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MAÍRA CARLA ALCÂNTARA CAMPOS

ESTUDO DE VALIDAÇÃO DO CLINICAL OUTCOME ROUTINE EVALUATION-


OUTCOME MEASURE (CORE-OM) EM PACIENTES DE UMA CLÍNICA-ESCOLA
DO DISTRITO FEDERAL

Monografia apresentada ao curso de graduação em


Psicologia da Universidade Católica de Brasília, como
requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em
Psicologia.
Orientadora: Cláudia Cristina Fukuda

BRASÍLIA
2014
Monografia de autoria de Maíra Carla Alcântara Campos intitulada de “ESTUDO DE
VALIDAÇÃO DO CLINICAL OUTCOME ROUTINE EVALUATION-OUTCOME
MEASURE (CORE-OM) EM PACIENTES DE UMA CLÍNICA-ESCOLA DO DISTRITO
FEDERAL”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em
Psicologia da Universidade Católica de Brasília, em _____________, defendida e aprovada
pela banca examinadora abaixo assinada:

__________________________________________
Prof. Doutora Cláudia Cristina Fukuda.
Orientador
Curso de Psicologia – UCB

__________________________________________
Prof. Dra. Marília Marque da Silva
Psicóloga Colaboradora de pesquisa de Pós-graduação de Psicologia – UCB

Brasília
2014
DEDICATÓRIA

Dedico primeiramente a Deus pela perseverança, aos meus pais


Elzira e Hércules e aos meus padrinhos Ercília e Gonçalo que
estiveram е estão próximos a mim, fazendo a vida valer cada vez
mais а pena.
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por fortalecer minha fé naqueles momentos mais difíceis, e pela força e
perseverança de nunca desistir.
A minha orientadora Cláudia Cristina Fukuda por me apoiar a construir um trabalho bem feito
e de qualidade e ainda por conceder a oportunidade de ser sua orientanda em meio a tantos
outros trabalhos que exerce diariamente.
Aos meus professores de pesquisa, Cida Penso, Eveline, Alexandre Galvão e Marília por me
despertarem o desejo de continuar o caminho acadêmico após a universidade, e ainda pelo
apoio e contribuição para a minha formação.
À minha mãe Elzira pelo apoio e carinho comigo em todos os momentos, ao meu pai Hércules
pelo exemplo de disciplina e conselhos para eu conseguir o melhor desempenho do trabalho,
muito obrigada pela atenção, sempre amarei os dois.
Aos meus padrinhos, minha eterna madrinha Ercília, por sonhar tanto e desejar sucesso para
minha formação, te amo acima de tudo, meu padrinho Gonçalo por ser uma das primeiras
pessoas a me incentivar nos estudos e querer o melhor de mim, te amo.
Ao meu melhor amigo Ygor Amário, pelas risadas, compreensão e ajuda durante toda minha
trajetória acadêmica, e principalmente por ser um amigo verdadeiro.
Aos amigos de curso, em especial a Karen Ferreira pela grande ajuda, compreensão e palavras
de motivação no desenvolvimento do trabalho, obrigada por tudo.
A todos os estagiários da pesquisa, em especial Paulo Henrique, aos que formaram e os
formandos. Felicidade para todos.
Muito obrigada a todas e todos!
RESUMO

O presente estudo teve como objetivo obter evidências de validade de construto por Análise
Fatorial Exploratória do instrumento Clinical Outcome Routine Evaluation (CORE-OM), em
uma clínica-escola do Distrito Federal. O CORE-OM foi desenvolvido no Reino Unido para
avaliação de psicoterapia e visa medir bem-estar subjetivo, queixas/sintomas, vida funcional e
social e comportamento. O instrumento foi aplicado em uma amostra de 152 pacientes do
sexo feminino (54,6%) e sexo masculino (45,6%), com escolaridade do ensino fundamental
incompleto (11,8%), ensino fundamental completo (24,3%), ensino médio incompleto
(16,4%), ensino médio completo (21,7%) e ensino superior incompleto (8,6%) e ensino
superior completo (5,9%) de uma clínica-escola, a Análise Fatorial Exploratória resultou em
uma estrutura composta por três fatores, com consistência interna de 0,79, 0,83 e 0,94. Essa
análise demonstrou que o instrumento obtém índices adequados de confiabilidade e uma boa
qualidade psicométrica, o estudo original do CORE-OM na Inglaterra apresentou a mesma
estrutura diferenciando apenas no posicionamento de alguns itens. Portanto, concluiu que os
resultados fornecem evidências de validade satisfatórias na amostra pesquisada.
Palavras-chave: Instrumentos; Validade; CORE-OM.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.............................................................................................................7
REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 9
1. Avaliação de psicoterapia .................................................................................... 9
1.2 Medidas de Processo ........................................................................................ 9
1.2 CORE-OM ....................................................................................................... 11
1.3 Propriedades psicométricas do CORE-OM ..................................................... 12
2. MÉTODO................................................................................................................. 13
2.1 Participantes .................................................................................................... 13
2.2 Instrumento ...................................................................................................... 14
2.3 Procedimentos ................................................................................................. 14
2.4 Análise de dados ............................................................................................. 15
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................... 15
Fator 1 :Queixas e Problemas............................................................................ 20
Fator 2: Bem-estar ............................................................................................. 20
Fator 3: Comportamentos de Risco ................................................................... 21
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................23
APÊNDICE .................................................................................................................. 26
PESQUISA: VALIDAÇÃO DE UM PROCEDIMENTO DE AVALIAÇÃO DE
INTERVENÇÕES PSICOTERAPÊUTICAS E PSICOSSOCIAIS (VAIPP) .................. 26
ANEXO ........................................................................................................................ 28
7

