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GERARD JONES
HOMENS DO AMANHÃ
CONRAD
2
Copyright © 2004 by Gerard Jones
Copyright desta edição © 2006 by Conrad Editora do Brasil Ltda.
CONRAD EDITORA
Rua Simão Dias da Fonseca, 93 — Cambuci — São Paulo — SP
01539-020 Tel.: 11 3346.6088 / Fax: 11 3346.6078
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CONRAD EDITORA
CONSELHO EDITORIAL
Cristiane Monti Rogério de Campos
GERENTE DE MARKETING
Márcio Carvalho
GERENTE DE PRODUTO
Cláudia Maria do Nascimento
DIRETOR EDITORIAL
Rogério de Campos
COORDENADORA DE PRODUÇÃO
Rita de Cássia Sam
ASSISTENTES EDITORIAIS
Alexandre Boide, Jae HW e Mateus Potumati
REVISORES DE TEXTO
Lucas Carrasco e Marcelo Yamashita Salles
EDITOR DE ARTE
Marcelo Ramos Rodrigues
ASSISTENTES DE ARTE
Ana Solt, Jonathan Yamakami,
Marcos R. Sacchi, Nei Oliveira e Vitor Novais
4
Ao meu pai,
RUSSELL JONES,
que me ensinou o que um maço de folhas de papel
manchadas de tinta pode significar para um jovem
nas horas mais difíceis.
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SUMÁRIO
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NOTA À EDIÇÃO BRASILEIRA
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NOTA DO AUTOR
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Gerard Jones
Junho de 2005
PRÓLOGO
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IDENTIDADE SECRETA
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A RUA
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——————————
O OUTRO MUNDO
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——————————
A GRANDE FARRA
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OS ANOS 1920 de Harry Donenfeld foram algo
muito diferente do que foram os anos 1920 para
Jerry Siegel. Em vez de buscar formas de escapar
da realidade, Harry enfiou-se mundo real adentro
de um modo que nunca tinha imaginado. Assim
como Jerry Siegel, seu caminho acabou sendo de-
terminado pelas revistas. Seu destino, como o de
Siegel, seriam as histórias em quadrinhos. Mas a
entrada de Harry não se deu com naves espaciais e
fandom. Foi com impressoras e garotas nuas.
A aprovação em 1919 da 18ª emenda, que insti-
tuiu a Lei Seca, mudou a vida de Harry, ainda que
ele mesmo demorasse alguns anos até se dar conta
disso. A nova lei deve tê-lo alarmado a princípio.
Seus amigos costumavam brincar, dizendo que ele
sozinho bastaria para sustentar a fábrica da Hei-
neken. Harry gostava de beber enquanto jogava e
sabia que o álcool era o caminho mais curto para
chegar numa garota. Mas logo soube que a cidade
de Nova York não tinha nenhuma intenção de per-
der seu tempo com uma emenda constitucional só
porque isso agradava a legislatura de Ohio ou Mis-
sissippi. Na verdade, Nova York era um dos únicos
dois estados que nunca tinham aprovado uma proi-
bição de álcool. Em Nova York a tarefa de acabar
com a venda de álcool ficou para o governo enca-
beçado pela Tammany Hall e para a polícia irlande-
sa, com os resultados que se podem esperar. Bares
foram fechados, mas, como reclamou um congres-
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sista chamado Fiorello H. LaGuardia (Um ex-
alcoólatra que se tornou abstêmio e depois um dos
mais famosos prefeitos da história de Nova York).
“Agora nós temos armazéns, salões de bilhar,
farmácias, chapelarias, clubes particulares e 57 ou-
tras variedades de speakeasies (Bares ilegais que
ofereciam bebidas alcoólicas durante o período da
Lei Seca) vendendo álcool e prosperando”.
O único efeito imediato da Lei Seca na vida de
Harry foi reforçar sua crença nova-iorquina na fle-
xibilidade da lei. Eram muito mais leis do que seria
possível para um imigrante obedecer: as leis de
Washington, da Tammany, de Moisés, do bairro, da
economia. Levava-se o cliente mais importante ao
restaurante Delmonico, e lá ele comia lagosta; mas
todo mundo sabia que aquela comida era treyf (Co-
mida preparada sem respeitar a tradição judaica,
considerada imprópria para consumo) e que jamais
entraria na cozinha de sua mãe. Levar uma vida so-
cial implicava fazer apostas; uma vida sexual im-
plicava, geralmente, algum tipo de remuneração.
Tudo isso ia contra as leis. Harry cresceu vendo
isso como simples fatos da vida em seu país adoti-
vo. Colocar o álcool na lista de coisas proibidas era
só mais uma pedra em seu caminho, jogada por um
bando de protestantes malucos lá do outro lado do
rio Hudson.
O grande choque para Harry foi a retração da
economia americana no período pós-guerra. Ele
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nunca foi um administrador sensato. Era especialis-
ta em fazer novos contatos, fazer com que as pesso-
as lhe dessem uma chance e aproveitar oportunida-
des. Mas não tinha paciência para fazer balanços ou
planos para o futuro, nem autocontrole para man-
ter-se longe das mesas de pôquer ou dos cassinos
de Manhattan. Quando o consumo despencou, entre
1920 e 1921, sua loja de roupas em New Jersey fi-
cou endividada. A esposa tomou conta da adminis-
tração, lutando para equilibrar créditos e débitos
enquanto Harry jogava cartas com algum atacadis-
ta. No entanto Gussie era jovem e ainda estava
aprendendo e, apesar de todo seu trabalho e das ir-
ritadas queixas, a loja faliu.
De repente Harry teve de encontrar um novo
modo de sobreviver. Não sabemos o quanto Gussie
o pressionou mas, tendo em vista que seu filho
Irwin mais tarde descreveria sua mãe como “A Mu-
lher Dragão”, podemos imaginar que tenha sido in-
sistente e pouco amistosa. Parece que a família dela
se recusou a garantir o apoio para o jovem casal
montar outra loja de roupas, porque em seguida
Harry aparece como vendedor e quarto sócio na
Martin Press, que pertencia a seus irmãos.
O ramo de impressos sentia falta das habilida-
des de um bom vendedor, e Harry parece ter levado
alguma ambição à firma familiar. Junto com seus
irmãos — dois imigrantes recém-chegados e um
gago — Harry brilhava como uma estrela. Parece
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que foi ele quem se interessou por fazer trabalhos
com maior qualidade, que requeriam papel liso e
ajuste de cores. Provavelmente também foi ele
quem descobriu como jogar o jogo da consignação:
vendia os serviços da Martin Press como se tivesse
a tecnologia fotolitográfica mais avançada, e então
terceirizava o serviço para uma gráfica que tinha o
equipamento adequado, mas não o vendedor capaz
de fechar o negócio. Harry também levou um pou-
co de humor para a companhia, que até então era
bastante taciturna. Uma vez um cliente entrou no
escritório e gaguejou:
— O s-s-senhor D-Donenfeld está?
— Um momento, vou chamá-lo! — disse
Harry. Ele foi até os fundos e gritou: — Ei, Irving,
tem alguém aqui querendo falar com você!
Então ficou sentado, esperando Irving encontrar
o cliente. Quando voltou, Irving estava furioso e
gritando:
— Aq-aq-aquele cara p-pensa que est-tou t-
tirando sarro dele! Você tá q-querendo me ver m-
m-morto?!
Harry dava gargalhadas sempre que contava
essa.
Mas o maior benefício que Harry trouxe à famí-
lia tinha pouco a ver com impressos e muito a ver
com a Lei Seca. A geração dos marginais e jogado-
res que cresceu com Harry sofreu uma grande
transformação, graças à quantidade assombrosa de
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dinheiro que estava disponível a qualquer um que
fornecesse álcool ilegal aos americanos. Jovens que
até pouco tempo antes se davam por satisfeitos ti-
rando algum lucro com cassinos ilegais, fazendo di-
nheiro com cavalos de corrida e arranjando lutas de
boxe uma vez ou outra viram-se de repente nadan-
do em milhões de dólares, comprando juízes e a po-
lícia e organizando gangues bagunçadas, transfor-
mando-as em exércitos de contrabandistas de álco-
ol, sequestradores e conquistadores de novo territó-
rios. Um desses jovens, Francesco Castiglia, arran-
jou um lugar para Harry Donenfeld no mercado ne-
gro.
Castiglia sentia orgulho de ser um americano
moderno, livre dos códigos tribais de lealdade que
tinham jogado as gangues de italianos e judeus da
vizinhança umas contra as outras. Sua esposa era
judia, e ele era o membro mais velho de um quarte-
to de brutamontes ambiciosos que incluía um sicili-
ano, Salvatore Lucania, e dois garotos judeus vio-
lentos, Benjamin Siegel e Maier Suchowljanski.
Para se tornar ainda mais moderno e americano, es-
colheu um nome fácil de lembrar, que soava um
pouco menos “velho mundo” para quem não fosse
italiano: Frank Costello. Dois de seus comparsas fi-
zeram o mesmo: Lucania virou Charles “Lucky”
Luciano e Suchowljanski adotou o nome Meyer
Lansky. Tornaram-se representantes de Arnold Ro-
thstein, um homem elegante, nascido em berço de
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ouro no Upper East Side e que sempre apostava até
a última ficha. Também organizava o contrabando
de bebida em Nova York no seu início. Quando
Rothstein se retirou do negócio, que estava se tor-
nando cada vez mais violento e arriscado, em 1921,
Lansky, Siegel, Luciano e Costello se tornaram os
líderes do crime com seu quarteto judaico-italiano.
Na época, Lansky e Siegel ainda eram adoles-
centes. Luciano tinha apenas 24 anos. Os três esta-
vam com muita vontade de mostrar o quão durões e
violentos podiam ser nas brigas por território. Com
30 anos, Costello era o mais cauteloso e pragmático
do grupo, e rapidamente se retirou das ruas para
agir na parte mais segura do negócio: trazer álcool
do Canadá para a costa americana, onde outros as-
sumiam a tarefa mais arriscada de descarregar,
transportar e vender enquanto carregavam espin-
gardas. Para isso ele precisava de intermediários
com cara de honesto, que pudessem trazer a bebida
disfarçada de compra legítima. Como tipógrafos
que compravam papel canadense.
