanto
para a população quanto para a Cleópatra (Halal, 2011). No entanto é possível observar
que a problemática da queda capilar ocorre desde a antiguidade como um fator de abalo
social.
Ainda, segundo os autores Guirro, 2004 e Halal, 2011, os cabelos produzem impacto
muito grande nos indivíduos dentro da sociedade com relação à estética visual e
cuidados pessoais. E com isso, grande parte dos estudos estão sendo realizados para
reverter danos e consequências além de diversos métodos implementados para a saúde
e vitalidade dos cabelos.
O cabelo é formado pela haste capilar, camada externa do cabelo; raiz e/ou Bulbo:
camada interna, localizados no couro cabeludo que contêm grupos de 1 a 4 fios de
cabelo envoltos por um anel de tecido conjuntivo que as protege, com inervação e
circulação próprias, e também com glândulas sebáceas que dão oleosidade natural ao
couro cabeludo (Marieb e Hoehn, 2007, Rakowska et al., 2009). Em média, o couro
cabeludo apresenta mais de 100.000 folículos pilosos e em cada folículo crescem cerca
de 20 novas fibras de cabelo durante a vida. Cada fio de cabelo cresce em média 6 anos
antes de cair e ser substituído por um novo (Bhushan, 2010). O crescimento é regular,
cerca de 1,3 milímetros por dia, ou seja,1cm por mês (Barata, 2002).
Os cabelos são veículos das glândulas sebáceas e apócrinas além de servirem para
proteção contra radiações solares (cabelos e sobrancelhas), barreira mecânica
(sobrancelha, cílios e pelos nasais), aumento na superfície de evaporação do suor
(axilas), auxilia na função sensorial cutânea e contribui com os caracteres sexuais
secundários, além de ser uma ferramenta estética de reconhecimento individual e de
atração sexual (Simplicio, 2013; Pereira, 2001). Importantíssimo para a estética,
sexualidade humana e também na diferenciação pessoal dada as colorações, cortes e
penteados que permite ao individuo mostrar suas características e personalidade.
Após sair do couro cabeludo, o cabelo não sofre nenhum tipo de alteração biológica, por
ser considerada uma estrutura queratinizada morta e os danos causados nesta estrutura
ao longo do seu crescimento tendem a ser cumulativos (Nogueira, 2003).
Quando ocorre o processo de diferenciação o cabelo se divide em dois principais
componentes (Figura 2):
Haste capilar: camada externa do cabelo;
Raiz / Bulbo: camada interna e ativa do cabelo localizada na derme.
A haste capilar é uma porção localizada na superfície da pele, já a raiz está inserida na
mesma e sua origem se dá por uma invaginação tubular da epiderme mais conhecida
como folículo piloso. Sendo que, a haste capilar possui três subdivisões, tais como:
cutícula, córtex e medula (Figura 2).
Cutícula
A cutícula (Figura 2) compõe cerca de 10% da fibra capilar e suas escamas, que são
sobrepostas, tem a função de proteger o cabelo e são formadas por células cuticulares,
que contém uma fina membrana externa, a epicutícula e mais duas camadas internas, a
endocutícula e exocutícula.
Endocutícula: encontradas na parte mais interna do fio, feitas de material não
queratinoso, rica em proteínas, enzimas, vitaminas e íons (Chilante et al,
2010);
Exocutícula: encontradas na parte mais externa do fio, sendo formadas por 6
a 10 camadas de células justapostas no comprimento da fibra. Sua
composição se dá por material protéico e disforme, responsável pela
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proteção das células corticais que controla a entrada e a saída de água
para conservação de suas propriedades físicas (Chilante et al, 2010).
Figura 2 – Estrutura interna da haste capilar.
Estas escamas são transparentes e opacas e quanto mais fechadas, mais brilho é notado
no cabelo, se as mesmas se abrem, o cabelo fica poroso e sem brilho. Por isso a
importância que a cutícula se encontre em boas condições para que o cabelo permaneça
saudável (Chilante et al, 2010).
As células cuticulares se sobrepõem, formando ‘telhas’ e junções entre as células
adjacentes e subjacentes. A cutícula e córtex são geralmente planos, podendo contribuir
para o estiramento mecânico da cutícula (Mello, 2010).
Estas diferentes partes são constituídas de material protéico onde são ricos em enxofre
quanto mais externamente se localizam. Do ponto de vista bioquímico a cutícula é muito
estável e resiste às forças físicas e químicas e quando ocorre a degradação da cutícula o
cabelo perde uma camada protetora ficando muito frágil e exposto a danos externos
(Bolduc, 2001).
Córtex
Medula
A medula (Figura 2) é um feixe cilíndrico e fino localizado no centro do fio de cabelo que
possui um elevado teor de lipídeos e pobre em cistina. Sua função ainda não está
completamente esclarecida, embora suas células possam desidratar-se e os espaços
possam ser preenchidos com ar, afetando a cor e o brilho nos cabelos. No cabelo
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humano, no entanto, pode ser contínua, descontínua ou mesmo ausente. Não é objeto
de muito estudo por não ter funções de maior importância (Mello,2010; Dawber, 1996;
Tolgyesi et al, 1983).
A medula é um dos principais responsáveis pela consistência do fio e demonstram
propriedades termorreguladoras na fibra capilar (Tambosetti, 2008).
Em cabelos saudáveis estas três camadas se apresentam completamente seladas devido
suas proteínas, onde há ceramidas e gordura que são produzidas naturalmente pelos
fios, compondo assim o cimento intercelular. Ocorrendo a deficiência de algum desses
componentes, as escamas começam a se abrir deixando o fio frágil (Caleffi et al, 2010).
O cabelo é composto por cerca de 91% de proteína, sendo a queratina a proteína mais
abundante, além de todos os aminoácidos presentes, inclui também com grande
importância a cistina, que é o aminoácido de maior quantidade presente nos fios,
equivalente a 18% do peso total, com a principal função de proporcionar elasticidade e
fixação do permanente (Nogueira, 2003).
A estrutura capilar é constituída principalmente por queratina, proteína fibrosa, formada
por cerca de 21 aminoácidos, principalmente do aminoácido sulfurado denominado
cisteína. É queratinizada e secretada no folículo piloso com contínua produção, com o
acumúlo destas células ocorre produção da haste capilar (fio do cabelo) (Figura 1)
(Chilante et al, 2010).
A densidade do cabelo mede a quantidade de fios por centímetro quadrado do couro
cabelo e sua média é cerca de 2,2 fios por cm², este fator indica se o fio é fino ou grosso.
Porém esta condição varia de acordo com etnias, cuidados diários e patologias presentes
(Halal, 2011).
Os fatores que determinam a densidade dos cabelos são:
Aumento durante a gravidez;
Menor em mulheres do que em homens;
Diminui após atingir os 50 anos de idade;
Maior em jovens;
Maior em fios loiros;
Menor em fios ruivos.
O sistema de pigmentação em humano está baseado em dois tipos celulares,
melanócitos e queratinócitos, os quais interagem como uma unidade funcional
denominada unidade melanina-epidermal, cuja atividade funcional é o fator
determinante da coloração da pele (Guirro e Guirro, 2009).
A melanina é produzida por um processo fisiológico denominado melanogênese, tendo a
função de proteção da pele dos prejuízos induzidos pela radiação solar via absorção da
luz ultravioleta (RUV) e remoção das espécies reativas de oxigênio (Kede e Sabatovich,
2009).
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A melanina produzida no córtex surge em forma de grânulos cujo tipo, tamanho e
quantidade são responsáveis pela cor dos cabelos e pela sua fotoproteção. Mudanças nas
propriedades mecânicas do cabelo são atribuídas a mudanças na estrutura do córtex
(Nogueira, 2003).
