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Potencial do uso de Process Tracing na análise dos fenômenos políticos

Eleonora Schettini Martins Cunha – eleonora.ufmg@gmail.com – Universidade


Federal de Minas Gerais
Carmem Emmanuely Leitão Araújo – carmemleitao@gmail.com – Universidade
Federal de Minas Gerais

Trabalho para apresentação no 9º Congresso Latino-americano de Ciência


Política, organizado pela Associação Latino-americana de Ciência Política (ALACIP).

Montevideu, 26 a 28 de julho de 2017.


Potencial do uso de Process Tracing na análise dos fenômenos políticos

Eleonora Schettini Martins Cunha1

Carmem Emmanuelly Leitão2

Introdução

Fenômenos políticos são complexos e sua análise tem desafiado estudiosos da


Ciência Política permanentemente. Na busca por compreendê-las, é usual, em termos
metodológicos, a realização de estudos comparados e os de natureza quantitativa. Se,
por um lado, essas iniciativas têm sido relevantes por produzirem conhecimento
significativo para a área, cada vez mais fica evidente o peso dos contextos na produção
de resultados. A especificidade dos contextos indica que os mesmos fatores que incidem
sobre fenômenos que são, aparentemente, semelhantes, ganham peso e contribuem de
forma diferenciada para gera-los. Nesse sentido, conhecer mais profundamente um
fenômeno e a influência de um conjunto de fatores na sua produção tem levado alguns
estudiosos à utilização de métodos qualitativos e, dentre eles, ganha alcance o Process
Tracing (rastreamento de processo). O método tem se difundido de forma significativa
nos últimos anos e tem sido comumente usado para testar hipóteses explicativas e, nesse
sentido, sua principal estratégia é conhecer e analisar mais detalhadamente os fatores
explicativos de tal fenômeno, os mecanismos causais a eles relacionados e as
conjunções causais que podem gera-lo.

Assim sendo, parece ser importante não só ter mais claro o potencial e os limites
do método, mas também as suas contribuições em estudos da Ciência Política. Este
trabalho pretende contribuir para essa compreensão, fazendo um estudo exploratório
acerca da bibliografia disponível no Portal de Periódicos da CAPES que trata do método
e sua apropriação pelo campo, bem como estudos produzidos a partir de sua utilização,
especialmente aqueles relacionados à América Latina. Nesse sentido, faz-se,
inicialmente, uma breve descrição do método, apresentando alguns elementos
considerados relevantes para sua compreensão, ainda que muitos aspectos do debate
recente sobre seu aperfeiçoamento não tenham sido tratados, dado o objetivo deste
trabalho, Na seção seguinte, aponta-se seu uso na Ciência Política e, em especial, em

1
Professora aposentada do Departamento de Ciência Política, UFMG.
2
Doutorando do programa de Pós-Graduação em Ciência Política, UFMG.
estudos sobre a América Latina e a democracia no continente. Ao final, tecemos
algumas considerações acerca do potencial do uso do método na Ciência Política a
partir da pesquisa realizada.

Sobre o método Process Tracing3

Estudos qualitativos, de modo geral, têm sido resgatados na Ciência Política


como estratégias de produção do conhecimento relevante para a compreensão mais
aprofundada de fenômenos políticos e de como fatores explicativos adquirem (ou não)
relevância a depender do contexto em estudo. Dentre os métodos disponíveis, chama a
atenção o Process Tracing (ou rastreamento de processo) por possibilitar produzir
inferências causais a partir da análise dos mecanismos causais presentes no caso
estudado e de como interagem as partes deste mecanismo para a produção dos
resultados encontrados.

Compreende-se como processos uma sequência de eventos, relacionados entre


si, que formam um “todo” coerente. Em pesquisa realizada no Portal de Periódicos da
CAPES4, foi possível identificar um grande número de processos que são rastreados e
analisados pelo método. Dentre eles pode-se apontar: acesso à informação,
autoritarismo, apoio político, avaliação de políticas, burocratização, construção do
Estado, crises (políticas, sociais, econômicas), descentralização, democratização,
desenvolvimento institucional, desenvolvimento de comunidades, desenvolvimento
econômico, desenvolvimento humano, desigualdades, diásporas, efeitos da ajuda
internacional, efeitos de regras (como no caso da representação proporcional e do
direito à propriedade em países anteriormente comunistas), europeização, formulação de
políticas públicas (processos decisórios), fluxos deliberativos na esfera pública,
governança, guerras, impactos de deliberações na legitimidade das decisões,
implementação de políticas públicas, impasses, instabilidade política, legitimidade