Não se sabe como Harry Donenfeld conheceu
Frank Costello. Durante sua época de glória no fim
da década de 1930 e no início da de 1940, Harry se
gabava das amizades com gângsteres, mas quando,
no final da década de 1940, começou a onda de ata-
ques moralistas contra os gibis, ele calou a boca.
Décadas mais tarde, enquanto fãs de quadrinhos
tentavam farejar o que havia acontecido, Irwin, o
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filho de Harry, jogou gato-e-rato com eles. Numa
entrevista contou que uma vez o telefone tocou e a
mãe atendeu e escutou uma voz áspera perguntar,
“Harry está aí?”. Quando respondeu que não, a voz
disse “diga-lhe que Frank Costello ligou”. Segundo
Irwin, Gussie tremia quando contou isso a ele. Em
outra entrevista, Irwin disse que um dia a campai-
nha tocou, ele foi abrir a porta e encontrou um ho-
mem moreno e atarracado, que perguntou, com a
mesma voz áspera: “Harry está em casa?” Quando
Irwin balançou a cabeça, o homem disse, “diz para
ele que Frank Costello deu uma passada”. Irwin se
virou em direção à mãe e ambos começaram a tre-
mer. Até que um fã-historiador insistiu com Irwin
sobre as verdades que não estavam registradas em
nenhum lugar. Irwin deu um sorriso meio amarelo
e falou: “Digamos que Frank Costello era meu pa-
drinho.”
As histórias da família Donenfeld, anedotas
passadas adiante pela mitologia da indústria do gibi
e a história dos negócios dos irmãos, nos fornecem
algumas pistas sobre a relação entre Harry e Frank.
Harry tinha muitos contatos entre os apostadores e,
antes da Lei Seca, Costello mexia com jogo e apos-
tas. Era uma sociedade fácil. Os irmãos Donenfeld
compravam papel do Canadá regularmente, e com
o pagamento ou a pressão corretos, os agentes da
Receita podiam ser facilmente convencidos a não
inspecionar os carregamentos a ponto de encontrar
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caixas cheias de cerveja Molson ou de uísque cana-
dense. O depósito da Martin Press era usado para
guardar essas mercadorias. Os tipógrafos negocia-
vam diretamente com os distribuidores de revistas,
que levavam a mercadoria até bancas, tabacarias,
farmácias e lojas de doces — todos esses eram pon-
tos de venda comuns para o álcool contrabandeado.
E, como a distribuição de revistas e jornais já esta-
va sob o controle de quadrilhas, todo o procedi-
mento estava bem seguro. O resultado disso para a
Martin Press foi um aumento súbito de capital e
uma rápida expansão dos contatos com distribuido-
res.
Pode ter sido graças a alguns desses novos só-
cios que Harry realizou seu maior feito como ven-
dedor. Enquanto expandia as operações de venda
de bebida, o time de Luciano e Lansky entrou para
a folha de pagamento do macher (Pessoa influente)
de distribuição de jornais Moe Annenberg. Moe ti-
nha impressionado seu chefe de tal forma durante
as guerras de distribuição em Chicago e Milwaukee
que Hearst o nomeou responsável pela distribuição
de todos os seus jornais e as suas revistas em Nova
York, e em 1922 nomeou-o editor de sua nova pu-
blicação, o New York Daily Mirror. Moe chegou a
aparecer em público chamando a si mesmo de “M.
L. Annenberg”, em imitação a “W. R. Hearst”. Mas
na vida privada ele continuava um brucutu. Trouxe
Dion O’Banion de Chicago para dar um jeito nos
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bairros de irlandeses carolas e contratou Luciano e
Lansky para cuidar dos carcamanos e salins. “Eu
via o Mirror como meu jornal”, disse Luciano.
“Sempre pensei em Annenberg como meu tipo de
camarada.”
Em 1923 Harry Donenfeld fechou um excelente
negócio: imprimiu 6 milhões de cupons de assina-
tura para a Cosmopolitan, Good Housekeeping e
todas as outras revistas de Hearst. A empresa fami-
liar se mudou para um lindo prédio novo de 12 an-
dares no distrito de Chelsea, investiu numa rotativa
de três cores e se preparou para virar uma empresa
de grande porte. Mas já não seria mais a mesma
empresa familiar: com alguma artimanha — nin-
guém lembra ao certo o quê — Harry tirou seus
dois irmãos mais velhos do negócio e tornou-se
dono dele. Charlie e Mike Donenfeld voltaram para
o ramo de vestuário e, a partir daí, sempre que fala-
vam com Harry tratavam-no com frieza. Irving per-
maneceu como parceiro e tipógrafo. Harry mudou o
nome da firma para Donny Press, por causa de um
de seus apelidos nas ruas.
Na esfera pessoal, Harry ascendeu a um nível
social inatingível para gente do mundo do vestuário
barato. Tinha uma vida noturna repleta de jogo, be-
bedeiras e mulheres, com despesas muito acima das
que podia pagar um vendedor de impressos. Tinha
fotos com gângsteres e seus asseclas nos speakea-
sies mais luxuosos — fotos que mais tarde iriam
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desaparecer, mas que jovens editores lembram de
ter visto em seu escritório até os anos 1940. Essa
era a grande farra dos anos 1920 em Nova York,
paga com o dinheiro e a decadência social propor-
cionados pela Lei Seca, na época em que bruta-
montes, policiais, banqueiros, estrelas de cinema e
jornalistas juntavam-se com seu uísque em torno do
feltro verde; na época em que criminosos que antes
só poderia ser astros em espeluncas como o Segal’s
Café na Segunda Avenida tornavam-se subitamente
alvo de idolatria por parte de debutantes e roman-
cistas. E Harry Donenfeld estava lá com eles. Para
um homem como Harry, o glamour dos gângsteres
não era apenas a vida arriscada ou o cheiro de san-
gue a seu redor, mas o fato de eles atravessarem
barreiras de classe firmemente mantidas pela velha
elite americana. Como percebeu um detetive de
Nova York chamado Ralph Salerno, “Gângsteres
que nem sequer terminaram o segundo grau rompe-
ram barreiras de que ninguém se aproximava 30
anos antes”. Um contador judeu respeitador da lei
como Jack Liebowitz ficava se arrastando no cami-
nho até a assimilação, trabalhando para clientes ju-
deus e impossibilitado de entrar para uma escola
em que a cota para judeus estivesse preenchida, en-
quanto Harry Donenfeld — ordinário, baixinho, ba-
rulhento, com sotaque desprezivelmente Lower
East Side — podia pagar uma bebida para um juiz
da Tammany e dar uma gorjeta para uma dançarina
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no Texas Guinan’s.
O modelo de Harry sempre foi Frank Costello.
Para ele, Harry provavelmente era apenas mais um
pequeno operador de negócios, uma engrenagem na
máquina que ocasionalmente precisava de um pou-
co de graxa (era bem fácil aceitar ser o padrinho de
mais um bebê), mas Harry queria considerá-lo um
amigo. Costello era o mestre dos contatos e da reci-
procidade. Sempre fazia com que os capitães de po-
lícia e juízes que visitavam seus cassinos saíssem
ganhando, e avisava-os de que estava tomando con-
ta deles. Sabia como chegar ao centro de informa-
ção e de poder: ficou amigo de Walter Winchell
logo que ele começou a espalhar lama para tudo
quanto é lado em sua coluna de fofocas, e os dois
trocaram informações durante anos, Winchell co-
nhecendo a sujeira do submundo e Costello convi-
vendo com os ricos e famosos. Costello gostava
tanto de negócios sem sangue quanto da alta socie-
dade: seus camaradas gângsteres chamavam-no de
“Primeiro Ministro”. Boatos diziam que ele mesmo
havia neutralizado o maior perigo em potencial
para as gangues, o FBI. Fosse quando fosse, se ele
soubesse que uma corrida de cavalos tinha sido ar-
ranjada, passava o nome do vencedor para Win-
chell, que o repassava a seu amigo J. Edgar Hoo-
ver, que adorava brincar de cavalinho. Segundo a
lenda de Costello, foi esse o motivo de Hoover ne-
gar a existência do crime organizado na América
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por décadas, mesmo quando até o mais distraído
dos americanos sabia a verdade.
Harry se vestia como Costello, abandonando os
paletós de mau gosto que comprava de caixeiros vi-
ajantes, passando a usar ternos escuros e caros, ape-
nas um pouquinho mais esportivos que os usados
pelos negociantes republicanos. Ele parecia não ter
o autocontrole de Costello: há, nas histórias de
Harry, alguns detalhes que o revelam piegas ou vi-
olento quando enchia a cara, chegando a agredir
mulheres. Todavia, assim como Costello, promovia
contatos e juntava pessoas de grupos diferentes.
Ainda assim, se para Costello essas manobras soci-
ais eram calculadas visando poder e lucro, para
Harry pareciam justificar-se por si mesmas. A sim-
plicidade que ele demonstrava em qualquer encon-
tro, não importando se a pessoa em questão podia
lhe trazer algum lucro ou não, revela um homem
que amava ser conhecido e aceito.
Quando Irwin Donenfeld era jovem, seu pai
sempre o impressionava por ser “amigo de um
monte de juízes”. Para um ex-pivete, esse era o
máximo do poder e da aceitação social. O pior
medo de um jovem batedor de carteira ou ladrão
era ficar cara a cara com o juiz. O juiz era a maior
autoridade pública com que uma criança tinha con-
tato, já que no juizado de menores, lá de seu assen-
to elevado e com sua vestimenta negra infernal, ele
podia enviar um garoto para o reformatório por me-
100
ses — ou até mesmo um ano — sem direito a ape-
lação. Mas, no sistema da Tammany, um juiz era
qualquer pau-mandado escolhido para fazer julga-
mentos arranjados, e durante a Lei Seca esse siste-
ma também servia às gangues de contrabando de
bebida. O próprio Frank Costello cuidava de esco-
lher os juízes que deveriam ser eleitos em Nova
York e New Jersey. Harry Donenfeld teria sido útil
como um intermediário aparentemente honesto en-
tre o sistema público e essas facções secretas. Mais
especificamente, Harry pretendia fechar negócios
para imprimir e distribuir material de propaganda
política, e lá pela metade da década já estava aju-
dando a criar revistas e panfletos para a campanha
para governador de Al Smith, o político maioral
dentro da Tammany. De fato, ele parece ter feito
parte de um grupo de estratégia eleitoral de 1928,
quando Smith concorreu à presidência e Franklin
D. Roosevelt ao governo do estado — talvez essa
tenha sido a origem da história a respeito de sua
participação no Brain Trust de Roosevelt. O pivete
tinha vencido: juízes e políticos lhe deviam
favores.