Melanogênese
Pretos 99% 1%
Canície
O nome canície é dado quando ocorre a despigmentação dos cabelos, que aparece aos
poucos após a terceira década de vida juntamente com a idade avançada, podendo
surgir antes dos 20 anos de idade, sendo de determinação racial ou hereditária. Em etnia
de pele branca, ela pode surgir em torno dos 30 anos e em negra por volta de 40 anos,
pois contém maior concentração e quantidade de melanócitos, sendo assim, maior
capacidade de manutenção da cor. Doenças autoimunes como hipertireoidismo,
hipotireoidismo e anemia perniciosa, bem como fatores hereditários podem levar ao
grisalhamento prematuro (Wichrowski, 2007).
Quando a quantidade dos grânulos de pigmento diminui de forma natural, os fios
brancos tornam-se perceptíveis, sendo comum acontecer entre os 28 e 42 anos de idade.
Foi estimado que cerca de 50% das mulheres tendem a ter cabelos brancos até os 50
anos (Halal, 2011).
Os cabelos grisalhos indicam que os melanócitos ficam lentos e produzem uma
quantidade menor de melanina. Pesquisas recentes comprovam que a produção de
melanina é interrompida durante algumas fases do ciclo de crescimento natural do
cabelo (Halal, 2011).
Como dito anteriormente, a produção da pigmentação acontece pela ação de uma
enzima chamada tirosinase sobre a tirosina e a DOPA, a diminuição da enzima tirosina
leva a canície. O envelhecimento capilar é um dos principais fatores que podem afetar a
participação desta enzima, além da predisposição genética que pode adiantar ou atrasar
este aparecimento (Wichowski, 2007).
Outro fator que deve ser levado em consideração é o estresse oxidativo que pode
avançar o processo da canície, uma vez que as formações dos radicais livres interagem
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com a tirosina desestabilizando-a induzindo a diminuição de sua atividade (Guaratini,
2007; Hirata et al, 2004).
O combate aos radicais livres tem grande importância no sistema capilar, uma vez que o
bom funcionamento da unidade pilossebácea, assim como a saúde do couro cabeludo,
possui relação à diminuição de patologias e proporcionam boa qualidade ao cabelo.
Queda capilar
O couro cabeludo é uma pele com grande quantidade de folículos pilosos e glândulas
sebáceas cuja epiderme troca-se rapidamente. Em cada fio de cabelo, milhares de
cadeias de alfa-queratina estão entrelaçadas em espiral, sob a forma de placas que se
sobrepõem, transformando-se em um longo e fino “cordão” proteico. Essas proteínas
interagem entre si de várias formas, resultando no aspecto característico de cada cabelo:
liso, ondulado e encaracolado (Scacheti, 2011).
O folículo piloso passa por três principais estágios no decorrer de seu desenvolvimento:
fase anágena, fase catágena e fase telógena, com regeneração em sucessivos ciclos. No
couro cabeludo normal a fase anágena dura de dois a sete anos, a catágena cerca de
duas semanas, e a telógena aproximadamente três meses (Figura 3) (Brenner, 2011).
As características das fases de crescimento são:
Anágena: Neste período o crescimento ocorre em média 0,3-0,4 mm/dia
(0,9-1,2 cm/mês), os capilares sanguíneos envolvem o folículo gerando
nutrientes entre outras substâncias exógenas que são incorporadas ao longo
do fio do cabelo (De Lima et al, 2007);
Catágena: fase de transição entre o seu crescimento ativo e a fase de
repouso, a raiz é queratinizada e se forma com uma única estrutura que se
separa do bulbo (De Lima et al, 2007);
Telógena: fase onde o crescimento do cabelo cessa sendo chamada de fase
de repouso dos pelos. Neste período podem ser facilmente removidos se
forem puxados, começando assim o processo de crescimento de um novo fio
de cabelo onde é expulso o fio que estava em repouso (De Lima et al, 2007).
Na unidade capilar pode-se encontrar uma variedade de componentes que fazem com
que os fios permaneçam fortes e saudáveis. Porém existem muitos fatores (internos e
externos) que podem acabar por danificar as fibras. Sabendo disso, a queda capilar pode
se desenvolver a partir pela somatória destes fatores e se acentuar com decorrer da
idade.
É sabido que fatores extrínsecos tais como uso de produtos químicos, xampus,
secadores, “chapinhas”, colorações em geral e a exposição à RUV causa danos a fibra
capilar, podendo deixar os cabelos secos, com força reduzida, textura áspera, perda da
cor, diminuição do brilho, rigidez e fragilidade e consequentemente queda capilar
(Nogueira e Joekes, 2004; Qiong et al, 2013).
Já os fatores intrínsecos estão relacionados diretamente a hereditariedade, fatores
hormonais e levam a doenças do couro cabeludo, que podem afetar diretamente o
mecanismo de crescimento do cabelo resultando na estagnação do mesmo e
consequente queda capilar, podendo ocasionar calvice em ambos os sexos (Nogueira e
Joekes, 2004; Qiong et al, 2013).
Sendo assim, a queda capilar pode ser ocasionada por estes fatores isolados ou pela sua
ação conjunta, e intensificar-se no decorrer dos anos.
Tratamentos Capilares
A formação de radicais livres é um processo contínuo e fisiológico, gerado nas
mitocôndrias, citoplasma ou na membrana celular (Franzen et al ,2013; Ferreira e
Matsubara, 1997). Algumas espécies reativas agem diretamente no DNA, proteínas e
lipídios, podendo gerar mutações e alterações funcionais, como desidrogenação
(eliminação de hidrogênio (H)), hidroxilação (acréscimo ou substituição de grupo
hidroxila) e glicação proteica, que consiste em uma reação na qual, carboidratos como a
frutose e a glicose, fazem ligação covalente a um grupo proteico ou a um lipídeo sem a
atuação de uma enzima. Com isso a glicação é um processo aleatório que prejudica o
funcionamento das biomoléculas refletindo o processo de envelhecimento, porque
afeta ácidos nucleicos e proteínas, como o colágeno, que, quando modificados, podem
gerar erros funcionais ou estruturais no organismo. E ainda são responsáveis por induzir
uma resposta inflamatória, além de fibrose e a esclerose ao degradar proteínas do tecido
conjuntivo (Guaratini, 2007; Hirata et al, 2004).
No cabelo, as melaninas possuem função de proteção fotoquímica às proteínas do
mesmo, mais comum em baixos comprimentos de onda, no qual tanto os pigmentos
quanto as proteínas absorvem luz (254 a 350 nm). Os pigmentos operam absorvendo e
filtrando a energia recebida, sucessivamente dissipando esta energia na forma de calor.
A melanina dissipa mais de 99,9% da energia UV absorvida como calor, trabalhando
como um desativador químico de radicais livres, fazendo com que a geração de radicais
livres se mantenha no mínimo previnindo o transporte de espécies deletérias para a
matriz da queratina. Contudo, ao proteger as proteínas do cabelo da luz, os pigmentos
são degradados ou oxidados (Nogueira, 2008).
O organismo humano dispõe de alguns mecanismos endógenos de defesas contra os
radicais livres como:
Antioxidante primário: são enzimas que eliminam os radicais livres no local
de sua formação, como a enzima superóxido dismutase (SOD) (Guaratini,
2007; Kede e Sabatovich, 2009);
Antioxidante secundário: são as vitaminas e minerais que combatem as
lesões celulares causadas pelos radicais livres tais como as vitaminas C e E
(Guaratini, 2007; Kede e Sabatovich, 2009);
Antioxidante terciário: ajuda o organismo a formar substância para
regenerar as células destruídas pelos radicais livres como, por exemplo, as
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proteínas de choque térmico quando temos febre (Guaratini, 2007; Kede e
Sabatovich, 2009).
