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O INÍCIO DOS TRABALHOS DE TIA NEIVA – 1958

Desde 1958, quando desenvolvi


minha clarividência, comecei a registrar os
casos mais exemplares, exemplos vivos de
carmas em reajustes, que sempre se
assemelham aos nossos, chegando
mesmo a nos confortar.
Então, por ordem de Mãe Yara, passo
todos ao meu irmão que, enviado para esta
missão, vai descrever todos eles. É uma
obra mediúnica.
Era uma manhã de sol quando eu e
meu irmão Jales começamos a atender,
fazendo um vasto serviço social. Ora pela
vidência, ora pela prática de farmácia, que
meu irmão exercia numa cidade no interior de Goiás, fiz uma fila, vendo
de um em um carmas terríveis!
Começávamos a formar uma experiência viva para o início de uma
nova obra.
As comunicações reforçavam-se a cada dia, trazendo verdadeiro
incentivo para as grandezas espirituais. Com um grupo bem equipado,
todos se esmeravam para os grandes fenômenos profetizados pelo
Cristo. A experiência da técnica e a prática desse grupo vieram trazer
aqui os mais vívidos, com esclarecimentos em diálogos dentro de linhas
puramente cármicas.
Provamos como é perfeita a cobrança espiritual e o
aperfeiçoamento com os nossos encontros nos carreiros terrestres!...
UNIÃO ESPIRITUALISTA SETA BRANCA – UESB – 12-04-58

No dia 12 de abril de 1959, em Brasília,


Núcleo Bandeirante, Capital da República do
Brasil, Seta Branca, nosso Mentor e Guia
espiritual, nos convida a formar um grupo de
trabalhos de caridade cristã; terá uma grande
responsabilidade diante de Deus. E está
designado para produzir fenômenos, que
servirá para abrir os olhos dos que não
querem ver nem ouvir as palavras do Pai.
Tomando nossas mãos com amor e
carinho de pai amoroso, Seta Branca, depois
de dar todas as explicações das
responsabilidades que iríamos assumir diante
da Espiritualidade Maior, convida-nos a
meditar sobre os compromissos assumidos
que se prestaria naquele momento,
declarando-nos que ficariam registrados nos
livros divinos.
Todos, sem hesitação, colocando a mão direita sobre a de nosso Mentor, que
se comunicava no aparelho mediúnico de nossa dileta irmã Neiva Chaves Zelaya,
fizemos o juramento, dizendo-nos o nosso amado Chefe palavras de alta
espiritualidade e imenso amor.
Naquele momento estava constituído o Grupo da União Espiritualista Seta
Branca, nome ditado pela Yara.

(Anotado em diário de Tia Neiva)

JURAMENTO de Tia Neiva – 01-05-58


Jesus! No descortinar desta missão, sinto renascer o
espírito da verdade na missão que me foi confiada: o
Doutrinador!
É por ele, e a bem dele, que venho, nesta bendita
hora, Te entregar os meus olhos.
Lembra-Te, Senhor, de protegê-los até que eu, se por
vaidade, negar o Teu santo nome, mistificar a minha
clarividência, usar as minhas forças mediúnicas para o Mal,
tentar escravizar os sentimentos dos que me cercam ou
quando, desesperados, me procurarem. Serei sábia,
porque viverás em mim!