Na mesma época, outras portas se abriram para
Harry. Era um negócio que provavelmente não ren-
deria tanto dinheiro ou influência quanto sua liga-
ção com Frank Costello ou com a máquina do Par-
tido Democrata, mas a oportunidade era ainda mais
tentadora. Fechou negócio com uma distribuidora
101
de revistas chamada Eastern News, fundada por
dois jovens idealistas com o dinheiro que suas fa-
mílias tinham acumulado no ramo de roupas: Char-
les Dreyfus e Paul Sampliner. Graças à estranha va-
riedade de títulos que eles publicavam, Harry des-
cobriu um outro aspecto da América dos anos
1920: um mundo de fanáticos pela boa forma física
e fotógrafos de mulheres nuas, de reformistas das
leis de bons costumes e pornógrafos, de distribui-
dores de contrabando e visionários sociais, de Hugo
Gernsback e Margaret Sanger. Ao passar por aque-
la porta Harry iria finalmente, e acidentalmente, fa-
zer sua grande contribuição à cultura americana.
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O HOMEM PERFEITO
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A NOVA DIVERSÃO
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RAPAZES AMERICANOS
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ÁUREOS TEMPOS
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O TURBILHÃO
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GUERRAS
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CRIME VERDADEIRO
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ROTA DE COLISÃO
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SÓCIOS SILENCIOSOS
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NOVOS DONOS
15
——————————
CONTINUAÇÃO
630
Harry Donenfeld com sua jovem esposa Gussie em
1918, provavelmente em Coney Island. Harry parece agita-
do, absorto, alguém que não vê a hora de pôr fim àquela toli-
ce de lua-de-mel e voltar aos negócios — e à verdadeira far-
ra.
631
Jack e Rose Liebowitz por volta de 1940, com os negó-
cios indo de vento em popa. A fase do Lower East Side já ti-
nha ficado para trás e eles haviam se tornado um casal per-
feito para Great Neck (as fotos são cortesia de Irwin Donen-
feld).
632
Jerry Siegel e Joe Shuster, ambos sem óculos, numa foto
para publicidade do Super-Homem, provavelmente de 1940.
O momento era de grande confiança — haviam deixado para
trás uma dura escalada; pela frente, teriam uma descida pa-
vorosa.
633
A capa de revista que transformou legiões de jovens
americanos em fãs incondicionais da ficção científica —
Jerry Siegel entre eles. A arte é de Frank R. Paul, o ilustrador
suíço que definiu o futurismo utópico da década de 1920.
634
Outras capas de revista tinham efeitos diversos sobre os
jovens. No início, Enoch Bolles era um dos capistas predile-
tos de Harry Donenfeld e Frank Armer, pela genialidade com
que descobrira o ponto exato onde se entrelaçam sem esforço
o malicioso e o perverso. 1930 (Cortesia de Douglas Ellis.)
635
Eis aqui uma outra maneira de provocar os jovens. Pode-
se dizer que O Sombra foi o primeiro “super-herói”. Não era
sobre-humano, mas uma nova mistura de romance, violência
e marcas visuais registradas. Capa de George Rozen, 1936
(TM The Condé Nast Publications, Inc.)
636
Joe Shuster faz uma mescla das capas de pulps e das ti-
ras cômicas com a estética das revistas de halterofilismo para
dar ao Super-Homem sua primeira expressão visual. A cami-
sa justinha lembrava acrobatas e levantadores de peso de
1933.
637
Idealização da Mulher que iria complementar a idealiza-
ção do Homem. Joe Shuster disse que estava olhando para
uma adolescente chamada Jolan Kovacs quando desenhou
esse esboço de Lois Lane, em 1936; mas não resta dúvida de
que a inspiração vinha de sua própria mente, das lembranças
de filmes e de sonhos solitários. (Superman and Lois Lane™
DC Comics, Inc.)
638
Jake Kurtzberg, antes de se tornar Jack Kirby (no alto, à
direita), com colegas de jornalismo na Boys Brotherhood
Republic: procurando um jeito de sair do Lower East Side,
1935. (Cortesia da Blue Rose Press.)
639
Harry Donenfeld conversando com os distribuidores Al-
len e Ivan Ludington, por volta de 1940. Reparem no sorriso
aflorando no rosto dos dois: ninguém conseguia resistir ao
charme de Harry por muito tempo, nem mesmo uma dupla
de protestantes de Michigan.
640
As revistas eróticas de Harry estavam na mira direta dos
censores quando ele lançou sua linha de ficção “séria” nos
pulps. Essa imagem é menos ofensiva aos membros do Citi-
zens for Decency do que as mocinhas que apareciam nas re-
vistas de “mulher pelada” — pelo menos ela está de calça
enquanto olha apavorada para a cabeça decepada do noivo.
Capa de H. J. Ward, 1934. (Cortesia de Douglas Ellis.)
641
Joe Shuster e Jerry Siegel levaram sua própria balbúrdia
racial às revistas de Harry. Esse foi o auge de Joe como de-
senhista e contador de histórias; o excesso de trabalho e a
vista fraca logo mais destruiriam uma arte que acabara de se
tornar famosa. Detective Comics nº 1 © 1937 DC Comics.
(Todos os direitos reservados. Reproduzido com permissão.)
642
No início, o Super-Homem deixava-se algumas vezes
dominar pela fúria; o Super-Homem simpático aparecería só
depois do mundo tê-lo consagrado como seu favorito. Esses
quadrinhos serviram de amostra para tiras de jornal; foram
deixados de fora do nº 1 da Action Comics, mas aproveita-
dos no primeiro número da revista Superman © DC Comics.
(Todos os direitos reservados. Reproduzido com permissão.)
643
Ao levantar vôo, o próprio Super-Homem tornou-se sím-
bolo tanto da exuberância de Siegel e Shuster como dos qua-
drinhos, todos em fase de decolagem. Um quadrinho de Joe
Shuster que não chegou a ser publicado, de 1939 talvez,
mostrando o encanto que podia conferir a suas figuras quan-
do o volume de trabalho permitia. (Coleção de Bruce Bergs-
trom. Superman and Lois LaneTM DC Comics.)
644
Jerry Robinson ainda era um adolescente quando, dese-
nhando anônimo para Bob Kane, introduziu nova beleza e
dramaticidade aos quadrinhos do super-herói. Nunca estudou
arte, mas a indústria aproveitou os talentos naturais de muita
gente para o desenho. Roteiro de Bill Finger. Batman nº 4 ©
1941 DC Comics. (Todos os direitos reservados. Reproduzi-
do com permissão.)
645
Enquanto Jerry Robinson e outros garotos talentosos de-
senhavam o que Bob Kane assinava, ele mesmo passava seu
tempo em Miami, correndo atrás das garotas. E provável que
tenha de fato desenhado essa tela em algum momento na dé-
cada de 1940. (Batman and RobinTM DC Comics.)
646
A criançada não saca, mas os
editores entendem. Essa tira, en-
comendada para o cartão de ani-
versário dos 50 anos de Harry
Donenfeld, mostra que ninguém,
nem Harry nem seus colegas, ig-
norava a complexa mistura de
idealizações que faziam dos su-
per-heróis personagens tão atra-
entes. Artista desconhecido.
1943. (Cortesia de Irwin Donen-
feld. Superman™ DC Comics.)
647
“A raiva nos salva a vida”, dizia Jack Kirby e nas pági-
nas dos quadrinhos ele deixava que essa raiva libertasse o
corpo masculino dos limites do realismo, da física e dos li-
mites dos quadros. Joe Simon colaborou com ele nesta pági-
na, mas a violenta poesia visual é toda de Jack. Captain
America nº 7. (Captain America © and TM Marvel Comics
Group.)
648
O leitor não deve se surpreender ao detectar um subtexto
erótico aqui. O dr. William Moulton Marston, psicólogo e
defensor de estilos de vida alternativos, sabia muito bem o
que estava fazendo. Arte de Harry G. Peter. Wonder Woman
nº 5 © 1943 DC Comics. (Todos os direitos reservados. Re-
produzido com permissão.)
649
A figura do rapagão de peito musculoso está presente em
toda a busca da imagem de super-homem. A edição de 1930
de Gladiator contribuiu para que Jerry Siegel e Joe Shuster
criassem o Super-Homem.
Em 1949, o nome do Super-Homem contribuiu para a
venda de Gladiator, com o surgimento do novo mercado de
livros baratos de bolso. Capa de artista desconhecido.
650
Enquanto Lev Gleason, fornecedor de quadrinhos vio-
lentos, membro do Partido Comunista e vítima da HUAC, a
comissão parlamentar encarregada de investigar atividades
“antiamericanas”, lançava seus super-heróis contra super-
vilões de verdade, o Super-Homem continuava ainda restrito
a guerrear com cientistas loucos. A arte é de Bob Wood e
Charlie Biro (Claw, a criatura demoníaca no canto é cortesia
de Jack Cole). 1941.
651
A máfia lucrava com as revistas, mas também dava sua
contribuição. Aqui temos uma participação especial de
Lucky Luciano, conhecido de Harry Donenfeld, para ajudar
a vender a mercadoria. Nada melhor para criar uma bela mis-
tura de raiva, sensacionalismo e consciência social que a re-
vista Crime Does Not Pay. Capa de Charlie Biro, 1943.
652
Dinheiro, autodesprezo e raiva dos censores se juntaram
para tornar o tema do crime nas revistas em quadrinhos um
assunto irresistível até mesmo para Jack Cole, cujo Homem-
Borracha era tão brilhante e cheio de alegria. Esta cena se
tornou o exemplo favorito de Fredric Wertham para explicar
por que tais revistas deviam ser “retiradas das bancas”. 1947
653
Entra em cena a nova geração, formada e bem-informa-
da. Bill Gaines e Al Feldstein com alguns dos gibis da “Nova
Tendência” que iria levá-los a águas turbulentas, 1950.
654
A capa que foi erguida diante das câmeras de televisão
pelo senador Estes Kefauver, futuro candidato à vice-presi-
dência dos Estados Unidos. Para o artista, Johnny Craig, a
capa fora apenas outra piada de humor negro.
Para a indústria dos quadrinhos, tornou-se símbolo de li-
berdade e de autodestruição. 1953.