Existem diversas substâncias antioxidantes que podem ser utilizados nos tratamentos
capilares podendo amenizar ou retardar estes efeitos, tais como: superóxido dismutase,
catalase, glutationa, vitamina C e E, betacaroteno, minerais com zinco, cobre,
manganês, selênio, enxofre, magnésio, coenzima Q10, ácido lipóico e os flavonoides
extraídos de plantas (Wood et al, 2009). Existem, também, diversos princípios ativos
que combinados ao veículo correto, tais como xampus, tônicos, máscaras e até capsulas
nutritivas via oral, visam melhorar o aspecto do cabelo e até mesmo diminui a queda
capilar.
Estudos sugerem, também, o tratamento de laser de baixa potência associado com
loções tópicas manipuladas. O laser de baixa potência possui propriedades terapêuticas
importantes como indução de efeitos trófico-regenerativos, antiinflamatórios, analgésicos
e estimulação de síntese de colágeno e fibroblastos (Lopes, 1999).
Além de tratamentos estéticos não invasivos como o laser de baixa potência, existem
dermoscosméticos que, associados à massagem capilar, microagulhamento e
dermopuntura, auxiliam no retardo da queda capilar e estimula o crescimento de cabelo.
Assim, associando as técnicas estéticas juntamente com comescêuticos é possível
amenizar tanto a canície como a queda capilar, melhorando a qualidade de vida e a
autoestima das pessoas.
Com isso, o objetivo do presente trabalho foi efetuar a releitura de artigos científicos
com a finalidade de compreender os principais mecanismos de ação para o
desenvolvimento da canície e queda capilar, bem como, a utilização de possíveis
tratamentos para retardar estes efeitos.
2. Metodologia
Realizou-se uma revisão bibliográfica de artigos cujos assuntos/temas fossem Canície e
Queda Capilar nos bancos de dados do Google Acadêmico, Pubmed e Scielo. Para a
referida busca utilizou-se os seguintes descritores no idioma português: canície, queda
capilar, envelhecimento capilar, cabelos. Os critérios utilizados para a seleção dos artigos
foram: idioma português e inglês, artigos completos sem um limite temporal, mas
priorizando-se estudos dos últimos 12 anos.
3. Resultados
Para a conclusão desta revisão bibliográfica selecionamos 28 artigos no idioma português
e inglês, além de 14 livros didáticos que abordam a respeito dos mecanismos e
desenvolvimento da canície e queda capilar, finalizando-se, então, um total de 42 obras
utilizadas na elaboração do presente trabalho que também se encontram listadas nas
"Referências Bibliográficas" ao término do mesmo.
O envelhecimento capilar é gradual como no envelhecimento cutâneo, sendo
potencializados por fatores extrínsecos, que são alterações cutâneas provocadas pela
exposição excessiva ao sol, má alimentação, tabaco, álcool e poluição do ar; e os
intrínsecos, também chamado de envelhecimento cronológico são considerados naturais
(Puizina-ivic, 2008).
Suas manifestações se iniciam com perda da densidade máxima do cabelo, da espessura
e da cor natural que leva aos “cabelos brancos” (Halal, 2011). É possível observar com a
perda de densidade e espessura a ausência do pigmento de melanina nos fios,
acarretando no embranquecimento dos mesmos.
A partir dos 70 anos de idade, estudos demonstraram redução no crescimento capilar de
ambos os sexos com média de aproximadamente 0,33 mm ao dia. A diferenciação
desses padrões da rarefação que são normais da idade como a alopecia androgenética
Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Saúde e Bem-estar - Vol. 6 no 5 – Abril de 2017
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13
pode ser considerada um padrão de calvície masculina podendo ocorrer também em
mulheres (Halal, 2011).
O processo de crescimento dos folículos ocorre em padrão de mosaico no couro cabeludo.
Cada folículo possui uma ferramenta de controle individual, ditado por diversas
substâncias como hormônios, citocinas, fatores de crescimento e influências do meio
ambiente como deficiências nutricionais e RUV. Os mecanismos que controlam o ciclo do
pêlo estão posicionados no próprio folículo e são resultado da interação de moléculas
reguladoras e seus receptores. Estudos sugerem que a papila dérmica e seus fibroblastos
influenciam no crescimento do folículo, especialmente na proliferação e diferenciação
celular da matriz folicular (Brenner, 2011).
Outras doenças do couro cabeludo que fazem evoluir a queda do cabelo, são conhecidas
por alopecia areata, eflúvio telógeno, líquen plano pila e as alopecias cicatriciais. Se
diagnosticado algumas dessas patologias é aconselhável procurar um dermatologista
para saber se há alguma associação a doença ou somente se trata de uma rarefação
normal da idade (Wichrowski, 2007).
Ainda, com o envelhecimento capilar, é comum o aparecimento de canície, que aparece
aos poucos após a terceira década de vida juntamente com a idade avançada, sendo que
podem surgir desde cedo, antes dos 20 anos, podendo ser de tipo racial. Doenças como
hipertireoidismo, hipotireoidismo e anemia perniciosa, bem como fatores hereditários
podem levar ao grisalhamento prematuro (Wichrowski, 2007).
Quando a quantidade dos grânulos de pigmento diminui de forma natural, os fios
brancos tornam-se perceptíveis, sendo comum acontecer entre os 28 e 42 anos de idade.
Foi estimado que cerca de 50% das mulheres tendem a ter cabelos brancos até os 50
anos (Halal, 2011).
Ainda, Segundo Halal (2011), cerca de 90% dos cabelos encontra-se na fase anágena,
9% na fase telógena e 1 % na fase catágena. Estima-se que o couro cabeludo contenha
aproximadamente 100.000 fios em média, sendo que uma quantidade maior para fios
louros e uma quantidade menor para fios ruivos. A estimativa para a perda de cabelos
era de 100 a 150 fios por dia, porém recentes pesquisas indicam que a troca média varia
de 35 a 40 fios diariamente, isso para uma perda normal, sem nenhuma patologia.
Os cabelos grisalhos indicam que a produção de melanócitos fica lenta e produz uma
quantidade menor de melanina, assim como, pesquisas realizadas comprovam que a
produção de melanina é interrompida durante as fases catágena e telógena do ciclo de
crescimento natural do cabelo (Halal, 2011).
Outro fator que deve ser levado em consideração é o estresse oxidativo que pode
avançar o processo da canície, uma vez que a formação dos radicais livres interage com
a tirosina desestabilizando-a induzindo a diminuição de sua atividade.
A formação dos radicais livres acelera o processo de envelhecimento, essa liberação se
dá a partir de reações bioquímicas no organismo, com aumento de moléculas ânions
superóxido, induzindo lesões decorrentes a liberação de 21 espécies reativas de oxigênio,
causando a diminuição da capacidade antioxidante natural do organismo. Os
antioxidantes neutralizam as lesões causadas pelos radicais livres (Costa, 2012;
Dolinsky, 2009; Ferreira e Matsubara, 1997).
É sabido que os principais responsáveis na síntese das espécies reativas de oxigênio é a
exposição da pele a RUV (Costa, 2012; Hirata, 2004). As principais fontes que causam os
radicais livres além da RUV são: elementos ricos em gordura, álcool, tabaco e o estresse
oxidativo. O acúmulo de formação de radicais livres provoca um desequilíbrio no
processo oxidativo e no antioxidativo natural, fazendo com que o organismo saia da
homeostase.
