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METEOROLOGIA GERAL
(MÓDULO ÚNICO)
BMT
CFS
MINISTÉRIO DA DEFESA
COMANDO DA AERONÁUTICA
ESCOLA DE ESPECIALISTAS DE AERONÁUTICA
METEOROLOGIA GERAL
GUARATINGUETÁ, SP
2014
DOCUMENTO DE PROPRIEDADE DA EEAR
Todos os Direitos Reservados
Nos termos da legislação sobre direitos autorais, é proibida a reprodução total ou parcial
deste documento, utilizando-se qualquer forma ou meio eletrônico ou mecânico, inclusive proces-
sos xerográficos de fotocópias e de gravação sem a permissão, expressa e por escrito, da Escola de
Especialistas de Aeronáutica- Guaratinguetá- SP.
SUMÁRIO
Introdução....................................................................................................................................07
Roteiro de Atividade....................................................................................................................09
Bibliografia.................................................................................................................................84
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INTRODUÇÃO
Nosso principal objetivo é expor, aos que nela se iniciam, os fenômenos relativos à
atmosfera terrestre, de maneira simples e objetiva, de forma a proporcionar-lhes subsídios para me-
tempo, mas sim apresentar o necessário para um bom desempenho profissional das atividades fun-
damentais àqueles que serão futuros integrantes do Serviço de Controle do Espaço Aéreo.
Os responsáveis pelo texto, cientes de que ainda não elaboraram um trabalho com-
pleto, sobretudo pela atual inconstância do tempo, agradecem antecipadamente quaisquer sugestões
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ROTEIRO DE ATIVIDADES
II- Objetivo: ao término do estudo deste módulo, você estará apto a identificar os fenômenos at-
mosféricos, suas causas e consequências.
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Unidade 1 – Introdução à Termodinâmica da Atmosfera
A Meteorologia
Ao longo dos séculos, observadores do céu e dos fenômenos meteorológicos, tais como:
agricultores, navegantes e pastores, acumularam certos conhecimentos práticos capazes de possibi-
litar prognósticos com relativa precisão sobre mudanças do tempo. Atualmente, a Meteorologia e
seus observadores contam com recursos tecnológicos e meios avançados para indicarem as condi-
ções do tempo presente e futuro com a melhor precisão possível. Baseada na Física e na Matemática,
entre outras ciências, a Meteorologia deixou de ser fruto apenas do empirismo e da subjetividade,
passando a ser uma ciência exata e precisa, através de modelos matemáticos e métodos de previsão
desenvolvidos e com auxílio de supercomputadores no processamento de dados meteorológicos.
Definição
Histórico
A Meteorologia, assim como as demais ciências, evoluiu de acordo com o avanço tecnoló-
gico proporcionado pelas civilizações ao longo do tempo. Alguns historiadores atribuem a Aristó-
teles a primeira citação dada à Meteorologia em sua obra “Meteorology”. Daí em diante outros
povos (palestinos, indianos, gregos, etc.) passaram a observar fenômenos naturais como a precipi-
tação, o vento, a umidade do ar entre outros.
A partir do século XVI, aproximadamente, começaram a surgir instrumentos capazes de me-
dir e/ou registrar alguns desses parâmetros meteorológicos, como em 1.580, quando Galileu Galilei
inventou o termômetro. Barômetros, higrômetros, anemômetros e psicrômetros são exemplos de
alguns instrumentos inventados. Além disso, conceitos e teorias também foram desenvolvidos,
como por exemplo a circulação atmosférica nos trópicos descrita por G. Hadlen, em 1.735, e méto-
dos de se intercambiar e padronizar o serviço meteorológico (plotagem, rede meteorológica, horas
padrões, etc.) foram aperfeiçoados através de congressos mundiais.
Já no século XX, valiosos aliados como a radiossonda, satélites, radares e computadores
vieram a impulsionar a meteorologia no campo tecnológico, tornando as observações e consequen-
tes previsões mais exatas e seguras.
1.1.1 - Composição do ar
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Nitrogênio 78%
Oxigênio 21%
Argônio 0,93%
CO2 0,4%
Outros gases como o hélio, neônio, xenônio, etc., em pequenas porções compõem a atmos-
fera. Esta composição é praticamente constante até 25 km.
1.1.2.1 - Nitrogênio
Embora seja o constituinte mais abundante, não exerce relevante papel em termos energéti-
cos, absorvendo apenas um pouco de radiação ultravioleta nas camadas mais altas da atmosfera.
Do total de dióxido de carbono existente no planeta, 98% está na água dos oceanos e o res-
tante está na atmosfera. Esta concentração na atmosfera pode aumentar em regiões industriais, in-
terferindo na energética do sistema globo-atmosfera, ao absorver energia solar e terrestre, dando
origem ao chamado Efeito Estufa.
Por outro lado, o dióxido de carbono é essencial para a vida no planeta. Visto que é um dos
compostos essenciais para a realização da Fotossíntese. Sendo este processo, uma das fases do ciclo
do carbono e é vital para a manutenção dos seres vivos.
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1.1.3 - Variação vertical das propriedades da atmosfera
A mesosfera, de cuja camada se dispõe poucos dados para estudo, se estende até 80 km de
altitude, logo acima da estratopausa, apresentando diminuição de temperatura com a altitude, sendo
que no seu limite superior a temperatura é de -95 °C. É praticamente isenta de vapor d’água e apre-
senta acentuada rarefação do ar. Os meteoritos que nela penetram em alta velocidade incandescem
devido ao atrito, originando estrelas cadentes.
Acima da mesosfera, com 10 km de espessura está a mesopausa, também caracterizada por
tendência isotérmica.
1.1.3.4 - Termosfera
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1.1.3.5 - Ionosfera
É uma região da atmosfera que se estende a partir de 60 km de altitude, onde há uma con-
centração de íons (elétrons carregados eletricamente) em decorrência da absorção de radiação por
partículas suspensas.
A ionosfera pode absorver ou refletir ondas de rádio, dependendo da frequência da onda e
da quantidade de elétrons livres na camada. Mudanças na atividade solar provocam alteração na
quantidade de elétrons desta camada e podem causar um colapso nas comunicações de rádio; tais
mudanças são distúrbios chamados tempestades magnéticas.
São duas camadas exteriores a cerca de 3.600 km de altitude sobre o Equador magnético,
compostos de elétrons principalmente de alta energia, protegendo a Terra dos raios cósmicos vindos
do espaço nocivos aos seres vivos. As descargas solares de partículas eletricamente carregadas,
atingem os cinturões de Van Hallen, sendo capturadas e atraídas na direção dos polos magnéticos
(em torno de 20° de latitude em cada hemisfério), onde interagem com o oxigênio e o nitrogênio na
alta atmosfera, provocando emissão de energia visível (luminescência) - as auroras polares - sob
forma de colunas, manchas e cortinas coloridas.
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1.1.4 - Processo Adiabático na Atmosfera
É o nome do gradiente térmico de uma parcela de ar não saturado, que apresenta o valor
particular de 1 ºC/100 m. Ele é na verdade, a variação vertical da temperatura de uma parcela de ar
“seco” que, ao elevar-se adiabaticamente, resfria-se e, ao descer adiabaticamente, se aquece na
mesma proporção. Não se deve, a partir de agora, confundir o gradiente térmico de uma parcela de
ar que se movimenta adiabaticamente, com o gradiente térmico do ar ambiente, onde a parcela se
movimenta. Aquele é sempre constante, fazendo-se na razão de 1 ºC/100 m e este poderá apresentar
valores bem diferentes, que dependerão de uma pesquisa atmosférica, normalmente, via sondagem.
É o nome dado a todo gradiente térmico que apresenta um valor superior ao atribuído à
Razão Adiabática Seca, ou seja, maior do que 1 ºC/100 m. O máximo permissível na atmosfera é de
3,42 ºC/100 m e recebe a designação particular de gradiente autoconvectivo, pois ele acarreta o
afundamento mecânico do ar mais frio dos níveis superiores e uma subida violenta de um volume
equivalente de ar superaquecido dos níveis inferiores; o resultado disso é uma instabilidade extrema,
como veremos adiante.
É o nome do gradiente térmico de uma parcela de ar saturado, que apresenta o valor parti-
cular de 0,6 ºC/100 m. Ele é na verdade, a variação vertical da temperatura de uma parcela de ar
“úmido”, que, elevando-se adiabaticamente, já ultrapassou o NCC. É de menor valor porque o calor
latente de condensação, liberado no processo respectivo, reaquece a parcela, reduzindo assim o valor
do gradiente térmico. Na verdade, a razão adiabática úmida não apresenta um valor tão constante
quanto à razão adiabática seca, pois ele varia na razão inversa da temperatura e depende da quanti-
dade de vapor d’água envolvida no processo. Em virtude disso, varia de 0,4 ºC até quase 1 ºC/100
m, adotando-se, porém, como já vimos, um valor médio de 0,6 ºC/100 m.
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1.1.4.1.4 - Nível de condensação convectiva (NCC)
À medida que uma parcela de ar se eleva convectivamente, ela vai se resfriando adiabatica-
mente e a diferença entre a sua temperatura e a temperatura do ponto de orvalho variará gradativa-
mente. Da mesma forma que a temperatura do ar decresce de 1 ºC/100 m (valor da Razão Adiabática
Seca), a temperatura do ponto de orvalho o faz na razão média de 0,2 ºC/100 m.
Quando a diferença entre os dois valores se torna nula, eles se igualam e ocorre a saturação
da parcela considerada. A partir daí, inicia-se a condensação do vapor d’água e uma possível for-
mação de nebulosidade. O nível no qual isto ocorre recebe o nome de Nível de Condensação Con-
vectiva (NCC) ou Nível de Condensação por Elevação (NCE) e a sua altura é a mesma da base da
nebulosidade aí formada. Toda atividade convectiva se inicia à superfície e a temperatura do ar que
lhe dá origem denomina-se temperatura convectiva.
Para se calcular a altura da nuvem formada num processo adiabático, usa-se uma regra de
três simples, lembrando que, para cada 100 metros de altura, a diferença de temperatura e do ponto
de orvalho decresce numa razão de 0,8 ºC.
1- A temperatura do ar na base de uma nuvem cumulus situada a 1.500 metros de altura é de 16 ºC.
Qual a temperatura do ponto de orvalho à superfície?
2- Nuvem cumulus formam-se a 1.600 metros. Sabendo-se que a temperatura do ponto de orvalho
à superfície é de 20 °C, a temperatura convectiva será de
3- Uma nuvem tem base a 1.000 metros e topo a 5.000 metros. Qual a temperatura do ar a 3.000
metros de altura, se a temperatura do ponto de orvalho a 600 metros é de 9 ºC?
4- Nuvens cumulus formam-se a 800 metros, tendo na base o ponto de orvalho de 6 ºC. Qual a
temperatura convectiva em graus Celsius?
5- Uma parcela de ar à superfície é forçada a se elevar a 1.400 metros de altura, onde atinge o NCC
com ponto de orvalho de 08 ºC. A sua temperatura à superfície, em graus Celsius será?
6- Qual a temperatura no topo de uma nuvem cumulus, sabendo-se que tem 700 metros de extensão
vertical, base a 1.000 metros e que apresenta 8 ºC no NCC.
7- Uma parcela de ar é forçada a subir a encosta de uma montanha. Essa parcela forma nuvem a
1.000 metros de altura, atingindo o NCC com temperatura de 8 ºC, produzindo saturação até o
topo da montanha que é de 3.000 metros. Calcule:
a) a temperatura convectiva;
b) a temperatura do ponto de orvalho à superfície;
c) a temperatura no topo da montanha;
d) a temperatura à superfície do lado oposto da montanha após a descida da parcela.
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Respostas:
1- 19 ºC
2- 91 ºF
3- -3,8 ºC
4- 14 ºC
5- 22 ºC
6- 3,8 ºC
7- a) 18 ºC; b) 10 ºC; c) –04 ºC; d) 26 ºC
Para o estudo das condições de equilíbrio na atmosfera será adotado o chamado “método da
parcela”, que analisa o comportamento de uma parcela de ar em relação à atmosfera que a circunda
(ar adjacente). Admite-se que, em um certo instante, uma dada camada da atmosfera se encontre em
equilíbrio hidrostático. Em seguida, sofra um impulso qualquer (orografia, por exemplo) que a obri-
gue a um pequeno deslocamento vertical. Ao deslocar-se verticalmente, a parcela experimenta uma
mudança de temperatura que se processa segundo a razão adiabática seca ou úmida. Uma vez ces-
sada a causa que obrigou a parcela a se deslocar, sua densidade poderá ser maior, igual ou menor
que a da atmosfera adjacente, no nível de pressão atingido, daí resultando sua tendência a descer,
estacionar ou subir, respectivamente. Dependendo de sua densidade final em relação ao ar circun-
dante, a parcela poderá:
a) descer, voltando ao nível de pressão original; neste caso, o equilíbrio do ar é dito estável;
b) estacionar, permanecendo em repouso na nova posição, denominado neutro;
c) subir, tendendo a se afastar da posição original, chamado instável.
Para determiná-los deve-se comparar o gradiente térmico do ar ambiente (valor a ser pesqui-
sado) com o gradiente térmico da parcela de ar, RAS ou RAU, conforme tenha ou não ultrapassado
o NCC. Os exemplos citados a seguir referem-se apenas à RAS, tendo em vista que o procedimento
para RAU é o mesmo, somente atentando-se para os valores diferentes das razões adiabáticas seca
e úmida.