3
Nesta seção do trabalho retomamos parte das ideias apresentadas em artigo escrito por Fábio Silva e
Eleonora Cunha, publicado em 2014, que desenvolve de forma mais detalhada as características do
método.
4
Ver www-periodicos-capes-gov-br. Na pesquisa por “process tracing” foram encontrados 454.813
resultados, que incluem artigos sobre o método e estudos que se utilizam do método para a análise de
fenômenos nos mais variados campos, como Economia, Psicologia, Sociologia, Saúde, Relações
Internacionais, Ciência Política, políticas Públicas, dentre outros. Importante destacar que o número de
obras encontrado pode não corresponder exatamente aos resultados que nos interessavam, uma vez que a
indexação dos artigos pode incluir elementos que vão além das palavras utilizadas para a busca.
Infelizmente, o número de artigos é muito alto para se fazer a checagem completa deles. Essa observação
vale para todas as demais consultas realizadas e apresentadas no decorrer deste trabalho.
social, liberalização, lobby, marginalização, mercadorização, racionalização, reformas
em sistemas de políticas públicas, relações ente Executivo e Legislativo, resolução de
conflitos (internos e externos), revolução, securitização, segregação racial, seleção de
líderes partidários, transparência, uso / impacto de mecanismos virtuais de democracia,
violência urbana etc.

Segundo Bennette Checkel (2015), o método possibilita “a análise de evidências


nos processos, sequências e conjunturas de eventos num caso para o propósito de
desenvolver ou testar hipóteses sobre mecanismos causais que possam explicar o caso”
(p.7). Ou seja, busca-se identificar a cadeia causal e a conexão entre os mecanismos
causais por meio da observação sistemática, em um mesmo caso, de evidências
selecionadas e analisadas para avaliar hipóteses (BENETT, 2008; COLLIER, 2011;
MAHONEY, 2012 apud SILVA e CUNHA, 2014). Sua utilização é adequada, portanto,
quando se busca compreender resultados específicos de um caso em estudo, localizado
espacial e temporalmente, e se pretende conhecer a natureza das relações causais que
geraram tais efeitos (BENNETT; CHECKEL, 2015).

É possível identificar três variações de process-tracing conforme o propósito da


pesquisa – se o desenho é centrado na teoria ou no caso, em que o objetivo é testar ou
construir teoria; a compreensão da generalidade do mecanismo causal; os tipos de
inferências que podem ser feitas (PEDERSEN; BEACH, 2013). Quando se pretende
deduzir uma teoria da literatura existente e testar se as evidências permitem identificar
mecanismos causais e seu funcionamento no caso em estudo, tem-se o que é conhecido
como Theory-test process-tracing. Ao se buscar construir uma explicação teórica
generalizável a partir de evidências empíricas, inferindo um mecanismo causal mais
geral a partir de um caso particular, tem-se o Theory-building process-tracing. Por fim,
ao se buscar formular explicações relacionadas aos resultados de um caso específico
tem-se a variação denominada de Explaining outcomes process-tracing. A cada uma
delas correspondem escolhas metodológicas que incidem no desenho de pesquisa.

Desenhos de pesquisa que se utilizam de Process Tracing devem conter três


elementos, considerados essenciais para Collier (2011): 1) a análise da observação dos
processos causais – seleciona-se as observações (material empírico que fornece
informações sobre o contexto ou o mecanismo) que serão analisadas sistematicamente,
considerando as hipóteses que explicariam os resultados; 2) a descrição – apresenta
cada ponto da cadeia causal, de modo a demonstrar como os processos se desenvolvem
e como o mecanismos conectam causa e efeito ao longo do tempo, como elos de uma
corrente; 3) a sequência – que busca demonstrar como as evidências estão ligadas entre
si e a sua força para explicar a relação entre causa e efeito, baseando a conexão
(hipóteses) em teorias ou em conhecimento prévio sobre o caso.

O método, portanto, busca construir explicações para determinados fenômenos


e, neste sentido, apresenta natureza interpretativa, o que requer que o pesquisador utilize
sua imaginação política e sociológica para especificar etapas ou eventos significativos
do processo, identificar teorias relevantes, derivar variáveis e mecanismos causais.
Nesse sentido, ter profundo conhecimento de teorias (inclusive concorrentes) e
familiaridade com os casos são fatores que contribuem significativamente para a melhor
utilização do método (FALLETI, 2016).

Sobre mecanismos causais

O conceito de mecanismo causal é fundamental para a aplicação do método. O


mecanismo causal é composto por partes que interagem entre si e cada uma delas é
composta de “agentes ou entidades que têm a capacidade de alterar seu ambiente porque
possui uma propriedade invariante, que, num contexto específico, transmite força física
ou informação que influencia o comportamento de outros agentes ou entidades”
(WALDNER, 2012). Portanto, o agente produz “movimento que transmite força causal
para a próxima parte do mecanismo” (PEDERSEN; BEACH, 2013, p.39, tradução
livre), ou seja, o movimento do agente gera mudanças em outras partes do mecanismo e
essa interação explica os resultados produzidos.