O equilíbrio e a reposição com antioxidantes parece ser um recurso mais racional para os
tratamentos capilares (Wood et al, 2009). Ainda estudo recente demonstrou que a
utilização de antioxidantes interrompe o processo de embranquecimento dos cabelos, por
Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Saúde e Bem-estar - Vol. 6 no 5 – Abril de 2017
Edição Temática em Saúde e Bem-estar
14
remover o peróxido de hidrogênio encontrado nos fios, sendo este um descolorante que
retira a cor natural dos fios. Este estudo foi publicado pela Federação da Sociedade
Americana de Biologia Experimental pela revista especializada Faseb (Wood et al, 2009).
O combate aos radicais livres tem grande importância no sistema capilar, uma vez que o
bom funcionamento da unidade pilossebácea, assim como a saúde do couro cabeludo,
possui relação à diminuição de patologias e proporcionam boa qualidade ao cabelo.
Desta forma este trabalho teve como embasamento apenas o mecanismo e
desenvolvimento da canície e queda capilar.
4. Considerações Finais
Nos dias atuais, onde a estética e beleza tornam-se essenciais na sociedade, o cabelo
aparece como um acessório fundamental em todos os tempos e em todas as culturas,
pois eles transmitem sensualidade e é uma poderosa arma de sedução, além de mostrar
a personalidade de cada indivíduo, tanto no corte, na forma e na coloração. Desta forma,
é natural estudos sobre saúde e manutenção capilar.
Sabe-se que o envelhecimento capilar, está relacionado aos fatores extrínsecos
provocados por exposição excessiva ao sol, má alimentação, tabaco, álcool e poluição do
ar; e os intrínsecos, considerados naturais ou hereditários e com o tempo faz com que o
organismo perca suas funções normais. A necessidade de prevenção ou reparação destes
processos leva os indivíduos a busar soluções através do ramo da estética e
cosmetologia.
Dentre as fisiopatologias capilares, a canície é caracterizada pela despigmentação dos
cabelos e aparece aos poucos após a terceira década de vida, podendo ser hereditária ou
não, já a queda capilar pode ser gradual e potencializada por motivos extrínsecos, visto
que, ocorre num processo de envelhecimento natural e progressivo.
Sabe-se que a formação de radicais livres pode estar envolvida neste mecanismo,
podendo até mesmo ser um acelerador deste processo. Nas condições de pesquisa para
confecção deste trabalho é possível concluir que a canície e queda capilar são as
principais desordens envolvidas neste processo na maioria das pessoas desde a
antiguidade. Os neutralizadores de antioxidantes mostrou ser um grande aliado para
retardar estes efeitos, do mesmo modo que, alguns tratamentos estéticos associados
como o laser de baixa potência podem auxiliar no estímulo celular evitando a queda,
além de cosméticos específicos com ativos catiônicos capazes de promover a
reestruturação capilar. Para tanto, incentivamos a pesquisa de estudos de caso visando
encontrar o fator determinante destas disfunções gerando futuras discussões para a
elaboração de tratamentos eficazes com resultados significativos. Desta forma
poderemos proporcionar benefícios e autoestima elevada para os indivíduos que
procuram maneiras de adiar estes efeitos.
Victor Mielli de Castro, Nayla Aparecida Alves de Araujo, Silvia Midori Izumi
Morimoto, Celio Takashi Higuchi, Everton Crivoi do Carmo
Abstract. Outdoor exercises expose their fans to the effects of solar radiation,
which might be avoided by sunscreens. However, the sunscreens’ actions would be
impaired by sweating. Thus, the aim was to compare the effects of organic and
inorganic sunscreens, associated with outdoor exercise, on the skin damage. Ten
volunteers were evaluated between 11h00 a.m and 1h00 p.m. The sunscreens were
applied randomly on right and left arms. Erythema (E) and melanin (M)
measurements were made on the backs of hands and forearms before and after 20
minutes of outdoor running. It was observed lower ratio E/M after exercise with
inorganic sunscreen (p=0.004). However, there weren’t differences when ANCOVA
was applied. Thus, we would conclude that there are no differences between the
sunscreens when combined with physical exercise outdoors
Key words: skin, sunscreen, erythema, melanin.
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4.0
Internacional
58
Introdução
Metodologia
Participantes
Participaram do estudo 10 voluntários do sexo masculino, com idade de 30 ± 10
anos. Todos eram praticantes regulares de exercícios físicos e não apresentavam
qualquer problema de saúde. Como critério de inclusão, não poderiam fazer ou ter
feito uso de medicamentos fotossensibilizantes ou qualquer outro
produto/tratamento que pudesse alterar as características biofísicas da pele, por
pelo menos 60 dias antes dos procedimentos experimentais. O estudo foi aprovado
pelo comitê de ética de acordo com a Declaração de Helsinki e todos os voluntários
assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) informando os
benefícios e riscos do estudo.
Análise estatística
Os dados são reportados como média e desvio padrão. Como medida do dano da
pele os valores de eritema foram corrigidos pela melanina, sendo utilizada a razão
eritema/melanina (E/M). Para a comparação entre os fotoprotetores após o
exercício foi realizado um test T de Student para amostras independentes.
Adicionalmente, foi realizada uma Análise de Covariância (ANCOVA), tendo como
fatores os fotoprotetores (orgânico e inorgânico) e como covariável os valores pré-
exercício sem fotoprotetor. Como nível de significância foi aceito um p<0,05.
Resultados
Foi observada redução de 4,5% na razão E/M quando comparados os valores pré e
pós aplicação dos fotoprotetores. Adicionalmente, os valores da razão E/M no pré
sem fotoprotetor (1,37 ± 0,18) e no pré com fotoprotetor (1,3 ± 0,19) foram iguais
ou menores os valores observados no pós exercício físico.
Quando comparados apenas os valores do pós teste, foi observada diferença
significante na razão E/M entre os fotoprotetores orgânico e inorgânico para as
medidas do dorso da mão (p=0,004). Entretanto, não foram observadas diferenças
entre os fotoprotetores para as medidas no antebraço (p=0,4).
Uma vez que a interferência dos fotoprotetores sobre a razão E/M no pré exercício
pode influenciar consideravelmente os resultados do estudo, esses foram utilizados
como covariável em uma segunda análise. Não foram observadas diferenças
significantes para o dorso da mão (p=0,08) ou para o antebraço (p=0,6) entre os
fotoprotetores. Os valores da Razão E/M no dorso da mão e no antebraço pré e pós
exercício com diferentes fotoprotetores podem ser observados na Tabela 1.
Razão E/M
Dorso Antebraço
Pré SP Pós Org. Pós Inorg. Pré SP Pós Org. Pós Inorg.
Discussão
Os principais resultados do estudo mostram que, quando associado a prática de
exercício físico, não há diferença entre os fotoprotetores orgânico e inorgânico
sobre a razão E/M.
O estrato córneo da pele atua como um fator protetor contra a ação da radiação
UV, sendo sua capacidade de absorção diretamente influenciada pela hidratação da
pele. De fato, em peles mais hidratadas há um aumento da sensibilidade aos raios
UV (Owens e Knox, 1978). Nesse cenário, o suor provocado pela prática de
exercícios, associado ao maior tempo de exposição UV tem sido mostrado por
aumentar o risco de danos na pele (Moehrle, Koehle et al., 2000). Esse risco
poderia ser inibido pela utilização adequada de fotoprotetores. Por outro lado, o seu
uso inadequado de fotoprotetores pode gerar falsa sensação de proteção. Pesquisas
mostram que o fotoprotetor não protegeu o usuário em 55% das vezes. Quando
associado à prática de exercício esse número pode aumentar ainda mais devido a
sudorese. No entanto, as únicas recomendações encontradas são para que os
fotoprotetores sejam aplicados mais vezes durante o exercício (Purim e Leite,
2010). Não há informações sobre a sua eficácia nessas condições.