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1.1.4.2.1.1 - Ar indiferente ou neutro
Ocorre quando o gradiente térmico do ar ambiente for igual ao gradiente térmico da parcela
considerada ou ambos apresentarem mesma densidade.
Exemplo: feita uma sondagem num ambiente cuja temperatura convectiva é de 30 ºC, verificou-se
que a 2.000 m de altura a temperatura é de 10 ºC. Uma parcela embebida nesse meio chegará a esse
nível também com 10 ºC, apresentando, consequentemente, a mesma densidade do ar ambiente e
tendendo a permanecer em repouso, caracterizando desse modo, ar indiferente ou neutro.
1.1.4.2.1.2 - Ar estável
Ocorre quando o gradiente térmico do ar ambiente for menor do que o gradiente térmico da
parcela considerada ou a densidade ambiente for menor que a densidade da parcela.
Exemplo: feita uma sondagem num ambiente cuja temperatura convectiva é de 30 ºC, verificou-se
que a 2.000 m de altura a temperatura é de 20 ºC. Uma parcela embebida nesse meio chegará a esse
nível com 10 ºC, apresentando, consequentemente, uma densidade maior que a do ar ambiente e
tendendo a afundar, com retorno à posição original, caracterizando, desse modo, ar estável.
1.1.4.2.1.3 - Ar instável
Ocorre, quando o gradiente térmico do ar ambiente for maior do que o gradiente térmico da
parcela considerada ou densidade ambiente maior que a densidade da parcela.
Exemplo: feita uma sondagem num ambiente cuja temperatura convectiva é de 30 ºC, verificou-se
que a 2.000 m de altura a temperatura é de 0 ºC. Uma parcela embebida nesse meio chegará a esse
nível com 10 ºC, apresentando, consequentemente, uma densidade menor que a do ar ambiente e
tendendo a continuar subindo, afastando-se da posição original, caracterizando, desse modo, ar ins-
tável.
Observa-se perfeitamente que os valores de gradiente térmico ambiente dos exemplos ante-
riormente apresentados, são os seguintes:
• exemplo do caso (a): 1 ºC/100 m;
• exemplo do caso (b): 0,5 ºC/100 m;
• exemplo do caso (c): 1,5 ºC/100 m.
Em ar estável, não há condições para a movimentação vertical do ar, apresentando-se o
mesmo calmo ou sem turbulência. Em ar instável, há condições para a movimentação vertical do ar,
apresentando-se agitado ou turbulento.
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1.1.4.2.2 - Estabilidade Condicional do Ar
Normalmente, a densidade do ar diminui com a altura, mesmo que haja um gradiente su-
peradiabático. Entretanto, em níveis próximos a superfícies superaquecidas, têm havido evidências
de ar com densidade quase constante, o que caracteriza a chamada atmosfera homogênea, cujo gra-
diente térmico responsável é o gradiente autoconvectivo (3,42 ºC/100 m). Como bem já vimos, é
uma situação que produz uma instabilidade extrema e automática, isto é, sem a necessidade de atu-
ação de forças externas, tais como convergência, efeito orográfico, efeito dinâmico, etc., e que se
denomina instabilidade mecânica ou absoluta. A grande importância disso é que ela é responsável
pela ocorrência de fenômenos violentos, principalmente do tornado e da tromba d’água. O afunda-
mento de ar numa área da superfície acarreta concentração de ar nesse nível (alta pressão), gerando
estabilidade e formação de névoa e nevoeiros. Esse acúmulo de ar tende a divergir (sair) do centro
de alta e convergir (entrar) para um centro de baixa (graças ao equilíbrio hidrostático), gerando
elevação de ar e convecção nesses ciclones. Portanto, afundamento e divergência associam-se a
áreas de alta pressão enquanto convergência e elevação caracterizam áreas de baixa pressão.
Visibilidade restrita, névoa úmida, céu claro ou com nebulosidade estratiforme, sem ou com
precipitação leve e contínua.
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1.1.4.2.4.4 - Instabilidade nos níveis médios e superiores da Atmosfera
Nuvens altocumulus do tipo castellanus. Nuvens cirrus uncinus indicando ventos fortes, nu-
vens cirrocumulus e cirrus spissatus (topo de cumulonimbus).
1.2.1 - Generalidades
São os termômetros que empregam as substâncias gasosas como elemento ativo. São nor-
malmente usados como termos comparativos, por causa da sua exatidão, servindo para determinar
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de maneira precisa, em laboratórios de aferição, as temperaturas de fusão e ebulição das substâncias
puras. São, de modo geral, usados para temperaturas muito baixas.
São os termômetros que empregam substâncias líquidas. São assim chamados porque se
compõem de um tubo de vidro com seu interior capilarizado, ligado diretamente a um reservatório
ou “bulbo” que contém a substância líquida usada. Com o aumento da temperatura, a substância se
dilata e sobe ao longo do capilar e, com o decréscimo da temperatura, ela se contrai e volta para o
interior do bulbo. Os termômetros de vidro são de boa precisão e apresentam as seguintes varieda-
des:
É o termômetro que utiliza o mercúrio como substância termométrica. É utilizado para va-
lores que variam de -36 ºC a + 300 ºC aproximadamente.
Termômetro que utiliza o álcool como substância termométrica. É utilizado para avaliar tem-
peraturas inferiores a -36 ºC.
Termômetros que empregam substâncias sólidas. Não são tão precisos como os de vidro e
apresentam dois tipos principais:
Termômetro que utiliza um tubo metálico, curvo e elíptico, contendo álcool etílico. Varia-
ções de temperatura fazem com que o referido tubo se contraia ou se expanda, indicando um resfri-
amento ou um aquecimento, respectivamente. É o sistema utilizado como elemento ativo dos cha-
mados termógrafos.
Utiliza duas lâminas metálicas de coeficientes de dilatação diferentes entre si, formando um
só conjunto. Variações de temperatura fazem as respectivas lâminas reagirem diferentemente, per-
mitindo assim calibrar as distorções. É um sistema utilizado a bordo de aeronaves.
Baseiam-se no fato de que a resistência elétrica de um condutor varia com a sua temperatura.
Vêm sendo utilizados a bordo de aeronaves e nos equipamentos de radiossondagem. O tipo mais
conhecido é o chamado termistor, que permite verificar temperaturas baixas através da radiossonda.
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1.2.3.1.8 - Termômetros termoelétricos
Baseiam-se no princípio de que uma corrente elétrica circula entre duas junções metálicas,
sempre que houver uma diferença de temperatura entre ambas. O tipo mais conhecido é o chamado
termocouple, que permite verificar temperaturas elevadas.
Para que um termômetro possa funcionar adequadamente é necessário que esteja em equilí-
brio térmico com o ambiente, cuja temperatura se deseja conhecer. Uma vez submetido a uma tem-
peratura diferente, suas leituras vão se aproximando, gradualmente, do valor real. O intervalo de
tempo necessário para adaptar-se às novas condições é chamado tempo de resposta do instrumento.
Em Meteorologia, porém, o emprego de termômetros com resposta muito rápida não é acon-
selhável (O.M.M., 1969). No caso da temperatura do ar, por exemplo, que pode variar 1 ou 2 °C em
poucos minutos, o uso de termômetros com pequeno tempo de resposta exigiria uma série de leitu-
ras, de cujos valores seria extraída uma média. Reciprocamente, se fossem empregados termômetros
de resposta muito lenta, o retardamento em adaptar-se termicamente ao ambiente provocaria erros
apreciáveis.
A indicação de uma temperatura deve ser tal que, quando submetida num mesmo instante a
diversos termômetros, estes representem um só valor. Para que isso se tornasse possível, foram
criadas as chamadas escalas termométricas, pelas quais os termômetros são “graduados”, para que
forneçam leituras de temperaturas em “graus”. As escalas termométricas são diferentes entre si, mas
todas elas são fixadas entre dois limites bem definidos: o do gelo em fusão e o da água em ebulição.
As principais escalas em uso são a Celsius ou Centígrada, a Fahrenheit e a Kelvin ou Absoluta.
Escala atribuída a Anders Celsius (1701-1744), astrônomo sueco que submeteu uma coluna
de vidro, contendo mercúrio, aos limites acima citados. A altura atingida pelo mercúrio, na primeira
imersão, chamou de 0 (zero) e, na segunda imersão, chamou de 100 (cem). A seguir, dividiu o
espaço entre os referidos limites em cem partes iguais e os cognominou de graus Celsius, centesi-
mais ou centígrados (ºC).
Escala termométrica atribuída a Daniel Fahrenheit (1686-1736), físico polonês que subme-
teu uma coluna de vidro, contendo mercúrio, a uma mistura de neve, sal e amônia e chamou de 0
(zero) à altura atingida pelo mercúrio nesta imersão. A seguir, submeteu a mesma coluna à tempe-
ratura média de seu corpo e dividiu o intervalo entre esses dois pontos de referência. Depois extra-
polou o mesmo intervalo para os limites definidos (fusão do gelo e ebulição da água), determinando
com isso os valores de 32 e 212 para os referidos limites. Dessa maneira, o intervalo em apreço foi
dividido em cento e oitenta partes iguais, cognominados de graus Fahrenheit (ºF).
Definida pelo cientista inglês Willian Thompson (Lord Kelvin), tem como principal carac-
terística, o fato de que o seu limite inferior, denominado Zero Absoluto, é um valor inatingível, uma
vez que aí a energia termal desaparece por completo, e os átomos e moléculas de um corpo passam
a um estado de repouso absoluto. Nessa escala, a temperatura do gelo em fusão corresponde a 273
graus absolutos e a temperatura da água em ebulição, a 373 graus absolutos, O zero absoluto equi-
vale, na escala Celsius, a -273 ºC.
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1.2.3.4 - Conversão de escalas
Em nossos trabalhos práticos, muitas vezes somos obrigados a passar de uma escala termo-
métrica para outra. Isso é muito fácil, desde que saibamos fazer a referida conversão. Para tanto,
podemos contar com dois recursos:
através de tabelas: normalmente encontradas na estação e feitas para facilitar o trabalho;
através de fórmulas de conversão: quando não se dispõe das tabelas acima referidas.
Elas devem ser bem compreendidas para se evitar atropelos de última hora. Vejamos as prin-
cipais.
Exemplos de aplicação:
1º) Converter 72 ºF em K.
2º) Converter 20 ºC em ºF
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O chamado campo termal da Atmosfera é obtido a partir do traçado de linhas nas cartas de
superfície que unem pontos que apresentam os mesmos valores de temperatura. São as chamadas
isotermas, que normalmente são traçadas a intervalos de 5 ºC. Para melhor se representar o campo
termal da Atmosfera, deve-se traçar isotermas em diferentes níveis.
A variação de temperatura numa região durante um ano depende da energia recebida do Sol.
Verifica-se que as máximas anuais ocorrem após dois meses depois do término do verão e as míni-
mas após dois meses transcorridos o fim do inverno. A variação de temperatura anula é maior quanto
mais próxima dos polos for o local. Vale salientar que o mar atua como regulador da temperatura
do ar, suavizando as flutuações da temperatura do ar, ao mesmo tempo em que regiões afastadas do
mar tendem a aumentar essa variação de temperatura. Este efeito é chamado de continentalidade.
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1.2.7 - Temperatura do ar
É um dos elementos mais importantes para o estudo da meteorologia em geral, pois constitui-
se num dos parâmetros fundamentais da atmosfera, ao lado da pressão e da umidade. Pode ser obtida
à superfície ou em altitude.
Elemento de grande importância para as operações de pouso e decolagem, o qual pode ser
obtido através de psicrômetros e de teletermômetros nos aeródromos.
Elemento de grande importância para a análise dos campos termais nos diferentes níveis
atmosféricos e para a navegação aérea, pode ser obtida por meio de equipamentos eletrônicos de
sondagem (a radiossonda). Ela se eleva na atmosfera por meio de um grande balão de neoprene,
inflado com gás hélio ou gás hidrogênio. O sistema contém, dentre vários elementos, um elemento
sensível à temperatura- o termistor. Também pode ser obtida em voo, por meio de termômetros
(elétricos ou metálicos), instalados a bordo de aeronaves ou por meio de equipamentos de radios-
sondagem usados a bordo de aeronaves de reconhecimento meteorológico - as dropsondas - que
permitem, dentre outras atividades, a verificação da temperatura desde o nível de voo até a superfí-
cie.
1.2.8 - O Calor
Como bem vimos anteriormente, a absorção de energia radiante por uma substância é que
provoca seu aquecimento. Em outras palavras, a energia absorvida pela substância converte-se em
calor sensível. Entretanto, o aquecimento subsequente depende em muito da natureza da substância.
Assim, chamamos de calor específico, a quantidade de calor necessária, para aumentar em 1ºC a
temperatura de 1 g de uma substância qualquer. No caso particular da água, este recebe o nome de
caloria e corresponde à quantidade de calor necessária, para elevar a temperatura de 1 g de água
pura, sob pressão padrão ao nível do mar, de 14,5 ºC para 15,5 ºC. Desse modo, a caloria expressa
o calor específico da água e atribui ao mesmo o valor máximo e igual a 1. Aliás, o calor específico
de uma substância é, de um modo geral, maior no estado líquido do que no estado sólido. Outrossim,
o conceito de calor específico não satisfaz em muito o caso dos gases em geral, devida sua grande
compressibilidade. E o calor latente, ao contrário do calor específico, é definido como a energia que
o corpo absorve para mudar de estado, fazendo com que a temperatura permaneça constante.