Assim, pode-se considerar que um mecanismo causal é

(...) um processo físico, social ou psicológico não observável por meio


do qual agentes com capacidade causal operam, mas somente em
contextos ou condições específicas, para transferir energia,
informação ou questões para outras entidades. Ao fazê-lo, o agente
causal muda as características, capacidades ou propensões da entidade
afetada de modo que persista até um posterior mecanismo causal agir
sobre ele. Se formos capazes de medir as mudanças na entidade que
estão ocorrendo após a intervenção do mecanismo causal e em
isolamento temporal ou espacial de outro mecanismo, então se pode
dizer que o mecanismo causal gerou a mudança observada na entidade
(GEORGE; BENNETT, 2005 apud BENNETT; CHECKEL, 2015,
p.12 – tradução livre).
Compreende-se, portanto, que o mecanismo causal é formado por partes e essas
são compostas por entidade que realizam atividade que, por sua vez, geram mudanças
por meio das forças causais transmitidas pelo mecanismo. Para melhor identificar e
diferenciar entidades e atividades, Pedersen e Beach (2013) explicam que para
conceituarem-se teoricamente as entidades utilizam-se nomes e para se conceituar
atividades são utilizados verbos que definem a força causal. Esses são conceitos que
derivam de teorias e devem guardar estreita relação com as hipóteses causais.

Pedersen e Beach (2013) chamam atenção para o fato de que os mecanismos


causais exigem o critério de influência interativa de causas que se interligam e
produzem os resultados, adquirindo uma perspectiva determinística. Eles não são
variáveis intervenientes, mas partes de um todo, e a interação entre essas partes é que
contribuirá para explicar os resultados. Eles explicam associações entre eventos que
produzem os resultados verificados. Portanto, deve-se estar atendo às ações e atividades
produzidas pelos agentes (indivíduos únicos ou indivíduos que atuam
colaborativamente) que transmitem força causal de X para Y e como isso se relaciona
ao contexto. Os mecanismos causais, portanto, podem ocorrer ou operar no nível de
análise micro, ao focar nos atributos dos agentes individuais (pessoas), no macro, ao
observar normas, papéis e estruturas institucionais (grupos, classes, Estados etc.) ou
ligando os dois níveis (FALLETI; LYNCH, 2009).

Outra diferenciação quanto aos mecanismos causais está relacionado ao tipo de


explicação teórica:

(...) mecanismos causais podem ser estruturais, relacionados a


constrangimentos e oportunidades para a ação política derivadas do
entorno dos atores; institucionais, próprios de instituições construídas
e / ou alteradas pelos atores; ideacionais, originados das ideias e das
interpretações do mundo; psicológicos, como regras mentais
incorporadas e que resultam em comportamentos regulares. Outra
diferenciação diz respeito ao grau de especificidade contextual do
mecanismo, ou seja, se o mecanismo é aplicável num caso específico
ou se é aplicável num conjunto de casos, o que demanda a definição
clara do contexto onde deve operar. Por fim, mecanismos causais
distinguem-se entre si em razão da dimensão temporal, isto é, o
horizonte de tempo no qual forças causais produzem resultados e o
horizonte de tempo dos próprios resultados – há mecanismos
incrementais, que produzem resultados no longo prazo, e mecanismos
limiares, que o fazem imediatamente (PEDERSEN; BEACH, 2013
apud SILVA e CUNHA, 2014).
Alguns exemplos de mecanismo causal5 encontrados em artigos recentes que
estudam fenômenos políticos são: instabilidade política, subversão, regras, intensidade
do conflito, gastos públicos, diversidade, custos de transação, escolha racional,
coordenação, enquadramento, controle da agenda, difusão, posição social, apropriação,
segregação racial, confiança política, reputação (custos de audiência doméstica), apoio
popular, radicalismo, moderação, vantagem competitiva, assimetria de informação,
ideologia autoritária, imigração, desemprego, desenvolvimento institucional, inércia
organizacional, deslocamento, camadas, conversão, feedback positivo, deterioração,
retornos crescentes, aprendizado (social, político, institucional) coesão da oposição,
oportunidade e motivação etc. (FALLETI; LYNCH, 2009; ANG, 2013; BASEDAU;
MÄHELER; SHABAFROUZ, 2014, dentre outros). Além dos mecanismos já
identificados pela literatura, é possível que o pesquisador identifique novos
mecanismos, a depender do fenômeno estudado e do contexto em que ele ocorre. Para
isso, conhecer a literatura correspondente é fator indispensável para novas
interpretações e a identificação de novos mecanismos.