Para a comercialização de um filtro solar na sua composição são necessários dois
componentes básicos, os ingredientes ativos, orgânicos ou inorgânicos e os
veículos. Em relação aos veículos utilizados, existem diversas opções, desde as
mais simples até as mais complexas. Nessas composições, substâncias com efeitos
“calmantes” ou suavizantes sobre o grau de eritema da pele podem ser
encontradas (Flor, Davolos et al., 2007). Dessa forma, para verificar uma possível
interferência do fotoprotetor sobre os valores de eritema foram realizadas medidas
no dorso das mãos antes e após 20 minutos da aplicação dos produtos. De fato, os
resultados mostraram redução de 4,5% na razão E/M do pré para o pós aplicação
dos fotoprotetores, o que pode ter ocorrido devido a ação de substâncias como o
extrato de arctium, extrato de althéia, vitamina B3 e vitamina E, encontrados na
composição dos fotoprotetores. Adicionalmente, os valores da razão E/M no pré
sem fotoprotetor e no pré com fotoprotetor foram iguais ou menores os valores
observados no pós exercício físico. Esses resultados sugerem ainda uma possível
ação tempo dependente dessas substâncias sobre o eritema.
Durante o exercício os locais mais vulneráveis e de maior exposição direta
ao meio ambiente são a face, o pescoço, a área superior do tórax, os dorsos das
mãos e os braços. Dessa forma, avaliamos os efeitos dos foprotetores no dorso da
mão e antebraço. Os resultados não mostraram diferenças significantes entre os
fotoprotetores, sugerindo que ambos os produtos (orgânicos e inorgânicos)
oferecem proteção semelhante à pele durante o exercício ao ar livre. Vale a pena
ressaltar que apesar de não termos observado diferenças estatísticas significantes,
Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Saúde e Bem-estar - Vol. 6 no 5 – Abril de 2017
Edição Temática em Saúde e Bem-estar
61
observamos uma tendência para a maior eficácia dos fotoprotetores inorgânicos em
relação aos orgânicos. Assim, nossos resultados devem ser vistos com cautela e
mais estudos são necessários com um maior número de participantes e com maior
duração do exercício, condição na qual o papel do suor poderia ser mais
pronunciado e as possíveis diferenças observadas de maneira mais claras.
Conclusões
Com base nos resultados podemos concluir que não há diferença em relação a
proteção da pele, avaliada pela razão E/M, entre fotoprotetores inorgânicos e
orgânicos quando associados prática de exercícios físicos ao ar livre. No entanto, os
dados apresentaram uma leve tendência a maior eficácia dos fotoprotetores
inorgânicos, sendo mais estudos necessários para verificar a real diferença entre os
diferentes fotoprotetores.
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PURIM, K.; LEITE, N. Fotoproteção e exercício físico. Revista Brasileira, 2010.
Abstract. The objective of this review was to verify in the scientific literature the
effects of physical exercise on clinical outcomes of patients with polymyositis and
dermatomyositis especially in muscle weakness. Thus a research was carried out in
PubMed / Medline, Scielo, Bireme / BVS, using the following key words: polymyositis,
dermatomyositis, strength training, aerobic training, stretching, life quality, pain,
muscle strength and skeletal muscle cross-sectional area. Twenty-two studies were
found using exercise as an intervention, and only four studies met the inclusion
criteria. Considering the results, exercise along with pharmacological treatment is safe
and effective in improving the clinical outcomes analyzed in these patients. Both
isolated aerobic exercise and strength training combined with aerobic exercises might
be strongly recommended for patients with polymyositis and dermatomyositis.
Key words: muscle strength, systematized physical activity, inflammatory
myopathies, quality of life.
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial-SemDerivações 4.0
Internacional
64
1. Introdução
Polimiosite (PM) e dermatomiosite (DM) fazem parte de um grupo de doenças raras,
denominadas miopatias idiopáticas inflamatórias. Essas miopatias acometem
indivíduos jovens e adultos, sendo caracterizadas por um quadro inflamatório crônico
levando à fraqueza muscular e degeneração muscular progressiva (DALASKAS;
HOHLFELD, 2003; MAMMEM, 2010). Esse quadro de degeneração e fraqueza muscular
leva o paciente a ter uma dificuldade em realizar as atividades da vida diária e uma
baixa qualidade de vida quando comparados com indivíduos saudáveis (DALASKAS;
HOHLFELD, 2003; MAMMEM, 2010; SULTAN et al., 2002; REGARDT et al., 2011).
O tratamento com glicocorticóides e agentes imunossupressores tem se mostrado
eficaz em conter alguns dos sintomas da doença, mesmo assim, alguns pacientes
continuam a desenvolver uma sustentada incapacidade física (MARIE et al., 2001). Por
outro lado, o exercício físico era desencorajado para esses pacientes, devido ao medo
de uma exacerbação da doença e uma agravação do quadro clínico desses indivíduos
(ALEXANDERSON; LUNDBERG, 2005). Atualmente o exercício físico concomitante ao
tratamento farmacológico, tem se mostrado bem tolerado, seguro e eficaz em
melhorar vários dos desfechos clínicos desses pacientes, como a força muscular, a
qual será o desfecho primário desta revisão de literatura e outros desfechos
secundários, tais como a capacidade aeróbia, mobilidade, níveis de creatina quinase
(CK), entre outros (ALEXANDERSON; LUNDBERG, 2005; ALEXANDERSON; LUNDBERG,
2012; de SALLES PAINELLI et al., 2009; HABBERS; TAKKEN, 2011; LUNDBERG;
VENCOVSKY, 2014).
Desta forma, o exercício físico coadjuvante ao tratamento farmacológico torna-se de
fundamental importância para esses pacientes, em especial por melhorar o quadro de
fraqueza e degeneração muscular e, consequentemente, a qualidade de vida desses
pacientes (ALEMO MUNTERS et al., 2014). No entanto, ainda não está claro na
literatura quais os principais tipos de exercício físico para esta população. Nesse
sentido, o objetivo dessa revisão será verificar quais os efeitos do exercício físico sobre
os desfechos clínicos de pacientes com PM e DM. Visto que a doença causa um quadro
de fraqueza e degeneração muscular, nós hipotetizamos que exercícios físicos
progressivos que contenham um componente de força muscular, como por exemplo, o
método de treinamento de força muscular progressivo pode ser mais efetivo para
esses pacientes.
2. Método
O presente trabalho realizou uma revisão bibliográfica sobre os efeitos do exercício
físico nos desfechos clínicos de pacientes com PM e DM. Para tanto foi realizada uma
busca em todas as bases de dados PubMed/Medline, Scielo, Bireme/BVS, utilizando os
seguintes descritores em português: dermatomiosites, polimiosites, treinamento de
força, treinamento aeróbico, alongamento, treinamento de força com restrição do
fluxo sanguíneo, inflamação, funcionalidade, qualidade de vida, dor, força muscular e
área de secção transversa do músculo esquelético, e em inglês: dermatomyositis,
polymyositis, strength training, aerobic training, stretching, strength training with
blood flow restriction, inflammation, function, life quality, pain, muscle strength and
skeletal muscle cross-sectional área.
Não houve delimitação de data de publicação para inclusão de artigos, no entanto,
foram utilizados preferencialmente artigos originais que verificaram a efetividade do
exercício físico na força muscular (desfecho primário) e em outros desfechos clínicos
secundários, quando comparado com um grupo controle ou com outro tipo de
exercício físico, devido ao fato de que, o tratamento farmacológico ter por função
atenuar a inflamação e restaurar algumas funções neuromusculares (força muscular),
Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Saúde e Bem-estar - Vol. 6 no 5 – Abril de 2017
Edição Temática em Saúde e Bem-estar
65
fato que poderia mascarar os efeitos do exercício físico. Também foram excluídos da
revisão todos os estudos que não utilizaram como intervenção principal, o exercício
físico.