Crime SuspenStories nº 22 © 1954 EC Comics, Inc. (To-
dos os direitos reservados.)
655
Harvey Kurtzman e Wally Wood desmascaram os ele-
mentos de sexo e raiva existentes no relacionamento entre
Clark “Bent” e Lois “Pain” (Trocadilho com os sobrenomes
Kent e Lane. Entre outras coisas, bent significa vergado, tor-
to e também corrupto. Já pain, dor, é uma referência à ex-
pressão “pain in the ass”, traduzível por “pé no saco”), sem-
pre mantidos meio fora de foco. Mad nº 4 © EC Publicati-
ons, Inc. (Todos os direitos reservados. Reproduzido com
permissão.)
656
Zuggy, o Cara Super-Sensacional, guiou Jerry Siegel e
Joe Shuster durante o processo que eles moveram contra a
DC em 1947 e 1948. O entusiasmo já não seria mais tão
grande alguns anos depois, quando Albert Zugsmith se tor-
nou um importante produtor de cinema enquanto Jerry e Joe
lutavam para sobreviver. (Cortesia de Richard Halegua. Su-
perman™ DC Comics.)
657
O coração do herói, no fim das contas, estava cheio de
dor e de perda. Jerry Siegel e o veterano do estúdio de Shus-
ter Wayne Boring fizeram algo simples e bonito ao tratar da
angústia do super-herói. “A Volta do Super-Homem a Kryp-
ton”, Superman nº 141 DC Comics. (Todos os direitos reser-
vados. Reproduzido com permissão.)
658
(‘SUPER-HOMEM’ DA TV SE MATA)
659
Jerry Robinson, 1974; o cartunista, escritor e organiza-
dor cujo olhar certeiro penetrou no âmago de um dilema vi-
vido durante décadas por Siegel e Shuster e que forçou a
Warner Communications a finalmente tomar uma atitude.
660
Jerry Siegel nos anos 1980: um bronzeado da Califórnia,
um sorriso, um pouco de segurança e enfim o reconhecimen-
to.
661
Joe Shuster em 1991. No último ano de sua vida, pratica-
mente cego, doente depois de todos aqueles “anos na selva”,
a lembrança de que mais se orgulhava ainda era a do herói a
quem dera forma. (© 1991 Toronto Star)
662
——————————
NOTAS SOBRE AS FONTES
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
663
gião do Lower East Side veio de diversas fontes, entre elas World
of Our Fathers, de Howe; The Promised City: New York’s Jews,
1870-1914, de Moses Rischen (Cambridge, MA: Harvard Univer-
sity Press, 1962); e daqueles dois influentes (ainda que muitas ve-
zes presunçosos) trabalhos de defesa social, The Battle with the
Slum, de Jacob Riis (Nova York: MacMillan, 1912), e The Autobi-
ography of Lincoln Steffens, de Lincoln Steffens (Nova York: Har-
court Brace & Co., 1931). Entre os livros indispensáveis para
qualquer estudo da região do East Side nova-iorquino estão dois
romances de arguto poder de observação, Jews without Money, de
Michael Gold (Nova York: Liveright, 1938), e The Rise of David
Levinsky, de Abraham Cahan (Nova York: Harper & Bros., 1917).
Este último faz um retrato muito vivido do funcionamento da in-
dústria do vestuário, na época. “Alter, Alter...” é do livro The
Golden Egg, de Arthur Goldhaft, citado em World of Our Fathers,
de Howe; “abismo entre as gerações” foi tirado de The Autobio-
graphy, de Steffens.
As gangues juvenis do Lower East Side são examinadas em
The Rise and Fall of the Jewish Gangster in America, de Albert
Fried (Nova York: Columbia University Press, 1993), e em Our
Gang: Jewish Crime and the New York Jewish Community, 1900-
1940, de Jenna Weismann Joselit (Bloomington: Indiana Univer-
sity Press, 1983). “Judeus... por que vocês ficam lá parados [...]”
foi tirado da entrevista de Uri Dan com Meyer Lansky, citado no
livro de Rich Cohen Tough Jews: Fathers, Sons, and Gangster
Dreams (Nova York: Simon & Shuster, 1993). As opiniões sobre a
“delinquência” judaica vêm do livro de Howe, World of Our Fa-
thers. “Alguns de meus amigos viraram...” Frase de Kurtzberg, ci-
tada numa entrevista com Jack Kirby (Jake Kurtzberg) em Comics
Journal, nº 134 (fev. de 1990). As histórias de Harry sobre Eddie
Cantor receberam a contribuição dos relatos de Herbert G. Gold-
man em seu Banjo Eyes: Eddie Cantor and the Birth of Modem
Stardom (Nova York: Oxford University Press, 1997).
Durante toda a preparação deste livro, para dar detalhes dos
antecedentes familiares e da vida pessoal de Jack Liebowitz, o au-
tor contou com o auxílio de informações de membros das famílias
Stillman, Levy e Donenfeld. Muitas datas e outros fatos específicos
664
foram fornecidos pelo obituário que Mike Catron escreveu para
Liebowitz, publicado no Comics Journal nº 230 (dezembro de
2000).
Sobre socialismo e pogroms, ver The Tsars and the Jews: Re-
form, Reaction and Anti-Semitism in Imperial Rússia, 1772-1917,
de Hans-Dietrich Lowe (Reading, GB: Harwood, 1992). Sobre
cultura e políticas trabalhistas no Lower East Side, ver Ladies of
Labor, Girls of Adventure: Working Women, Popular Culture, and
Labor Politics at the Turn of the Century, de Nan Enstad (Nova
York: Columbia University Press, 1999), e também Common Sense
and a Little Fire: Women and Working Class Politics in the United
States, 1900-1965, de Annelise Orleck (Chapel Hill: University of
North Carolina Press, 1995). Os detalhes sobre o envolvimento
das gangues no movimento e na política trabalhistas foram tirados
de Rise and Fali, de Fried. As guerras de circulação dos jornais e
o envolvimento de Moe Annenberg são explorados em Legacy: A
Biography of Moses and Walter Annenberg, de Christopher Ogden
(Nova York: Little, Brown, 1999). “saíam tropeçando [...] corre-
dor de pernas [...]” Gold, Jews without Money. Quanto ao com-
portamento sexual dos jovens do East Side, ver também Ladies of
Labor, de Enstad, e The Jewish Woman in America, de Charlotte
Baum, Paula Hyman e Sonya Michel (Nova York: Dial Press,
1976).
Consta, no recenseamento de 1930, que a idade de Harry,
“no primeiro casamento”, era de 23, e a de Gussie, 20; mas a di-
ferença de idade entre os dois era de cinco anos, donde se conclui
que houve um casamento anterior, ou a pessoa que forneceu as in-
formações ao censo não foi precisa. Discrepâncias como essa dão
uma idéia da dificuldade de reconstituir histórias tão antigas.
CAPÍTULO 2
665
ções serão assinaladas.
Para a história de Cleveland, ver Cleveland: Making of a
City, de William Ganson Rose (Kent, OH: Kent State University
Press, 1990), e Cleveland: A Concise History, 1796-1996, de Ca-
rol Poh Miller e Robert A. Wheeler (Bloomington: Indiana Uni-
versity Press, 1997). O retrato da comunidade judaica de Cleve-
land foi reconstituído sobretudo a partir do livro de Lloyd P. Gart-
ner, History of the Jews of Cleveland (Cleveland: Western Reserve
Historical Society, 1978); do livro de Sidney Z. Vincent e Judah
Rubenstein, Merging Traditions: Jewish Life in Cleveland (Cleve-
land: Western Reserve Historical Society, 1978); e do livro patro-
cinado pelo Comitê do Centenário Judaico em Cleveland, o
Jewish Community of Cleveland Historical Digest, 1837-1937
(Cleveland: Cleveland Jewish Centennial Committee, 1937). Al-
guns detalhes sobre os arredores da 105th Street foram tirados de
números antigos do Torch da Glenville High School. “Quase to-
dos os quarteirões...” De Merging Traditions, de Vincent e Ru-
benstein. “As ruas compridas estavam sempre...” Violet Spevack,
citada em Merging Traditions, de Vincent e Rubenstein. “O juda-
ísmo é muito mais uma educação...” Herbert Adolphus Miller,
School and the Immigrant, citado no Jewish Community of Cleve-
land Historical Digest, 1837-1937, do comitê do centenário. As
peripécias de Benny Friedman e dos Morenos Sanguinários foram
relatadas em vários números do Torch da Glenville High, em 1921
e 1922.
As experiências de infância de Jerry Siegel com cinema e ou-
tras formas de entretenimento foram discutidas em diversos arti-
gos publicados pelos fanzines. O mais longo é uma fabulosa entre-
vista intitulada “De Super-homens e Garotos Sonhadores”, dada
por Jerry Siegel, Joe Shuster e Joanne Siegel, a Tom Andrae, Ge-
offrey Blum e Gary Coddington para a Nano: The Classic Comics
Library, nº 2 (agosto de 1983). Parte do material publicado ali,
sobretudo as lembranças do primeiro contato de Siegel com Dou-
glas Fairbanks e com a Amazing Stories foram tiradas das conver-
sas que o autor deste livro manteve com Siegel na década de 1980.
“[...] a idade dos heróis...” Richard A. Martinson, citado em
Wordslingers: How the Pulp Western Was Won and Lost, de Will
666
Murray (ainda não publicado). A menos que se informe o contrá-
rio, todas as citações e histórias a respeito de Will Eisner foram ti-
radas de uma entrevista que o autor fez com Eisner em outubro de
2003. A carreira de Hugo Gernsback e os primórdios da ficção ci-
entífica estão muito bem explicados no livro The Gernsback Days,
de Mike Ashley e Robert A. W. Lowndes (Holicong, PA: Wildside
Press, 2004). Os primórdios do fandom foram cobertos com deta-
lhes de sobra no livro de Harry Warner Jr., All Our Yesterdays
(Chicago: Advent, 1969), e no dramático mas parcial trabalho de
Sam Moskowitz The Immortal Storm (Westport, CT: Hyperion
Press, reedição de 1974). “Refleti sobre minha vida naquele mo-
mento ...” Francis T. Laney, citado em All Our Yesterdays, de
Warner. “Ele me enviou um manuscrito...” Entrevista do autor
com Jack Williamson, outubro de 2003.