Makadock (2011) chama a atenção para a combinação de mecanismos causais


atuando sobre um mesmo processo e os efeitos da interação entre esses mecanismos ao
longo do tempo. Para Moumoutzis e Zartaloudis (2016), por exemplo, o processo de
europeização de alguns países da Europa Oriental pode ser explicado por mecanismos
como o aprendizado social, a pressão dos pares, o aprendizado instrumental e/ou a
nomeação e vergonha. Para Lind (2011), a estabilidade democrática no Leste da Ásia
está relacionada às estratégias de política externa e econômica e ao engajamento
institucional para além das fronteiras dos países estudados (Coreia e China) associa este
processo ao desenvolvimento econômico. Portanto, a interação entre mecanismos
também deve ser considerada na busca pelas explicações do fenômeno, o que torna a
aplicação do método bastante útil quando se está diante de fenômenos complexos.

Testando hipóteses

Uma vez o método Process Tracing tem como propósito a produção de


inferência causal, um de seus principais componentes é o teste de hipóteses, que se

5
Ver www-periodicos-capes-gov-br. Na pesquisa por “causal mechanism” foram encontrados 412.694
resultados, que incluem artigos de Economia, Psicologia, Sociologia, Saúde, Relações Internacionais,
Ciência Política, políticas Públicas, dentre outros.
constituem nas possíveis explicações para os resultados encontrados na realidade
estudada. Testar hipóteses implica em considerar que algumas evidências terão maior
poder inferencial do que outras e, portanto, para que se evite a produção de erros
inferenciais, as hipóteses precisam ser colocadas à prova, para serem confirmadas ou
refutadas. A análise, portanto, deve testar cada parte do mecanismo e a relação entre
elas, de modo a verificar se elas estão ou não sistematicamente presentes (PEDERSEN;
BEACH, 2013; BENNETT; CHECKEL, 2015).

Inicialmente formulados por Van Evera (1997), os testes de hipóteses verificam


a certeza e a frequência da evidência que a teoria deduz. Parar Benett (2010), as
inferências dependem de testar as condições necessárias e/ou suficientes para a relação
entre o mecanismo e o resultado6. Assim sendo, tem-se quatro tipos de testes: hoop test,
smoking-gun test, doubly-decisive test e straw-in-the-wind test7 (BENNETT 2008;
COLLIER, 2011). O hoop test (ou teste de argolas) é um teste de necessidade, ou seja, a
evidência deve passar pela “argola” para que se comprove que é necessária, mas ela
sozinha não é suficiente para validar a hipótese. Se passar no teste, verifica-se algum
tipo de evidência positiva, mas se não passar, a hipótese deve ser descartada, o que gera
maior confiança na análise.

O teste smoking gun provê um critério suficiente, porém não necessário, para a
validação de uma hipótese, ou seja, a evidência é contundente para que a hipótese seja
considerada válida. Passar neste teste pode significar a derrubada de hipóteses rivais;
falhar nele não elimina a hipótese, mas a torna mais fraca. O teste doubly decisive
considera a hipótese sob os critérios “necessário” e “suficiente”. Passar nesse teste
confirma fortemente uma hipótese e elimina, automaticamente, todas as demais
alternativas. Este teste, portanto, é o que possibilita a maior alavancagem inferencial
causal (COLLIER, 2011; VAN EVERA, 1997). O teste straw in the wind é o mais
fraco dentre os quatro testes de hipótese. Ele é utilizado para o enfraquecimento de
hipóteses rivais e seu apoio à alavancagem inferencial decorre do fato de atribuir algum
valor probativo à hipótese. Ainda que seja o mais fraco “é o mais recorrente, e muito
utilizado em casos onde a teoria é pouco elucidativa, como forma de prover o suporte
necessário para que o pesquisador avance na análise” (SILVA e CUNHA, 2014).

6
Uma condição necessária é aquela que tem que estar presente para um resultado ocorrer, ou seja, sem
ela não há o resultado, mas ela não produz tal resultado quando isolada. Uma condição suficiente é aquela
que, quando presente, gerará o resultado (PEDERSEN; BEACH, 2013; KAY; BAKER, 2015).
7
Foram mantidas as denominação originais, em inglês.
O texto de hipóteses é um exercício importante para dar confiança ao
pesquisador quanto aos mecanismos que operam na produção do fenômeno, da
interação (ou não) entre eles e a possível relevância de alguns sobre outros. Isso porque
o método parte da premissa de que contextos importam e, nesse sentido, o que se aplica
a um determinado caso não necessariamente é identificável em outros. Mecanismos
causais que impactam significativamente num contexto podem ter incidência menos
significativa em outro.