Dois pesquisadores realizaram de maneira independente cada etapa do processo de
busca e revisão, caso houvesse divergência no processo de inclusão e exclusão dos
estudos, era realizada uma reunião de consenso entre os pesquisadores e na presença
de qualquer dúvida um terceiro pesquisador era consultado para uma decisão final ser
dada após todo o texto ter sido analisado.
3. Resultados e Discussão
Vinte e dois estudos foram encontrados na literatura sobre os efeitos do exercício
físico na PM e DM (Figura 1), no entanto, apenas quatro estudos atenderam aos
critérios de inclusão, os quais estão expostos na Tabela 1.
22 estudos
Triagem
encontrados que
envolveram exercício
físico e PM e DM
Elegibilidade
22 estudos 14 estudos
completos avaliados excluídos por não
e analisados possuírem um
grupo controle
3 estudos excluídos
Elegibilidade
1 estudo excluído
por não utilizar o
exercício físico
como intervenção
4 estudos principal
Inclusão
atenderam aos
critérios de inclusão
e foram incluídos na
revisão
Wiesinger et 14 indivíduos GE: 1 hora de TA, realizado em uma bicicleta PTI (isocinético) GE ↑29% do PTI, ↑20% nas AVD, ↑12% do VO2máx,
al. (1998a) GE 3 homens e 4 estacionária, adicionado de exercício de step VO2máx ↔CK e aldolase.
mulheres, 2 PM e 5 DM, aeróbico. Intensidade de 60% da FCmáx. Houve FASQ (AVDs)
56 (44-68 anos) sobrecarga progressiva conforme o tolerado. CK e aldolase GC↔11% do PTI, ↔3% nas AVD, ↔-3% VO2máx,
GC 2 homens, 5 GC: não realizou nenhuma intervenção ↔CK e aldolase.
mulheres, 2 PM e 5 DM, Duração da intervenção, 12-18 sessões, 2-3x na
40 (24-70) anos semana, 6 semanas.
Wiesinger et 13 indivíduos GE: 1 hora de TA, foi realizado bicicleta PTI (isocinético) GE ↑34% no PTI, ↑11% nas AVD; ↑27% no VO2máx,
al. (1998b) GE 3 homens e 5 estacionária adicionado de exercício de step VO2máx ↔CK e aldolase.
mulheres, 2 PM e 6 DM, aeróbico. Intensidade de 60% da FCmáx. Houve FASQ (AVDs)
47±14 anos sobrecarga progressiva conforme o tolerado. CK e aldolase GC, ↓-42% no PTI, ↔-13% nas AVD, ↔
GC 2 homens e 3 GC: não realizou nenhuma intervenção -12% no VO2máx, ↔CK e aldolase.
mulheres, 5 PM/DM, Duração da intervenção, 26-78 sessões, 1-3x na
50±18 anos) semana, 26 semanas.
Varjú et al. 21 indivíduo GE: TF realizado para o corpo todo e próximo a Força Isométrica GE ↑MC da força; ↔6% FIM; ↑-22% HAQ; ↓-17%
(2003) 5 homens e 16 fadiga, adicionado peso caso o indivíduo fosse (dinamômetro) VAS fadiga; ↔-34% VAS dor; ↑FR, ↔CK, ESR e
mulheres capaz. Utilizado treinamento em suspensão se FIM PCR
GE 4 PM e 6 DM, 51±14 fosse necessário. Leve alongamento após a HAQ
anos sessão de treinamento. VAS GC ↑MC da força; ↔0% FIM; ↑-16% HAQ; ↓-61%
GC 5 PM e 6 DM, 44±15 GC: similar ao grupo experimental FR VAS fadiga; ↔-38% VAS dor; ↔FR, ↔CK, ESR e
anos Duração da intervenção, 15 sessões, 5x na CK, ESR e PCR PCR
semana, 3 semanas.
Alemo 21 indivíduos GE: TA em forma de ciclismo a 70% VO2máx por Força (5RM) GE ↑3.8% na força 5RM, ↑MC do SF-36, ↑4% do
Munters et GE 1 homem e 10 30 minutos adicionado de 20 minutos de TF para SF-36 MACTAR, ↑MC do MAP, ↑0.17% VO2máx, ↓IMACS.
al. (2013) mulheres, 5 PM e 6 DM, os extensores do joelho com uma intensidade de MACTAR GC ↔1.2 % na força 5RM, ↔SF-36, ↔2% MACTAR,
62±16 anos 30%-40% de 1RM. MAP ↔MAP, ↔-0.09% VO2máx, ↔IMACS.
GC 4 homens e 6 GC: não realizou nenhuma intervenção VO2máx Após as 52 semanas
mulheres, 4 PM e 6 DM, Duração da intervenção, 36 sessões, 3x na Atividade da doença GE ↑5.7% na força 5RM, ↑MC SF-36, ↔-3.7%
60±15 anos semana, 12 semanas, +52 semanas de (IMACS) MACTAR, ↔MAP.
acompanhamento. GC ↔-0.65% na força 5RM, ↔SF-36, ↔-2.2%
MACTAR, ↔MAP.
Legenda: GE, grupo experimental; GC, grupo controle; PTI, pico de torque isométrico; FC máx, frequência cardíaca máxima; VO2máx, volume máximo de oxigênio;
FASQ; Functional Assessment Screening Questionnarie; AVDs, atividades da vida diária; VAS, Visual Analogue Scale; CK, creatina quinase; TF, treinamento de
força; FIM, Functional Independence Measure; HAQ, Health Assessment Questionnarie; FR, função respiratória; MC, múltiplos componentes; RM, repetições
máximas; ESR, eritrócitos; PCR, proteína C reativa; SF-36, Short Form-36; MACTAR, McMaster Toronto Arthritis Patient Preference Disability Questionnary; MAP,
Myositis Activities Profile, IMACS, International Myositis Assessment and Clinical Studies; ↑ aumento; ↓diminuição; ↔ nenhuma alteração significante.
5. Aplicações práticas
Esta revisão colabora para o campo prático do tratamento das miopatias. Devido à
escassez de dados na literatura e baseado nos resultados encontrados nesse estudo
que utilizaram o exercício físico como intervenção não farmacológica e coadjuvante
para o tratamento de miopatias, tanto o TF quanto o TA, devem ser fortemente
recomendados para esses pacientes em associação com o tratamento farmacológico
necessário. Parece que as diferentes estratégias de treinamento utilizadas de maneira
isolada, levam os indivíduos às adaptações desejadas, mas a melhor estratégia de
treinamento ainda permanece obscura.
Devido ao fato da inflamação causar uma degeneração progressiva e diminuir os
níveis de força muscular desses pacientes, estratégias que busquem aumentar a força
muscular são cruciais para melhorar esse desfecho clínico desses pacientes. O TF
realizado até próximo a fadiga e em associação com o alongamento se mostrou seguro
e eficaz em aumentar os níveis de força muscular desses pacientes, tanto na fase
crônica quanto na fase ativa da doença, portanto, essa pode ser uma estratégia de
treinamento utilizada para esses pacientes (VARJÚ et al., 2003). O TA realizado a 60%
da FCmáx ou a 70% do VO2máx, também se mostrou seguro e eficaz em melhorar vários
dos desfechos clínicos desses pacientes, e também pode ser utilizado como
intervenção (ALEMO MUNTERS et al., 2013; WIESINGER et al., 1998a; WIESINGER et
al., 1998b).