A data da morte de Mitchell Siegel é controversa, segundo vá-
rias fontes orais, e até hoje não se descobriu nenhum documento
que esclareça a questão; alguns dizem que ele morreu no início da
adolescência de Jerry, ou até mesmo antes. A cronologia oferecida
aqui parece ser a mais razoável, baseada em histórias da família
Fine. Se as datas escolares de Jerry parecerem um tanto estra-
nhas, lembre-se de que o primeiro grau, no sistema escolar de
Cleveland, se estendia até a nona série.
CAPÍTULO 3
667
quisa realizada por Michael Feldman, e foram passadas ao autor
em entrevistas e correspondências que se estenderam de dezembro
de 2003 a junho de 2004. Informações adicionais foram forneci-
das por Will Murray no seu artigo “Raízes emaranhadas da DC”,
Comic Book Marketplace, nº 53 (novembro de 1997), e em entre-
vistas com este autor em 2003.
“Digamos que Frank Costello...” Anedota contada por Bob
Beerbohm. O retrato de Costello e de seus companheiros se inspi-
ra sobretudo em Tough Jews, de Cohen, e no livro de George Wolf
e Joseph DiMona, Frank Costello: Prime Minister of the Un-
derwold (Nova York: William Morrow, 1974). “Eu via o
Mirror...” Citado no livro de Martin A. Gosch e Richard Hammer
The Last Testament of Lucky Luciano (Boston: Little Brown,
1975). “[...] gângsteres que sequer terminaram...”, citado em
Tough Jews, de Cohen. A história do “Brain Trust de FDR” suge-
rida aqui foi tirada de Michael Feldman.
A greve de 1926 do SITIRF e o envolvimento das gangues são
discutidos por Fried em Rise and Fali, e por David Dubinsky e A.
H. Raskin em A Life with Labor (Nova York: Simon & Shuster,
1977). “Um judeu poderia fazer muito dinheiro...” Citado por
Neal Gabler em An Empire of Their Own: How the Jews Invented
Hollywood (Nova York: Random House, 1988). Sobre a presença
judaica na cultura popular americana da década de 1920, ver
Paul Buhle, From the Lower East Side to Hollywood: Jews in
American Popular Culture (Nova York: W. W. Norton, 2004). So-
bre o crescimento das revistas durante a década de 1920, veja o li-
vro de John Tebbel e Mary Ellen Zuckerman The Magazine in
America, 1741-1990 (Nova York: Oxford University Press, 1991).
As informações sobre Bernarr MacFadden foram tiradas sobretu-
do do livro de Robert Ernst, Weakness Is a Crime: The Life of Ber-
narr MacFadden (Syracuse: Syracuse University Press, 1999). So-
bre Hugo Gernsback, ver Gernsback Days, de Ahsley e Lowndes.
O envolvimento de Margaret Sanger com Harold Hersey veio
a público no livro de Hersey (não-publicado, 1938; na coleção da
New York Public Library). A posição dela no contexto maior da
política e da cultura popular americanas foi analisado de forma
interessante por Geoffrey Perrett, em America in the Twenties
668
(Nova York: Simon & Shuster, 1982). Hersey relata a própria car-
reira em Hollywood Editor (Silver Spring, MD: Adventure House,
reimpressão de 2003). Michael Feldman coligiu o material para a
“consulta” não oficial sobre Hersey.
A história sobre Frank Armer e as “smooshes” foi tirada do
livro de Douglas Ellis Uncovered: The Hidden Art of the Girlie
Pulp (Silver Spring, MD: Adventure House, 2003). Outras infor-
mações, sobretudo as referentes ao envolvimento de Harry, foram
fornecidas por Michael Feldman e Will Murray. “A arte de Alfred
Barnard” é de Artists & Models, na 6 (setembro de 1925). “Minai
L’Enclos...” Citado em Uncovered, de Ellis. “Tudo bem, vocês
venceram...” John dos Passos, O Grande Capital.
CAPÍTULO 4
669
de 1992. O material sobre Bernarr MacFadden e fisicultura foi ti-
rado sobretudo de Weakness is a Crime, de Ernst.
A história do Sombra foi fornecida por Anthony Tollin. Para
as inferências sobre a origem do “super-herói” nos pulps e nas ti-
rinhas, contribuíram entrevistas com Tollin, James Van Hise e
Will Murray feitas em 2003. “Estava vestido num manto preto...”
Walter B. Gibson, escrevendo como “Maxwell Grant”, “O Som-
bra vivo”, Shadow Magazine, nº 1 (março de 1931). Sobre The
Time Traveller, ver Immortal Storm, de Moskowitz, e Man of Two
Worlds: My Life in Science Fiction and Comics, de Julius
Schwartz (Nova York: Harper Collins, 2000). A Science Fiction de
Jerry Siegel é discutida no Torch da Glenville High; em Superman
at Fifty, de Dooley e Engle; e na Nemo, nº 2.
“Grandes feitos estavam sempre prestes a...” Esta e citações
seguintes foram tiradas de Gladiator, de Philip Wylie (Nova York:
Alfred A. Knopf, 1930). Para saber o lugar ocupado por Wylie no
panorama literário da década de 1920, ver Roger Matuz (ed.),
Contemporary Literary Criticism, vol. 43 (Detroit: Gale Research
Corp., 1987). A anedota sobre Joseph Piricin foi cortesia de Denis
Kitchen. “The Reign of Superman” foi reeditado na Nemo, nº 2.
Para o material sobre Doc Savage, contribuíram as entrevistas
feitas com Anthony Tollin e James Van Hise. Sobre Detective Dan
e Humor Publishing, ver a biografia que Bob Hughes fez de Joe
Shuster no maravilhoso site “Superman Artists”, http://www.su-
permanartists.comics.org/superart.
Em Gladiator, encontramos uma pista para boa parte do mis-
tério que cerca as versões divergentes sobre a criação do Super-
Homem. Siegel negou de forma peremptória que o romance de
Wylie o houvesse influenciado; mas a proximidade temporal e as
espantosas semelhanças não parecem deixar muitas dúvidas sobre
o papel de Gladiator. A negativa saiu em 1940, mesma época em
que Wylie ameaçou mover uma ação judicial por plágio contra
Jerry — ao que consta, Jerry chegou até mesmo a assinar uma de-
claração oficial — e tudo indica que tenha sido um ato de autode-
fesa. Suas histórias de que o Super-Homem foi criado já em 1932
fazem muito mais sentido quando examinadas à luz dos muitos
processos por plágio e das contestações de autoria que poderiam
670
ter surgido; Jerry tinha de situar sua criação num momento ante-
rior ao aparecimento dos outros super-heróis vestidos à caráter
que proliferaram na década de 1930. Isso também ajuda a expli-
car a estranha afirmação de Siegel de ter rejeitado a proposta
mencionada pelo major Wheeler-Nicholson em 1935 feita por uma
distribuidora (capítulo 6). Em sua ação judicial de 1947 contra a
National Comics, Siegel declarou que havia vendido o Super-
Homem para a National só por causa das garantias oferecidas por
Jack Liebowitz de que ele e Joe Shuster estavam fechando um
grande negócio. Para apoiar seu argumento, declarou que havia
recusado uma outra proposta para o Super-Homem — a do major
— porque as condições do acordo não eram boas o bastante.
Quando consideramos a complexidade de estabelecer um equilí-
brio entre lembranças genuínas e estratégia jurídica durante o de-
correr de muitas décadas, as inconsistências dos relatos de Siegel
ficam mais compreensíveis.
CAPÍTULO 5
671
Gangsters (Jerusalém: Gefen, 1993). A história de Herbie Siegel
já foi contada por dezenas de pessoas que trabalharam na indús-
tria dos quadrinhos entre as décadas de 1930 e 1950. A versão
deste capítulo baseou-se nas conversas do autor com Julius
Schwartz e Murray Boltinoff na década de 1980.
“Meti o cano na queixola dele...” Aqui o autor falseia um
pouco a verdade. Esta não é, até onde se possa verificar, uma fra-
se de autoria de Bellem, e sim um pastiche de frases reunidas por
um fã; parecia a forma mais rápida de sugerir o estilo e o vocabu-
lário de Bellem. Para as frases criadas de fato por Bellem (“Foi
como se o berro tivesse feito ‘atchim’...”), ver Dan Turner,
Hollywood Detective, de Robert Leslie Bellem (Madison: Univer-
sity of Wisconsin Press, 1981). A frase de Perelman é de The New
Yorker, 15 de outubro de 1938.
A reconstrução do papel da Eastern Color Printing, de Char-
lie Gaines e de George Delacorte no surgimento da revista de his-
tória em quadrinhos foi feita com a ajuda de várias fontes, inclusi-
ve do livro de Mike Benton The Comic Book in America: An Illus-
trated History (Dallas: Taylor Publishing, 1989); do site “Collec-
tor Times” de Jamie Coville, http://www.collectortimes.com/~co-
michistory/index.html; e da completa porém ainda não publicada
história da distribuição e revenda das revistas em quadrinhos es-
crita por Robert Beerbohm Comic Book Store Wars. Trechos do li-
vro podem ser lidos no site http://members.aol.com/comicbknet/re-
ality.htm. Outras informações a respeito de Charlie Gaines foram
tiradas do livro de Frank Jacobs The Mad World of William M.
Gaines (Secaucus, NJ: Lyle Stuart, 1972), e do de Maria Reidelba-
ch, Completely Mad: A History of the Comic Book and Magazine
(Nova York: Little, Brown, 1991). Will Murray foi a principal fon-
te do autor sobre o major Malcolm Wheeler-Nicholson. “Entendo
essas revistas...” Carta a Jerry Siegel, citada por Les Daniels em
Superman: The Complete History (San Francisco: Chronicle Bo-
oks, 1998).
O pouco que se sabe sobre Sunny Paley veio através de Mi-
chael Feldman, que ouviu histórias de Jack Adams e de outros an-
tigos companheiros de Harry Donenfeld que pediram para ficar
no anonimato. E claro que ainda há muito a descobrir. Feldman
672
também reconstruiu as atividades empresariais de Harry no Sul.
“Admiro de verdade o sr. Donenfeld...” Tirado de um falso jornal
preparado por Jack Liebowitz e colegas, em outubro de 1943, por
ocasião do 50º aniversário de Harry; cortesia de Irwin Donenfeld.