Process Tracing e Ciência Política

A Ciência Política tem se constituído por meio do fortalecimento de estudos


orientados e sustentados por métodos quantitativos. Sem dúvida, há ganhos notáveis
nessas abordagens, que permitem generalizações e mesmo evidenciar regularidades que
são encontradas em diferentes contextos. Nesse processo, estudos qualitativos têm sido
colocados à margem, embora nunca tenham sido completamente abandonados. Em anos
mais recentes, retoma-se e difunde-se a compreensão de que a combinação de pesquisas
que somam modelos estatísticos e métodos qualitativos (e dentre eles, o Process
Tracing) produz uma melhor compreensão sobre alguns fenômenos políticos e os
mecanismos causais que os produzem (LORENTZEN; FRAVEL; PAINE, 2016). Essa
retomada tem renovado o campo da Ciência Política e gerado novos conhecimentos para
a área.
Dentre os métodos qualitativos que mais têm sido adotados na Ciência Política
encontra-se o Process Tracing. Uma busca inicial no Portal de Periódicos da CAPES
associando o método e o campo (process tracing + Ciência Política) revelou um
conjunto de 2.418 trabalhos, que variam entre os que tratam especificamente do método
e aqueles que se utilizam dele para o estudo de fenômenos políticos. Neste último
conjunto, a complexidade do próprio campo se revela: há estudos sobre políticas
públicas, relações entre poder político e burocracia, a evolução da própria Ciência
Política, engajamento e intervenção militar, democracia, regulação de áreas de políticas
públicas, processo de impeachment, governança multilateral e multinível, dentre outros.
Dentre as abordagens teóricas que mais utilizam o método encontra-se o Novo
Institucionalismo em sua vertente histórica, que tem no método um importante aliado
para a compreensão de fenômenos, seja por meio de estudos de caso ou por pesquisa
com “Small N”, inclusive gerando possibilidades de comparação. Pesquisas em Ciência
Política orientadas historicamente têm destacado a relevância do contexto temporal para
explicar resultados e, neste sentido, a periodização e a sequência apresentam-se como
essenciais para estudos de processos, dado que eles muito raramente são instantâneos.
Faletti e Lynch (2009) destacam como as análises históricas têm sido geradas por meio
de uma variedade de camadas contextuais, algumas mais próximas outras mais
distantes, mas que incidem sobre o mecanismo causal. As autoras destacam a relevância
da interação entre mecanismos causais específicos e contextos nos quais eles operam
para a análise política, uma vez que é essa interação que determina os resultados, pois
dado um conjunto de condições iniciais, o mesmo mecanismo, operando em diferentes
contextos, pode levar a diferentes resultados. Contextos aqui são compreendidos de
forma ampla, como aspectos relevantes de um cenário (analítico, temporal, espacial ou
institucional) no qual um conjunto de condições iniciais leva (probabilisticamente) a um
resultado por meio de um mecanismo causal específico ou um conjunto deles (Idem,
p.1152).
Numa extensa revisão da literatura, Kay e Baker (2015) identificam o potencial
do método para os estudos de mudanças em políticas públicas. Essa não é uma questão
trivial: estudos institucionalistas, de modo geral, observam as continuidades
institucionais ao longo do tempo, buscando demonstrar a estabilidade institucional e
identificar os fatores que mantêm a instituição ao longo do tempo. Estudos sobre
mudanças são efetivamente mais recentes e o Process Tracing tem se mostrado muito
útil para entender os mecanismos que promovem reformas ou mudanças institucionais.
Ao relacionar o uso do Process Tracing a estudos de caso, Crasnow (2001)
chama a atenção quanto ao seu uso para testar hipóteses e, nesse sentido, destaca o
papel da narrativa como um trabalho cognitivo que facilita a consideração das hipóteses
alternativas e ilumina a relação entre evidência e explicação. Por meio da análise do
chamado “Incidente de Fashoda”, ocorrido durante a conquista imperialista da África no
final do século XIX e início do século XX, a autora demonstra como diferentes
narrativas sobre o mermo caso foram formuladas, cada uma delas fazendo sentido
dentro da moldura na qual foi criada. Seu argumento é de que o método requer mais do
que descobrir evidências e testar hipóteses, mas a criação de narrativa relacionada ao
mecanismo causal hipotetizado que esclareça a inferência construída.
Tendo como referência o tema do encontro da ALACIP de 2017 – Democracias
em recessão? – buscou-se no Portal de Periódicos da CAPES os estudos que se utilizam
do Process Tracing para compreender fenômenos democráticos (process tracing +
democracy), o que resultou ns disponibilização de 33.988 artigos. Dentre eles,
encontram-se estudos os mais variados: a performance da governança colaborativa, a
colaboração energética entre o Norte Global e o Sul Global, a moderação do islamismo
na Indonésia como padrão de mudança partidária, o impacto da deliberação na gestão de
recursos naturais, lobby, processos de democratização, o populismo radical na
Venezuela, e-Democracia, transição democrática e competição eleitoral, políticas de
moradia / habitação, dentre vários outros.
A pesquisa possibilitou identificar, também, como a produção deste campo a
partir do método é recente, uma vez que a maioria dos estudos tem sido produzida a
partir da década de 2000, com predominância de trabalhos que tratam de fenômenos da
Europa, África e América Latina.