Sendo assim, pode-se sugerir que a combinação do TF com o TA possa ser a
intervenção ideal para se maximizar as adaptações e até diminuir a atividade da
doença, conforme parece ter ocorrido no trabalho de Alemo Munters et al. (2013).
6. Conclusão
O exercício físico em conjunto com o tratamento farmacológico é seguro e eficaz em
melhorar os desfechos clínicos analisados desses pacientes. A melhor estratégia de
treinamento ainda permanece obscura, no entanto, o treinamento aeróbico de
maneira isolada e o treinamento de força combinado com o treinamento aeróbico
devem ser fortemente recomendados para pacientes portadores de PM e DM, de
acordo com os estudos encontrados nesta revisão. Portanto, novas investigações sobre
a temática para um melhor esclarecimento de pontos não elucidados sobre a aplicação
do treinamento de força e aeróbico para indivíduos acometidos por essas doenças
ainda são necessários para elucidar o assunto.
Abstract. The aim of this review was to analyze the muscular activation during the
squat exercise on stable and unstable surfaces. For this purpose, it was realized
systematic search PICO (population, intervention, control or comparison and
outcomes) at platforms: Embase, Medline, PubMed, Bireme and Scielo. After inclusion
criteria, eight transversal studies were considered. Only one study did not demonstrate
difference between the surfaces. Three studies demonstrated higher trunk and thigh
muscular activity when the squat exercise was realized on unstable surface compared
to stable surface. Four studies demonstrated when squat exercise was performed on
stable surfaces with high overload, mainly above 75% of one repetition maximum,
there are differences in those muscles as well. Hence, stable surfaces with low
overload become a good strategy to activity trunk and thigh muscles. Thus, these
findings are important to the practical application, can serve of base to improve
exercise prescription.
Key words: root mean square, strength training, multi-joint exercise, instability,
stability.
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial-SemDerivações 4.0
Internacional
73
1. Introdução
2. Métodos
O presente trabalho realizou uma revisão bibliográfica utilizando buscas nas bases de
dados: PubMed, Embase, Scielo, MedLine e Bireme. Foi utilizado como busca nas
bases de dados a estratégia PICO (Population, Intervention, control or comparation
and outcomes) (METHLEY; CAMPBELL; CHEW-GRAHAM; MCNALLY; CHERAGHI-SOHI,
2014), com os seguintes descritores: adults, young adult, young adults, young
healthy, adults healthy, healthy participants, healthy participant, healthy subjects,
healthy subject, healthy, subjects, human volunteers, human volunteer, volunteer,
human volunteers, human, normal volunteers, normal volunteer, normal; unstable
surface, different surface, different surfaces, unstable coating, unstable coatings,
squat, basic squat, Bosu squat, electromyographic, EMG, EMGs, electromyography,
electromyographies, surface electromyography, surface and surface
electromyographies. Foram encontrados 45 artigos.
Foram utilizados como critérios de inclusão: artigos com desenho experimental
transversal, ativação muscular durante o exercício de agachamento como variável
dependente, diferentes superfícies (estável e instável) como variável independente e
população entre 18 a 40 anos de idade. Não houve delimitação da data de publicação.
Após a estratégia de busca PICO foram incluídos oito artigos (Figura 1).
45
Montagem da Tabela 1
com as informações dos artigos
Desses oito artigos, apenas um estudo não mostrou diferença entre as bases8.
Entretanto, os sete artigos restantes (LI; CAO; CHEN, 2013), (HYONG; KANG, 2013),
(ANDERSON; BEHM, 2005), (SAETERBAKKEN; FIMLAND, 2013), (MAIOR; SIMÃO;
SALLES; MIRANDA; COSTA, 2009), (MCBRIDE; CORMIE; DEANE, 2006), (BRESSEL;
WILLARDSON; THOMPSON; FONTANA, 2009) demonstraram diferenças entre os
protocolos, três desses relataram uma maior ativação dos músculos estabilizadores do
tronco quando o exercício de agachamento é realizado em bases instáveis comparado
com bases estáveis (Tabela 1). Assim, mesmo que a hipótese proposta pelo estudo foi
parcialmente comprovada, realizar o exercício agachamento em bases instáveis com
cargas baixas comparado com bases estáveis com cargas baixas, produz maior
ativação da musculatura estabilizadora do tronco e da perna, o que pode ser explicado
pela grande exigência de atividade neural para manutenção do equilíbrio durante o
movimento, acionando assim musculaturas estabilizadoras (ANDERSON; BEHM,
2005). Por outro lado, um ponto curioso é que quando o exercício de agachamento em
Iniciação - Revista de Iniciação Científica, Saúde e Bem-estar - Vol. 6 no 5 – Abril de 2017
Edição Temática em Saúde e Bem-estar
76
condições estáveis é realizado com um percentual alto de 1 RM comparado com a
condição instável, onde o percentual de 1 RM é baixo, mas o grau de instabilidade é o
maior para aquela condição, foi observada uma maior ativação dos músculos
estabilizadores do tronco, reto femoral (RF), VM e sóleo (SO), o que também pode ser
explicado pelo maior estímulo mecânico que exige maior recrutamento de unidades
motoras, já que os indivíduos ao realizarem o exercício de agachamento em bases
instáveis não conseguem levantar a mesma sobrecarga pelo fato de se manterem
equilibrados sobre superfícies instáveis. No entanto, mais estudos são necessários
para comprovar estes resultados, uma vez que os protocolos utilizados nos mesmos
que compuseram esta revisão de literatura foram bastante variados. Abaixo a
discussão dos estudos.
Li et al. (2013) mostraram diferenças apenas para o nível de sobrecarga levantada,
possivelmente pelo fato de que a plataforma utilizada para a o treinamento, a Reebok
Core Board, possuía um nível de instabilidade pequeno, até mesmo no nível dois de
instabilidade.
Saeterbakken e Fimland (2013) mostraram uma tendência do SO para a superfície
instável quando comparado com a superfície estável, e apenas diferença para o RF na
condição estável quando comparado com a instável. Isso pode ser explicado pelo fato
de que o SO tem função de estabilização e que quando realizado o exercício de
agachamento em superfícies instáveis, o indivíduo prioriza tais musculaturas
(ANDERSON; BEHM, 2005). Já para o RF, isso pode ser explicado pelo fato de que em
superfícies estáveis as musculaturas agonistas no exercício de agachamento são
priorizadas enquanto em superfícies instáveis as estabilizadoras são priorizadas, e que
quando realizado o exercício de agachamento em superfície instável, o indivíduo não
fleti efetivamente o quadril com a flexão de joelho pelo fato de que poderia aproximar
o seu centro de gravidade de sua base de suporte que lhe traria mais facilidade para
manutenção do equilíbrio. Assim, isso explica o fato de que o RF é um flexor de
quadril e extensor de joelho o que poderia dividir tarefas potencializando sua ação
(YAVUZ; ERDAG; AMCA; ARITHAN, 2015).
Por outro lado, o estudo de Maior et al. (2009), que comparou o agachamento smith
na condição estável e instável, mostrou maior ativação do VM, vasto lateral (VL) e RF
na condição instável e sem sobrecarga, colaborando com os achados de Anderson e
Behm (2005) e de Hyong et al. (2013). No entanto, no trabalho de Mc Bride et al.
2006), o maior pico de força estava relatado para a condição estável, o que pode ser
explicado pelo fato de que quando realizado o movimento de agachamento em
condições instáveis, os músculos estabilizadores do tronco parecem ser mais
acionados para maior estabilização postural. Assim, as musculaturas agonistas do
exercício de agachamento têm um trabalho secundário quando realizado o movimento
com sobrecargas baixas em superfície instável, o que prioriza a condição estável para
que os indivíduos gerem maior força sem se preocupar em manter o equilíbrio, isso
corrobora com os resultados encontrados por Mc Bride et al. (2010) e Bressel et al.