FORMAÇÃO DA UESB - 03-11-59


Recebemos, eu e
meu companheiro
Getúlio, ordem espiritual
para virmos aqui morar e
junto a nós veio um bom
servidor de Deus -
Antônio, o Carpinteiro,
como o chamavam os
espíritos.
Meu companheiro,
Getúlio da Gama Wolney,
e Antônio começaram a
trabalhar
desesperadamente nas
construções de prédios de madeira para morarmos, enquanto eu, Gilberto, Raul,
Carmem Lúcia e Vera Lúcia, saíamos em busca do ganho material: com um
pequeno veículo vendíamos, em Brasília, roupas feitas e bijuterias, e só mesmo
com a proteção de Deus fazíamos boas vendas e todos os dias, ao finar o dia, eu e
meus filhos nos reuníamos e repartíamos o dinheiro. Metade era para comprar
gêneros alimentícios, e com a outra metade comprávamos gasolina e tecidos, para
que eu e Wilma - a esposa do Antônio Carpinteiro - os transformasse em saias de
senhoras, enfim, roupas feitas. Trabalhávamos à noite e seguíamos no outro dia,
depois de um almoço cedo. Como todos sabem, o pouco com Deus é muito!
Em poucas horas, coisa mesmo de admirar, lá vínhamos eu e meus filhos, no
mesmo regime do dia. E assim passaram os dias, os meses. A caridade já me
tomava parte do ganho material.
E os visitantes! Já podia contar 20 ou 30 pessoas nos domingos, para
almoços e jantares que eu me via obrigada a servir, pois os mesmos se
acomodavam em minha casa.
Meus Deus - pensei muito -, será possível que só escolhestes avarentos e
acusadores? Que Deus me perdoe por meus instantes de dor, quando me faltava a
compreensão ante aqueles exploradores! Comecei a sentir desprezo pela vida
material. Eles estragavam sempre os meus planos. Quantas vezes eles chegavam
e, na minha própria casa, ali comodamente, começavam a discutir, recriminando
tudo o que, com sacrifício, fazíamos eu e meu companheiro.
Nada dizíamos. Era mesmo horrível. Eu olhava ao redor e via, na verdade,
material para construirmos. Porém, via também que os trabalhadores precisavam
comer. Alguém teria que sustentá-los.
Fui então vendo todo o sofrimento dos meus filhos e do meu companheiro
Getúlio. Já sem entusiasmo, continuava eu. A caridade se alastrava, com bela
emanação, aos que não a conheciam. A luz da Verdade começava a reluzir nas
iniciais que comandava aquela terra sagrada - UESB!
Enquanto lutávamos para o nosso infeliz sustento e grandeza da obra, outros
se reuniam até mesmo na minha casa, e ali ficavam a ofender nossa Irmã Neném
(Diretora Espiritual), que também os sustentava, sem qualquer ajuda que não
fosse lançada em meu rosto ou alegada por toda parte. É muito fácil oferecer
alguns quilos em gêneros alimentícios. Porém, oferecer o próprio sustento dos
filhos, tirando-lhes a metade do que lhes é justo, e, em amor do Cristo, oferecer a
quem pensamos ser um estranho, não é fácil!... E eu o fiz!
Carmem Lúcia, minha filha de 15 anos; Gertrudes, minha filha adotiva; Marly,
filha de nossa querida Diretora Irmã Neném, uma linda jovem bacharela; todas eu
incentivava ao trabalho na cozinha para os doentes. Muitas vezes sentia medo que
elas se envaidecessem com os elogios dos visitantes.
Certo dia, após uma de minhas incorporações, recebi da Diretora uma ordem
que teria sido dada pelo espírito secretário do nosso Pai Espiritual Seta Branca,
espírito este a razão porque ali vivíamos assim, e que teria dito que eu e meu
irmão Jair teríamos que entregar nossos veículos em troca de um possante motor
gerador de força elétrica.
Não titubeamos e, assim, eu e meu bom irmão, que foi para mim uma força
ajudadora, entregamos os nossos tão úteis carros. Começou, então, a piorar a
minha situação material.
Senti que devia preparar-me para receber as avalanches...
A essa altura, já tinha ido residir ali.
Eram horríveis os nossos primitivos cobradores! Todos se revoltavam...
Todos começaram a vibrar a inquietude da revolta íntima. Muitas vezes
desencadeavam-se discussões e conheci o ódio nos corações de alguns!...
Ante toda aquela incompreensão, quem mais sofria era eu. Tudo se
desencadeava sobre mim. Na verdade, além de todas as torturas que pensam
sentir os pobres sem compreensão que desejam servir a Deus, sentia eu também
a rebeldia de não gostar de morar no mato, da falta de conforto material, da
mudança de profissão, de ver meus filhos arrancados do estudo... Tudo era tortura
para mim e para meu companheiro.
E pelo mesmo trilheiro passava a Irmã Neném com seus filhos. Todos víamos
chegar, batendo às nossas portas, nossos velhos credores do passado, cobrando
ceitil por ceitil. E assim pagávamos, mesmo sem as forças necessárias ao bom
trabalhador de Cristo.
O tempo passava e eu sempre com o ideal de vencer. Continuava no mesmo
comércio, porém agora em dias alternados, pois a caridade não me dava tempo.
Chegavam pessoas de todos os lugares, com enfermidades para ali serem
curadas, e Deus me dava forças nesta Terra, fazendo eu as mais perfeitas curas.
Devido a essa enchente de pessoas, estabeleci uma taxa a ser paga pelas
pessoas que fizessem refeições no bendito abrigo - que chamávamos de hotel -,
taxa esta de quarenta mil cruzeiros por diária. Na verdade, a maioria era
indigente...

