Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Laroiê Exu.
por ali.
conectando-se ao som de atabaques quânticos, premissas das capas da noite onde as árvores
sussurram transgressão!
Filósofo telecinético, Chimpanzé Transcendental hackeando bancos, pirateando comédias,
depredando patrimônios públicos,
repartições:
- Os sonhos de ascensão da Classe Média!
Mas antes, Rabino Macaco, me diga em qual direção fica, neste chão sem estrelas, nesse chão sem
sol e lua.... Para que lado fica Meca?
Sem pátria, sem patrão
O estupro
O genocídio
Que linda miscigenação!
Ando pelas ruas feito mula
Anulado: – Sou mulato!
Iracema,
América do Sul,
Toda a beleza parou no centro do cu
Não existe pecado na banda de baixo!
– Índios lobotomizados cavalgam em mulas loucas em pleno Palácio das Américas Latinas
Bárbaras
Sem pátria
Sem patrão
Só a maloca, né não?
Sete de setembro
“Vim da selva, sou leão, sou demais pro seu quintal”
Racionais
Tomaremos os palácios
Falaremos de tudo no nada
Eu sou o travesti
O vazio, o silêncio
Vivendo no lugar onde nunca existi!
Passos na calçada...tac
tac
tac
alguém nu banhado de sangue vagando,
comendo pé de galinha crua:
O sorriso, o parto, seios cacete rosas asas paz...
Crianças fumando pedra no farol
Sinal verde para a Liberdade:
A Grande Piada está cientificamente comprovada
nos rígidos padrões do padrão estabelecido.
Noite infeliz,
a lua hemorrágica foge da escuridão,
enquanto Marinha me pede flores, muitas flores
desde que regadas a sangue.
Lágrimas, orgia, amor e melancolia,
tudo límpido
e eles brincam de voyeur:
– Pobre Diabo, vire de quatro!
Lixos humanos esquálidos são triturados e ofertados para gestantes de cassetes colossais!
Buracos suturados, bocetas rasgadas.
Alguém recebe setenta e tantas facadas,
que bom!
Serão setenta e tantas vaginas para um Bilac qualquer.
Tudo aparece
e desaparece
há um verso vindo de outro lugar
não há lugar.
E morremos
e vivemos
e fodemos
e nos comemos
e as famílias nas redomas de cristal...
e os palhaços riem,
os palhaços querem
e os palhaços cheiram éter:
e a cada osso quebrado uma paz!
Daqui eu vejo:
a linda menina loira a mirar o espelho,
os cacos atravessam sua alma:
derretida
diluída.
No fundo do palácio,
trancada,
a velha mira a morte e sorri.
Luzes da cidade,
a Rio-Bahia em silêncio:
o sol sempre surge com cheiro de sangue.
Eu vejo tudo e ninguém me vê
Um panegírico à fuleragem,
Feirinha do bairro Brasil,
Feirinha do bairro Brasil,
Feirinha do bairro Brasil!
A boca tua com gosto de manga e maracujá, ares de goiabada nas coxas.
Ah! Essas mulheres dos biscoitos
Pegam nas mangas cabeludas, pegam nos biscoitos,
Passam na minha boca:
O sabor, o sabor, o sabor!
É sabor de moça do biscoito.
Moças do raiar do dia,
Moças que suplantam o meu cheiro de tabaco... hecatombe!
Moças que trincam os dentes e me mandam ir para a porra (e eu vou só)!
Quarta-feira de cinzas
por Umburana e Leituga
Imensidão
Em meu peito
A ti
Não basta
São pernas, fêmeas, coração
O homem a mulher
A amplidão
Somos seres cheios de nada
E a devassidão nos rege
Rex mundi
Falanges de áridos caralhos pleiteiam solenes mulheres de burca
Em plena quarta-feira de cinzas
Uma imagem memorável
Eu pensei em sair da grade, escorreguei feito geleia por entre as frestas, uma estranha paz me
alucina... o barulho dos homens trabalhando as facas os gritos o crime hediondo: os meninos jogam
bola com o crânio dos mortos. O mundo não é essa parede ilustrada onde “vencer” é somente
parede e espada sem o fio, sem navalha. Vou seguindo vento ao sol, a minha mente em estado de
calefação acompanha as massas, uma tempestade de sangue se dispersa e se reagrupa por entre as
bordas do desespero alheio; a linda cumulonimbus de sangue fez chover uma horda de estranha
paz... réquiem para as últimas ilusões e.
Uma visão memorável
Aos amigos
Gotas solenes caem sobre a cidade, não é água, elemento algum das jornadas estelares.
São sensações, é o jazz, é o teu sorriso. Sim, aquele sorriso da vida te flertando com
estranha doçura! Sim, um jato cruza as paredes do ar e o sol machuca meus olhos, saiba
que não são lágrimas em meus olhos, saiba que durmo tranquilo, enquanto o assassino
sangra as dobras do meu de-lírio. Você nem percebeu como as ruas estão estranhas,
como todos surgem de nossas entranhas e como essa gente toda é estranha... louca
vida: barulho, confusão, confissões de crimes nos ouvidos de prostitutas magistrais,
Henri em algum canto do Ceasa tentando me convencer de que fodeu com aquele tanto
de mulher, enquanto eu e Fante temos uma conversa de como sobrevivemos daquele
terrível tombo; os homens se tornam doces dessa forma, bro!
Bill Evans está por trás de cada gota, a cidade é sempre observada de algum ângulo
impertinente, porém vagaroso como a noite em que Baker me deu um soco de gravidade
e ternura! Ainda há muitos cigarros e solidão sólida em nossa alma, o bar de Jabor e
nossa amizade vêm aos meus olhos. Me segura, mulher, pois se eu cair da cadeira, eu
mergulho no abismo do chão, mas, em contrapartida, mergulho mais fundo ainda,
mergulho na palma da tua mão... sei e como sei dessas coisas, quantas vezes
mergulhamos no raso e nos mantemos tetraplégicos, irrecuperáveis!
Eu gostaria de finalizar com o raio de sol sobre a garoa que se finda e, por sobre a lama,
o baba e as meninas com bolinhas de sabão... segredo, mistério elementar!
Eu caí do carro com os olhos amarelados, justamente na praça dominical; meus amigos
perguntando o que foi e eu não respondia, não havia mais o que vomitar, a minha
esperança era em poder dizer adeus às lindas moças de chinelos descorados, a minha
esperança era ver os pássaros da cidade em revoada em direção aos arrabaldes
sepultados pela indiferença! Com a cabeça virada ao contrário dos movimentos dos
transeuntes, eu vi a porta voltar e bater bem em minha nuca e eu não senti coisa alguma,
exceto um trompete tocado por Baker lá no fundo de minha cuca! e os meus amigos
pararam o carro e me tirarem de dentro para que eu pudesse tomar um ar e eu caía no
asfalto e eu olhava o Playground - babás negras e crianças brancas -, eu abri a boca e
não saiu som algum, mas eu imaginava que saía um jazz imbuído de jazz! Crianças
brincam, árvores sorrateiras invadem minhas retinas e explodem um colorido nefasto,
eu digo sôfrego: - hospital! Mas eles já estavam a caminho... escorei minha cabeça na
janela do carro, senti como as pessoas são lindas, lindas! e os gordos mostrando parte da
bunda carregando sacos de carvão para dentro da casa também era lindo, mas eu não
conseguia sorrir!