2009)
Para Willardson et al. (2009), o oblíquo interno (OI) e o transverso abdominal (TA)
são músculos muito selecionados no exercício de agachamento em bases instáveis,
pois promovem uma maior ativação para a estabilização espinhal. Em contrapartida,
no mesmo estudo foi descrito que quando os indivíduos realizam o exercício de
agachamento com base estável a 75% de 1 RM, o OI e o TA são ativados na mesma
magnitude, o que explica que altas sobrecargas podem ser semelhantes na ativação
desses músculos de estabilização postural (2009). Sendo assim, parece que quando o
exercício de agachamento é realizado em bases instáveis com indivíduos jovens e
experientes em treinamento de força, a sobrecarga também muda a ativação
muscular. Com sobrecargas mais elevadas têm-se ativação dos músculos
estabilizadores, bem como em bases instáveis com baixa sobrecarga, sendo um
Três limitações foram observadas nos estudos encontrados que compuseram esta
revisão de literatura.
A primeira limitação é em relação a um grande desafio encontrado nos estudos
analisados, o de manter a progressão da sobrecarga em bases instáveis. Os autores
alegaram a segurança e a técnica como fatores limitantes (LI; CAO; CHEN, 2013),
(ANDERSON; BEHM, 2005), (BRESSEL; WILLARDSON; THOMPSON; FONTANA, 2009).
Com isso, eles tentaram compensar a progressão da sobrecarga aumentando a
instabilidade. Saber se essa compensação foi efetiva traria maior confiabilidade aos
resultados desses estudos.
A segunda limitação é devido a não padronização dos estudos referente ao grau de
instabilidade. Por exemplo, Anderson e Behm (2005) utilizaram os termos: “base
estável, relativamente estável e relativamente instável”. A escolha das bases nesses
estudos não foi explicada, alguns autores até referem uma progressão de
instabilidade: balance pad, dyna discs, balance discs, BOSU®, wobble board e Swiss
ball (SILVA-BATISTA; CORCOS; ROSCHEL, 2016), (WAHL; BEHM, 2008). Já
Saeterbakken e Fimland (2013) sugerem que quanto mais dimensões e menor o
contato da base com o chão, maior será a instabilidade.
A última limitação é devida a técnica de EMG. Por mais que esta técnica é considerada
padrão ouro, validada (MORITANI; YOSHITAKE, 1998), (BIGLAND; LIPPOLD, 1954),
(ENOKA; DUCHATEAU, 2015), e apresenta baixo custo quando comparada a outras
técnicas; a amplitude do sinal aumenta com o número de motoneurônios envolvidos
na ação e os mesmos estão ligados à distribuição das fibras musculares, o que impede
que a análise de EMG seja uma boa medida de taxa média de descarga (HECKMAN;
ENOKA, 2012), (ENOKA; DUCHATEAU, 2015), (ESCAMILLA; BABB; DEWITT ET AL.,
2006). Segundo Enoka e Duchateau (2015), o sinal de EMG não é bem captado em
ações musculares voluntárias máximas, pois a amplitude do sinal aumenta mais do
que a força produzida e em ações musculares baixas, pois o sinal é dificultado pelo
número de ruídos. Assim, futuros estudos deveriam verificar a ativação muscular com
outras técnicas para comparar com a de análise de EMG durante o exercício de
agachamento em superfícies estáveis e instáveis.
5. Aplicações práticas
Esta revisão colabora para o campo prático trazendo informações sobre a ativação
muscular durante o exercício de agachamento em base estável e instável como uma
estratégia para um melhor entendimento na prescrição de treino para indivíduos com
objetivos específicos, o que para Kramer e Ratamess (2004) é de suma importância,
pois ter conhecimento sobre a ativação muscular é uma das características para uma
6. Conclusão
Dos oito artigos analisados, apenas um deles não mostrou diferenças entre os
protocolos, apresentando diferença apenas para a variação da sobrecarga; três deles
mostraram diferenças significantes na ativação muscular durante o exercício de
agachamento para as condições instáveis nos músculos do tronco e da coxa. Já para
as condições estáveis, quatro demostraram diferenças significantes na ativação
muscular durante o exercício de agachamento com altas sobrecargas, mostrando
maior ativação de OE, TR, e EE com 75% de 1 RM, e até mesmo na produção de força,
sinal de EMG do VL e VM. Logo, é perceptível que em altas sobrecargas as
musculaturas estabilizadoras do tronco têm uma maior atividade. Entretanto, no
exercício de agachamento com sobrecarga mais baixa, a instabilidade pode ser uma
boa estratégia para progressão do treinamento, pois ativará significantemente os
músculos estabilizadores do tronco; posteriormente recomendamos a utilização de alta
sobrecarga em bases estáveis pela falta de estudos que analisaram alta sobrecarga
em bases instáveis. Essa alta ativação dos músculos do tronco em bases instáveis com
baixas sobrecargas e em bases estáveis com altas sobrecargas é um importante tópico
para uma prescrição de treinamento mais específica, podendo ser mais apropriados à
realidade de cada indivíduo.
7. Agradecimentos
Referências
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squat and the conventional deadlift during competition: is there a cross-over
effect between lifts? Journal of Strength and Conditioning Research. 2009;
23 (9): 2574-2580.
2. Wisløf U, Castagna C, Helgerud J, Jones R, Hoff J. Strong correlation of
maximal squat strength with sprint performance and vertical jump height in
elite soccer players. Br J Ports Med. 2004; 38: 285-288.
3. Silva-Batista C, Corcos DM, Roschel et al. Resistance training with instability for
patients with parkinson's disease. Medicine & Science in Sports & Exercise.
2016.
4. Bevilaqua-Grossi D, Felicio LR, Simões R, Coqueiro KRR, Monteiro-Pedro V.
Avaliação eletromiográfica dos músculos estabilizadores da patela durante
exercício isométrico de agachamento em indivíduos com síndrome da dor
femoropatelar. Rev Bras Med Esporte. 2005; 11 (3): 159-163.
André Rímoli Costi, Ana Carolina Trincado Henrique, Cristiane Tiemi Nakamura dos Santos
Tamagusko, Jean Victor Leal da Silva, Tiago Sertorio Rossi
Universidade Paulista - UNIP
(andrerimoli@gmail.com,caroltrincado@hotmail.com; tiemi.nak@gmail.com; jeanvictor.leal@gmail.com;
tiago.sertorio@hotmail.com)
Resumo. O presente trabalho teve como objetivo verificar quais os aspectos positivos e
negativos do esporte profissional e sua influência na iniciação desportiva através de uma
pesquisa bibliográfica com autores referenciados. Compreender o que é esporte profissional,
iniciação desportiva, assim como as fases de aprendizagem, os tipos de jogos e brincadeiras
e a maneira como são aplicados e, entender o processo de iniciação desportiva pode ajudar
na didática das aulas, influenciar no desenvolvimento total da criança e no interesse dela
pelo esporte, além de aumentar o número de interessados na prática esportiva. A
participação e conhecimento do profissional de educação física se torna fundamental nesse
processo.
Abstract. This study's aim was to analyze the positive and negative aspects of professional
sports its influence on sport initiation, using bibliographic references with reliable scientific
articles. Understand what is professional sports, sports initiation, as well as the stages of
learning, kinds of games and activities and how they are applied, and know the sport
initiation process can help in teaching classes, influence the overall development of the child
and her interest in the sport, as well as increase the number of people interested in it.
Participation and knowledge of physical education professional becomes essential in this
process.
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-Não Comercial-SemDerivações 4.0
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Introdução