O papel da indústria de papel e de William Randolph Hearst
na proibição da maconha é tema entrelaçado à questão do cânha-
mo e há muito exagero em torno dela; sem dúvida que a versão
apresentada é simples demais. Contudo, no entender do autor, os
sinais continuam sendo convincentes e razoáveis, mesmo depois
que nós os liberamos da lengalenga política. E são um bom exem-
plo de como Hearst, assim como tantos outros editores de jornais
e revistas de seu tempo, usou a posição alcançada para promover
a corrupção. Vee Drug Crazy, de Mike Gray (Nova York: Random
House, 2001).
CAPÍTULO 6
673
desempregado...” Tirado da Nemo, nº 2. O envolvimento de Char-
lie Gaines na história do Super-Homem durante 1936 e 1937, foi
reconstituído por Will Murray, Tom Andrae e outros; a história de
Worth Carnahan nos chega através de Michael Feldman. “Seus
punhos trovejantes...” Detective Comics, nº 1 (março de 1937).
A venda do Super-Homem para Vin Sullivan é outra das len-
das mais comentadas e discutidas da subcultura dos gibis. Esse
relato se baseia sobretudo na entrevista que David Siegel deu a
Vin Sullivan, durante a San Diego Comic Con de agosto de 1998,
e na conversa subsequente do autor com Sullivan, conferida à luz
das opiniões abalizadas de Mike Catron, Tom Andrae e Will Mur-
ray. Os antecedentes de Sheldon Mayer foram tirados, em parte,
da “comiclopedia” (http://www.lambiek.net/artists/index.html) de
Lambiek. Durante a preparação deste livro, esse site foi uma fonte
valiosa de biografias concisas dos quadrinistas do passado. A pri-
meira história do Super-Homem saiu em duas partes, na Action
Comics, nº 1 (em junho de 1938), e na Superman, nº 1 (verão de
1939).
CAPÍTULO 7
674
Moskowitz Seekers of Tomorrow: Makers of Modem Science Ficti-
on (Cleveland: World, 1966); de All Our Yesterdays, de Warner; e
de Man of Two Worlds, de Schwartz.
Foi fascinante tentar reconstruir a história de Bob Kane, de-
vido a seu velho hábito de tornar a própria vida uma ficção. Sua
autobiografia (com Tom Andrae), Batman and Me (Forestville,
CA: Eclipse Book, 1989), fornece uma espécie de esboço do mapa
do tesouro para se descobrir a verdade; e descobrir a verdade exi-
ge reunir anedotas daqueles que o conheciam, peneirar os fatos,
separar aqueles que são plausíveis e verificar os elementos de li-
gação. Felizmente o número de pessoas que trabalharam com
Kane e que se mostram dispostas a falar é enorme. O autor tirou
as informações sobretudo de entrevistas com Will Eisner, Jerry
Robinson, Sheldon Moldoff, Jack Schiff, Julius Schwartz, Michael
Uslan, Tom Andrae e Mark Evanier.
“Se seu pai não fosse tão...” Will Eisner, To the Heart of the
Storm (Princeton, WI: Kitchen Sink Press, 1991). “E difícil ex-
pressar com palavras...” Kane, Batman and Me. A história sobre
as revistinhas baratas e Will Eisner foi tirada da introdução escri-
ta por Art Spiegelman ao livro de Bob Adelman Tijuana Bibles:
Art and Wit in America’s Forbidden Funnies, 1930s-1950s (Nova
York: Simon & Shuster, 1997). Jerry Iger foi retratado como um
“promotor e operador” por Pierce Rice, numa entrevista para o
Comics Journal, nº 249 (março de 2000). “[...]eu tinha gana...”
Boa parte das citações de Eisner saiu da entrevista que ele deu ao
autor, mas esse caso foi mencionado numa entrevista publicada no
Comics Journal, nº 249 (setembro de 2001). As descrições dos mé-
todos de trabalho do estúdio de Eisner & Iger foram tiradas quase
todas de artigos e entrevistas publicadas na Will Eisner Quarterly
(1984-1985). A história de Bill Finger foi reconstruída a partir de
informações contidas em Batman and Me, de Kane, e em entrevis-
tas com Jerry Robinson e Jack Schiff.
O diálogo do Super-Homem é da Action Comics, nº 5 (outu-
bro de 1938). Detalhes da tira do Super-Homem publicada em jor-
nal e da coqueluche inicial foram tirados de Superman, de Dani-
els, e de Superman: The Dailies, Jerry Siegel e Joe Shuster (Nor-
thampton, MA: Kitchen Sink Press, 1999). Victor Fox é retratado
675
de forma divertida por Joe Simon em The Comic Book Makers
(Nova York: Crestwood, 1990); porém a verdade por trás da his-
tória de que era contador foi descoberta por Michael Feldman. A
origem do Batman é discutida de formas diversas por Les Daniels
em Batman: The Complete History (San Francisco: Chronicle Bo-
oks, 2000), e por Kane, em Batman and Me. O relato da contribui-
ção original de Bill Finger se deve sobretudo, a Jerry Bails, cujo
artigo mais importante, entre os muitos que escreveu sobre o as-
sunto é “Se a verdade viesse à tona; ou um Finger (dedo, em in-
glês) em cada trama”, publicado no seminal fanzine Capa-Alpha,
nº 12 (setembro de 1965). A entrevista do autor com Michael Us-
lan, em setembro de 2003, contribuiu bastante para a síntese que
se tentou fazer neste livro. Parte da análise sobre o desenvolvi-
mento posterior do Batman vem da entrevista do autor com Jerry
Robinson, em abril de 2004. Frases e acontecimentos das histórias
são das Detective Comics nº 27 (maio de 1939) e nº 29 (julho de
1939).
A história da origem do Batman na Detective Comics nº 33
(novembro de 1939) é mais um mistério intrigante dos quadrinhos.
A origem do personagem aparece numa aventura atribuída em ge-
ral a Gardner Fox. Décadas depois, Fox declarou ter sido o autor
da história da origem do Batman, mas a maioria dos fãs historia-
dores continuou a considerar Finger como o autor de sua concep-
ção, ainda que não necessariamente sua execução. (Ver Batman,
de Daniels). Como o estilo e o conteúdo emocional de sua origem
estão mais de acordo com o trabalho de Bill Finger que de Gard-
ner Fox, ao menos na opinião do autor, este livro atribui a Finger
a autoria da história.
O surgimento do personagem Captain Future e o conhecimen-
to que tinha Mort Weisinger da existência do Super-Homem ba-
seiam-se na entrevista do autor com Jack Schiff e em Seekers of
Tomorrow, de Moskowitz.
CAPÍTULO 8
676
Smithsonian Historical Performances. O artigo de Tollin foi ar-
quivado em dois templos altamente informativos e divertidos da
Internet dedicados ao Homem de Aço, “Superman Homepage”,
http://supermanhomepage.com e no “Superman through the
Ages”, http://theAges.superman.ws/welcome.php.
Sobre o Waldorf-Astoria e a máfia, ver Wolf e DiMona em
Frank Costello. O material sobre Ben Sangor foi tirado da entre-
vista do autor com Michael Feldman e do livro de Michael Vance
Forbidden Adventures: The History of the American Comics
Group (Westport, CT: Greenwood Press, 1996). A história sobre
Dubinsky foi contada por Irwin Donenfeld. Jack Schiff e Vin Sulli-
van ajudaram o autor a entender o desenvolvimento empresarial
da All American e da Detective Comics, a reação de Liebowitz à
guerra, e a ação judicial contra o Capitão Marvel. “[...] campos
de golfe, clubes náuticos...” A descrição de Great Neck foi tirada
de A Look Ahead, de Arthur F. Rausch, cortesia de Steven Morgan
Friedman. Obrigado também à Sociedade Histórica de Great
Neck.
“Uma Desgraça Nacional”, de Sterling North, Chicago Daily
News, 8 de maio de 1940. Obrigado também à Sociedade Sterling
North de Edgerton, Wisconsin. Sobre a reação do público às ad-
vertências contra os quadrinhos e sobre a resposta das editoras,
ver o livro de Amy Kiste Nyberg Seal of Approval: The History of
the Comics Code (Jackson: University Press of Mississippi, 1998).
Comentário de George Orwell tirado de “Boys’ Weeklies”, reim-
presso em d Collection of Essays (Nova York: Doubleday, 1953).
“[...| pareciam oferecer o mesmo tipo...” Lauretta Bender é citada
por Nyberg em Seal of Approval. Josette Frank parafraseou sua
introdução ao livro de George Lowther The Adventures of Super-
man (Nova York: Random House, 1942). “[...] falam aos ouvi-
dos...” Citado em Les Daniels, Wonder Woman: The Complete
History (San Francisco: Chronicle Books, 2000).
“Francamente, quando terminei de ler...” Frase de Liebowitz
citada por Jerry Siegel em seu comunicado à imprensa de 1975. A
relutância de Siegel em contratar um advogado foi esmiuçada por
Vin Sullivan e Jerry Fine. “[...] além de propiciar entretenimen-
to...” Slater Brown, “O advento do Super-Homem”, New Repu-
677
blic, 2 de setembro de 1940, cortesia de Will Murray. O Espectro
apareceu pela primeira vez na More Fun Comics, nº 52 (fevereiro
de 1940). Ver também o prestimoso “Toonopedia”, http://www.to-
onopedia.com. Obrigado a Mike Sangiacomo pelas informações
sobre a vida de Joe Shuster em Cleveland e a Jerry Robinson e
Mike Catron por informações sobre sua mudança para Nova York.
“[...] papel manilha pardo...” Eileen Freeman citado pelo Cleve-
land Plain Dealer de 12 de dezembro de 2000.
A participação de Siegel no programa de rádio de Fred Allen
pode ser carregada do site “Superman through the Ages”; o mes-
mo arquivo MP3 inclui o quadro cômico de Harry Donenfeld com
Bud Collyer descrito no capítulo 10, e é recomendado a todos os
leitores interessados, uma vez que a voz dos próprios envolvidos é
muito mais eficaz que os talentos do autor para salientar o con-
traste de estilos e a diferença nos níveis de confiança dos dois ho-
mens. “Jerry, um menino pequeno...” Liberty, julho de 1941. A
história do “metal-K” e boa parte do contexto são cortesia de
Mark Waid. O período de permanência de Mort Weisinger na DC
foi reconstituído com a ajuda das entrevistas com Jack Schiff e Ju-
lius Schwartz.