Um outro fato que já denotamos anteriormente é que o calor utilizado por uma substância
para seu aquecimento é seletivo, ou seja, ela usa apenas uma parte e o restante vai servir para o uso
de outra. E isso mais uma vez, vai depender da natureza da substância. Algumas substâncias, sobre-
tudo os metais, permitem uma transferência mais rápida de calor do que outras e são por isso deno-
minadas de bons condutores. Outras, no entanto, tais como o papel, o barro, o amianto, a lã, já não
permitem uma transferência do calor com muita facilidade e são por isso, denominadas de maus
condutores. Como vemos, cada substância conduz o calor com um certo grau de facilidade ou difi-
culdade, que se traduz como seu coeficiente de condutibilidade. Dadas duas substâncias, é conside-
rada melhor condutora, a de maior coeficiente de condutibilidade. São considerados péssimos con-
dutores entre outros o ar, a cortiça, o cimento, a água e o vidro.
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1.2.8.1.1 - Condução
Transferência do calor, molécula a molécula, sem a mudança da posição relativa das mesmas
e sim por agitação. É o processo comum aos sólidos, sendo que destes os metais são os melhores
condutores, como já vimos. Já os líquidos e os gases são péssimos condutores. Não há condução em
ar rarefeito e na Atmosfera, só ocorre condução próximo à superfície terrestre.
Figura 2 - Condução
1.2.8.1.2 - Radiação
Figura 3 - Radiação
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1.2.8.1.3 - Convecção
Figura 4 - Convecção
1.2.8.1.4 - Advecção
Figura 5 – Advecção
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Subunidade 1.3 – Umidade Atmosférica
1.3.1 - Generalidades
O estudo dos hidrometeoros não poderia deixar de se iniciar pela forma gasosa. O vapor
d’água vive em constante transição por diferentes regiões do globo terrestre.
Assim, um volume de ar é considerado seco quando possui uma quantidade insignificante
de vapor d’água. Quando essa quantidade se torna apreciável, o ar é considerado úmido, que é uma
mistura de ar seco com vapor d’água. À medida que o vapor d’água aumenta, atingindo a quantidade
máxima que o volume de ar pode conter, o ar é denominado saturado.
A quantidade de vapor d’água que o ar pode conter varia constantemente. Essa variação se
faz em detrimento de outros elementos do ar, principalmente do oxigênio e do nitrogênio. Se con-
siderarmos um volume de ar úmido, vamos verificar que há nele uma grande quantidade de molé-
culas de vapor d’água, cujo peso molecular é 18 (H2O). Por outro lado, em um volume de ar seco
(N2 + O2) predominam o nitrogênio (peso molecular = 14) e o oxigênio (peso molecular = 16).
Comprova-se, dessa forma, ser o ar úmido mais leve do que o ar seco.
O vapor d’água provém principalmente da contínua evaporação que se processa sobre as
superfícies líquidas (oceanos, mares, rios, lagos) e, em menor proporção, do solo úmido e da trans-
piração dos seres em geral (evapotranspiração). A quantidade de vapor d’água na Atmosfera diminui
com a altitude e com a latitude, e o seu estudo é denominado higrometria.
Denominamos “evaporação” ao fenômeno segundo o qual uma substância líquida passa na-
turalmente para o estado gasoso. Esse fenômeno ocorre com a água em condições normais. A pre-
sença de uma superfície líquida, que ocupa três quartas partes do globo terrestre, assegura uma
contínua fonte de provisão de vapor d’água para a atmosfera.
Quando o vapor d’água escapa para o ar e se mistura com outros gases da atmosfera, ele da
mesma forma que estes, exerce pressão em todas as direções. Esta pressão se denomina pressão do
vapor e contribui para a pressão atmosférica total do ar.
Considerando uma superfície livre de água, vamos encontrar aí não apenas uma fuga de
moléculas do líquido para o ar, mas também um retorno de moléculas do ar para o líquido. Em
princípio, a fuga é maior do que o retorno e dizemos que está havendo evaporação. Quando o nú-
mero de moléculas que escapa é equilibrado pelo número das que retornam, não haverá mais eva-
poração e se diz que o ar está saturado, isto é, sob as condições reinantes, o ar não poderá mais
conter vapor d’água. A pressão do vapor passa a denominar-se, nesse caso, “pressão de saturação
do vapor”.
Por outro lado, se houver aquecimento do ar, este se dilatará proporcionalmente, permitindo
mais evaporação de água da superfície, uma vez que, para manter o ar saturado, devemos adicionar-
lhe mais vapor d’água, o que permite concluir que a pressão de saturação do vapor d’água é direta-
mente proporcional à temperatura do ar.
28
1.3.2.3 - Tensão do vapor d’água
Como já foi citado anteriormente, dizemos que está havendo evaporação enquanto o número
de moléculas que escapam da superfície líquida for maior do que o número de moléculas que retor-
nam à mesma superfície. O excesso de moléculas que passa para o ar é medido como pressão da
superfície. Esta pressão da superfície que evapora é chamada “tensão do vapor”. Da mesma forma
que a pressão de saturação do vapor, a tensão do vapor também é diretamente proporcional à tem-
peratura da superfície.
À medida que o vapor d’água vai se concentrando no ar, a pressão do vapor vai aumentando,
até atingir um ponto em que será igual à tensão do vapor. Nesse ponto, cessa o fenômeno da evapo-
ração, pois o ar atingiu a saturação.
O índice de evaporação da água da superfície para o ar pode ser medido por meio de instru-
mentos denominados “Evaporímetros” e “Evaporígrafos”.
Chama-se água precipitável à massa total de vapor d’água existente em uma coluna atmos-
férica, que se estenda da superfície até o nível onde não exista mais umidade. Deve-se salientar,
porém, que essa expressão não significa que todo vapor d’água existente na camada irá se condensar
e precipitar. Trata-se de um parâmetro útil em determinados estudos, como o da absorção da energia
solar pela atmosfera terrestre.
A umidade absoluta é definida como a densidade ou massa específica do vapor d’água con-
tido num dado volume de ar. Ela é, geralmente, expressa em gramas de vapor d'água por metro
cúbico de ar (m³).
A umidade relativa é uma relação entre a quantidade de vapor d’água presente num dado
volume de ar e a quantidade máxima que este volume de ar pode conter, expressa em porcentagem.
Desta definição, podemos concluir que, se o ar estiver saturado, ele contém todo o vapor d’água
possível e a umidade relativa será 100%. Quando ele possuir a metade da quantidade máxima de
vapor d’água, a umidade relativa é de 50%. Quando não há vapor d’água presente (apenas em teo-
ria), a umidade relativa é de 0%.
29
Quando, num volume de ar, a quantidade de vapor d’água for constante, um aumento na
temperatura desse volume de ar fará diminuir o valor da umidade relativa e vice-versa.
Para a obtenção do valor da umidade relativa usam-se instrumentos especiais denominados
“higrômetros” e “higrógrafos” ou ainda o higrotermógrafo, que consiste numa associação de um
higrógrafo com um termógrafo.
É a temperatura que um volume de ar atinge para se tornar saturado, com o vapor d’água
nele existente e a uma dada pressão constante. Ela é obtida a partir do psicrômetro, valendo-se para
tanto das temperaturas ali reinantes e de uma tabela adequada para tal. É sempre comparada com a
temperatura do ar, a fim de permitir a determinação do teor de umidade atmosférica. O ar estará
saturado quando essas duas temperaturas se igualarem. O campo de distribuição da temperatura do
ponto de orvalho é representado, nos mapas de análise meteorológica, por uma linha que une pontos
que apresentem o mesmo valor de ponto de orvalho e que se chama isodrosoterma.
Na Atmosfera, a água está continuamente mudando de estado e, para que isso ocorra, há
sempre uma quantidade de energia calorífica sendo liberada ou absorvida e que recebe o nome de
calor latente.
Quando a água passa do estado líquido para o de vapor d’água, absorve uma quantidade de
calor denominada calor latente de vaporização, que se define como a quantidade de calor necessária
para evaporar um grama de água. Para a água em ebulição, ele é de aproximadamente 540 calorias
e para a água entre 15 ºC e 30 ºC, de 580 calorias. Em virtude desse tipo de calor acompanhar o
vapor d’água na evaporação, esta sempre produz efeito de resfriamento sobre a superfície que eva-
pora e no ar em torno dela.
Quando o vapor d’água retorna ao estado líquido através da condensação, a mesma quanti-
dade de calor absorvida na evaporação, é agora liberada e recebe o nome de calor latente de con-
densação.
30
1.3.4.3 - Calor latente de solidificação
Quando a água passa do estado líquido para o sólido, através da congelação, libera uma
quantidade de calor, denominada de calor latente de solidificação. A uma temperatura de 0 ºC, cada
grama de água que se congela libera cerca de 80 calorias.
Quando a água retorna do estado sólido para o líquido, através da fusão, a mesma quantidade
de calor liberada na solidificação, é agora absorvida e recebe o nome de calor latente de fusão.
Quando o vapor d’água passa diretamente para o estado sólido, libera uma quantidade de
calor, denominada de calor latente de sublimação e que corresponde à soma do calor latente de
condensação com o calor latente de solidificação. No processo inverso, quando cristais de gelo re-
tornam diretamente para o estado de vapor d’água, a mesma quantidade de calor liberada na subli-
mação é agora absorvida e também recebe o nome de calor latente de sublimação e que corresponde
à soma do calor latente de fusão com o calor latente de vaporização.
31
1.3.5.1 - Por acréscimo de vapor d’água
Ocorre como resultado de um resfriamento provocado por meios naturais, que permitem uma
diminuição na temperatura do ar. Os principais processos são os seguintes:
1.3.5.2.1 - Radiação
Quando o ar úmido entra em contato com superfície resfriada por radiação terrestre, poderá
também se resfriar e saturar. Normalmente, esta situação resulta numa inversão de temperatura que
pode redundar numa formação de nevoeiro de superfície. Ocasionalmente, pode também haver a
formação do orvalho (sob temperaturas acima de 0 ºC) ou da geada (sob temperaturas de 0 ºC ou
menos).
1.3.5.2.2 - Advecção
Trata-se do processo que ocorre como resultado do transporte horizontal do calor, por meio
da respectiva movimentação do ar. A advecção pode contribuir para a saturação do ar, de duas for-
mas:
Neste caso, a parte inferior do ar frio torna-se aquecida e menos densa e se eleva, para em
seguida resfriar-se e saturar. O resultado poderá ser camadas descontínuas de nuvens, denominadas
de cumuliformes.
32
1.3.5.2.2.2 - Advecção de ar quente sobre superfície fria
Neste caso, a parte inferior do ar quente resfria-se e satura. O resultado poderá ser camadas
contínuas de nuvens, denominadas de estratiformes.
Quando uma camada de ar quente e úmido incide sobre uma elevação qualquer, ela é forçada
a elevar-se mecanicamente ao longo da respectiva encosta. À medida que sobe, vai se resfriando,
podendo saturar-se e condensar, originando as chamadas nuvens orográficas a barlavento (lado de
onde flui o vento). A sotavento (lado para onde flui o vento), o ar desce a elevação também sob a
forma quente, porém seco.
33
1.3.5.4 - Efeito dinâmico
É o processo segundo o qual a água circula da superfície para a atmosfera (via evaporação)
e da atmosfera para a superfície (via precipitação). Trata-se de um sistema cíclico alimentador, que
permite a circulação da água entre a hidrosfera e a atmosfera e vice-versa, sem o qual a vida não
seria possível na face da Terra. O processo passa pela seguinte sequência:
- a radiação solar chega à superfície e é convertida em calor;
- o calor solar provoca a evaporação dos diversos tipos de superfície, principalmente das fontes
de água;
- o vapor d’água é levado para a Atmosfera, onde poderá condensar-se ou sublimar-se, for-
mando as nuvens;
- algumas nuvens, não suportando a umidade condensada ou sublimada, fazem com que a mesma
caia por gravidade até a superfície, caracterizando a chamada precipitação;
- a precipitação, uma vez atingindo o solo, chega aos mares, rios, lagos, etc., onde novamente irá
evaporar-se.
34
Figura 11 - Ciclo Hidrológico
1.4.1 - Generalidades
Denomina-se pressão atmosférica ao peso exercido por uma coluna de ar sobre uma super-
fície em um dado instante e local. O estudo da pressão atmosférica é muito importante bastando
lembrar que, sendo o ar um fluido, sua tendência é movimentar-se para áreas de menor pressão. O
outro aspecto importante é o fato de o movimento da atmosfera estar relacionado com a distribuição
da pressão atmosférica.
Conforme já vimos anteriormente, a nossa atmosfera acha-se sob o efeito da ação gravitaci-
onal terrestre. Isto faz com que ela permaneça sempre solidária à Terra e que exerça sobre a sua
superfície uma força à qual denominamos de pressão atmosférica.
Por outro lado, também vimos que por ser compressível e obedecer à lei dos gases, o ar
atmosférico apresenta uma densidade variável com a altitude (maior nos níveis inferiores e menor
nos níveis superiores), o que provoca consequentes variações de pressão na vertical. Diferenças de
temperatura verificadas à superfície terrestre, associadas com outras causas de natureza dinâmica,
são também responsáveis por contrastes na densidade do ar, originando assim, variações de pressão
na horizontal.
É importante aqui lembrar que, ao mesmo nível, a densidade do ar é função não ape-
nas da temperatura, mas também da sua composição e da gravidade.