INTRODUÇÃO

A avaliação de psicoterapia consiste numa análise baseada em evidências, que pode


ocorrer pela avaliação de processos ou resultados. A primeira busca compreender como se
dá a mudança ao longo do tratamento, enquanto a segunda, a eficácia ou efetividade da
psicoterapia. A análise da eficácia ou efetividade de psicoterapias considera os resultados
obtidos, isto é, a partir dos resultados é possível verificar a qualidade e valor clínico do
tratamento (PEUKER, 2009). Este estudo trata da análise de eficácia de psicoterapias e
atendimentos psicossociais.
Segundo Peuker (2009), os estudos de eficácia têm como finalidade avaliar o
procedimento psicoterápico a partir de uma relação causal entre o tratamento e a resposta.
Os estudos de efetividade buscam os resultados do tratamento para constatar a sua
significância clínica, focando na validade externa e a validade interna. As questões em torno
da pesquisa em avaliação de psicoterapia envolvem a ampliação de estudos baseados em
evidências objetivas.
Os resultados de pesquisas pautadas em evidência de eficiência e eficácia de
psicoterapias promovem um feedback para o psicólogo, possibilitando uma análise do seu
trabalho, além de contribuir para a busca de novas estratégias de intervenção e a verificação
da sua efetividade ou eficácia. Deve-se levar em consideração também que o resultado da
avaliação da eficácia/efetividade pode possibilitar ao terapeuta identificar o tratamento mais
adequado para o paciente. A aproximação da prática clínica com a avaliação de psicoterapia
amplia a visão clínica do terapeuta para aprimorar a técnica psicoterápica, isso vale tanto
para estudantes em formação quanto para psicólogos.
Por essas questões, estudos sobre avaliação de eficácia e eficiência de psicoterapias
almejam assegurar a qualificação da prática psicoterápica na psicologia e seu reflexo nos
programas de prevenção de adoecimento mental e políticas públicas em saúde mental. Como
aponta Serralta (2007) à pesquisa em psicoterapia é um campo em fase de desenvolvimento
no Brasil. Não há estudos sistemáticos do processo terapêutico e também há poucos
instrumentos de medida disponíveis para os pesquisadores que se interessam pelo tema.
Atualmente profissionais avaliam sua intervenção a partir de instrumentos
designados por eles próprios, contudo esse método não abrange as informações necessárias
para a clínica. Visando contribuir para uma avaliação mais objetiva e fidedigna do processo
psicoterapêutico uma equipe multidisciplinar envolvendo, psiquiatras, psicoterapeutas,
psicólogos clínicos e conselheiros desenvolveram uma bateria de instrumentos denominada
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Clinical Outcome Routine Evaluation (CORE-OM) (SALES, et al., 2012). O


objetivo deste estudo é verificar evidências de validade de construto de um dos
testes do sistema CORE, o Clinical Outcome Routine Evaluation-Outcome
Measure (CORE-OM), em uma amostra de pacientes de uma clínica-escola do
Distrito Federal. Este trabalho é um recorte da pesquisa “Validação de um
procedimento de avaliação de intervenções psicoterapêuticas e psicossociais”, e
irá utilizar o CORE-OM na versão adaptada para o Brasil.
Originalmente o CORE-OM buscou avaliar o bem-estar subjetivo, queixas/sintomas,
vida funcional e social e comportamento de risco/perigo, porém após a análise fatorial,
obteve-se três fatores, queixas e sintomas, comportamentos de risco e bem-estar.
A precisão ou fidedignidade refere-se à exatidão que a mensuração é feita. Para
Pasquali (2009) a precisão de um teste diz respeito a uma característica que ele deve possuir
a de medir sem erros. Enquanto que a validade diz respeito ao aspecto da medida ser
congruente, isto é, ser equivalente com a propriedade medida dos objetos (PASQUALI,
2009). A validade de construto é considerada como a análise mais importante de validade
dos instrumentos, porque compõem um método direto de verificação da legitimidade da
representação comportamental dos traços latentes (PASQUALI, 2009).

O uso de instrumentos serve para avaliação de resultados e ainda como detector de


fatores de bom prognóstico, além disso, em psicoterapia, a principal função das escalas
localiza-se na pesquisa clínica de duas formas: a detecção de fatores preditivos de bom
prognóstico e a avaliação dos resultados obtidos após o término do tratamento. Essas duas
vertentes têm como objetivo maior a objetivação de critérios de seleção para as diversas
formas de psicoterapia (SHOUERI, 1999). Os instrumentos e avaliação de resultados
caracterizam-se como medidas que necessitam de estudos que demonstrem evidências de
validade e precisão, por isso este trabalho enfoca num instrumento de resultado o CORE-
OM.
9

REFERENCIAL TEÓRICO

1. Avaliação de psicoterapia
Atualmente na literatura científica é possível encontrar dois tipos de instrumentos para
avaliação de psicoterapias, os que avaliam o processo (efetividade) e os de resultado (eficácia).
Nas medidas de processo, as informações recolhidas na psicoterapia são feitas de duas formas a
partir do relato do cliente e na relação do cliente e terapeuta e nas medidas de resultado a
avaliação geralmente é feita pós-sessão e está direcionada para o valor clínico do tratamento
(ELLIOTT, 2010). Atualmente existem instrumentos qualitativos e quantitativos para avaliação
do processo e resultado de psicoterapias.
A seguir estão descritos instrumentos de resultados qualitativos e quantitativos propostos
por Elliot para avaliação de psicoterapia. As medidas de processo são caracterizadas por
avaliarem o procedimento da terapia, ou seja, que avaliam as mudanças de comportamento no
decorrer da terapia. Dentre os instrumentos de avaliação do processo psicoterapêutico destacam-
se o HAT, BSR, RSRS, TESF, desenvolvidos por Elliot (2008).

1.2 Medidas de Processo


Helpful Aspects of Therapy (HAT) é um instrumento qualitativo composto por sete
questões, foi desenvolvido por Elliott e avalia os eventos mais importantes e úteis da sessão,
onde o cliente descreve com suas próprias palavras sua avaliação do processo psicoterápico
(ELLIOT, 1994). Normalmente, o instrumento é respondido imediatamente após a sessão, pois
para a coleta de dados é preciso notificar os eventos recentes da última sessão. O instrumento é
comumente utilizado nas clínicas de psicoterapia, uma vez que caracteriza-se por ser um método
simples e eficiente para coleta de dados da percepção do cliente.
Brief Structured Recall (BSR) é um instrumento qualitativo similar ao HAT também criado
por Elliot (1988), consiste na identificação dos eventos mais significativos da sessão para o
terapeuta e o cliente, por meio de um formulário de recordação assistido por fita. Os eventos da
sessão são gravados em fita e posteriormente apresentado para o cliente recordar a sessão. O
objetivo do BSR é analisar a experiência do cliente na sessão com a observação dos dados
gravados em fita.
Revised Session Reaction Scale (RSRS) é uma escala breve de auto-relato que mede as
reações e experiências vividas pelos clientes na sessão de terapia. O questionário foi
desenvolvido por Elliott e Werlex (1994) para identificar de maneira quantitativa os efeitos da
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terapia na visão do cliente. O instrumento é composto de três sub-escalas (reações de