Segundo descobertas recentes do historiador de HQ Roy Tho-
mas, o Superboy foi planejado juntamente com a idéia de uma Su-
perwoman, que incluía uma Lois Lane super-poderosa. As duas
idéias foram engavetadas quando Fawcett lançou, primeiro, Cap-
tain Marvel Jr. e, depois, Mary Marvel. Com o sucesso dos dois tí-
tulos, Superboy foi ressuscitado.
“Dedique-se ao seu trabalho...” e “mostram que nós perde-
mos dinheiro...” Da correspondência tantas vezes citada por Sie-
gel, inclusive, e em parte, no comunicado à imprensa de 1975.
CAPÍTULO 9
678
A história do fim de semana da Daredevil foi tirada sobretudo
da entrevista do autor com Jerry Robinson. Robinson não lembra-
va direito se o sorteado fora de fato Bernie Klein, mas uma versão
um pouco diferente, relatada por George Roussos, dá a entender
que foi de fato Bernie.
“O trabalho era ininterrupto...” Jules Feiffer, The Great Co-
mic Book Heroes (Nova York: Dial Press, 1965). “Eles pegavam
cola de borracha e benzina...” Entrevista com Gil Kane feita por
Gary Groth, Comics Journal, nº 186 (abril de 1996). “[...] intros-
pectiva, criativa...” e “O mundo de Cole fervilha...” Art Spiegel-
man e Chip Kidd, Jack Cole and Plastic Man: Forms Stretched to
Their Limits (San Francisco: Chronicle Books, 2001). “Tinha uma
vitalidade...” Gil Kane, Comics Journal, nº 186. Outros dados so-
bre Biro e Bob Wood saíram do artigo de Nicky Wright, “Seduto-
res de Inocentes”, Comic Book Marketplace, nº 65 (novembro de
1998); do site de Lev Gleason, http://www.angelfire.com/mn/blak-
lion; e do livro de Mike Benton Crime Comics: The Illustrated
History (Dallas: Taylor Publishing, 1993).
“Eu acredito que a raiva...” Citado numa entrevista na Will
Eisner’s Spirit Magazine, nº 39 (fevereiro de 1982). “Cada rua ti-
nha sua própria...” Jon B. Cooke, “As violentas ruas de Kirby: O
Lower East Side de Jacob Kurtzberg”, The Jack Kirby Collector,
nº 16 (junho de 1997). “[...] me deixou com tanto medo...” e “Eles
me puseram na rua...” são citados na Will Eisner’s Spirit Magazi-
ne, nº 39. “No meu bairro...”, citado no livro de Ray Wyman Jr.
The Art of Jack Kirby (Orange, CA: Blue Rose Press, 1992). A
anedota das toalhas foi tirada de uma entrevista que o autor fez
com Mark Evanier, que no momento escreve aquela que sem dúvi-
da será a biografia definitiva de Kirby. A história de Martin Go-
odman se baseia nas cuidadosas pesquisas de “Doc V”, dr. Mi-
chael J. Vassallo.
A biografia de Gardner Fox foi dada por Vin Sullivan. O re-
trato de Alvin Schwartz foi tirado de suas próprias memórias; ver
“Alvin’s Round Table”, http://www.comics-community.com.
As descrições da All American Comics e de Charlie Gaines e
Sheldon Mayer devem muito a uma entrevista de Mayer Harris na
Comic Book Artist, nº 11 (janeiro de 2001), e a Mad World, de Ja-
679
cobs. A história de William Moulton Marston foi reconstituída
quase toda por Geoffrey C. Bunn, cujo artigo sobre Marston em
History of the Human Sciences 10, nº 1 (1997), contém boa parte
das citações usadas aqui. Uma parte do material foi tirado de
Wonder Woman, de Daniels, e da reimpressão do livro de Mars-
ton, The Emotions of Normal People (Minneapolis: Persona Press,
1979), inclusive da introdução de John G. Geier. A história conta-
da saiu na Wonder Woman nº 5 (junho-julho de 1943).
As circunstâncias que cercam o encontro de Gaines e Mars-
ton são outra área que pede mais investigação. Histórias que cir-
culam entre os fãs dos quadrinhos, ao que consta veiculadas por
Gil Kane ou Robert Kanigher, sustentam que Marston estava com
algum esquema de autopromoção na Feira Mundial de 1939-
1940; então ele e Gaines se encontraram e começaram a trocar
idéias sobre alguns quadrinhos. Como salientou Michael Feld-
man, no artigo que escreveu para a Family Circle em outubro de
1940, Marston com certeza já parece estar promovendo alguma
idéia de revista em quadrinhos a ser lançada junto com Gaines. O
artigo destaca Gaines como o mais esclarecido dos editores, ainda
que Gaines só tivesse umas poucas publicações, na época.
CAPÍTULO 10
680
gem do quebra-cabeças. Alguns pesquisadores, entre os quais Les
Daniels (Superman), atribuem o primeiro roteiro de “Superboy” a
Don Cameron; mas ninguém põe em dúvida que foi o estúdio de
Joe Shuster quem fez os desenhos. A vida de Zugsmith é esboçada
por Jerry Kuttner em “Os Sonhos de Albert Zugsmith”, Bright
Lights Film Journal, nº 20 (novembro de 1997); demais informa-
ções são cortesia do Departamento de Coleções Especiais da Uni-
versidade de Iowa. A participação de Harry no programa de
Fanny Brice foi uma cortesia da coleção de J. David Goldin. A
fonte do esquete de Harry está nas notas sobre o capítulo 8.
CAPÍTULO 11
681
Collie’s, 27 de março de 1948. Newsweek e Time citadas por Ny-
berg em Seal of Approval. Gershon Legman, Love and Death: A
Study in Censorhip (Nova York: Breaking Point, 1949). “[...] li-
berdade da imprensa...” Citado por Nyberg em Seal of Approval.
Sobre a história da “Casa da União”, veja “Superman on Ra-
dio”, de Anthony Tollin, arquivado em “Superman Homepage”. O
relato da ação judicial movida por Siegel e Shuster se baseia em
informações tiradas de várias entrevistas, sobretudo da que foi pu-
blicada pela Nemo, nº 2; de dados tirados do comunicado à im-
prensa de 1975; de documentos judiciais; de Superman de Dani-
els; de conversas do autor com Siegel e Shuster na década de
1980; e de entrevistas feitas pelo autor com Michael Uslan, Mike
Catron e Jerry Robinson. “Da forma como eu vejo...” Citado por
Daniels em Superman. Detalhes relativos a Bob Kane foram quase
todos fornecidos por Michael Uslan e Mark Evanier. A história do
“Funnyman” foi fornecida por Vin Sullivan. A história do retorno
de Joanne Carter à vida de Jerry foi tirada da Nemo nº 2. Alguns
detalhes sobre o divórcio e segundo casamento de Jerry, e o pe-
queno escândalo em torno do juiz Silbert, foram tirados de artigos
do Cleveland Plain Dealer de julho a novembro de 1948. “... ter
dinheiro para fazer...” Citado por C. Jerry Kuttner em “Os So-
nhos de Albert Zugsmith”.
CAPÍTULO 12
682
tm.
“Eu sempre quis fazer eu mesmo...” e “Nós estamos todos in-
teressados...” Citados por Daniels em Superman, que contém um
bom panorama geral do seriado Superman para a televisão. Mais
material pode ser encontrado na internet, em http://www.super-
mantv.net. A história interna da National Periodicals foi tirada de
entrevistas com Jack Schiff, Julius Schwartz e Murray Boltinoff,
realizadas em 1984 e 1985, e com Irwin Donenfeld, 20 anos de-
pois. Obrigado também a Mark Evanier e a Mark Waid. Sobre
Mickey Spillane, ver o livro de Max Allan Collins e James L. Tray-
lor One Lonely Knight: Mickey Spillane}s Mike Hammer (Bowling
Green, OH: Bowling Green Popular Press, 1984). “Levantei o
braço e dei...” Mickey Spillane, I, the Jury (Nova York: Signet,
1948). Sobre a história das edições em brochura, inclusive de
Fawcett e da NAL, ver o livro de Kenneth C. Davis Two-Bit Cultu-
re: The Paperbacking of America (Boston: Houghton Mifflin,
1984), e os trabalhos de “editor por editor” compilados por Rus-
sell Barns no site http://www.paperbarn.www150megs.com.
A passagem dos escroques judeus para a legitimidade é anali-
sada por Fried em Rise and Fali, e por Rockaway em But He Was
Good to His Mother. Sobre Estes Kefauver e as investigações do
crime organizado, ver o livro de Joseph Bruce Gorman Kefauver:
A Political Biography (Nova York: Oxford University Press,
1971), e o de William Howard Moore, The Kefauver Committee
and the Politics of Crime, 1950-1952 (Columbia: University of
Missouri Press, 1974). “[...] sucesso telegênico” e “bocó da teli-
nha”, citados por Allan May em “Negando-se a negar: O testemu-
nho Kleinman/Rothkopf”, uma de suas colunas para “American
Mafia”, http://www.americanmafia.com. Sobre o depoimento de
Frank Costello, ver Wolf e DiMona em Frank Costello. A curiosa
história da Ziff-Davis e dos discos voadores foi contada por Ron
Goulart em Cheap Thrills: An Informal History of the Pulp Indus-
try (Nova York: Arlington House, 1972). A passagem de Jerry Sie-
gel pelos pulps foi refeita com a ajuda de Michael Feldman. Jun-
tamente com Tom Andrae e Jerry Robinson, Feldman também aju-
dou a reconstituir os últimos anos de Joe Shuster como desenhista.
A biografia e a educação de Fredric Wertham constam dos
683
ensaios de Peter Nisbet e James E. Reibman em The Fredric Wer-
tham Collection (Cambridge, MA: Harvard University Press,
1990) e foram examinadas no contexto das revistas em quadrinhos
por Nyberg em Seal of Approval. Sua dívida ideológica para com
Adorno é discutida por Gilbert em Cycle of Outrage. As idéias
deste último sobre a indústria cultural como mecanismo de engo-
do em massa foram desenvolvidas no livro Dialética do Esclareci-
mento, de Theodor Adorno e Max Florkheimer. Alguns críticos pu-
seram em dúvida a alegada familiaridade de Wertham com Ador-
no; embora Wertham dissesse que conhecia Adorno, este pelo vis-
to nunca fez menção a Wertham, fito que pode refletir tanto a hie-
rarquia intelectual da alta cultura como o relacionamento dos
dois.