35
1.4.2 - Histórico
Coube a Evangelista Torricelli, em 1.643, demonstrar pela primeira vez, a existência da pres-
são atmosférica. Para tanto, pegou um tubo de vidro medindo 1 m de comprimento e 1 cm2 de seção,
encheu-o com mercúrio (Hg) e mergulhou a extremidade aberta do mesmo numa vasilha (cuba) que
também continha mercúrio. Isto foi feito ao nível do mar e o resultado era que o mercúrio descia
pelo interior do tubo e parava quando atingia 76 cm de altura. Repetidas várias vezes essa experi-
ência, o resultado era sempre o mesmo, e Torricelli pode concluir que, se o mercúrio não descia
todo, era porque a pressão atmosférica exercida sobre a cuba equilibrava a coluna de mercúrio con-
tido no tubo.
Mais tarde, Pascal repetiu a mesma experiência, só que usando água no lugar do mercúrio.
O resultado foi que a coluna equilibrante da pressão atmosférica teve que ser 13,60 vezes maior,
posto que a densidade da água é 1 g/cm3 e a do mercúrio, de 13,6 g/cm3.
Por sugestão de Pascal, Descartes e outros cientistas da época, J. Periers em 1.648, levou o
instrumento de Torricelli, então chamado de barômetro, até o cume de uma montanha francesa (Puys
de Dome) e pode verificar que a pressão atmosférica variava com a altitude (diminuía quando ele
subia a montanha, e aumentava, quando ele de lá descia).
A pressão atmosférica é um elemento meteorológico muito importante. Por isso não pode
ser estimada, mas sim somente medida por meio de instrumentos especiais, denominados de barô-
metros, que se apresentam em duas categorias.
36
Figura 13 - Barômetro de Mercúrio
37
Figura 14 - Barômetro Aneroide
Com base na experiência de Torricelli, por muito tempo, utilizaram-se unidades de compri-
mento (mm de Hg ou pol de Hg), para expressar medidas de pressão atmosférica, uma vez que para
tal basta medir a altura da coluna de mercúrio.
No sistema CGS, a unidade básica de pressão é a Bária, que corresponde a 1 dyn/cm2. Mas
como esta unidade é muito pequena para fins meteorológicos, adotou-se de início o bar, equivalente
a 1.000.000 de bárias ou de dyn/cm2, chamado respectivamente, de Megabária e Megadina. Mais
tarde, por ser o bar uma unidade muito extravagante, foi adotada a unidade chamada Milibar (mb)
e que equivale a 1/1.000 do bar, isto é, o equivalente a 1.000 bárias ou dyn/cm2. Atualmente, com
base no sistema internacional (SI), esta unidade passou a chamar-se hectopascal (hPa), uma vez que
a unidade de pressão deste sistema é o pascal (equivalente a 10 bárias ou dyn/cm2, ou ainda a 1
N/m2. Há ainda a unidade atmosfera (atm) que equivale a 1013,25 hPa.
Os dados da experiência de Torricelli nos levam a concluir que a coluna de mercúrio de seu
barômetro exerce sobre 1 m2, a pressão equivalente ao demonstrado, consoante a seguinte fórmula
fundamental da Hidrostática:
onde:
como:
H = 76. 10-2 m F
d = 13,6. 103 Kg/m3 P = A onde:
g = 9,8 m/s2
F = força
A = área (1m2)
P = H. d. g
então resulta uma força de aproximadamente
P = 101300 N/m2 ou
100.000 N.
P 1013 hPa
38
Portanto, podemos afirmar que cada ser humano adulto (possuidor de cerca de 1 m2 de área
projetada sobre a superfície) suporta, ao nível do mar, uma pressão aproximada de 100.000 Pa pro-
veniente de uma massa de ar de 10 toneladas.
A pressão atmosférica, da mesma forma que a temperatura do ar, nunca se estabiliza por um
longo período de tempo. Como resultado dos movimentos complexos e constantes do ar, das varia-
ções de sua temperatura e do teor de vapor d’água, o peso do ar sobre um dado ponto varia constan-
temente. Ao contrário, entretanto, das mudanças de temperatura, as variações de pressão, não são,
de imediato e de ordinário, perceptíveis ao homem. No entanto, constituem por si mesmas um im-
portante aspecto do tempo, tendo em vista as relações que apresentam com as mudanças das condi-
ções meteorológicas. Dentre essas variações, destacamos as seguintes:
À medida que nos elevamos na atmosfera, a partir do nível do mar, diminui o peso do ar
acima de nós e a pressão cai, em princípio, rapidamente nos níveis inferiores e, a seguir, lentamente
nos níveis superiores. Considera-se que cerca de 50% do peso da Atmosfera, acha-se concentrada
abaixo dos primeiros 5.500 metros, isto é, como veremos mais adiante, até o nível de 500 hPa e o
restante, espalha-se até os limites superiores da mesma de uma forma não linear.
De uma forma geral, são considerados como valores médios de variação vertical da pressão,
os seguintes:
Esses valores devem ser usados para cálculos sem muita precisão e para altitudes, desde o
nível do mar até 4.000 pés, uma vez que, a partir daí, qualquer variação exigirá uma coluna de ar
cada vez maior.
Como a densidade e o peso do ar dependem da temperatura, do teor de vapor d’água e da
força de gravidade, nenhuma correção perfeita de pressão com a altitude poderá ser feita, se não
forem levados em conta todos esses fatores, principalmente a temperatura.
Faz com que a atmosfera oscile para cima e para baixo, como se fosse uma mola. Oscila para
cima por efeito direto do Sol, em ressonância com a própria pressão atmosférica e para baixo, pelo
seu próprio peso. Esse movimento oscilatório apresenta dois máximos e dois mínimos durante o dia.
Normalmente as pressões máximas ocorrem às 10 h e 22 h (hora local) e as pressões mínimas às 04
h e 16 h (hora local). A variação diuturna da pressão, chamada “maré barométrica”, é mais acentuada
nas regiões extratropicais.
39
1.4.5.3 - Variação dinâmica
O valor de pressão obtido a partir da leitura do barômetro num dado ponto da superfície
terrestre representa a pressão que a atmosfera está exercendo sobre o referido ponto. A este valor,
dá-se o nome de Pressão da Estação ou “QFE”, que se calcula aplicando três correções à leitura
barométrica:
1) de temperatura;
2) de gravidade;
3) instrumental.
Sabendo-se que a pressão decresce na vertical, estações situadas em altitudes diferentes, te-
rão logicamente, pressões diferentes, não sendo possível, dessa forma, uma comparação entre elas
num trabalho de análise meteorológica.
Para que se possa fazer uma análise das pressões incidentes em diversos locais à mesma
hora, torna-se necessário ajustá-las a um nível comum de referência, que é o nível do mar. O valor
de pressão assim reduzido é denominado de pressão ao nível do mar ou simplesmente QFF e ele é
obtido a partir do QFE e da média de treze temperaturas (a do momento e as de doze horas passadas).
Ajustar a pressão de uma estação ao nível médio do mar consiste em adicionar ou subtrair
àquele valor, o peso de uma coluna hipotética de ar que se estenda do ponto de observação ao nível
do mar. Para estação localizada acima do nível do mar, deve-se adicionar e para estação localizada
abaixo do nível do mar, deve-se subtrair. Esta coluna hipotética de ar representa a distância vertical
que separa a estação do nível do mar, ou seja, a sua altitude ou elevação. Desse modo, a diferença
entre o QFF e o QFE de uma estação num dado instante corresponde a sua altitude, desde que se
aplique àquela o respectivo fator de conversão. Vejamos o seguinte exemplo: se num determinado
aeródromo, a um dado instante, o QFF é 1.012,8 hPa e o QFE 958,4 hPa, qual a sua altitude em
metros? Uma vez que a diferença entre os dois valores é 54,4 hPa e como cada hPa corresponde em
termos de conversão, praticamente a 9 metros, temos como altitude aproximada desse aeródromo o
equivalente a 54,4 x 9 = 489,6 m.
A pressão atmosférica ao nível do mar é definida como aquela exercida pela atmosfera num
ponto qualquer situado naquele nível. Uma vez que a aceleração da gravidade varia latitudinalmente,
os diversos valores de pressão atmosférica ao nível do mar vão também apresentar-se variáveis de
local para local. Assim, a fim de se evitar um valor de pressão atmosférica ao nível do mar diferente
para cada latitude, convencionou-se estabelecer um valor médio, oriundo de diversas observações,
as quais se denominaram de pressão atmosférica padrão ou simplesmente, pressão-padrão. O valor
em apreço se corresponde, em termos das diversas unidades de pressão, da seguinte forma:
Daí, a possibilidade de se passar de uma unidade para outra, mediante o uso de uma simples
regra de três, como por exemplo, converter 1000 hPa em mm Hg.
40
1.4.7 - Sistemas de pressão
Também conhecido como Centro de Alta ou simplesmente Alta, é aquele que apresenta va-
lores de pressão mais elevados no interior e valores mais baixos no exterior, posto que nele a pressão
aumenta da periferia para o centro e diminui do centro para a periferia. É identificado numa carta
de superfície pelas letras “A” ou “H”, esta última do inglês High, ambas em azul;
Também conhecido como Centro de Baixa ou simplesmente Baixa, é aquele que apresenta
valores de pressão mais baixo no interior e valores mais elevados no exterior, posto que nele a
pressão diminui da periferia para o centro e aumenta do centro para a periferia. É identificado numa
carta de superfície pelas letras “B” ou “L”, esta última do inglês Low, ambas em vermelho.
Esses sistemas de pressão podem surgir numa análise dos campos báricos, ora estacionários
sobre uma região, quando então são chamados de semipermanentes, ora em deslocamento latitudi-
nal, quando então são chamados de dinâmicos. Por outro lado, um sistema de Alta pode ser deno-
minado de Anticiclone e um sistema de Baixa, de Ciclone.
A exemplo do que acontece ao nível médio do mar, que apresenta um valor convencionado
de pressão (1.013,2 hPa), foram atribuídos valores também convencionados de pressão às superfí-
cies encontradas acima daquele nível, as quais constituem as chamadas superfícies isobáricas, tam-
bém conhecidas por superfícies de pressão constante, por apresentarem o mesmo valor de pressão
em todos os seus pontos. A superfície de 1.013,2 hPa é que serve de ponto de partida para a distri-
buição dessas superfícies, as quais se apresentam paralelas entre si e àquela superfície, também
conhecida como nível-padrão. As superfícies isobáricas afastam-se gradativamente do nível do mar,
mantendo cada uma delas uma distância vertical sempre constante da superfície de pressão padrão
de 1.013 hPa, à qual se dá o nome de altitude de pressão (AP). Dentre as superfícies de pressão
constante, algumas foram selecionadas para fins de análise e pesquisa atmosférica, recebendo, então
a designação de superfícies isobáricas padrões – 1.000, 850, 700, 500, 400, 300 hpa são alguns
exemplos.
41
Figura 16 - Superfícies Isobáricas
1.4.8.1 - Isóbaras
Para se ter uma ideia global da distribuição da pressão numa região, deve se lançar ou plotar
sobre um mapa meteorológico, denominado de “carta sinótica de superfície”, os diversos valores de
pressões reduzidas ao nível do mar (QFF), calculados para cada uma das estações meteorológicas.
Feito isto, o previsor meteorologista unirá todos os pontos que apresentem os mesmos valores de
pressão, mediante uma linha denominada ISÓBARA. As isóbaras devem ser traçadas apenas ao
nível do mar e geralmente, a intervalos de 2 em 2 hPa. Uma vez feito o traçado isobárico, é possível
se fazer uma análise do campo bárico ao nível do mar, a qual permite a exata visualização do com-
portamento físico da Atmosfera, através das flutuações e deslocamentos dos chamados sistemas de
pressão ou centros de pressão. Carta de Superfície é a expressão usada em meteorologia para desig-
nar a representação gráfica de todas as observações sinóticas (temperatura, umidade, nuvens, vento,
etc.) realizadas à superfície, em determinados locais, usada para análise da evolução das condições
do tempo. A única exceção é a pressão atmosférica, cujos valores referem-se ao nível médio do mar.
Os sistemas de altas e baixas são perfeitamente definidos ao nível do mar, através do traçado
das isóbaras. Entretanto, a identificação desses mesmos centros acima do nível do mar, deve obe-
decer a outro procedimento, uma vez que é impossível o traçado de isóbaras em altitude. Para tanto,
plotam-se “cartas de altitude”, também denominadas de “carta de pressão constante”, que são pre-
paradas, tomando por base, as superfícies isobáricas padrões ou superfícies de pressão constante
padronizadas. Estas apresentam, como qualquer superfície isobárica, valores constantes de altitude
de pressão, as quais são lançadas nas referidas cartas. A seguir, o previsor une todos os pontos que
apresentem o mesmo valor de altitude de pressão, originando disso, uma linha denominada de iso-
ípsa ou linha de contorno, que corresponde em altitude, à isóbara ao nível do mar e que permite a
identificação dos sistemas de pressão em altitude (denominados de ciclones e anticiclones). Isoter-
mas também são traçadas acompanhadas das isoípsas, a fim de melhor complementarem a análise
das superfícies isobáricas padrões. As altitudes de pressão das superfícies isobáricas podem ser ob-
tidas por diversos métodos, dentre eles: radiossondagem, dropsondagem e computador de voo.