MAYANTE – 09-11-59
Salve Deus!
Naquela tarde, mais do que nunca, um misto de
sonho e de realidade, uma coisa esquisita, parecia
comprimir-se na minha cabeça.
Saí caminhando, fui até o meu tronco no pique
da serra. Visitei todos do pequeno grupo.
Comecei a pensar que aquela coisa estranha
fosse um aviso, uma mensagem, que alguém do além
me tivesse avisando.
Sim, realmente era uma mensagem. Mais do que
uma mensagem, recebi MAYANTE, o rico mantra de
abertura, que tanto se afirmou em todo o meu ser,
fazendo-me encontrar comigo mesma, harmonizando
o meu SOL INTERIOR.
Porém, não ficou somente nesta tarde. Dali parti e fui decidir, com amor, a
minha vida, no quadro sentimental emocional. A partir dali, fui, fisicamente,
seguindo o meu destino e fui, decidida, na continuação do meu sacerdócio e de
minha missão.
Era 9 de novembro de 1959.

No dia 9 de novembro de 1959, recebi o primeiro mantra – Mayante.


Minha cabeça se encheu de sons, e apareceu um lindo general, da época da
queda da Bastilha, dizendo chamar-se Claudionor de Plance Ferrate e que, após
me contar sua história, ditou a letra da melodia que eu estava ouvindo, a que
chamou Mayante, o mantra de abertura dos nossos trabalhos.

GRANDE ORIENTE DE OXALÁ – 09-11-59


1. Triângulo divino do Senhor! Neste instante e por todos os instantes de
minha vida, respeito e respeitarei as leis do meu Pai que está no Céu!
2. Tudo me vem do Reino de Deus, que está dentro de mim. Preciso e
abaterei as trevas! Nada resiste ao poder dinâmico.
3. Escuto a voz do silêncio e nenhuma escuridão é demasiada para a luz
divina.
4. Sou abençoado pelo Senhor, que habita em mim. Pelo pensamento,
neste instante, vou controlar minhas forças mentais e vitais!
5. Nenhum pensamento negativo poderá entrar em minha mente, sempre
levada pela minha vista mental.
6. Iluminada Luz Cósmica! Meu ambiente é meu reflexo de minha
mentalidade.
7. Recebo abundante energia do meu reservatório universal. Meu
organismo executa perfeitamente suas funções.
8. Os meus olhos, os meus ouvidos, entrego neste instante. E pelo
pensamento e somente em nome da caridade, pelo amor universal, sem prejuízo
de qualquer perda espiritual, entrego-me às forças que separadamente governo.
9. Poder vital, divinal do meu Senhor que está nos Céus, conscientemente
tenho o governo, os poderes destas rédeas, em todos os instantes da minha vida,
o poder destas forças.
10. Sinto sempre as rédeas em minhas mãos! O Altíssimo tem o seu
templo em meu íntimo!
11. Minha maior ambição é o futuro progresso do meu espírito. Nada
resiste ao poder dinâmico do meu pensamento.
12. Preciso transportar-me para o benefício de meu irmão, e transportar-
me-ei. Em breve serei libertado de todos os maus hábitos. Nada resiste ao poder
dinâmico!
13. Dentro de poucos instantes, chegarei à MESA ORIENTAL e minha vista
mental alcançará a Luz Cósmica. Sou senhor de minha atmosfera mental.
14. Vivo e ajo na absoluta fé que tenho no poder de fazer o que, em nome
do Senhor, eu quiser. O amor e a chama branca da vida residem em mim! Salve
Deus!
(9 de novembro de 1959 – data do meu ingresso na Alta Magia)
O JURAMENTO À BANDEIRA UNIVERSAL – 1959
I II
Salve Deus! Salve tu, portadora amiga Infunde em teus
soldados o amor eterno!
Das armas nobres Entrega-me a
espada e jurar-te-ei
Do sublime império! Cumprir as ordens
com fidelidade.
No teu brasão de fidalga alteza Ser bom soldado eu
te jurarei,
Vê-se a pureza do Santo Evangelho. Pronto ao socorro
universal estarei!...