Estudos sobre a América Latina

Um aspecto central do nosso estudo foi buscar identificar estudos que se


utilizam do método para compreender fenômenos latino-americanos e, em especial,
aqueles produzidos pela Ciência política para compreender os fenômenos políticos do
continente. A pesquisa no Portal de Periódicos da CAPES associando os termos
“process tracing’ e “latin america” apresentou 25.599 resultados, em geral, e 18.503
para estudos no campo da Ciência Política. São estudos que apresentam o processo de
engajamento entre China e países do continente, as reformas das Cortes militares, o
manejo de recursos naturais, os processos legislativos, o processo de globalização,
políticas de imigração, o impacto do Processo de Bolonha na educação superior, a
regulação internacional da saúde, reformas políticas, redução da violência urbana,
movimentos sociais rurais, Mercosul, mudança institucional, dentre vários outros temas.
Dentre este enorme conjunto de estudos, selecionamos alguns, por considera-los
bem significativos quanto ao uso do método Process Tracing, bem como pelo modo
como contribuem para o avanço no conhecimento relacionado à América Latina e suas
especificidades, a partir do campo da Ciência Política. No estudo que realizam sobre o
golpe militar ocorrido no Brasil em 1964, revisitando a obra de Wanderley Guilherme
dos Santos, Amorim Neto e Rodriguez (2016) evidenciam o processo de paralisia
decisória como o mecanismo causal que combina a radicalização ideológica (aumento,
dispersão e intensificação de preferências, manifesta pelo aumento do número de
partidos) e fragmentação de recursos políticos, que geram menor disposição à
cooperação. Os autores também estudam a política externa da Argentina e suas
variações desde 1880, e identificam que fatores domésticos, como as variações na
presidência e suas preferências, independentemente da manutenção do mesmo partido
político no poder, se somam a fatores sistêmicos (relação com os EUA e o poder
material da Argentina) e regionais (relação com demais países da AL e com o Brasil)
para alterações significativas na política externa do país. Os autores identificam, no
entanto, que as preferências presidenciais são as que mais moldam a política, ainda que
suas escolhas tenham sido delimitadas pelos demais fatores.
O estudo de Hoelscher e Nusscio (2016) sobre o processo de redução da
violência urbana em Bogotá (Colômbia) e Recife (Brasil) evidencia que o
fortalecimento de instituições políticas e sociais são fatores importantes para estes
resultados. Isso porque novos líderes, que aproveitam a vantagem de conjunturas
críticas, são capazes de inovar na política de segurança pública, criando controles
públicos progressivos sobre as instituições políticas e promovendo reformas que
encorajam valores cívicos e compromisso com a não violência.
Já Marsteintredet (2008), ao estudar os impasses entre Legislativo e Executivo
na República Dominicana testa as hipóteses usuais no caso em questão e verifica que o
poder de persuasão do presidente e a construção de coalizões são relevantes para aliviar
os impasses, mas não são suficientes. A eles somam-se o potencial de instabilidade das
coalizões, combinada com um sistema partidário não ideológico.
Para Michener (2015), o bom funcionamento das Leis de Liberdade de
Informação (ou transparência) é um termômetro do grau de oxigenação das
democracias. Assim sendo, ele estudou as Leis de 16 países da América Latina, criadas
durante um processo de difusão no continente, após dez anos de sua implantação,
buscando compreender a proximidade entre o direito e sua implementação. Ele
encontrou uma dinâmica interativa entre o equilíbrio de poder legislativo e a
composição dos governos como mecanismos que exercem influência para passar da
adoção legal à sua implementação e reforma.
O estudo de Rambla, Saldanha-Pereira e Espluga (2013) foca nas dimensões de
desenvolvimento humano na América Latina com o objetivo de identificar o mecanismo
causal que gera o maior obstáculo para o desenvolvimento educativo na região, quando
não há privações materiais extremas. Os autores encontraram que desigualdades sociais
duradouras são o mecanismo causal que mais afeta o desenvolvimento educativo latino-
americano.
Tendo como parâmetro o tema do Encontro da ALACIP de 2017, realizamos a
busca que associa o uso do método para estudos da democracia na América Latina. O
resultado apontou para 14.483 trabalhos. Alguns deles são apresentados resumidamente
a seguir, como amostra da diversidade de temas associados à democracia e suas
diferentes perspectivas, que sinalizam desde processos eleitorais e constituição de
governos até a ideia de inclusão à comunidade política. Interessante verificar que já em
1960 o método foi utilizado para analisar a ajuda estrangeira e seu impacto no poder
político e no processo governamental em países latino-americanos (HERMENS, 1960).
Posteriormente, em julho de 1999, foi realizado estudo que analisa o apoio da Comissão
Europeia às iniciativas de promoção da democracia e aos direitos humanos na América
Latina (EU, 1999).
Ainda na década de 1990, o estudo de O’Loughlin et al (1998) analisa a relação
entre os aspectos temporais e espaciais da difusão democrática no sistema mundo desde
1946. Os resultados do estudo revelam mudanças discretas em regimes que não
acompanharam as “ondas democráticas” e que o fluxo da democracia varia nas regiões
do mundo, o que aponta para a relevância de estudar processos de democratização a
partir da perspectiva regional que desagrega o globo em diferentes mosaicos regionais.
Solt (2004) foca no processo de democratização do México e busca explicar as