“Comecei a notar...” Citado por Nyberg. “O Super-Homem
(com um grande S...)”. Fredric Wertham, Seduction of the Inno-
cent (Nova York: Rinehart, 1954). Sobre a presença de Gaines pe-
rante a subcomissão, ver Jacobs, Mad World, e Geissman e von
Bernewitz, Tales of Terror. “Eu achei de fato...” e “Senti que ia
desmaiar...” Os comentários pessoais de Gaines foram citados
por Jacobs. O depoimento e as perguntas foram transcritas por
Geissman e von Bernewitz. O autor teve oportunidade de assistir a
filmes dos trabalhos da subcomissão com as participações de
Wertham e Gaines graças à gentileza de Mark Evanier, fato que
contribuiu para a adição de alguns detalhes à narrativa.
Sobre a história e os efeitos da Comics Code Authority, ver
Seal of Approval, de Nyberg, e Comic Book Nation, de Wright. So-
bre o fechamento da American News Company, ver Two-Bit Cultu-
re, de David, e The Magazine in America, de Tebbel e Zuckerman.
“Eles me ofereceram um excelente...” Citado por Jacobs, Mad
World. Michael Feldman forneceu ajuda para reconstituir a ex-
pansão da Independent News.
CAPÍTULO 13
684
Lee. A história de Bob Wood é contada por Simon em Comic Book
Makers. As experiências de Jack Kirby e Stan Lee foram tiradas
de uma entrevista com Mark Evanier e do livro de Stan Lee e Ge-
orge Mair Excelsior! The Amazing Life of Stan Lee (Nova York:
Fireside, 2002).
A carta ao “sr. Frolick” foi cortesia de Billy Frolick. A briga
de Joanne Siegel com Jack Liebowitz foi recriada a partir de vá-
rias fontes, inclusive a Nemo, nº 2, Mike Catron, Tom Andrae e
Mark Evanier. Material sobre Mort Weisinger e a maneira como
editava foi tirado de entrevistas feitas pelo autor com E. Nelson
Bridwell e Jack Schiff, das muitas entrevistas e conversas com
Mark Evanier no decorrer dos anos, das reflexões de Alvin
Schwartz na internet, e da entrevista feita por Guy H. Lillian III
com o próprio Weisinger na Amazing World of DC Comics nº 7
(agosto de 1975). As histórias em quadrinhos mencionadas são
“Vida em Krypton”, Superboy nº 79 (março de 1960); “O fantas-
ma de Jor-El ”, Superboy nº 78 (janeiro de 1960); a série da Su-
pergirl na Action Comics nº 261-291 (fevereiro de 1960 a agosto
de 1962); e “A volta do Super-Homem a Krypton”, Superman nº
141 (novembro de 1960). Meu obrigado a Grand Comics Databa-
se, http://www.comics.org, pela ajuda na verificação dos créditos
de autoria.
Histórias de como Mort Weisinger tratava os colaboradores
autônomos são tão comuns entre os veteranos da National Perio-
dical que uma lista de fontes seria praticamente idêntica a uma
lista de créditos para a revista Superman. Mark Evanier colecio-
nou as melhores de todas. Alguns exemplos de Weisinger no que
ele tinha de pior — nem sempre comprovados — constam do livro
de Steve Duin e Mike Richardson Comics: Between the Paneis
(Milwaukie, OR: Dark Horse, 1998). A história sobre Don Came-
ron foi contada por Alvin Schwartz; outras versões da história
atribuem a autoria da quase defenestração a diferentes freelances,
mas, de todos, Schwartz parece o mais confiável e também o mais
próximo de Weisinger. Por outro lado, um outro Schwartz, Julius,
declarou certa vez que essa história não poderia ser verdadeira
porque as janelas dos escritórios da National naquela época não
abriam. Mas a história é verídica, ao menos no íntimo daqueles
685
que algum dia trabalharam com ele.
“[...] parecia um sapo...” Citado por Bill Schelly em The Gol-
den Age of Comic Fandom (Seattle: Hamster Press, 1995). Para
mais informações sobre Swan, ver Eddy Zeno, Curt Swan: A Life
in Comics (Nova York: Watson-Guptill, 2002). A afirmação de
Weisinger de que era um homem torturado foi tirada da entrevista
feita por Lillian para a Amazing World of DC.
As circunstâncias que cercaram a morte de Harry Donenfeld
só agora começam a ser investigadas pelos historiadores dos qua-
drinhos e ainda há muita coisa bastante nebulosa. Na tentativa de
contar a história, o autor colocou detalhes obtidos com Irwin Do-
nenfeld junto a boatos passados de Murray Boltinoff e Jack Adams
para Michael Feldman. Feldman afirma que alguns dos antigos
parceiros de Harry têm certeza de que ele foi morto por um assas-
sino de aluguel. Mas até que surjam mais evidências, essa afirma-
ção deve ser classificada como mais uma daquelas especulações
que brotam de forma espontânea em torno de homens com cone-
xões mafiosas.
CAPÍTULO 14
686
on, http://lichtensteinfoundation.org/newsweekapr66.htm. Em ape-
nas 3.700 palavras, Benchley junta Roy Lichtenstein, Andy War-
hol, Marshall MacLuhan, Marcel Duchamp, Batman, Susan Son-
tag, Rudi Gernreich, Humphrey Bogart, Edie Sedgwick, o progra-
ma espacial Gemini, Jay Emmett, um comerciante de quadrinhos
usados chamado Burt Blum e, claro, Jack Liebowitz num único e
barulhento ensaio panorâmico sobre a união entre comércio, iro-
nia, alegria e desespero que se deu em meados da década de 1960
nos Estados Unidos. Logo depois, Benchley iria escrever os dis-
cursos de Lyndon Johnson, depois se transformaria numa espécie
de ícone pop de si mesmo com Jaws, o romance que ajudou o ad-
vento do filme Tubarão, no final da década de 1970.
O material a respeito de Irv Novick foi fornecido, em parte,
pelo filho, Kim Novick. Sobre Kurtzman, Help e os “underground
comix”, ver o livro de Mark James Estren, A History of Under-
ground Comics (Berkeley: Ronin, 1989). Meu obrigado a Art Spie-
gelman pelas correções de alguns detalhes. O crescimento do nú-
mero de fãs do super-herói é abordado de forma magnífica por
Schelly em Golden Age. Sobre o Batman para televisão e fenôme-
nos relacionais, ver Daniels, Batman. Sobre Jay Emmett e a LCA,
ver Look Magazine, maio de 1965. A anedota sobre o corte de ca-
belo foi cortesia de Charlie Goldberg. A história do confronto dos
escritores com Liebowitz foi tirada de Mike Barr, “A madame e as
meninas”, WaP! (1988), e das conversas posteriores do autor com
Barr. O material sobre Bob Kane e Bill Finger foi fornecido por
Mark Evanier e Michael Uslan; meu obrigado também a Jerry
Bails. “Ao vitorioso pertencem...” Tirado da carta de Kane ao
fanzine Batmania, 14 de setembro de 1965, reproduzido em Alter
Ego 2, nº 3 (inverno de 1999). O estilo bizarro da frase é típico do
que saía publicado quando o que Kane escrevia não era revisado.
O detalhe sobre Joe Simon foi tirado da introdução de Jim Simon
ao livro de Joe Simon, Comic Book Makers. “Era um homem
acossado...” Kane, Batman and Me.
Jerry Siegel recebeu crédito (como “Joe Carter”) apenas por
dois dos roteiros que escreveu para o Tocha Humana, que apare-
ceram um ano depois do início da série, mas tanto os fatos como
as evidências internas sugerem que ele trabalhou nela desde o iní-
687
cio. (O Tocha, por exemplo, mora em Glenville desde o primeiro
episódio.) A cronologia da impugnação aos direitos autorais de
Superman foi cortesia de Mike Catron. “Eu disse a ele quem eu
era...” De uma entrevista com James Warren feita por Jon B. Co-
oke para a Comic Book Artist, nº 4 (primavera de 1999). As razões
da mudança de Siegel para a Califórnia foram esmiuçadas por
Mike Catron, Tom Andrae, Stan Lee e Jerry Robinson, com expli-
cações diversas.
Boa parte do trecho relativo a Steve Ross foi tirado do livro
de Connie Bruck Master of the Game: Steve Ross and the Creation
of Time-Warner (Nova York: Simon & Shuster, 1994). Parte do
material sobre a compra da National Periodicals vem da entrevis-
ta que Carmine Infantino concedeu à Comic Book Artist, nº 1 (pri-
mavera de 1998). Outras informações foram fornecidas por Irwin
Donenfeld, Michael Feldman e Paul Levitz.
CAPÍTULO 15
688
e Phil Yeh. O relato sobre a campanha em defesa de Siegel e Shus-
ter baseou-se sobretudo em informações fornecidas por Jerry Ro-
binson, com a ajuda de Mike Catron, Paul Levitz e Mark Evanier.
“Eu acho ótimo...” Citações do Cleveland Plain Dealer de 7 de
janeiro de 1979.
Depois que entramos na década de 1980, a descrição da in-
dústria dos quadrinhos e do círculo de fãs é tirada em grande par-
te das experiências do autor. Há detalhes tirados de entrevistas ou
de correspondência do autor com Art Spiegelman, Michael Cha-
bon, Will Eisner, Michael Uslan e Paul Levitz. A história de Tom
Floyd (“Rasguei o envelope às pressas...”) chegou às mãos do au-
tor por intermédio de Carla Seal-Wanner. “Nós agora temos...”
Entrevista dada a Nenio, nº 2. “Nem todo mundo pode dizer...”
Citado pelo Toronto Star, 26 de abril de 1992.
Os obituários de Mike Catron para Joe Shuster e Jerry Siegel
no Comics Journal, nº 153 (outubro de 1992) e nº 184 (fevereiro
de 1996), respectivamente, fornecem muitos dados sobre os últi-
mos anos de vida de ambos. Os comentários de Mike Carlin sobre
a reação de Jerry Siegel à “morte” do Super-Homem foram cita-
dos no obituário de Jerry feito pela Reuters, 31 de janeiro de
1996. Meu obrigado a Mike Catron pela informação sobre a en-
trevista final, gravada em vídeo, que Jack Liebowitz concedeu, e a
Irwin Donenfeld pelos comentários a respeito dos últimos anos de
seu “tio Jack”.
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ÐØØM SCANS
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