42
1.4.8.3 - Estrutura Vertical dos Sistemas de Pressão
Como bem já vimos, através do traçado das isóbaras pode-se fazer uma análise do campo
bárico da atmosfera e esta permite identificar os sistemas ou centros de pressão localizados ao nível
do mar. Tais sistemas ou centros são, entretanto, verdadeiros empilhamentos de superfícies isobári-
cas, em número infinito que apresentam estruturas verticais bem definidas, como veremos:
Sistemas de Altas Pressões: expandem-se na vertical como se fossem relevos de montanhas. Com
isto, as superfícies isobáricas tendem a se afastar do nível do mar nas altas;
Sistemas de Baixas Pressões: expandem-se na vertical como se fossem relevos de vales. Com isto,
as superfícies isobáricas tendem a se aproximar do nível do mar nas baixas.
Os sistemas de pressões, dentro de suas estruturas verticais, são caracterizados de acordo
com a seguinte classificação:
Sistema de Alta Fria: apresenta ar mais frio e mais denso no centro e ar mais quente e menos
denso em torno. É mais intenso à superfície.
43
Sistema de Baixa Quente: apresenta ar mais quente e menos denso no centro e ar mais frio e mais
denso em torno. É mais intenso à superfície.
Sistema de Alta Quente: apresenta ar mais quente e menos denso próximo ao centro e ar mais frio
e mais denso em torno. É mais intenso em altitude.
44
Sistema de Baixa Fria: ar mais frio e mais denso próximo ao centro e ar mais quente e menos
denso em torno. É mais intenso em altitude.
Os sistemas de pressões, dependendo da maneira com que se dispõem nas cartas de superfí-
cie, podem ainda formar as seguintes configurações isobáricas:
Colo: quando os sistemas de pressão dispõem-se simetricamente, dois a dois, formando entre eles
uma região apertada entre duas Altas e duas Baixas em oposição. O tempo aí consiste de ventos
fracos, mas muito variáveis.
Cavado (Vale): quando um centro de Baixa dispõe-se de forma alongada, apertado entre dois cen-
tros de Alta. Tal aspecto físico lembra em muito um vale. O tempo aí consiste de condições sempre
adversas.
Crista: quando um centro de Alta dispõe-se de forma alongada, apertado entre dois centros de
Baixa. Tal aspecto físico lembra em muito uma montanha. O tempo aí geralmente é bom.
45
1.4.9 - Tempo associado aos ciclones e anticiclones
Sabemos que a Terra tem, em dimensões amplas, a forma de uma esfera achatada nos polos
(com raio médio de 6.371 km) e uma superfície marcada por particularidades. No entanto, os erros
decorrentes em função disso são desprezíveis para o estudo dos fenômenos meteorológicos, admi-
tindo-se que, para isso, a direção da força da gravidade seja radial e que a água esteja em equilíbrio
dinâmico (sem perturbações capazes de desequilibrar a superfície hídrica).
46
2.1.1.1 - Planos de referência e coordenadas geográficas
Plano equatorial ou Equador é o plano perpendicular aos polos geográficos, que passa pelo
raio maior da Terra e a divide em duas partes: os hemisférios. Planos paralelos ao Equador determi-
nam sobre a Terra circunferências de raio menor: os paralelos.
Planos meridianos são semiplanos que contêm a superfície da Terra delimitados pelos polos,
ou seja, cada meridiano começa num polo e termina em outro.
Esfera celeste é a esfera imaginável em torno da Terra em cuja superfície estariam projetados
os astros, onde o centro da Terra coincide com o centro da esfera.
Zênite é o ponto da abóbada celeste cujo prolongamento até o centro da Terra contenha o
observador (é como se o observador olhasse exatamente para o céu sobre a sua cabeça). Muda de
posição com o tempo em função do movimento da Terra.
A localização de pontos situados à superfície terrestre ou em suas vizinhanças é feita utili-
zando-se um sistema de coordenadas composto de latitude, longitude e altitude.
Latitude de um ponto “A” da superfície da Terra é o ângulo formado pelo plano equatorial
terrestre e o segmento de reta que liga o centro da Terra ao ponto “A”. A latitude varia de 0º a ± 90º
e, por convenção, o sinal positivo é atribuído às latitudes Norte e o negativo, às latitudes Sul. O
Equador é de latitude 0º.
Para conceituar longitude faz-se necessário fixar um meridiano de referência. Por acordo
internacional, o meridiano que passa em Greenwich (próximo à Londres), foi escolhido como refe-
rência e sua longitude é 0º. Denominamos longitude de um ponto o ângulo formado entre o meridi-
ano de referência e o meridiano de um ponto, medido sobre o Equador. Vai de 0º a 180º para oeste
e de 0º a 180º para leste. Todos os locais situados sob o mesmo meridiano possuem a mesma longi-
tude. A cada 15º de longitude tem-se um fuso horário, totalizando 24 fusos de mesma hora cada um,
que representam o Sistema de Horas Legais.
Altitude (z) de um ponto é a distância vertical desse ponto ao nível médio do mar. É positiva
para pontos acima do nível do mar e negativa para pontos abaixo. Não se deve confundir altitude
com altura. Esta é a distância vertical de um ponto a um plano arbitrário de referência (solo, mesa,
teto etc.).
47
Culminação ou passagem meridiana é o exato momento em que o Sol, por exemplo, passa
sobre o meridiano do observador. Quando essa passagem é feita sobre o zênite, ela é dita culminação
zenital, ou seja, o centro do astro coincide com o zênite local.
48
Figura 27 - Movimento de Rotação
Também denominado de revolução, é aquele segundo o qual a Terra percorre uma trajetória
elíptica em torno do Sol, no sentido de oeste para leste e num período de tempo igual a 365 dias e 6
horas, chamado ano. Para se evitar erros de acumulação, introduziu-se, a cada 4 anos, um dia a mais
no ano correspondente, que passou a ser conhecido como ano bissexto.
O movimento de translação da Terra, ao longo de uma órbita elíptica, faz com que ela se
situe periodicamente mais perto do Sol num extremo (periélio) e mais afastado no extremo oposto
(afélio). Estes dois pontos se acham na interseção da órbita com o eixo maior da elipse, no mesmo
alinhamento com o Sol, e denominam-se genericamente, de solstícios. Ocorrem eles, aproximada-
mente, a 22 de dezembro o periélio (solstício de inverno) e, a 21 de junho o afélio (solstício de
verão). No periélio, a Terra acha-se a 146.080.000 km do Sol e no afélio, a 151.200.000 km, resul-
tando numa distância média de 148.640.000 km.
Os outros dois pontos extremos, localizados ao longo da órbita terrestre, na interseção com
o eixo menor da elipse, denominam-se equinócios, que são equidistantes do Sol. Situam-se quase a
meio caminho entre os solstícios e ocorrem, aproximadamente, a 21 de março (equinócio vernal ou
de primavera) e a 23 de setembro (equinócio outonal ou de outono).
49
Figura 28 – Movimento de Translação
Ao descrever sua órbita, a Terra apresenta uma inclinação variável entre o plano do equador
e o plano da órbita (de 0º a 23º 27’). Em função disso, verifica-se um máximo afastamento do plano
da eclíptica com relação ao plano do equador nos solstícios e afastamento nulo nos equinócios.
Eclíptica é a linha imaginária descrita pelo Sol em seu movimento aparente em torno da Terra.
Quando a terra se acha no periélio ou no afélio, expõe, diretamente, ou o hemisfério sul ou o hemis-
fério norte à incidência solar.
O fato de o movimento de revolução do eixo terrestre em torno do Sol apresentar-se com
uma inclinação faz com que os dias e as noites não tenham exatamente doze horas em todas as partes
do mundo. Ao invés disso, eles variam muito na duração. No equador, por exemplo, o período di-
urno é igual ao período noturno durante todo o ano. Já nos polos, a diferença entre a duração de
ambos é bastante grande.
Uma outra consequência da inclinação e da curvatura da Terra é o ângulo segundo o qual os
raios solares atingem a superfície da Terra e que faz com que eles sejam considerados “diretos” ou
“oblíquos”. Na zona equatorial eles são quase sempre diretos, e com isso as regiões tropicais são as
mais quentes da Terra. Porém, à medida que se dirigem para latitudes mais elevadas, vão incidindo
de forma inclinada devido à curvatura terrestre, chegando nos polos os mais oblíquos, fazendo com
que as regiões polares sejam as mais frias da Terra.
Com vimos, o ângulo dos raios solares varia de lugar para lugar, por causa da curvatura da
Terra, e de época para época, por causa da inclinação da Terra.
50
Figura 29 – Inclinação da Terra
Uma vez que o eixo imaginário em torno do qual a Terra gira, está inclinado em relação ao
plano de sua órbita, isso determina uma considerável variação de energia solar à superfície e carac-
teriza épocas distintas conhecidas como estações do ano, que apresentam durações diferentes entre
si, como veremos a seguir.
Quando a terra se encontra no periélio (22 de dezembro), expõe o hemisfério sul à incidência
solar direta, resultando com isso em uma maior concentração de insolação por unidade de área e,
consequentemente, um maior aquecimento (é o verão do hemisfério sul). Enquanto isso, no hemis-
fério norte, a incidência solar se faz indiretamente, acarretando uma menor concentração de insola-
ção por unidade de área e, consequentemente, um menor aquecimento (é o inverno do hemisfério
norte). Por essa razão, temos aí a ocorrência do chamado solstício de inverno.
Quando a terra se encontra no afélio (21 de junho), expõe o hemisfério norte à incidência
solar direta, resultando com isto uma maior concentração de insolação por unidade de área, e con-
sequentemente, um maior aquecimento (é o verão do hemisfério norte). Por ser verão no hemisfério
norte, temos aí a ocorrência do chamado solstício de verão.
No verão de qualquer hemisfério, o Sol, quando observado da superfície terrestre, permanece
sempre do mesmo lado do observador (mesmo hemisfério), o que o faz se elevar mais no horizonte
e permanecer mais horas brilhando no céu (dias mais longos e noites mais curtas). Já no inverno de
qualquer hemisfério, o Sol, quando observado da superfície terrestre, permanece sempre do lado
oposto do observador (hemisfério oposto), o que o faz se elevar menos no horizonte e permanecer
menos horas brilhando no céu (dias mais curtos e noites mais longas).
Nos pontos equinociais, os dois hemisférios recebem, praticamente, a mesma quantidade de
incidência solar, posto que aí apresentam a mesma posição em relação ao Sol. A 21 de março, temos
o chamado equinócio vernal ou de primavera, porque coincide com o início da Primavera no hemis-
fério norte e, a 23 de setembro, temos o chamado equinócio outonal ou de outono, porque coincide
com o início do outono no mesmo hemisfério.
51
Como bem vimos, as estações do ano são antagônicas e diametralmente opostas, isto é, num
mesmo período ocorrem sobre a Terra ou duas estações solsticiais (verão e inverno), ou duas esta-
ções equinociais (primavera e outono). Em outras palavras, quando é verão num hemisfério é in-
verno no outro e, quando é primavera num hemisfério, é outono no outro.
52
Os paralelos anteriormente descritos determinam, por conseguinte, as seguintes latitudes ter-
restres:
53
- Latitudes subtropicais: são aquelas compreendidas entre 23º 27' e 30º 00` de cada hemisfé-
rio;
54
- Latitudes polares: são aquelas compreendidas entre os círculos polares e os polos respecti-
vos, ou seja, entre 66º 33’ e 90º de cada hemisfério.
2.2.1 - O Sol
O Sol é uma estrela cuja temperatura situa-se na média entre as mais altas e as mais baixas
dessa Galáxia (Via Láctea), algo em torno de 20.106 K no núcleo e de 6000 K na superfície. Este
astro, assim como a Terra, faz um movimento orbital em torno do centro da galáxia com velocidade
de aproximadamente 290 km/s.
É a estrela mais próxima da Terra, a uma distância aproximada de 150.106 km. Tem diâmetro
de 1.400.000 km e, por ter uma massa muito grande (cerca de 333.000 vezes a da Terra), possui um
intenso campo gravitacional ao seu redor. De uma forma simplificada, sua matéria, que é composta
de gases Hélio (23%) e Hidrogênio (75%) a altas temperaturas, apresenta peculiaridades do estado
da matéria chamada plasma (gases ionizados a altas temperaturas).
Fotosfera é o nome que se dá a superfície do Sol, cuja pressão é da ordem de 0,01atm. Não
possui luminosidade uniforme; apresenta áreas brilhantes (mais quentes) chamadas grânulos e fá-
culas, e zonas mais escuras (mais frias) ditas manchas solares. Os aspectos das manchas solares
variam com o tempo; quando o número de manchas aumenta, o Sol é dito ativo, já que o fluxo de
partículas liberadas pelo Sol para o espaço é grande; no caso contrário, o Sol está calmo. Esse ciclo
de atividade solar é de aproximadamente 11 anos.
A atmosfera solar acima da fotosfera é dividida em camada de inversão (mais fria, a 5.300
K) e por fora a cromosfera ou coroa solar, formada por hélio e hidrogênio a altas temperaturas. Na
cromosfera ocorrem flares - explosões solares muito intensas que emitem fabulosas quantidades de
energia (radiação) para o espaço.
55
Figura 36 - O Sol
2.2.2 - A radiação
Denomina-se radiação a energia que se propaga sem necessidade de matéria. O termo aplica-
se também ao processo de propagação dessa mesma energia.
No estudo da Física Moderna, dependendo da finalidade, a energia radiante ora se comporta
como uma onda eletromagnética, ora como um fóton (partícula ou pacote de energia). À meteoro-
logia interessa o aspecto ondulatório, caracterizado pelo comprimento de onda (λ) e pela frequência
de oscilação (ν). Comprimento de onda é definido como a distância que separa duas cristas conse-
cutivas expresso em cm ou em micra (10 cm); frequência é o número de cristas que passam por um
ponto de referência no tempo, expressa em Hertz.