III IV
Salve tu, senhora alteza, E quando por lá
chegar,
Penhor da esperança! No Quartel Universal,
Tu vens do Cristo, Tu, festivamente ,
nos receberás,
E o Cristo emanas, Flutuante e singular!
Quem aos teus pés jurar Firme a proteção
que tu vais nos dar
Jamais arrepender-se-á! Na força da tua
espada que traz,
Usá-la-ei para o
bem, sem vacilar,
Cuidarei do alvo
lírio, sem manchas!
Tu és, mãe querida,
a bandeira universal!

(Pelo espírito do GENERAL)


O AROMA DAS MATAS – 1959
Será
que tudo
não passa
de um
sonho?
Este
era o
conflito
que vivia
em minha
mente, a
pergunta
que
pairava
dentro de
mim...
Sem
que me
desse
conta de
mim, continuavam à minha revelia as viagens, as visitas e os incansáveis
ensinamentos.
Certo dia, estava cansada e também um pouco revoltada porque ou eu estava
com os espíritos ou tinha alguém me perguntando por eles. Com este espírito de
cansaço, saí do corpo, isto é, me desprendi do corpo, e me vi em uma terrível
caverna.
Verifiquei que me encontrava em um grande nevoeiro. Senti meu corpo leve
como uma pluma e os meus movimentos não respeitavam meus esforços. De
repente, uma luz brilhou sobre a minha cabeça. Olhei em torno, e pude verificar
que agora me encontrava só, em meio a uma grande floresta.
Era uma noite de Lua clara no céu. Vi fragmentos de prata viva sobre as copas
das árvores, que brilhavam como diamantes.
Impossível descrever a sensação que me invadia!
Parecia que todos os meus desejos se achavam satisfeitos e que me
encontrava inteiramente livre do meu corpo e do seu peso e, no entanto, eu era eu!
E, assim, fui penetrando naquele interior, quando um vento frio como uma brisa
envolveu o meu corpo e foi me jogando de um lado para outro, dando a sensação
de estar deitada. Levantei-me com uma roupa diferente, finíssima, que não era
minha.
Logo veio a confusão! As árvores, as folhas que pareciam tremer no chão, no
espaço... não sei. Só sei que tudo se modificou: já estava numa mesa, ouvia
vozes, reconhecia algumas palavras, como esta - AROMA DAS MATAS, que não
esqueci.
Sim, vim a saber, depois, que ali estava para receber o Aroma das Matas, que
era uma consagração dos Caboclos. Era uma Iniciação!

VIAGEM AO TIBETE – 01-01-60

Até aquele momento eu era alguém


de difícil entendimento para com os
outros e para comigo mesma. Talvez a
dor provocada pelo drástico desenlace da
minha vida...
Meus tumultos nunca cessavam,
sempre me sentia como um rio que
transborda do seu leito e sai
extravasando, empurrando a margem,
derrubando as paisagens, projetando
desavenças, dúvidas, e afirmando
também o ESPÍRITO DA VERDADE.
Porém, derrubando por terra, levando a dor pela visão transtornada...
Tudo que estava escrito, tudo que saía de mim tinha esse tumulto errado.
A minha insegurança ou a minha falta de amor me faziam perigosa,
indesejada, pelas constantes revelações trágicas que faziam sofrer a mim e aos
outros.
Essa tristeza revelava melancolia... essa coisa esquisita que vinha se
comprimindo dentro de minha mente atormentada. Dizia, também, que já era
tempo de mudar o caminho!
Resolvi, então, partir para o meu objetivo, sentir realmente o CANTO que do
CÉU me chegava aos ouvidos. Obedeci meu Pai Seta Branca, rumei aos montes
do Tibete, onde ouvi o primeiro CANTO UNIVERSAL, do velho incansável
Humarram, mestre querido, que no seu aposento em Lhasa, me deu o que jamais
pensei receber, me ensinou a VIAGEM para estar com ele, me ensinou o
SENTIDO COMUM DA VIDA FORA DA MATÉRIA, em suma, tirou a cegueira que
me fazia amaldiçoar a vida obscura e dolorosa...