diferenças na institucionalização legislativa observando as legislaturas de 31 estados
daquele país. seus resultados apontam para a relevância do pluralismo do eleitorado na
moldagem da legislatura e o papel das leis eleitorais nesse processo.
O capítulo do livro de Weyland (2006) que analisa os processos de difusão que
leva diferentes países a adotarem inovações em políticas públicas similares foca na
privatização da previdência e na reforma da saúde em cinco países da América Latina.
Para o autor, o principal mecanismo que gera as mudanças é uma distinta forma de
racionalidade limitada e sustenta seu argumento a partir do teste de hipóteses rivais,
oriundas da literatura, buscando demonstrar como a heurística da disponibilidade, da
representatividade e da ancoragem moldam a difusão de modelos de políticas.
O estudo de Blofield (2009) analisa os direitos de trabalhadores domésticos após
a transição democrática no Chile e na Bolívia, setor que empregava mais de 15% da
população feminina economicamente ativa na região. Os resultados do estudo apontam
forte resistência das elites às mudanças legais, sendo que os principais aliados desses
trabalhadores são os sindicatos, as feministas e as organizações indígenas. Os partidos
políticos são receptivos à sua agenda, mas não incorpora suas lutas na agenda principal.
A questão chave, portanto, é colocar os direitos desses trabalhadores na agenda política.
A emergência do neopopulismo na América Latina é o objeto de estudo de
Piquet Carneiro (2011). A autora retoma a literatura e testa a hipótese de que o sucesso
desta estratégia decorre da interação entre fornecimento e demanda por populismo, ou
seja, de um lado há líderes que fazem uso de mecanismos como carisma e falas anti-
políticas ou de polarização para obter apoio baseado em suas qualidades pessoais e não
programáticas; de outro, a presença de certas preferências no público. A mediação entre
ambos pode ocorrer por meio de partidos, mas a relação direta entre líderes e públicos é
a que mais incide no fenômeno.
A lógica das mudanças constitucionais na América Latina é o foco do estudo de
Negretto (2012), dado o significativo processo de emendas e reformas constitucionais
ocorridas na região, processos que se diferenciam na transformação constitucional. Seu
argumento é de que há reformas constitucionais quando as constituições falham na
viabilização de estruturas de governança ou quando seu desenho previne a competição
de interesses políticos para acomodar mudanças ambientais. Esse contexto gera crisis
constitucionais frequentes, atores políticos incapazes de implementar mudanças por
meio de emendas ou interpretação judicial, ou quando o regime constitucional tem um
desenho que concentra poder. O autor conclui que a frequência de emendas depende do
do tamanho e dos detalhes da constituição, bem como da interação entre a rigidez dos
procedimentos de alteração e a fragmentação do sistema partidário.
O ensaio de Vergara-Camus (2013) sobre movimentos campesinos e rurais na
América Latina parte da análise de estudos publicados sobre o assunto, com o intuito de
identificar tendências nas abordagens temáticas, teóricas e metodológicas. Sua análise
encontra como principal tendência a visão dos camponeses e da população rural como
classe heterogênea, que alcançou mais consciência política em suas lutas em relação
com as questões da terra, da agricultura e do território. Nesse processo destaca-se o
avanço do agronegócio em detrimento da agricultura de menor escala e as
consequências sociais, econômicas e ambientais negativas. Sua revisão inclui políticas
públicas voltadas para a área rural e os processos de reforma agrária em diversos países
e as consequências para as populações do campo ou rurais.
Por sua vez, Grin (2014) estuda o processo de construção e desconstrução das
Subprefeituras na cidade de São Paulo no governo de Marta Suplicy. A busca pela
formação de coalizões e consequente base de apoio parlamentar, impactou no ritmo e na
forma de descentralização política e administrativa, secundarizando os mecanismos de
participação e de controle social existentes à época.
O estudo de Lasmar (2015) analisa o impacto do terrorismo internacional,
praticado após o “11 de setembro”, nos Estados Unidos, no desenho legal e institucional
do combate ao terrorismo no Brasil. Em sua interpretação, o Congresso brasileiro não
debateu e nem produziu respostas adequadas às necessidades do país quando se trata da
prevenção e da mitigação do terrorismo internacional e de ataques terroristas.
O estudo de Arcarazo e Freier (2015) sobre as políticas de imigração de Brasil,
Equador e Argentina, especialmente se comparadas às políticas europeias, evidenciam
as lacunas entre discursos governamentais liberalizantes que afirmam o direito à
migração e restrições nas legislações e políticas de imigração, apontando para um
paradoxo. Para os autores, mudanças no discurso precedem mudanças na política e as
lacunas entre ambos são uma questão de tempo e, para isso, observam a formação das
agendas e a construção de consensos. Em diálogo com várias teorias que explicam as
políticas de imigração, incluem a componente racial para explicar como raça,
etnicidade, nacionalidade ou país de nascimento são fatores que incidem nas políticas.
Essa seletividade étnica que persiste nas políticas de imigração em países latino-
americanos confirma o argumento de que Estados não democráticos do continente
foram os primeiros a estabelecerem discriminação racial na seleção de imigrantes.
Verificam que o foco na imigração intrarregional é o fator que orienta a liberalização no
discurso, mas este esbarra na forte presença da discriminação racial.