Tarefa, reações de relacionamento e reações difíceis) totalizando vinte e três itens
(REEKER, 1996).
The Therapist Experiential Session Form (TESF) é uma escala de auto-relato para o
psicoterapeuta. Foi desenvolvido por Elliott com o objetivo de avaliar a visão do terapeuta
sobre a sua abordagem de terapia e o Processo-Experiencial (PE), contém sessenta e seis
itens e sete sub-escalas, além disso, o instrumento promove a aderência para os princípios
fundamentais da psicoterapia (ELLIOTT, 2009). Outros autores, como Sasche (1983)
também desenvolveram instrumentos para avaliação do resultado da psicoterapia, dentre
eles estão o Post Focusing Questionnaire, Post Focusing Checklist, Focusing-Oriented
Session Report (FSR) e Therapist Ratings of Client Process (TRCFA).
As medidas de resultado são caraterizadas por avaliarem a eficácia e efetividade do
tratamento, ou seja, analisam as mudanças de comportamento no final da terapia. Dentre as
medidas de resultado desenvolvidos por Elliot (2008) destacam-se o PQ e o Change
Interview e as desenvolvidas por Gendlin (1969), como o Experiencing Scale.
Change Interview é uma entrevista qualitativa pós-sessão que avalia como o cliente
compreende a sua mudança na terapia, e ainda fornece auto-avaliação e espaço para
percepção sobre o tratamento. O instrumento foi desenvolvido por Elliott, possui dez
questões e pode ser aplicado imediatamente após a sessão ou a partir da penúltima sessão
da terapia.
Simplified Personal Questionnaire (PQ) é um questionário qualitativo desenvolvido
por Shapiro e Elliot, é realizado na triagem psicoterápica composto por questões que o
cliente gostaria de trabalhar na terapia, as queixas são descritas em cartões que
posteriormente serão organizados em um questionário padrão.
Experiencing Scale foi desenvolvido através de um trabalho teórico de Gendlin
(1969) é um instrumento qualitativo, contém sete sub-escalas denominadas de estágios
para identificação da qualidade experiencial que o cliente obteve na terapia, a partir da fala
e escrita. Além do cliente de psicoterapia, pesquisas utilizam dados de não clientes para
avaliar suas condições em outros contextos (KLEIN, 1969).
O Post Focusing Questionnaire e Post Focusing Checklist são dois instrumentos
qualitativos criados por Sasche (1983), para avaliar o foco do cliente na terapia, o primeiro
é um questionário breve contendo sete itens e o segundo uma lista de verificação da
experiência de foco na sessão.
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O Focusing-Oriented Session Report (FSR) e Therapist Ratings of Client Process


(TRCFA), foram desenvolvidos também por Sasche (1983), são questionários quantitativos
pós-sessão que avaliam o foco do cliente e do terapeuta em atividades relacionadas à
psicoterapia, possuem três sub-escalas e devem ser preenchidos logo após a sessão, o
primeiro (FSR) direcionado ao cliente e o segundo (TRCFA) direcionado ao terapeuta.
Nas pesquisas de avaliação de processo e resultado de psicoterapia têm aparecido
questões metodológicas que precisam ser resolvidas, como a falta de preparação na
aplicação do instrumento, o procedimento de coleta de dados que muitas vezes não se
adequa ao procedimento ao contexto clínico, por essas razões a pesquisa em psicoterapia
tem sido questionada quanto sua adequação da pesquisa na prática clínica. Para Peuker
(2009) há ocasiões nas quais os dados que são coletados não fornecem opções para
solucionar problemas característicos da psicoterapia, inclusive das questões citadas pelo
cliente. Por isso, a importância de tornar a avaliação de psicoterapia padronizada e como
rotina da clínica.

1.2 CORE-OM
O sistema CORE surgiu a partir de uma pesquisa sobre aceitabilidade e opiniões de
pesquisadores e clínicos para avaliação da sua prática psicoterápica. Liderado pelo
professor Michael Barkam, um grupo multicêntrico desenvolveu uma medida de resultado
(OM) e os resultados clínicos em avaliação de rotina (CORE).
Após a construção do sistema CORE, pesquisadores, lançaram em 1998 o Clinical
Outcome in Routine Evaluation-Outcome Measure (CORE-OM), que utiliza medidas para
fornecer feedback aos profissionais, equipes e organizações que utilizam diferentes modos
de terapia (MELLOR-CLARK, 2007). Com os dados recolhidos criaram três instrumentos
de medida de resultado, um direcionado ao cliente Clinical Outcome Measure (CORE-
OM), e dois para o psicoterapeuta o Therapy Assessment Form que avalia o perfil do
cliente ao longo da terapia e o End Theraphy Form que igualmente avalia o perfil durante a
terapia, mas também fora da terapia. Esses questionários têm como objetivo identificar as
características do cliente a partir da apresentação de problemas e o relato propriamente dito
(MELLOR-CLARK, 2007).
Além do CORE-OM o sistema CORE desenvolveu outras versões de avaliação de
resultado que abarcassem diferentes demandas, como populações com dificuldades de
aprendizagem, adolescentes e crianças, triagem e outras versões reduzidas que serão
descritas a seguir.
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O General Population- O Clinical Outcome Routine Evaluation (GP-CORE)


que foi desenvolvido para a população em geral, possui 14 itens que não inclui
aqueles sobre sofrimento e risco. Da mesma forma o Clinical Outcome Routine
Evaluation-No Risk (CORE-NR) com 28 itens, não inclui os itens de risco, mas é
direcionado ao cliente de psicoterapia. (SALES et al., 2011).
As versões para diferentes populações são o Clinical Outcome Routina Evaluation-
Learning Disabilities (CORE-LD) com 34 itens para pessoas com dificuldades de
aprendizagem e o Young Persons-Clinical Outcome Routine Evaluation (YP-CORE) para
crianças e adolescentes, possui 10 itens (SALES et al, 2011). Estão sendo desenvolvidas
pesquisas para a tradução do CORE-OM na língua de sinais britânica (BLS). (ROGERS,
2013).
Nas versões reduzidas encontram-se o Clinical Outcome Routine Evaluation-Short
(CORE-SF) composto por um modelo A e B de 18 itens do CORE-OM (EVANS, 2012). E o
CORE-10 E CORE-5 para triagem e revisão clínica, contendo 10 itens e 5 itens
respectivamente. (MELLOR-CLARK, 2007).
Atualmente existe uma equipe que fornece informações, pesquisas e dados sobre o
CORE-OM, o grupo CORE-IMS. Em 2005 este grupo criou um sistema online (CORE-Net)
para disponibilizar instrumentos e ainda fornecer uma alternativa online para clientes e
terapeutas responderem os instrumentos que são o CORE-OM, CORE-5 e CORE-10
(SALES, 2011). Nesse mesmo sistema encontra-se disponível o CORE-OM em outras
línguas: Inglês, português, alemão, italiano, norueguês, eslovaco, italiano, islandês, albanês,
grego, holandês, gujarati, galês, kannada, espanhol, sami e francês (SALES et al., 2011).