MINHAS PALESTRAS COM HUMARRAM – 05-05-60

- Neiva, começou Humahan,


precisas distinguir entre o verdadeiro e
o falso. Deves aprender a ser
verdadeira em tudo, em pensamentos,
palavras e ações. Por mais sábia que
sejas um dia, ainda terás muito que
aprender. Todo conhecimento é útil e
dia virá em que possuirás muito amor
e sabedoria, tudo manifestado em ti.
Entre o bem e o mal, o ocultismo não
admite transigência. Custe o que
custar, é preciso fazer o Bem e evitar o
Mal. Teu corpo astral-mental se
apressará em se imaginar
orgulhosamente separado do físico.”
Eu o ouvia como se estivesse
distante dele. Ele me observava, e
continuou:
- Neiva, gostas de pensar muito em
ti mesma. Seta Branca está sempre
vigilante, sob pena de vires a falir.
Mesmo quando houveres te desviado
das coisas mundanas, ainda precisarás
meditar, fazendo conjecturas acerca de ti mesma. Jesus nos adverte: ANTES DE
CULPAR O TEU VIZINHO, POR QUE NÃO SER SEVERO CONTIGO MESMO? A
tua vidência é algo sem limite, é sublime, e tens tudo para fazer o bem e o mal. Se
fizeres o mal, te destruirás; se fizeres o bem, crescerás como a rama selvagem.
Não te esqueças, também, que, acima de tudo, estás aqui para aprender a guardar
segredo, mesmo fazendo mistério das revelações. Esforça-te por averiguar o que
vale a pena ser dito e lembra-te que não se deve julgar uma coisa pelo seu
tamanho, pois, numa causa pequena, muitas vezes, há maiores sentidos. Não
deves acolher um pensamento somente porque existe nas Escrituras durante
séculos. Deves fazer distinção entre o que é útil ou inútil. Alimentar os pobres é
boa ação, porém alimentar as almas é ainda mais nobre e útil do que alimentar os
corpos. Quem quer que seja rico pode alimentar o corpo, porém, somente os que
possuem o conhecimento espiritual de Deus podem alimentar as almas. Quem tem
conhecimento tem o dever de ensinar aos outros. A tua responsabilidade, Neiva,
será a maior do mundo. Nunca poderás dizer tudo e não poderás, também, te
calar.
E tendo dito tudo isso, começou a contar este exemplo:
- Eu era muito jovem quando me enclausurei neste mosteiro. Porém, antes de
entrar aqui, tive grandes experiências e vi muitas coisas. Houve um tempo em que
a Índia era o ponto principal para as revelações. Vinham de longe muitos curiosos
e romeiros, magos e videntes. Viviam à espreita das oportunidades para suas
alucinações. Certa ocasião veio da Inglaterra um famoso lorde. Ele vinha para
saber o destino do seu filho recém-nascido. Ele foi atendido por um mestre que
estava de saída, com seus companheiros já o aguardando numa célebre porteira,
de onde cada um partiria na sua própria direção. Apesar da pressa demonstrada
pelo mestre, o fidalgo insistiu e o mestre lhe contou, sem amor, o que via no
destino da criança: Disse que a criança teria um mau destino e deu todo o roteiro
de sua vida: em tal tempo lhe aconteceria isto, em tal tempo isto será assim, etc. O
fidalgo saiu dali louco, pois seu filho que, até então, era a sua alegria, passou a ser
a sua própria sentença. A partir de então, o fidalgo nada mais fez senão sofrer a
espera dos acontecimentos durante toda a sua vida. Porém, nada aconteceu! O
jovem foi feliz, casou-se e viveu normalmente. O pai, porém, viveu sempre
amargurado à espera dos maus acontecimentos.
Não é preciso te dizer, Neiva, que as vibrações do fidalgo destruíram a vida do
apressado mestre. Ninguém teve intenção de magoar ninguém, porém o pecado
das palavras impensadas de um mestre ou clarividente é algo muito sério. Veja
sempre em tua frente um fidalgo, um homem que sofreu as conseqüências de seu
orgulho, porém nunca faças como o impulsivo mestre, nunca participes com
alguém. Serás, antes de tudo, como uma psicanalista. É bem melhor que as
pessoas saiam de perto de ti te desacreditando do que desacreditando nelas
mesmo. Volte para o teu corpo, filha, e vá enfrentar as feras, como dizes, porém
saiba que todos são melhores do que tu. Elas não têm ideal como tu. Elas sofrem
com o teu incontrolável temperamento.
- Me julgam como se eu fosse uma qualquer, porque sou motorista! – me
queixei.
- Agora, para ti tudo é bom no caminho da evolução! – respondeu ele.
Dizendo isso ele se “fechou” e eu me senti já na minha casa.
(UESB)

PRECE DOS MÉDIUNS (MÃE YARA - UESB) – MAIO/1960

PRECE DOS MÉDIUNS (MÃE YARA - UESB)

SENHOR JESUS! PROSTRO-ME AOS TEUS PÉS!