O produto de λ pela ν é igual a velocidade de propagação da luz no vácuo (c): C=λ.ν, sendo
c de aproximadamente 300.000 km/s. Espectro eletromagnético é o conjunto de todas as radiações
conhecidas, desde os raios gama até ondas longas de rádio. A quantidade de energia emitida por
uma partícula ou onda é proporcional à frequência (γ) da radiação produzida, isto é, quanto maior a
frequência, ou menor o λ, maior será a energia associada. Portanto, radiações na faixa do raio ultra-
violeta possuem mais energia que radiações da faixa do visível e infravermelho. Costuma-se medir
radiação ou fluxo de radiação em W (J/s).
56
Figura 37- Espectro Eletromagnético
Vários tipos de radiações eletromagnéticas passam facilmente pela atmosfera, enquanto ou-
tras são impedidas de atravessá-la. A habilidade com que a atmosfera permite que a radiação a
atravesse é conhecida como transmissividade. Ela depende dos componentes da atmosfera e varia
de acordo com o comprimento de onda.
As faixas do espectro eletromagnético que são absorvidas pelos gases atmosféricos são coletiva-
mente chamadas de bandas de absorção. Na figura 38, as bandas de absorção são apresentadas por
um baixo valor de transmissão, pois estão associadas com uma gama específica de comprimento de
onda.
Junto as bandas de absorção, existem faixas no espectro eletromagnético onde a atmosfera é
transparente para um determinado comprimento de onda, essa faixa é denominada janela atmosfé-
rica.
Essas janelas permitem facilmente que toda radiação passe pela atmosfera. Elas são mostra-
das na figura 38, na qual os valores de transmissividade são maiores. Uma das janelas atmosféricas
está dentro da porção de luz visível, no pico da produção de energia solar. Em um dia claro, a
maioria da energia da luz visível que vem do Sol pode passar pela atmosfera sem ser absorvida pelos
gases contido nela.
57
Figura 38 - Janela Atmosférica e Banda de Absorção
Em primeira aproximação, aceita-se que o Sol irradia aproximadamente como um corpo ne-
gro à temperatura de 6000 K. Corpo negro seria aquele (teórico) que absorve totalmente a radiação
eletromagnética de todos os λ que incidem sobre ele. O espectro de radiação solar é composto de
99% de radiação de ondas curtas (λ pequeno), divididas em 3 faixas: infravermelho (λ > 0,74),
ultravioleta (λ < 0,36) e visível (0,36 <λ< 0,74). Atualmente, acredita-se que a energia solar é ori-
ginada de reações termonucleares, ou seja, conversão de massa solar em energia.
A Constante Solar é denominada como o fluxo de radiação do Sol, que é o total de energia
que atinge o limite da atmosfera na superfície de 1cm², perpendicularmente aos raios solares durante
um minuto, sendo atualmente o valor mais aceito de 1,98 cal/cm²/min.
58
2.2.3 - Radiação solar na atmosfera
Após atingir o topo da atmosfera terrestre, a energia solar segue através da mesma até atingir
a superfície da Terra. Entretanto, à medida que vai cruzando a atmosfera, vai tendo suas radiações
perigosas filtradas, para que só cheguem até a superfície comprimentos de ondas benéficos à manu-
tenção da vida, dentro de limites razoáveis. A quantidade de energia que consegue atingir a super-
fície, após sofrer os efeitos de filtragem seletiva da atmosfera, constitui a chamada insolação, que é
o fator primordial do equilíbrio calorífico na atmosfera terrestre. Ela é, em consequência da eclíp-
tica, máxima no verão, mínima no inverno e média nos equinócios
A radiação solar ao atravessar a atmosfera é atenuada por 3 processos: espalhamento ou
difusão, reflexão e absorção. A atmosfera terrestre, através desses processos, equilibra o sistema
energético do planeta impedindo que se aqueça ou resfrie em excesso. A absorção é feita por certos
constituintes atmosféricos para determinadas radiações, sendo ozônio, oxigênio, o gás carbônico e
vapor d’água os principais absorvedores.
Através da reflexão, que é dependente do tipo de superfície sobre a qual incide a radiação,
uma boa porção de raios solares volta para o espaço. Chamamos de albedo a relação entre a radiação
refletida e a incidente, sendo que a Terra tem albedo médio de 0,35 ou 35%.
Espalhamento ou difusão é o processo físico segundo o qual uma parte da luz, ao passar por
um meio cujas partículas apresentem diâmetro menor que o comprimento de onda da própria luz,
espalha-se em várias direções, difundindo-se. A difusão é efetiva na atmosfera para as ondas de
menor comprimento da luz, e a cor de mais fácil difusão é a azul, razão por que o céu apresenta em
dia claro, uma coloração azulada. A difusão apresenta em Meteorologia duas grandes importâncias:
primeiro, é responsável pela luminosidade diurna ou pela presença física do fenômeno "dia "e se-
gundo, é responsável pela redução da visibilidade atmosférica. Como o processo em si depende da
presença de partículas em suspensão na atmosfera, à medida que nos afastamos da superfície terres-
tre, vai acontecendo uma redução da difusão, o que faz com que o céu passe a um azul profundo,
em seguida à violeta e, finalmente, negro nos níveis mais elevados, isto é, ausência total de difusão
acima de 80 a 100 km, em média.
Há também o conceito de fotoperíodo, que é a duração efetiva do dia, ou seja, como o inter-
valo de tempo transcorrido entre o nascimento e o pôr do Sol, em determinado local e data. Sob o
ponto de vista geométrico, o nascimento e o ocaso solar ocorrem quando o centro do disco solar
coincide com o plano do horizonte. Não se deve confundir insolação com fotoperíodo. A insolação
é o número de horas nas quais, durante um dia, o Sol esteve visível para um observador situado à
superfície da Terra. Portanto, a insolação é menor ou no máximo igual ao fotoperíodo.
Do total de radiação solar que atinge o topo da atmosfera, 15% é difundido pelas partículas
atmosféricas, 18% é absorvido pelos componentes atmosféricos, 25% é refletido pelos topos de
nuvens e pelos diversos tipos de superfícies da Terra, e os 42% restantes conseguem atingir a su-
perfície, sob as formas de luz visível, de infravermelho e ultravioleta. A reflexão total de 25% mais
10% do total de 15% difundido compõem o albedo médio da Terra que, como já vimos, é de 35%.
A quantidade de radiação que atinge a superfície terrestre é convertida em calor e poderia, no final
de algum tempo, tornar a Terra extremamente quente para permitir a manutenção da vida. Entre-
tanto, um possível acúmulo é neutralizado por meio de um retorno ao espaço do excesso de energia
recebido. Esse retorno é denominado de radiação terrestre e se processa por meio de ondas longas
(pouca energia). Ela ocorre mais intensamente com céu isento de nuvens (céu claro). Por outro lado,
o oxigênio molecular, as impurezas, o vapor d’água e as nuvens absorvem uma parte da radiação
terrestre, a fim de conservar uma certa quantidade de energia calorífica para a Terra.
59
O fenômeno denominado de efeito estufa, tem como sua principal finalidade evitar que toda
a energia radiante terrestre escape para o espaço, o que também seria um desastre. O perfeito equi-
líbrio entre a radiação solar (recebida durante o dia) e a radiação terrestre (devolvida à noite) permite
manter as temperaturas do globo terrestre dentro de limites perfeitamente suportáveis pelos seres
vivos e constitui parte do equilíbrio térmico da atmosfera.
Devido à sua posição no espaço, como já vimos, a Terra recebe maior incidência solar sobre
as latitudes tropicais e menor incidência sobre as latitudes polares, o que acarreta um grande aque-
cimento sobre os trópicos e um grande resfriamento sobre os polos. Esse aquecimento diferencial,
corroborado pelo movimento de rotação da Terra, obriga o ar atmosférico a deslocar-se entre os
extremos de cada hemisfério (do polo para o equador e vice-versa), permitindo com isto, uma me-
lhor distribuição das temperaturas sobre a superfície da Terra ocasionando, desse modo, o equilíbrio
térmico da atmosfera.
Dos 42% que atingiram a superfície da Terra durante o dia, com a ocorrência da radiação
terrestre à noite, 18% é absorvido pelo oxigênio molecular, pelas impurezas, pelo vapor d'água e
pelas nuvens; 14% é emitido para a atmosfera; 8% retorna diretamente ao espaço e os 2% restantes
ficam retidos na superfície terrestre. Embora possa parecer pequeno, esse percentual de retenção
terrestre é, na verdade, o suficiente para permitir a agitação da Atmosfera e provocar aquilo que
conhecemos por tempo “bom” ou “ruim”.
O efeito estufa ocorre quando há absorção da radiação terrestre pela nebulosidade e outras
partículas em suspensão, havendo um armazenamento de calor, evitando que a energia calorífica da
Terra escape para o espaço. Isso ocorre porque uma série de gases que existem naturalmente na
atmosfera em pequenas quantidades (além do nitrogênio e do oxigênio que em conjunto constituem
99% de sua composição), conhecidos como "gases de efeito estufa" - como o vapor d’água, o dió-
xido de carbono, o ozônio, o metano e o óxido nitroso possuem a propriedade de reter parte dessa
radiação em forma de calor e a reflete de volta para a Terra, da mesma forma que os vidros de um
carro fechado ou uma estufa.
A esse processo natural, vêm se somando as atividades humanas, denominadas antrópicas,
que contribuem com o acréscimo da emissão desses gases, aumentando assim a concentração dos
mesmos na atmosfera e ampliando sua capacidade natural de absorção de energia que estes possuem
naturalmente.
60
Unidade 3 – Dinâmica da Atmosfera
Generalidades
Como bem já vimos em unidade anterior, a variação do ângulo de incidência dos raios sola-
res de região para região da Terra traz, como consequência, um aquecimento diferencial do equador
aos polos. Outrossim, o fato de que os vários tipos de superfícies absorvem a radiação solar de forma
diferente, faz com que também haja um aquecimento diferencial na mesma região. O resultado ló-
gico desses fatos é que ocorrem diferenças de temperatura. Estas, por sua vez, implicam em dife-
renças de pressão que obrigam o ar a deslocar-se no sentido horizontal, a fim de contrabalançar as
diferenças de densidade. Esses deslocamentos horizontais do ar que, quer a nível regional, quer a
nível local, constituem os ventos e compõem no conjunto a chamada circulação do ar, responsável
maior pelo equilíbrio térmico na atmosfera.
Suponhamos dois pontos (X e Y) à superfície, ambos apresentando, num dado instante, uma
pressão igual a 1.015 hPa e igual densidade. Logo, o ar no ponto X estará em repouso em relação
ao ar no ponto Y e vice-versa. Se, porém, a pressão no ponto Y cair para 1.010 hPa, mantido o
mesmo valor de 1.015 hPa no ponto X, ocorrerá uma diferença de densidade entre os dois pontos,
e, neste caso, o ar para equilibrá-la, fluirá da área de maior pressão (ponto X) para a área de menor
pressão (ponto Y). Esse fluxo do ar tendendo a manter um certo equilíbrio de pressão é chamado de
vento, definido então, como o ar em movimento aproximadamente horizontal e de forma laminar,
que ocorre quando há diferença de pressão entre duas regiões, ocasionadas, principalmente, por
variações de temperatura. Quanto maior for a diferença de pressão, mais intenso será o vento resul-
tante.
61
Subunidade 3.1 – Forças Reais e Aparentes
p1 − p2
G= onde: p1 = pressão no ponto x
d
p2 = pressão no ponto y
d = distância entre os pontos
Uma vez que o gradiente de pressão é considerado como uma queda de pressão, medida na
direção da diminuição, ele possui uma magnitude e uma direção. A magnitude deve ser expressa em
unidade de pressão por unidade de distância, tal como hPa/km e a direção, pelo sentido da diminui-
ção da pressão.
A magnitude do gradiente de pressão pode ser determinada numa carta de superfície através
do espaçamento existente entre as isóbaras. Quando elas estão próximas umas das outras, é porque
a pressão está variando rapidamente com a distância, e, neste caso, tem-se um gradiente forte e
ventos muito intensos. Por outro lado, quando elas estão distanciadas umas das outras, é porque a
pressão está variando lentamente com a distância, e, neste caso, tem-se um gradiente fraco e ventos
fracos. Exemplificando o exposto, observemos as seguintes configurações isobáricas:
Dentre os dois gradientes, o que apresenta o resultado 1/20 é naturalmente o maior e, por
conseguinte, o de ventos mais intensos.
O vento que flui regido exclusivamente pela força do gradiente de pressão é denominado de
vento Barostrófico.
62
Várias outras forças atuam na mecânica dos ventos, como veremos mais adiante, mas dentre
elas todas, a força do gradiente de pressão é a que inicia o movimento eólico, como bem vimos. Por
esse motivo, ela é denominada de força motriz dos ventos.
Se somente a força do gradiente de pressão atuasse sobre o ar em movimento, o vento so-
praria sempre, diretamente da alta pressão para a baixa pressão. Todavia, como já foi dito anterior-
mente, outras forças se fazem presentes nos diversos tipos de ventos, tais como: força centrífuga,
força de coriolis e força de atrito, e, com isto, o vento nem sempre sopra diretamente da alta para a
baixa.