1.3 Propriedades psicométricas do CORE-OM


No estudo original de Evans et al., (2002), para análise das propriedades psicométricas
do CORE-OM e a utilização para a população, teve como objetivo responder a pergunta, “O
CORE-OM é válido, confiável e sensível à mudança?”, logo o estudo utilizou uma amostra
clínica de 890 pessoas e uma amostra não clínica de 1.106 pessoas, as duas amostras eram
compostas por universitários britânicos de graduação e pós-graduação e o restante pessoas
da população em geral. Para verificação da aceitabilidade do CORE-OM, foi analisado
quantas pessoas responderam totalmente o instrumento, no total 91% da amostra não clínica
e 80% da amostra clínica (EVANS et al., 2002). A consistência interna, foi feita pelo Alfa
de Crombach, nas duas amostras e variaram de 0,75 a 0,95, um resultado satisfatório. Nas
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correlações de teste-reteste o fator (Comportamentos de Risco) foi o que teve menor resultado,
0,64, enquanto que nos outros fatores a estabilidade variou de 0,87 a 0,91. O estudo também
mostrou que houve diferenças significativas das amostras clínicas e não clínicas, além disso,
diferenças de etnia, gênero e idade foram incluídas, demonstrando que as pessoas que não tinham
o inglês como língua materna omitiram 2,5% a mais de itens. Na correlação entre fatores, o fator
comportamentos de risco obteve baixa correlação com os demais fatores, menos na amostra não
clínica do que a clínica, enquanto os restantes dos fatores mostraram correlação entre si (EVANS
et al., 2002). Por fim, o autor concluiu que o CORE-OM responde positivamente a pergunta, o
CORE-OM é válido, confiável e sensível à mudança e ainda possui boa confiabilidade para
aplicação em amostras clínicas e não clínicas.
Na versão portuguesa do CORE-OM Sales et al., (2011) foi utilizada uma amostra de 111
participantes, 77% do sexo feminino e 34% do masculino. Para verificar as propriedades
psicométricas dessa versão, foi realizado o processo de tradução e adaptação do instrumento para a
língua portuguesa de acordo com as normas do próprio instrumento e a análise de consistência
interna. O fator comportamentos de risco foi o que obteve menor resultado, 0,46, entretanto o
restante obteve níveis de consistência interna superiores a 0,80 sendo adequado em relação aos
dados da versão original que foram de 0,92 a 0,94.
Um estudo para verificação de validade da versão italiana do CORE-OM com uma amostra
não clínica de 263 participantes, universitários e funcionários administrativos, e uma amostra
clínica de 647 pacientes ambulatoriais de 17 clínicas italianas, a consistência interna foi de 0,70
para amostra não clínica e 0,90 para amostra clínica. (PALMIERI et al., 2009).
A partir dos resultados das pesquisas descritas considera-se que o instrumento detém uma
adequação relevante para clínica, tanto na versão original inglesa, bem como nas adaptações das
versões não inglesas. Considerando a relevância do instrumento e sua estabilidade em culturas
diferentes, considera-se útil pesquisas de validação do CORE-OM para a população brasileira.
Por ser um instrumento novo, há uma necessidade de mais pesquisas de validação em outras
línguas, pois foi percebido que as propriedades psicométricas possuem diferenças relevantes
comparadas com a versão original.

2. MÉTODO

2.1 Participantes
Participaram da pesquisa 152 adultos e adolescentes (Tabela 1), de ambos os sexos, dos
serviços de atendimento psicoterápico e psicossocial de uma clínica escola e de um instituto de
formação de psicoterapeutas. A maioria dos pacientes foi do gênero feminino (54,6%), e o restante
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do gênero masculino (45,6%). A escolaridade mínima foi do Ensino Superior Completo (5,9%)
e a máxima foi do Ensino Fundamental Completo (24,3%), e 17 casos não informaram a
escolaridade.

Tabela 1: Caracterização de participantes por sexo e escolaridade


Sexo Participantes
Feminino 83 (54,6%)
Masculino 69 (45,6%)
Escolaridade
Ensino Fundamental Incompleto 18 (11,8%)
Ensino Fundamental Completo 37 (24,3%)
Ensino Médio Incompleto 25 (16,4%)
Ensino Médio Completo 33 (21,7%)
Ensino Superior Incompleto 13 (8,6%)
Ensino Superior Completo 9 (5,9%)
Ausente 17 (11,2%)
Total 152

2.2 Instrumento
O instrumento utilizado foi o Clinical Outcomes in Routine Evaluation-Outcome
Measure (CORE-OM) na sua versão adaptada para o Brasil, composto por 34 itens sobre,
Bem-estar subjetivo (4 itens), Queixas e sintomas (12 itens), Funcionamento social e pessoal
(12 itens) e Comportamentos de risco (6 itens).
O instrumento passou por uma adaptação para o português brasileiro, seguindo as
etapas de tradução, avaliação da equivalência semântica, elaboração de síntese, pré-teste na
população e compilação dos dados e retrotradução (SANTANA et al., 2014), esses
procedimentos foram autorizados pelos autores do instrumento original.

2.3 Procedimentos
Esse trabalho é um recorte da pesquisa “Validação de um procedimento de avaliação
de intervenções psicoterapêuticas e psicossociais”, de onde os dados foram retirados.
Um contato com a clínica escola e com o instituto foi feito, juntamente com a
apresentação do procedimento de avaliação de psicoterapias e atendimentos psicossociais e
aceitação para participação da pesquisa. Houve um contato preliminar com os supervisores
de estágio em psicologia clínica e psicossocial, individual e em grupos de adultos e
adolescentes. A pesquisa foi apresentada para os supervisores e estagiários, e feito o convite
de participação. Para aqueles que concordaram em participar, foi feito um treinamento para
convite aos seus pacientes. Ainda foi fornecido informações sobre o procedimento de
15

avaliação psicoterápica, salientando que a participação do paciente era voluntária e sigilosa e que
o paciente poderia desistir a qualquer momento. Cada estagiário que aceitou participar da pesquisa
aplicou o instrumento no início e no término do atendimento. A aplicação do instrumento ocorreu
no início da terapia a partir da segunda sessão e no final da terapia a partir da penúltima sessão.
Para aplicação, o instrumento foi disponibilizado junto, um Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE) (Anexo I) que foi assinado pelo paciente. As aplicações foram realizadas
individualmente. O estagiário preencheu o cabeçalho com as informações do paciente e o levou
para uma sala de aplicação para responder ao teste. A instrução do teste foi feita de maneira
padronizada de acordo com as instruções de aplicação para o estagiário (Apêndice). Ao final de
cada aplicação o teste foi devolvido numa caixa na sala de aplicação.

