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3ª- O autor não se propõe a criar uma ideologia explicitamente cristã, nem a se
acomodar no reducionismo ou mesmo a adotar uma das idolatrias que permeiam as
ideologias, ou seja: Uma alternativa não ideológica! Seu objetivo é uma abordagem que
apresente o mundo e a política de forma mais plena e verdadeira. Ele estabelece como
meio para isso uma cosmovisão bíblica, e uma admissão sincera do que ele mesmo chama
de diversidade estrutural ou pluriformidade social que significa lembrar que, nas palavras
de Oliver O’ Donovan, “a unidade é própria ao criador e a complexidade, ao mundo”, e a
nós foi dado um mandato cultura onde somos ordenados a desenvolver o mundo à nossa
volta, em suas múltiplas estruturas, sem dicotomizar a vida em sacro ou profano, pois tudo
é feito em Deus, por Deus e para Deus. Portanto a Política deve ser reivindicada para Cristo
Jesus. Isso é o que se espera de uma cosmovisão cristã.
4ª- Busca orientação para seu pensamento em duas tradições cristãs: Primeiro é a
tradição da doutrina social da Igreja Católica Romana, arraigada no ressurgimento
neotomista do final do século 19 e começo do século 20; a Segunda é a tradição
neocalvinista que se desenvolveu mais ou menos na mesma época na Holanda,
espalhando-se pelo mundo anglófono no final do século 20.
O autor apresenta sua tese através de uma estrutura bem sistematizada. Ele levanta
seu pensamento sobre um extensa e bem organizada introdução sobre a qual ele levanta
as provas de sua tese abordando a origem e desenvolvimento das cinco principais
ideologias que são, como ele mesmo mostra, novas idolatrias. Com uma riquíssima
quantidade de fontes, dados históricos e epistemológicos, o autor escreve na mente de seu
leitor, a história das principais ideologias, mostrando inclusive, que foi justamente a
ausência de uma cosmovisão genuinamente cristã, que propício o ambiente para o
surgimento das principais ideologias.
Mostradas as provas históricas através da parte central, o autor parte para a solução
do problema. Neste ponto ele divide seu trabalho em três etapas: 1- Ele oferece uma
resposta cristã àquilo que nenhuma ideologia conseguiu resolver; 2- Afirma a importância
de uma cosmovisão cristã criação, queda e redenção; 3- De forma prática o autor mostra
as contribuições das abordagens cristãs, não ideológicas, através dos séculos, terminando
com uma proposição bem prática sobre a missão do Estado de promover a Justiça no
mundo de Deus.
2- Análise do Conteúdo
A partir desse primeiro passo o autor continua sua longa e informativa introdução
mostrando os pré-requisitos para o surgimento de uma ideologia, tais como: 1- ter ciência
da longa tradição de teoria política por trás das ideologias, pois as mesmas podem ser
entendidas como reciclagens das teorias mais antigas; 2- A pregação do Evangelho; 3- A
Secularização da fé cristã e das culturas que foram inicialmente moldadas por essa fé; 4-
O surgimento de movimentos políticos de massa. Daí por diante ele passa a fazer uma
classificação das ideologias em direita e esquerda esclarecendo, inclusive, qual a origem e
quais os significados estas classificações já receberam ao longo da história recente.
Avaliando cada uma dessas ideologias sob as lentes propostas o autor conclui sobre
cada uma delas fazendo as seguintes observações:
Na apresentação da sua cosmovisão, que é bíblica, o autor nos diz que o ensino do
cristianismo é que Deus redime a pessoa como um todo, não somente a sua vida espiritual
ou moral. O alcance cósmico da redenção significa que a vida como um todo é redimida,
incluindo a família, o trabalho, a recreação, a vida acadêmica e a vida política. Para o cristão
biblicamente correto, não existe ocupação “sacra” e “secular” e sim obediência e
desobediência. Portanto a Política deve ser reivindicada para Cristo Jesus. Isso é o que se
espera de uma cosmovisão cristã.
Uma política não ideológica não implica implantar a justiça onde ela não existe, mas
sim reequilibrar a missão jural do Estado naquelas áreas onde a justiça foi pervertida, isto
é, onde a injustiça se faz presente.
Quanto à missão e autoridade do Estado, o cristão deve, afirmar sempre que Deus é
a fonte primária de autoridade governamental é o próprio Deus, todavia, isso não significa
que toda forma existente de governo e todo aquele que ocupa um cargo governamental
têm o selo divino de aprovação.
Portanto, devemos sempre saber que as ideologias prometem o que não podem
cumprir, mas A Palavra de Deus deixa muito claro que cada ato que promove a justiça, seja
ele na política ou em qualquer outro âmbito da atividade humana, aponta para a plenitude
final do Reino de justiça de Deus no Novo Céu e na Nova Terra.
2.2- Contribuições
Acredito que além da leitura, é claro, muito esclarecedora sobre o tema que dominou
a maior parte do livro: o surgimento, consolidação e deformação das principais ideologias;
Também foi profundamente relevante a quantidade de informações sobre o
desenvolvimento histórico da política feita através das principais ideologias. O autor me
proporcionou uma visão histórica das ilusões políticas, como ele mesmo diz, de tal forma
que entre tantas outras contribuições da literatura dele, juntamente me ajudou a
compreender melhor as correntes politicas do mundo e seu desenvolvimento.
Portanto, além do bom exemplo de cosmovisão cristã, o autor contribui para a nossa
aquisição de uma visão política equilibrada com a cosmovisão bíblica, além, é claro, de nos
ajudar a lidar com as tentações ideológicas.
3- Avaliações crítica
Na minha avaliação crítica, o livro é muito bom! Apesar de sua profundidade em fontes
e conteúdos históricos, o texto tem fluência e é de fácil leitura. As teses do autor são
apresentadas de forma clara e trazem ampla base de sustentação mostrando coerência e
bom desenvolvimento do assunto.
Acredito que uma vez que o autor compara ideologia com as idolatrias do período
bíblico, talvez um capítulo a mais ou um subtítulo dentro da introdução, mostrando o
movimento idólatra entre as nações antigas nas mudanças políticas em Israel (Teocracia,
monarquia e por fim subjugados aos grandes impérios), inclusive no próprio desejo de Israel
por ter um Rei e depois as divisões do reino, enfim, um cenário antigo, desse mesmo
fenômeno que ele tão bem descreveu, poderia ajudar a fundamentar ainda mais o seu
pensamento.