63
3.1.2 - Força Centrífuga
Como a Terra gira em torno de seu eixo, todos os objetos em movimento sobre sua superfície
estão sujeitos a uma força que atua perpendicularmente ao mesmo eixo - é a força centrífuga. Essa
força aparente é aplicada quando consideramos um objeto (parcela de ar) em repouso com relação
a um sistema de coordenadas em rotação (Terra). Esse é o caso de uma parcela de ar que está em
sincronia de rotação com a Terra. Se, porém, essa massa de ar desloca-se em relação a Terra, que
está em rotação, então outra força aparente deverá ser considerada neste movimento. Essa última é
chamada de força de Coriolis.
Se a Terra não fosse animada do movimento de rotação, o vento sopraria sempre da alta para
a baixa, de forma direta. A rotação, entretanto, obriga esse movimento do ar que, teoricamente, é
perpendicular às isóbaras, a um desvio. Este fenômeno é fruto de uma força resultante entre a força
centrífuga e a força de gravidade, a força de Coriolis, também chamada de força defletora, cuja
existência atribui-se ao físico e matemático francês Gaspard Gustave de Coriolis. Esta força não é
real, mas sim aparente, pois determinamos a direção de um movimento em relação à superfície da
Terra que, por sua vez, também se acha em movimento. Com isto, o seu efeito defletor faz-se pre-
sente em todos os movimentos com relação à superfície, porém não deve ser levado em conta nos
de escala comparativamente pequena. A deflexão, independentemente da direção do movimento,
sempre se faz para a direita no hemisfério norte e para a esquerda no hemisfério sul. Isto significa,
que um objeto qualquer, movendo-se sobre a superfície da Terra, tende continuamente, a se desviar
para a direita no hemisfério Norte e para a esquerda no hemisfério Sul, como resultado do efeito da
rotação da Terra, combinada com o movimento do corpo relativamente à superfície. Pode ser ex-
pressa, na forma escalar, pela seguinte fórmula:
Como qualquer outra força, a força de Coriolis também possui magnitude e direção. A mag-
nitude depende, como podemos observar na fórmula acima, de dois fatores: velocidade do vento e
latitude onde ele ocorre e é diretamente proporcional a ambas. Com isto, concluímos que a força de
Coriolis é mais intensa nos polos e nula no equador. A direção, como já vimos, é aquela da deflexão,
ou seja, para a direita no hemisfério Norte e para a esquerda no hemisfério Sul. Deve-se ressaltar
que a Força de Coriolis atua perpendicularmente à direção da velocidade do objeto que se desloca,
podendo apenas mudar a sua trajetória, mas jamais influir no módulo da velocidade.
64
Figura 43 - Efeito Defletor da Força de Coriolis
O terceiro efeito exercido sobre os ventos é aquele provocado pela fricção do ar com o solo
e que se denomina força de atrito. Ocorre próximo à superfície e produz um efeito de turbilhona-
mento que se traduz em alterações na direção e velocidade do vento. À medida que vão sendo con-
siderados níveis mais elevados, o efeito de fricção vai diminuindo gradativamente, até desaparecer.
O nível atmosférico onde isto ocorre se denomina nível gradiente ou nível do vento Geostrófico,
pois, como veremos mais adiante, este tipo de vento só ocorre livre de atrito. O nível gradiente
localiza-se, em média, a 600 metros acima da superfície, muito embora oscile entre 400 e 1.000 m,
dependendo do aspecto orográfico. A camada atmosférica compreendida entre a superfície e o nível
gradiente é chamada de camada de fricção ou camada planetária e acima desta, atmosfera livre.
Que vai da superfície até 100 metros aproximadamente. Os ventos que nela fluem são deno-
minados ventos de superfície, que acontecem como um resultado do equilíbrio entre as forças: do
gradiente de pressão, de Coriolis, centrífuga e de atrito.
Camada que se inicia acima da camada limite e se estende até o nível gradiente. Os ventos
que nela e acima dela fluem são denominados de ventos superiores ou ventos de altitude.
65
Subunidade 3.2 – Fluxos Atmosféricos
Como já vimos, é aquele tipo de vento que flui regido exclusivamente pela força do gradiente
de pressão. Ele se caracteriza, portanto, pelo movimento do ar que sopra diretamente de uma área
de alta pressão para uma outra área de baixa pressão. É muito mais teórico do que prático, pois sua
existência real só se justifica para explicar a mecânica dos ventos, como ponto de partida para os
demais tipos. Outrossim, só ocorre próximo ao equador e em movimentos de pequeno desloca-
mento, onde a força de Coriolis é nula e a força de inércia é a única a opor-se à força do gradiente
de pressão.
Logo que o ar começa a se mover de uma área de alta para uma área de baixa, sob a influência
da força do gradiente de pressão, passa a sofrer o efeito defletor da força de Coriolis e é desviado,
para a direita no hemisfério norte e para a esquerda no hemisfério Sul. À medida que aumenta de
intensidade, o desvio é máximo ao ponto da força de Coriolis tornar-se precisamente igual e oposta
à força do gradiente de pressão. O vento resultante, então, sopra numa direção em que nenhuma das
duas forças componentes está atuando, ou seja, perpendicularmente a ambas.
• isoípsas retas e paralelas: para que o vento possa soprar paralelamente às mesmas;
66
Como a força de Coriolis decresce na direção do Equador, independentemente da velocidade
do vento, considera-se nulo o efeito Geostrófico, entre as latitudes de 20º N e 20º S. Por outro lado,
como a força de Coriolis depende da velocidade do vento e da latitude onde o mesmo acontece,
podemos dizer que o vento é controlado pela força de Coriolis. Contudo é realmente a força motriz
que determina a velocidade do vento.
O vento Geostrófico sopra sempre na direção em que a pressão maior (alta) fica à direita no
hemisfério norte ou à esquerda, no hemisfério sul e a pressão menor (baixa) fica à esquerda, no
hemisfério norte ou à direita, no hemisfério sul, conforme demonstrado nos esquemas da figura
abaixo.
67
“Se uma pessoa ficar de costas para o vento, no hemisfério norte, terá a área de
alta à sua direita e a área de baixa à sua esquerda e no hemisfério sul, terá a área
de alta à sua esquerda e a área de baixa à sua direita”.
68
3.2.1.3 - Vento Gradiente
Uma vez que o efeito de Coriolis decresce na direção do Equador, o vento, nas latitudes
tropicais e equatoriais, sopra velozmente em função do efeito centrífugo que aumenta para compen-
sar a ausência da força de Coriolis e assim equilibrar a força do gradiente de pressão. Desse modo,
temos um vento de grande intensidade, que flui como resultado do equilíbrio entre a força do gra-
diente de pressão e a força centrífuga. É o chamado vento Ciclostrófico, muito comum aos ciclones
tropicais, como veremos adiante.
É aquele que sopra na faixa latitudinal de 20º a 15º, onde o efeito de Coriolis começa a
tornar-se insignificante e faz, assim, desprezível o efeito Geostrófico.
69
Figura 48 - Resultante do Vento
Por outro lado, à superfície e dentro da camada de fricção, o vento sofre o efeito de atrito e
o efeito de Coriolis quase desaparece, devido às variações de direção. O gradiente de pressão, no
entanto, não se altera, uma vez que o vento é função da pressão e esta não se modifica pelo simples
atrito do ar com a superfície. Desse modo, se no equilíbrio das duas forças, uma quase desaparece
e a outra se mantém imutável, o vento tenderá a obedecer à última, ou seja, a força do Gradiente de
pressão, fluindo no sentido do centro de baixa pressão, em ambos os hemisférios, sendo que sua
direção sofrerá um desvio menor em função do enfraquecimento da força de Coriolis causado pelo
atrito. Isto define a convergência do vento e constitui a chamada circulação ciclônica. Por este mo-
tivo, os centros de baixas pressões são também denominados de ciclones. Neles, os ventos circulam
no sentido anti-horário no hemisfério norte e no sentido horário, no hemisfério sul.
O fluxo geral dos ventos, num dado nível, deve ser expresso pelos seguintes elementos:
3.2.3.1 - Direção
É o sentido de onde o vento vem, dado em graus, com relação ao norte magnético, para fins
de navegação e com relação ao norte verdadeiro ou geográfico para fins meteorológicos.
3.2.3.2 - Velocidade
Também conhecida como força, é a intensidade com que se manifesta o vento, dada em
Km/h, m/s ou principalmente, para fins meteorológicos, em KT (nó = 1,852 km/h).
3.2.3.3 - Caráter
70
Figura 49 – Anemômetros
Quando, num mapa meteorológico, se traça uma linha ligando pontos que apresentam o
mesmo valor de direção do vento, temos o que se chama de isógona. Da mesma forma, quando se
traça uma linha ligando pontos que apresentem o mesmo valor de velocidade do vento, temos o que
se chama de isotaca. O campo horizontal dos ventos é sempre representado pelo estudo de isógonas
e isotacas com os valores isolados de temperaturas dispostos nas suas respectivas posições geográ-
ficas, como um complemento à informação eólica.
O fluxo do vento deve ser considerado como uma partícula de ar em deslocamento. Destarte,
ela irá ocupando posições sucessivas no espaço, e a linha imaginária descrita por estas vem a ser a
trajetória da referida partícula. Quando se considera, num dado instante, um vetor representativo do
vento, a linha que tangencia esse vetor se chama linha de fluxo ou linha de corrente. Na análise
horizontal dos ventos, a direção dos mesmos é normalmente representada por linhas de fluxo, em
vez de isógonas, sobretudo os dados dos ventos superiores. Paralelamente ao traçado das linhas de
fluxo, é executada também a análise das velocidades por meio das isotacas.
Uma vez que existe um aquecimento diferencial latitudinal na superfície terrestre, provocado
por um suprimento de energia solar desigual, que varia de extremo para extremo em cada hemisfé-
rio, urge que também exista um sistema que equilibre a defasagem calorífica, senão as latitudes em
apreço atingiriam limites insuportáveis à vida. Assim, há um complexo sistema circulatório de ar
por meio do qual o excesso de calor dos trópicos é transportado para os polos, e o excesso de frio
dos polos é transportado para os trópicos, num processo contínuo, que tende a manter um equilíbrio
térmico na Atmosfera. A esse benéfico sistema natural chamamos de circulação geral e ele assim se
processa:
• no equador, o aquecimento torna o ar menos denso e mais leve fazendo com que
se expanda verticalmente, acarretando um acúmulo por unidade de volume. O resultado
disso é uma diminuição da pressão à superfície e um aumento da pressão em altitude;
• nos polos, o resfriamento torna o ar mais denso e mais pesado fazendo com que
o mesmo afunde verticalmente, acarretando uma redução por unidade de volume em alti-
tude. O resultado disso é uma diminuição da pressão em altitude e um aumento da pressão
à superfície;
• em função do gradiente de pressão, o ar passa então a fluir do equador para os
polos, em níveis superiores e dos polos para o equador, em níveis inferiores.
71
Figura 50 - Circulação Geral da Atmosfera
Como bem vimos, existe um mecanismo genérico segundo o qual se processa a circulação
geral do ar. Na verdade, este mecanismo se faz através de etapas ou aspectos distintos, em número
de três e que são os seguintes.
Separa as circulações gerais dos dois hemisférios e define a região, ao longo da qual, ambos
os fluxos de ar se elevam para o retorno em altitude, na direção dos polos. É a chamada Confluência
Intertropical (ITCZ) ou Equador Meteorológico.
Desenvolvida em forma de espiral, em torno de cada hemisfério, acima de 20000 pés e ace-
lerando-se gradativamente até atingir latitudes polares.
72
3.2.4.1.1 - A Confluência Intertropical (ITCZ)
Trata-se de uma zona de transição que se desenvolve ao longo das latitudes equatoriais, re-
sultante, como veremos adiante, da convergência dos chamados ventos alísios de ambos os hemis-
férios. Ela oscila latitudinalmente entre 15ºN e 12ºS, apresentando uma posição média anual de 6ºN.
Avança sempre na direção do hemisfério que se encontra em Verão, empurrada pelas pressões mais
elevadas do hemisfério que se encontra em Inverno. Permanece mais tempo sobre o hemisfério
Norte, porque este apresenta um verão mais intenso. Sua largura é muito variável, mas pode chegar
às vezes a atingir 500 km. Não apresenta uma continuidade ao redor do Globo Terrestre, sofrendo
interrupções ou quebras. É sempre mais definida e mais intensa sobre os oceanos e consiste numa
faixa de baixas pressões sempre acompanhada de mau tempo. O fato de oscilar, latitudinalmente,
faz com que seja considerada como o equador meteorológico.
Esta se faz da superfície até 20000 pés e latitudinalmente em faixas ou células em ambos os
hemisférios, sendo estas em número de três:
É caracterizada pelos ventos que fluem na direção da confluência intertropical, com inicio
nas latitudes de 20º. São os chamados ventos alísios, que se apresentam bem definidos sobre o mar
e com direções predominantes de sudeste no hemisfério sul, e de nordeste no hemisfério norte. A
convergência desses ventos de ambos os hemisférios é que forma a CIT e nela, onde começa a
ascensão do ar tropical, costumam surgir áreas de calmarias, denominadas de Doldruns, onde os
ventos são normalmente calmos ou muito fracos e com predominância de leste, o que, aliás, é a
característica dos ventos inferiores das latitudes equatoriais.
É caracterizada pelos ventos que sopram nas latitudes temperadas, ou seja, entre 30º e 60º
de cada hemisfério. Predominam de oeste e são cada vez mais intensos à medida que se consideram
latitudes mais elevadas.