2.4 Análise de dados


Para esse estudo foram utilizados apenas os dados da primeira aplicação. Os dados foram
tabulados no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) for Windows 18.0 para
organização e análise estatística.
Para validação do instrumento foi utilizada estatísticas descritivas e inferenciais, análise
fatorial e exploratória e análise de consistência interna dos itens.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi realizada uma Análise Fatorial Exploratória para verificar a estrutura interna da
escala na amostra pesquisada. Na tabela 2 estão as médias e desvios padrão por itens da
escala.
Desvio
Itens por fatores do Core-OM Média N
padrão
Queixas e Problemas
02: Tenho me sentido tenso/a, ansioso/a ou nervoso/a 3,09 1,156 152
14: Tenho sentido vontade de chorar. 2,86 1,242 152
17: Tenho me sentido sobrecarregado/a por meus problemas 2,80 1,324 152
20: Tem sido impossível colocar meus problemas de lado. 2,79 1,310 152
08: Tenho sido incomadado/a por dores, sofrimentos ou outros problemas
2,78 1,409 152
físicos
11: Tensão e ansiedade têm impossibilitado que eu faça coisas importantes 2,63 1,399 152
18: Tenho tido dificuldade para dormir ou manter o sono 2,50 1,442 152
30: Tenho me sentido envergonhado/a por meus problemas e dificuldades. 2,39 1,372 152
13: Tenho sido perturbado/a por pensamentos e sentimentos indesejados 2,35 1,343 152
05: Tenho me sentido totalmente sem energia e entusiasmo 2,34 1,303 152
26: Tenho pensado que não tenho amigos. 2,27 1,347 152
27: Tenho me sentido infeliz. 2,20 1,416 152
29: Tenho ficado irritado/a quando estou com outras pessoas. 2,16 1,045 152
16

01: Tenho me sentido terrivelmente sozinho/a e isolado/a. 2,12 1,239 152


10: Falar com as outras pessoas tem sido muito difícil para mim. 2,11 1,305 152
23: Tenho me sentido desesperado/a ou sem esperança 2,01 1,299 152
15: Tenho sentido pânico ou terror. 1,78 1,121 152
Total 2,42 0,102
Bem-estar
19: Tenho sentido que cuido e sinto carinho por alguém 4,01 1,151 152
12: Tenho me sentido feliz com as coisas que tenho feito 3,63 1,222 152
04: Tenho me sentido bem comigo mesmo. 3,61 1,256 152
21: Sinto-me capaz de fazer a maioria das coisas que preciso 3,50 1,362 152
03: Tenho sentido que tenho alguém a quem procurar para me ajudar
3,39 1,348 152
quando necessário
32: Tenho conseguido as coisas que quero 3,30 1,196 152
31: Tenho me sentido otimista em relação ao meu futuro. 3,27 1,487 152
07: Tenho sentido que sou capaz de lidar com as coisas que dão errado 3,25 1,293 152
04: Tenho me sentido bem comigo mesmo. 3,61 1,256 152
07: Tenho sentido que sou capaz de lidar com as coisas que dão errado 3,25 1,293 152
24: Tenho pensado que estaria melhor se estivesse morto. 1,60 1,186 152
Total 3,28 0,095
Comportamentos de Risco
25: Tenho me sentido criticado/a por outras pessoas 2,63 1,195 152
33: Tenho me sentido humilhado/a ou envergonhado/a por outras pessoas. 2,11 1,267 152
28: Imagens e memórias indesejadas têm me incomodado. 2,10 1,326 152
34: Tenho me machucado fisicamente ou assumido riscos perigosos para
1,64 1,112 152
minha saúde.
06: Fui violento fisicamente com outras pessoas. 1,60 0,958 152
22: Tenho ameaçado ou intimidado outras pessoas 1,38 0,913 152
16: Fiz planos para acabar com minha vida 1,34 0,907 152
Total 1,82 0,173

Observou-se que o fator com maior média foi o fator Bem-estar (M=3,28; DP=0,095),
nesse fator o item que teve maior concordância em média foi o 19, Tenho sentido que cuido e
sinto carinho por alguém, (M=4,01; DP=1,151) e menor média no item 24, Tenho pensado
que estaria melhor se estivesse morto. (M=1,60; DP=1,186).

Em seguida o fator Queixas e Problemas (M=2,42; DP=0,102), o item com maior média
foi o 2, Tenho me sentido tenso/a, ansioso/a ou nervoso/a, (M=3,09; DP=1,156) e menor
média o item 15, Tenho sentido pânico ou terror, (M=1,78; DP=1,121). Em contrapartida o
fator com menor média foi o fator Comportamentos de risco, obteve maior média no item 25,
Tenho me sentido criticado/a por outras pessoas, (M=2,63; DP=1,195) e menor média no
item 16, Fiz planos para acabar com minha vida, (M=1,34; DP=0,097).
17