Considerações finais

Uma primeira consideração está relacionada ao potencial do método para o


estudo de fenômenos políticos. A questão principal aqui é que os métodos não
precedem as questões de pesquisa, ou seja, são os questionamentos que orientam a
curiosidade e o olhar do pesquisador que devem também orientá-lo na escolha do
método que melhor propiciará a compreensão do fenômeno que tem em seu foco.
Portanto, o uso de Process Tracing não é um paliativo para todas as situações de
pesquisa qualitativa. Ele tem um forte potencial para testar hipóteses e produzir
inferência causal e é nesse sentido que pode contribuir para a análise de casos cuja
complexidade demanda estudos mais aprofundados.
A grande diversidade de processos e de mecanismos que puderam ser
identificados neste estudo aponta para a amplitude temática do uso do método, bem
como os diferentes campos do conhecimento que o utilizam. Para a Ciência política,
especificamente, estão disponíveis uma grande variedade de processos políticos, que
vão desde a forma da constituição do poder e sua utilização até a formulação, mudanças
e avaliação de políticas públicas. Esta amplitude é muito significativa, pois aponta para
distintas possibilidades dentro de um campo que também é diverso.

Os estudos sobre a América Latina e, em especial, sobre a democracia neste


continente, são muito diversificados. Isso evidencia a própria disputa teórica acerca do
significado da democracia, mas também ilumina o potencial de uso do método para
analisar diferentes temas e aspectos da construção de sociedades democráticas (ou sua
desconstrução). De modo geral, portanto, essa breve incursão na pesquisa bibliográfica
sobre o método e seu uso na Ciência Política apresenta resultados alentadores e
estimulantes para a continuidade e o aperfeiçoamento de seu uso.

No entanto, não podemos nos isentar de apontar que há críticas importantes ao


método, inclusive quem julgue que não há nele nenhum indício de método. Uma
questão que é recorrente diz respeito à definição do que é mecanismo causal e da
necessidade de que estes fossem diretamente observáveis e não apenas inferidos.
Também se questiona a regressão constante no tempo como meio de aperfeiçoar a
análise, o que poderia levar a causas muito longínquas. Há, ainda, os que resistem ao
aspecto interpretativista e construtivista do método, por não construir explicações a
partir da perspectiva positivista. Esses e outros questionamentos e críticas são relevantes
para que se tenha claro os limites do método, mas também apontam para os cuidados
que se deve ter quando de sua utilização que, sem dúvida, tem produzido conhecimento
novo e alimentado a Ciência Política com novas questões e problematizações. Afinal, é
isso que se deseja e se espera no processo de produção do conhecimento.

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