Caracterizada pelos ventos que fluem dos polos de ambos os hemisférios eles sofrem o efeito
intensivo de Coriolis e por isso se desviam para a esquerda no hemisfério sul e para a direita no
hemisfério norte, apresentando componentes de leste nos dois hemisférios. São os chamados ventos
polares.
Da análise feita anteriormente sobre a circulação geral da atmosfera, inferimos que esta com-
põe-se, nos níveis inferiores, de três faixas 3ou células, a seguir:
• célula tropical ou de Halley: é a que compreende os ventos Alíseos, predominantes
sobre as latitudes tropicais. Caracteriza-se pela subida do ar nas latitudes equatoriais e pela
descida do ar nas latitudes subtropicais;
• célula temperada ou de Ferrel: é a que compreende os ventos predominantes de W,
reinantes sobre as latitudes temperadas. Caracteriza-se pela descida do ar nas latitudes sub-
tropicais (sobre os chamados anticiclones subtropicais) e pela subida do ar nos chamados
ciclones polares;
• célula polar: é a que compreende os ventos polares de E, predominantes sobre as
latitudes polares. Caracteriza-se pela subida do ar nos ciclones polares e pela descida do ar
nos polos (sobre os chamados anticiclones polares).
73
Figura 51 – Células de Circulação Atmosférica
Os anticiclones subtropicais
São grandes anticiclones marítimos, quentes e semipermanentes que ocorrem nas latitudes
compreendidas entre 20º e 40º de cada hemisfério, com seus centros numa posição média anual de
30º. Devido às gigantescas proporções que atingem, eles são considerados integrantes diretos da
circulação geral. Permanecem durante todo o tempo sobre os grandes oceanos, inclusive deles rece-
bendo os nomes. Exemplo típico disso, é o Anticiclone Subtropical Semipermanente do Atlântico
Sul, que determina os ventos alísios predominantes do nosso litoral nordestino. Aliás, como já vi-
mos, são os lados equatoriais desses anticiclones que determinam os ventos Alíseos e como eles são
de natureza marítima, explica-se também a natureza marítima dos alísios.
Os anticiclones subtropicais, normalmente, apresentam-se estáveis em seus centros, só se
instabilizando ao aproximarem-se das áreas mais afastadas do núcleo do sistema. Por consequência,
os ventos que os acompanham são muito fracos ou calmos. As calmarias neles frequentes deram às
latitudes, em torno de 30º N, a designação de Latitudes de Cavalos, porque eram comumente en-
contrados, nas águas locais, cadáveres de cavalos boiando, que eram atirados ao mar, provenientes
de veleiros do Séc. XVII que, apanhados pelas calmarias, encontravam dificuldades em alimentá-
los por muitos dias. Os anticiclones subtropicais compõem, ao redor das latitudes subtropicais, os
chamados cinturões de anticiclones subtropicais (um em cada hemisfério).
Os ciclones polares
74
denominados de ciclones polares. Eles apresentam pressões e temperaturas muito baixas, sobretudo,
no outono e no inverno, quando então acarretam condições quase sempre tempestuosas para os oce-
anos de ocorrência. É a razão de ser dos ventos fortes e do mar agitado, predominantes, principal-
mente, sobre os extremos sul da América do Sul e da África.
Os anticiclones polares
São grandes anticiclones semipermanentes e frios, reinantes o tempo todo sobre os polos,
dos quais fluem os ventos polares de E. Adquirem suas grandes pressões devido ao acúmulo de ar
sobre as calotas polares e das baixas temperaturas ali reinantes. Sua grande importância reside no
fato de contribuir para a formação da chamada frente polar.
Esta ocorre acima de 20.000 pés sobre os dois hemisférios, tendo sua origem nas latitudes
baixas, no retorno do ar equatorial para os polos. Ela se desenvolve em espiral em torno de cada
hemisfério, acelerando-se gradativamente, à medida que vai se aproximando das latitudes polares.
Inicia com os chamados ventos contra-alísios e termina com os chamados vórtices polares, passando
pelos Jatos de Este, pela Corrente de Berson, pelos Ventos Krakatoa e pelas Correntes de Jato.
Vejamos, portanto, as características de tais fenômenos.
São aqueles originários do retorno em altitude dos Alíseos que se recurvam para os polos,
iniciando as espirais em torno dos hemisférios. Eles ocorrem de 5º a 15º de latitude, atingindo o
máximo de 20º no inverno e fluem de oeste.
75
3.2.4.1.3.2 - Jatos de Este
São aqueles que ocorrem nas grandes altitudes das latitudes equatoriais de cada hemisfério,
propagando-se até 20º de latitude, em média. Normalmente, surgem acima de 40.000 pés e são mais
desenvolvidos no verão, atingindo velocidade de 50 a 60 nós em certas regiões do globo terrestre,
como por exemplo, no Pacífico Central.
É aquele fluxo de ar que circunda o globo terrestre, como se fosse um anel ao longo do
equador, oscilando de 4ºS a 6ºN, com posição média anual de 2ºN. Flui velozmente de W para E,
acima de 60.000 pés, com velocidade superior a 100 kt, às vezes. Foi observada pela primeira vez
na África Central e ela desempenha, em altitude, o mesmo papel da CIT à superfície.
São aqueles que ocorrem acima da tropopausa, fluindo de leste para oeste. Apresentam ve-
locidades superiores a 100 nós em certas ocasiões e são mais definidos e mais velozes no verão.
Cobrem as latitudes tropicais, de 15ºN a 15ºS e chegam, às vezes, a atingir cerca de 130.000 pés.
É um dos fenômenos mais importantes da circulação geral da atmosfera. Foi descoberta pelo
finlandês Erik Palmem, sendo o nome Jet Stream dado pelo sueco Rossby. As primeiras observações
do fenômeno foram feitas sobre o Oceano Pacífico, durante a 2º Guerra Mundial, pelos americanos.
A OMM define o fenômeno como sendo uma forte e estreita corrente concentrada ao longo de um
eixo quase horizontal na alta troposfera, caracterizada por turbulências nas bordas do jato.
Surgem como ventos fortes geralmente de oeste, em altitudes elevadas (7 a15 km acima da
superfície) em médias latitudes, devido à grande diferença de temperatura entre os trópicos e os
polos, principalmente no inverno. Na verdade, existem várias teorias que tentam explicar o seu apa-
recimento. A mais conhecida delas atribui o surgimento das correntes de jato ao gradiente de tem-
peratura entre massas de ar. Aceita-se a existência de quatro cilindros de correntes de jato em torno
da Terra: a corrente de jato polar, associada às frentes polares à superfície; a corrente de jato sub-
tropical, que surge associada à quebra da tropopausa nas latitudes temperadas, próxima ao nível de
200hpa; o jato equatorial, que flui de leste entre 20ºN e 15ºS, próximo ao nível de 100hPa e o jato
ártico, localizado na estratosfera nas latitudes de 70º.
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3.2.4.1.3.7 - As Ondas Planetárias
3.2.4.1.4.1 - Ciclone
Como já visto anteriormente, trata-se de uma área de baixas pressões, cuja circulação do ar
é convergente, apresentando um fluxo de ventos no sentido anti-horário no hemisfério norte e horá-
rio no hemisfério sul. Sua presença local é, quase sempre, indício de mau tempo.
77
3.2.4.1.4.2 - Anticiclone
Como já visto anteriormente, trata-se de uma área de altas pressões, cuja circulação do ar é
divergente, apresentando um fluxo de ventos no sentido horário no hemisfério norte e anti-horário
no hemisfério sul. Sua presença local é, quase sempre, indício de tempo bom.
3.2.4.1.4.3 - Brisas
São circulações locais que ocorrem sobre regiões litorâneas, tendo por causa fundamental a
diferença de pressão atmosférica entre o litoral e o mar e vice-versa, resultante do diferente aqueci-
mento solar. Pode ser marítima ou terrestre.
Brisa marítima
Durante o dia, o ar em contato com o litoral torna-se mais aquecido e menos denso e conse-
quentemente com pressão menor; já o ar em contato com a água torna-se mais frio e mais denso e
consequentemente com pressão maior. Em função do gradiente de pressão, o ar passa a circular do
mar para a terra, caracterizando a chamada Brisa Marítima. Ela tem origem em torno de 20 a 40 Km
mar a dentro e penetra na terra em torno de 20 a 60 km. Sua velocidade raramente excede a 10 KT,
mas às vezes pode chegar a 20 nós. É mais intensa na primavera e no verão, no período da tarde,
entre 1400 e 1600 horas (horário local). Acarreta um aumento da umidade relativa e uma redução
na temperatura do ar, de 5º a 6ºC, principalmente à beira-mar. Devido à pequena extensão percor-
rida, ela atua quase que exclusivamente em função da força do Gradiente de Pressão, não havendo
um efeito apreciável da força de Coriolis e desse modo é considerada como um vento de natureza
barostrófica. Às margens dos grandes lagos, costuma ocorrer fenômeno semelhante denominado de
Brisa Lacustre, que penetra em torno de 6 a 8 km terra a dentro.
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Brisa terrestre
Durante a noite, o ar em contato com a água torna-se mais aquecido e menos denso e conse-
quentemente com pressão menor; já o ar em contato com o litoral torna-se mais frio e mais denso e
consequentemente com pressão maior. Em função do gradiente de pressão, o ar passa a circular da
terra para o mar, caracterizando a chamada brisa terrestre. Ela tem origem em torno de 10 a 20Km
terra adentro e penetra mar adentro, numa profundidade equivalente. É sempre mais fraca do que a
brisa marítima, sendo sua velocidade pequena. Apresenta maior intensidade no outono e no inverno.
Devido à pequena extensão percorrida é também um vento de natureza barostrófica.
As regiões montanhosas, com suas elevações e seus vales profundos, costumam apresentar
circulações típicas do ar, denominadas, respectivamente, de vento de vale e vento de montanha,
como veremos a seguir.
Vento de vale
Durante o dia, o aquecimento do fundo do vale e de suas encostas provoca também o aque-
cimento do ar em contato com os mesmos. Este, então, torna-se menos denso e começa a fluir ao
longo das encostas, através de fluxos ascendentes. No centro do vale, uma mesma proporção de ar
afunda, formando fluxos descendentes. O conjunto de ascendentes e descendentes passa compor
uma circulação local, denominada de vento de vale. Em regiões montanhosas muito elevadas, este
tipo de vento, no verão, costuma formar nuvens cumuliformes, com possíveis pancadas de chuva.
Vento de montanha
Durante a noite, o resfriamento da montanha e de suas encostas provoca também o resfria-
mento do ar em contato com as mesmas. Este, então, torna-se mais denso e começa a fluir ao longo
das encostas, através de fluxos descendentes. No centro do vale, uma mesma proporção de ar eleva-
se por convergência dinâmica, formando fluxos ascendentes. O conjunto de descendentes e ascen-
dentes passa a compor uma circulação local, denominada de vento de montanha.
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Figura 56 – Vento de Vale e de Montanha
Vento Anabático
Quando uma encosta alongada é aquecida durante o dia pela radiação solar, o ar em contato
com ela também se aquece, tornando-se menos denso e passa a elevar-se ao longo da mesma, ca-
racterizando o chamado vento Anabático.
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Vento Catabático
Quando uma encosta alongada é resfriada durante a noite pela radiação terrestre, o ar em
contato com ela também se resfria, tornando-se mais denso e passa a descer ao longo da mesma,
caracterizando o chamado vento Catabático, também denominado de vento de gravidade. Em regi-
ões cobertas de neve pode ocorrer vento Catabático durante o dia, mas ele será de maior intensidade
e mais frequente à noite.
81
Figura 60 – Vento Fohen e nuvens associadas
3.2.4.1.4.7 – Monções
As monções são um fenômeno típico da região sul e sudeste da Ásia, onde o clima é condi-
cionado por massas de ar que ora viajam do interior do continente para a costa, monção continental,
ora da costa para o continente, monção marítima.
Devido às diferenças de temperatura e pressão das massas de ar sobre o continente e o mar
o clima de países como a Índia e o Paquistão é inteiramente afetado pelo regime das monções.
Durante o verão, que vai de junho a agosto, o calor aquece rapidamente o continente que
absorve calor bem mais rápido do que o oceano (a terra pode chegar a 45ºC). Com o aquecimento,
as massas de ar sobre o continente também ficam mais quentes e sobem dando lugar a uma rajada
de ventos vindos do oceano Índico, que, como toda massa de ar que se forma sobre os oceanos, vem
carregada de umidade. Essa umidade é despejada (praticamente toda a taxa de precipitação anual)
sobre o continente em chuvas torrenciais que podem durar dias. Esse é o período das monções ma-
rítimas que todo ano causam enchentes nessas regiões.
Após essa fase úmida, no inverno, ocorre o inverso, as massas de ar do continente esfriam
mais que as massas oceânicas e é a vez dos ventos vindos das cordilheiras do Himalaia, descerem
rapidamente em direção ao Índico, empurrando as massas úmidas do oceano para longe e ocasio-
nando um longo período de estiagem que chega a ceifar centenas de vidas. Essas são as monções
continentais que acabam influenciando também o clima do oceano.
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Figura 61 – Monções
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BIBLIOGRAFIA
• ANTAS, Luiz Mendes. Glossário de termos técnicos. São Paulo: Traço, 1979.
• VIANELLO, Rubens; ALVES, Adil Rainier. Meteorologia básica e aplicações. Viçosa: UFV,
1991.
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