Tabela 2: Médias e desvios padrões por itens do Core-OM


Desvio
Itens por fatores do Core-OM Média N
padrão
Queixas e Problemas
02: Tenho me sentido tenso/a, ansioso/a ou nervoso/a 3,09 1,156 152
14: Tenho sentido vontade de chorar. 2,86 1,242 152
17: Tenho me sentido sobrecarregado/a por meus problemas 2,80 1,324 152
20: Tem sido impossível colocar meus problemas de lado. 2,79 1,310 152
08: Tenho sido incomadado/a por dores, sofrimentos ou outros problemas
2,78 1,409 152
físicos
11: Tensão e ansiedade têm impossibilitado que eu faça coisas importantes 2,63 1,399 152
18: Tenho tido dificuldade para dormir ou manter o sono 2,50 1,442 152
30: Tenho me sentido envergonhado/a por meus problemas e dificuldades. 2,39 1,372 152
13: Tenho sido perturbado/a por pensamentos e sentimentos indesejados 2,35 1,343 152
05: Tenho me sentido totalmente sem energia e entusiasmo 2,34 1,303 152
26: Tenho pensado que não tenho amigos. 2,27 1,347 152
27: Tenho me sentido infeliz. 2,20 1,416 152
29: Tenho ficado irritado/a quando estou com outras pessoas. 2,16 1,045 152
01: Tenho me sentido terrivelmente sozinho/a e isolado/a. 2,12 1,239 152
10: Falar com as outras pessoas tem sido muito difícil para mim. 2,11 1,305 152
23: Tenho me sentido desesperado/a ou sem esperança 2,01 1,299 152
15: Tenho sentido pânico ou terror. 1,78 1,121 152
Total 2,42 0,102
Bem-estar
19: Tenho sentido que cuido e sinto carinho por alguém 4,01 1,151 152
12: Tenho me sentido feliz com as coisas que tenho feito 3,63 1,222 152
04: Tenho me sentido bem comigo mesmo. 3,61 1,256 152
21: Sinto-me capaz de fazer a maioria das coisas que preciso 3,50 1,362 152
03: Tenho sentido que tenho alguém a quem procurar para me ajudar
3,39 1,348 152
quando necessário
32: Tenho conseguido as coisas que quero 3,30 1,196 152
31: Tenho me sentido otimista em relação ao meu futuro. 3,27 1,487 152
07: Tenho sentido que sou capaz de lidar com as coisas que dão errado 3,25 1,293 152
04: Tenho me sentido bem comigo mesmo. 3,61 1,256 152
07: Tenho sentido que sou capaz de lidar com as coisas que dão errado 3,25 1,293 152
24: Tenho pensado que estaria melhor se estivesse morto. 1,60 1,186 152
Total 3,28 0,095
Comportamentos de Risco
25: Tenho me sentido criticado/a por outras pessoas 2,63 1,195 152
33: Tenho me sentido humilhado/a ou envergonhado/a por outras pessoas. 2,11 1,267 152
28: Imagens e memórias indesejadas têm me incomodado. 2,10 1,326 152
34: Tenho me machucado fisicamente ou assumido riscos perigosos para
1,64 1,112 152
minha saúde.
06: Fui violento fisicamente com outras pessoas. 1,60 0,958 152
22: Tenho ameaçado ou intimidado outras pessoas 1,38 0,913 152
16: Fiz planos para acabar com minha vida 1,34 0,907 152
Total 1,82 0,173
18

Análise Fatorial Exploratória


Para extração dos fatores foi realizada inicialmente uma Análise Fatorial Exploratória
utilizando a Análise de Componentes Principais. Foi utilizado o critério de Kaiser-Meyer-
Olkin (KMO) e o Teste de esfericidade de Bartlett. No teste de KMO, o resultado foi de 0,83,
que de acordo com Damásio (2012) é um resultado bom e adequado para uma análise fatorial.
Enquanto que o resultado de Bartlett foi significativo, demonstrando fatorabilidade da escala.
Na tabela 3 encontram-se esses resultados.

Tabela 3. Teste de KMO de todos os itens


Medida Kaiser-Meyer-Olkin de adequação de amostragem. 0,827
Teste de esfericidade de Bartlett Aprox. Qui-quadrado 1746,641
df 561
Sig. 0,000

Para a determinação dos fatores foi feito a análise do Screeplot (Figura 1). Assim, com
uma amostra de 152 participantes, a análise fatorial deste estudo permitiu analisar três fatores
para explicar as variáreis observadas. Foi utilizada uma análise com o método de Principal
Axis Factoring (PAF) e rotação oblíquia (Direct Oblimim) com critério de três fatores.
Somente os itens com carga fatorial acima de 0,30 foram mantidos nos fatores.

Figura 1: Gráfico Scree Plot dos autovalores.


19

A estrutura fatorial obteve três fatores (Tabela 4), com o número total de 34 itens. Os
fatores foram distribuídos em: fator 1 Queixas e problemas, fator 2 Bem-estar e fator 3
Comportamentos de Risco. O estudo realizado por Evans (2002), também foi formado por
três fatores, porém com a ordem diferente, fator 1, queixas e problemas, fator 2
comportamentos de risco e fator 3 bem-estar.

A partir desses resultados foi feito a análise de consistência interna utilizando o


método do Lambda 2 de Guttman, pois é o mais adequado para amostras pequenas, obteve-se
o valor de 0,79 no fator 3, 0,83 no fator 2 e 0,94 no fator 1, para Pasquali (2012) os resultados
acima de 0,80 são satisfatórios para análise de consistência interna. No estudo de
Evans(2002), a consistência interna variou de 0,75 a 0,95, visto que o fator de
comportamentos de risco obteve o menor valor como neste estudo. A seguir serão descritos
detalhadamente os resultados de cada fator de acordo com a Tabela 4.

Tabela 4. Itens, carga fatorial, eigenvalue, variância explicada e Lâmbda de Guttman dos
fatores 1. Queixas e problemas, 2. Bem-estar e 3. Comportamentos de Risco.
N Item Fator

1 2 3
17. Tenho me sentido sobrecarregado/a por meus problemas ,756
18. Tenho tido dificuldade para dormir ou manter o sono ,684
30. Tenho me sentido envergonhado/a por meus problemas e dificuldades. ,682
20. Tem sido impossível colocar meus problemas de lado. ,681
14. Tenho sentido vontade de chorar ,671
2. Tenho me sentido tenso/a, ansioso/a ou nervoso/a ,655
8. Tenho sido incomadado/a por dores, sofrimentos ou outros problemas
,653
físicos
1. Tenho me sentido terrivelmente sozinho/a e isolado/a. ,645
5. Tenho me sentido totalmente sem energia e entusiasmo ,627
11. Tensão e ansiedade têm impossibilitado que eu faça coisas importantes ,603
13. Tenho sido perturbado/a por pensamentos e sentimentos indesejados ,511
27. Tenho me sentido infeliz. ,490
10. Falar com as outras pessoas tem sido muito difícil para mim. ,463
23. Tenho me sentido desesperado/a ou sem esperança ,452
15. Tenho sentido pânico ou terror. ,433
29. Tenho ficado irritado/a quando estou com outras pessoas. ,400
26. Tenho pensado que não tenho amigos. ,387
21. Sinto-me capaz de fazer a maioria das coisas que preciso ,725
32. Tenho conseguido as coisas que quero ,643
31. Tenho me sentido otimista em relação ao meu futuro ,608
12. Tenho me sentido feliz com as coisas que tenho feito ,582
4. Tenho me sentido bem comigo mesmo ,547
20

