Luísa Segura, "Variedades Dialetais Do Português Europeu", in E. B. Paiva Raposo Et Alii, Gramática Do Português, Fund. Calouste Gulbenkian, 2013, Pp. 83-142
Luísa Segura, "Variedades dialetais do português europeu", in E. B. Paiva Raposo
et alii, Gramática do Português, Fund. Calouste Gulbenkian, 2013, pp. 83-142
Título original
Luísa Segura, "Variedades dialetais do português europeu", in E. B. Paiva Raposo et alii, Gramática do Português, Fund. Calouste Gulbenkian, 2013, pp. 83-142
Luísa Segura, "Variedades dialetais do português europeu", in E. B. Paiva Raposo
et alii, Gramática do Português, Fund. Calouste Gulbenkian, 2013, pp. 83-142
Luísa Segura, "Variedades Dialetais Do Português Europeu", in E. B. Paiva Raposo Et Alii, Gramática Do Português, Fund. Calouste Gulbenkian, 2013, Pp. 83-142
Luísa Segura, "Variedades dialetais do português europeu", in E. B. Paiva Raposo
et alii, Gramática do Português, Fund. Calouste Gulbenkian, 2013, pp. 83-142
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5 VARIEDADES DIALETAIS DO PORTUGUES EUROPEU
Antes de abordaracaracterizagdo dos daletos portuguese, toma-e imprescindivel
‘omar elaras, ainda que brevemente,algumas nogSes, como os préprios canceitos
de variedade,dialeto,lingua-padtio, norma e as suas Inter-elagdes,
Pode considerar-se que Variedade é a designagéo mais ampla ¢ mals newt,
!aguela que cobre qualquer das modalidades em que uma lingua se pode difeenciot
er Fungo de diversos ftores, nomeadamente socioculturais e geogrlicos. Assim,
so variedades socials ou cultutatsa lingua-padra ou a lingua popula, so varle.
dades geogréicas ou dat6picas do portugués tanto o portugues de Portugal, 0 por-
‘guts do Brasil, ode Angola ou de Mocambique, coma. dialeto do Barlavento do
Algarve, o barranquenho, os dlaletos micaclenses ou os dialetosbrasileios nordes.
tines. Dentro das variedades geogrficas, podem opor-se as variedades nacionals
(or exemplo, o portugués de Portugal, também designado por portugues europe
(PB, € 0 portugués do Brasil (PB) as variedades dlaletas, ou dialetos, que cada
‘uma dessasvariedades nacionals comport,
Dialeto g,tradicionalmente, uma variedade geogréfca ou ditpica de uma ln-
42, Por oposiggoa lingua o dialeto éum sistema coma mesma origem que um oulto
sistema considerado como lingua, que se desenvolveu de forma independente dese,
‘mas que ndo adquiru.o mesmo estatuto cultural social, Em sentido restrito, daleto
‘st relaclonado com diferenciag30 no espaco, mas em sentido mais vaste podem
‘onsidera-se dialetos também outro tipo de modalidades do mesmo sistema as varie.
‘dades ou dialetscastéticas como nivel poplar, cltoet) oudiferentes modalidades
«de comunicagso vatiedadesatisicas (estilo coloqual, estilo form, estilo cuidado),
[Neste texto, “daleto"seré tomado no sentido tradicional de vatiedade geogrti
*Variedade”e “dialeto” podem considerarsesinénimos, tendo a sociolinguis
tica, de cera manera, vindo a substitulro temo *dialeto” pelo de ‘variedade”, mais
‘eutro, ue praticamente imps, uma ver que “dialeto” tem, em cetos meios, a
‘conotagdo pejorativa de modalidade ristca ou inferior da lingua. Relativamente a
‘este aspeto, convém reer que os daletos no so (e nunca seré de mals acentuat
‘ou fazer compreendet) varedades menores dl lingua ou, ainda menos, formas des
vlantes da lingua, que se tlerem ou se apreciam pelo set pitoresco, Os daletos so
variedades de uso simultineo dentro da mesma lingua, com as suas regularidades
0s seus sistemas particulares, as suas gramaticas préprias e com as suas normas-
-padrfo préprias, embore, notmalmente, no fixadas em nenhum documento de‘ipo normative, nfo tendo geralmente ortografia propria. £ preciso nao esquscer
que a linguas romaricas comecaram por ser dialetos do latim e que aquilo que se
‘considera a lingua-pedrdo ~ no caso que nos Interessa, 0 portugués-padrdo ~n20
‘é mals do que um dlaleto ou, e quisermos, uma variedade da lingua que, por
‘cantingéncis histércas, politica esocais, fi algada a lingua de prestsio, vindo
a sobrepor-se 3s outns varledades, e pasando a ser tomada como a “lingua” de
referéncia, 0 modelo, A elevag3o de um dlaleto a lingua de prestigio decorre, ev-
-dentemente, nto 56 do facto de no esparo geogréico em que ele €fatado habitarem
pessoas de elevada cultura, mas, sobretudo, ¢ uma coisa est indissociavelmente
ligada 3 outra, peo facto de ness espaco se localizaro centro do poder.
Osclaletosrepresentam, por outro lad, a lingua em diferentes estdios dasua
evolugdo, uns conservando caracteristcasacalzantes que a lingua-padrd0 no con-
servou, outros apresentando aspetos inovadores que a lingua-padrdo nao adetou,
‘ou ainda ndo adotou, mas que poders eventualmente vit @ adotar, com 0 pEsar