7. Tenho sentido que sou capaz de lidar com as coisas que dão errado ,486
24.Tenho pensado que estaria melhor se estivesse morto. -,439
3. Tenho sentido que tenho alguém a quem procurar para me ajudar
,353
quando necessário
19. Tenho sentido que cuido e sinto carinho por alguém ,342
9. Tenho pensado em fazer mal a mim mesmo/a. ,582
22. Tenho ameaçado ou intimidado outras pessoas ,549
33. Tenho me sentido humilhado/a ou envergonhado/a por outras
532
pessoas.
28. Imagens e memórias indesejadas têm me incomodado 523
25. Tenho me sentido criticado/a por outras pessoas ,394 492
16. Fiz planos para acabar com minha vida. ,491
34. Tenho me machucado fisicamente ou assumido riscos perigosos para
,442
minha saúde
6. Fui violento fisicamente com outras pessoas. ,330
% da variância explicada depois da rotação 24,1% 15,0% 12,0%
Eigenvalue 8,19 5,10 4,13
Lâmbda de Guttman 0,94 0,83 0,79
N de itens 17 9 8

Fator 1 :Queixas e Problemas

No fator Queixas e Problemas os 17 itens explicaram 24,1% da variância, o valor do


Lambda de Guttman foi de 0,94, enquanto que o valor do eigenvalue foi 8,19. O item com
maior valor de carga fatorial (0,756) foi o 17 “Tenho me sentido sobrecarregado/a por meus
problemas” e com menor valor (0,387) o item 26 “Tenho pensado que não tenho amigos”.

O item 1 “Tenho me sentido terrivelmente sozinho/a e isolado/a”, não carregou em


nenhum fator da amostra clínica no estudo de Evans et al., (2002), enquanto que no presente
estudo carregou no fator 1. O item 21 “Sinto-me capaz de fazer a maioria das coisas que
preciso” e 1 “Tenho me sentido terrivelmente sozinho/a e isolado/a.”, carregaram no fator de
comportamento de risco da amostra não clínica no estudo de Evans (et al, 2002). Em
contrapartida neste estudo o item 1 e carregou neste fator, enquanto que no estudo de Evans
(2002) no fator comportamentos de risco.

Fator 2: Bem-estar

No fator Bem-estar os 9 itens explicaram 15,0% da variância, o valor do Lambda de


Guttman foi de 0,83, enquanto que o eigenvalue foi de 5,10. O item com maior valor (0,725)
foi o 25 Sinto-me capaz de fazer a maioria das coisas que preciso e menor valor (0,342) o
21

item 19 Tenho sentido que cuido e sinto carinho por alguém. No estudo de Evans et al.,
(2002), o item 21 carregou no fator comportamentos de risco.

Fator 3: Comportamentos de Risco

No fator Comportamentos de Risco, 8 itens explicaram 12,0% da variância, o valor do


Lambda de Guttman foi de 0,79, enquanto que o valor do eigenvalue foi de 4,13. O item com
maior valor (0,582) foi o 9 Tenho pensado em fazer mal a mim mesmo/a e com menor valor
(0,330) o item 6 Fui violento fisicamente com outras pessoas.
22

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do estudo foi verificar as evidências de validade de construto do CORE-


OM. Portanto, foi aplicado a técnica do Lambda de Guttman 2 com os dados da amostra. De
acordo com a consistência interna (0,90), o instrumento possui evidências de fidedignidade
dos escores, ou seja, as variáveis são precisas e confiáveis para medir satisfatoriamente a
qualidade do tratamento psicológico na amostra pesquisada. De acordo com esses resultados,
o presente estudo é equiparável com o estudo original do CORE-OM e indica que o
instrumento é aplicável quando comparado à amostra clínica.

Ao longo da pesquisa foram detectados alguns obstáculos, como o tamanho da


amostra e falta de heterogeneidade o que dificulta na generalização dos dados. Além disso, o
estudo utilizou uma amostra somente de pacientes clínicos.

Assim, é importante salientar que sejam realizados mais estudos utilizando o CORE-
OM para avaliação de psicoterapia e para qualificação da prática clínica. Além disso, que a
amostra seja composta com mais participantes de diferentes lugares, e ainda que seja feita
uma Análise Fatorial Confirmatória.

Concluiu-se que os resultados alcançados no presente estudo tornou disponível um


instrumento de avaliação de psicoterapia em uma amostra clínica da população brasileira e
ainda evidenciou boa qualidade psicométrica. Assim, apresenta subsídios para a avaliação de
psicoterapia coerente com a realidade brasileira, e ainda contribui para outros estudos e
programas que visam aprimorar a qualidade do tratamento psicoterápico que utilizam
instrumentos de medida.
23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DAMÁSIO, B. F. Uso da Análise Fatorial Exploratória em Psicologia. Avaliação Psicológica, v.

11, n. 2, p. 213-228, 2012.

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25

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OM: tradução, adaptação e estudo preliminar das suas propriedades psicométricas. Revista de

Psiquiatria Clínica, v. 39, n. 2, p. 54-9, 2012.

SERRALTA, F. B., NUNES, M. L. T., EIZIRIK, C. L. Elaboração da versão em português do

psychotherapy process Q-Set. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, v. 29 n. 1, p. 44-

55, 2007.

SCHOUERI, P.C.L. Escalas de Avaliação em Psicoterapia. Revista de Psiquiatria Clínica, São

Paulo, v. 26, n. 2, 1999.


26

APÊNDICE

PESQUISA: VALIDAÇÃO DE UM PROCEDIMENTO DE AVALIAÇÃO DE


INTERVENÇÕES PSICOTERAPÊUTICAS E PSICOSSOCIAIS (VAIPP)

Roteiro para aplicação dos instrumentos


Estagiários e Supervisores

I – Ordem e quando aplicar os instrumentos:

2ºencontro com o paciente: CORE-OM e SAI-R


3º encontro com o paciente:HAT

II - Quando aplicar:

1- Imediatamente após os atendimentos, na sala D do CEFPA;


2- Iniciar com a aplicação do CORE-OM e SAI-R, preferencialmente, no segundo
encontro com o paciente.
3- No encontro seguinte aplicar o HAT
4- Ao final do atendimento, no antepenúltimo encontro, aplicar o CORE-OM e SAI-
R.
5- No penúltimo encontro aplicar o HAT.

III – Convidar todos os pacientes para participar da pesquisa


1. O convite deve ser feito preferencialmente no primeiro encontro, onde se faz o
contrato de atendimento;
2. Pegar duas cópias do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) da
pesquisa para cada paciente na Secretaria do CEFPA;
3. Ao final do atendimento, fazer o convite explicando os objetivos e a importância da
pesquisa (roteiro anexo);
4. Não vincular a participação na pesquisa ao atendimento;
5. Solicitar assinatura no TCLE (anexo).Entregar o TCLE, solicitar a leitura (ou ler com
eles em voz alta), perguntar se gostaria de fazer algum questionamento, responder aos
questionamentos feitos e solicitar a assinatura do termo. Entregar uma cópia do termo
para o participante. O TCLE assinado deve ser entregue na secretaria do CEFPA

IV – Procedimentos para aplicação dos instrumentos


1. Antes do atendimento, pegar na Secretaria do CEFPAo instrumento a ser aplicado no
dia e preencher o cabeçalho utilizando todas as iniciais do paciente;
2. Após o atendimento acompanhar o paciente à sala D;
3. Informar novamente o objetivo da atividade de pesquisa, enfatizando que as respostas
são sigilosas e que não será dado o resultado do teste visto que ele ainda está em
pesquisa;
4. Entregar o instrumento com o cabeçalho preenchido ao paciente;
5. Aguardar enquanto o paciente responde, sem olhar o que está sendo respondido;
27

6. Quando o paciente terminar solicitar que ele deposite o/os instrumento/os


respondido/os na caixa disponível para essa finalidade na sala;
7. Acompanhar o paciente à saída do CEFPA.

IV.1 - SAI- R e CORE-OM:


a. Preencher o cabeçalho antes de entregar ao paciente.
b. Ler junto com o participante ou solicitar que eles leiam as instruções ou, ainda,
ler para ele. Perguntar se compreenderam as instruções e se tem alguma
questão, esclarecer possíveis dúvidas e solicitar que respondam a escala.
c. Solicitar que o paciente coloque o instrumento respondido na caixa da
pesquisa;

IV.2 - HAT:
a. Para participantes alfabetizados pode-se solicitar que eles leiam e escrevam as
respostas e seguir o procedimento de esclarecimento de dúvidas e recolhimento
do instrumento do SAI-R e CORE-OM, a saber:
i. Preencher o cabeçalho antes de entregar ao paciente
ii. Ler junto com o participante ou solicitar que eles leiam as instruções
ou, ainda, ler para ele. Perguntar se compreenderam as instruções e sem
tem alguma questão, esclarecer possíveis dúvidas e solicitar que
respondam a escala.
iii. Solicitar que o paciente coloque o instrumento respondido na caixa da
pesquisa;

b. Para participantes com dificuldade de leitura e escrita solicitar que o


pesquisador faça a aplicação do teste, entrar em contato por e-mail com
Cláudia (fukuda@ucb.br)

III - Encerramento
1. Perguntar se o participante gostaria de comentar alguma coisa sobre o instrumento e a
atividade.
2. Agradecer e informar a importância da participação dele para pesquisa e para a
avaliação dos atendimentos psicoterápicos.

Observação importante: Aplicar novamente naqueles que já participaram da pesquisa


no semestre anterior. Registrar esta informação na capa do instrumento
28

ANEXO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO USUÁRIO

O (a) senhor (a) está sendo convidado (a) a participar do projeto de pesquisa:
Validação de um procedimento de avaliação de intervenções psicoterapêuticas e
psicossociais sob a responsabilidade da professora Cláudia Cristina Fukuda.
O objetivo desta pesquisa é: validar um procedimento de avaliação de
psicoterapias e atendimentos psicossociais individuais e grupais de pacientes
adultos e adolescentes. Esta pesquisa possibilita aos profissionais melhorar sua
prática e fornece elementos pedagógicos para a formação de novos psicólogos. Além
disso, contribui para identificar estratégias mais relacionadas aos processos de
mudanças em psicoterapias e atendimentos psicossociais, garantindo aos pacientes,
maior eficiência dos serviços oferecidos.
O (a) senhor (a) receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no decorrer
da pesquisa e lhe asseguramos que seu nome não aparecerá, sendo mantido o mais
rigoroso sigilo através da omissão total de quaisquer informações que permitam identificá-lo
(a). O (a) senhor (a) pode se recusar a responder qualquer instrumento que lhe traga
constrangimento, podendo desistir de participar da pesquisa em qualquer momento sem
nenhum prejuízo para o (a) senhor (a).
A sua participação será da seguinte forma: após os atendimentos
responderá a instrumentos sobre como você está se sentindo ou sobre o atendimento
recebido. O tempo estimado para sua realização será de no máximo vinte minutos.
Os resultados da pesquisa serão divulgados nas Instituições envolvidas podendo ser
publicados posteriormente, porém sem identificação dos participantes. Será realizada uma
devolução destes resultados da pesquisa se for solicitado por você, mas não podemos
devolver resultados individuais, pois os instrumentos não são identificados. Os dados e
materiais utilizados na pesquisa ficarão sob guarda do pesquisador.
Este projeto possui o seguinte benefício: aumento na qualidade dos atendimentos
psicoterapêuticos e psicossociais.. A participação na pesquisa não constitui uma
situação de risco para os participantes, mas a aplicação dos testes sistematicamente,
por ser uma situação nova, inicialmente poderá gerar algum desconforto, até que seja
assimilado como um evento que faz parte do atendimento psicoterápico.
Se o (a) senhor (a) tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, por favor, telefone
para: Profa. Cláudia Cristina Fukuda do Curso de Psicologia UCB, telefone: 3356-9328, no
horário: das 8:00 às 21:00, ou com a Professora Marlene Magnabosco Marra do
INTERPSI telefone: 3242-8014, no horário: das 9:00 às 21:00.
Este projeto foi Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UCB, número do
protocolo 149.790. As dúvidas com relação à assinatura do TCLE ou os direitos do sujeito
da pesquisa podem ser obtidos também pelo telefone: (61) 3356-9784.
Este documento foi elaborado em duas vias, uma ficará com o pesquisador
responsável e a outra com o voluntário da pesquisa.
29

______________________________________________
Nome / assinatura

_______ _____________________________________
Cláudia Cristina Fukuda / Marlene M. Marra

Nome e assinatura

Brasília, ___ de __________de _________

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