VENHO TE PEDIR O ALIMENTO DE MINHA ALMA, QUE SÓ
TU PODES ME DAR!...
DA-ME, SENHOR, O QUE COMER,
ALIMENTANDO-ME DE TEUS BANQUETES E DOS TEUS
MANJARES...
PROMETO, SENHOR: O QUE ME DERES, DIVIDIREI COM
MEUS IRMÃOS...
O MESMO MANJAR... O MESMO PÃO...
SENHOR! O REBANHO QUE TU A SETA BRANCA, TÃO
DIGNO MENSAGEIRO, ENTREGASTES,
É O MAIS FELIZ REBANHO, QUE TUDO RECEBE DA TUA LEI E DO TEU IMENSO AMOR!
AO SENTIR-ME JUNTO A TI, SINTO ÂNSIA DE CHORAR AO LEMBRAR-ME DOS MEUS
IRMÃOS,
LONGE DA LUZ DO TEU SUBLIME OLHAR...
POR TODOS OS SÉCULOS, JESUS, QUEREMOS TE ADORAR! SALVE DEUS!
TÉDIO – MAIO-1960

Meu Deus! Por que só hoje sinto Lastimo ter


meditado tanto!
Meus lábios endurecidos Talvez voltei
demais, e não devia...
E a minha alma tão fria? Alguém existe,
a massa era o pranto!
Perdão, meu Deus! Os meus
pecados foram tantos
Só hoje não faço Que a própria morte
escondeu-me o manto...
A minha prece de todos os dias... Resta-me tédio, este
maldito tédio!...

O POETA LUZ – MAIO-1960

I II
Senhor Deus, quero louvar-Te! Sou um pobre
presunçoso.
Novamente, quero afirmar-Te! Não compreendo
Tuas leis, sou preguiçoso
O que Tu és, e o que Te vai... Comodamente, a
fazer-Te preces.
É tão grande Tua nobreza, Pensei servir-Te
sem danos
Que sinto minha alma presa. E ser poeta... De
que valeu,
Vem, meu bom Deus, vem me soltar. Se tudo que
olhamos
Não vens? Bem sei. Perdoa-me! tem um dedo Teu!...

III IV
És Divinal Poeta, Senhor Deus! Tu és luz, força e
luar...
És artista divinal, Foste Tu que destes voz
ao vento,
Desta aquarela que nos destes. Que em doce prece
retira
Inteligência suprema Da Terra todo
tormento,
Que remove toda nossa ciência. É muito belo o Teu
ornamento.

V VI
Iluminaste, com bela luz, o firmamento, Nos devemos amar muito,
pois cobristes
As estações do tempo... De azul o mar de
ondas douradas...
E nos deslumbra o que fazes. E nesta habitação
tudo é tão perfeito,
Só Tu, meu Deus, tens a prima Podendo ser, então,
De controlá-las com rigor, Tu bens sabes! Verdadeiro parque
de oração.

VII VIII
E, no entanto, só há clamores e incompreensão E Tu? Aqui,
novamente, nos aquece,
Dos insaciáveis habitantes seus... Do nosso mal tudo
esquece,
Tens filhos, Ó! bom Deus, Nos vibra amor,
Que parecem achar pouco Com Teu Sol, com
Teu calor...
Toda essa riqueza colosso Tu, só Tu, bem
podes fazer,
Que Tu, perfeição, Como fizeste, este
planeta de amor.
Para a nossa redenção nos destes. Querias nos ver
felizes
Tudo pronto, nada esquecestes, E nos ver pagar
velhos débitos com pudor.
Sempre nos levas e nos trazes... Débitos esses que o
nosso
É o pecado que nos faz voltar. Livre arbítrio
conscientemente provocou...

IX X
Daquela alma nobre que Tu, ao nos esculpir,entregastes, Que egoísta,
pensava eu,
Em grande parte vem, de queda em queda, Que pobre poeta
pensava
Não mais respeitam a Tua dor. Que apenas a prece
bastava...
Por ser a voz de um Pai Amantíssimo, Recitava belas
preces,
Muitos de Ti perderam o temor. Sem a mínima
perturbação
Em parte não Te conhecem, Que importa a mim
Os que conhecem, são preguiçosos, como eu, Se falta ao meu
irmão
Que, pobre poeta, pensava A prece do poeta, o
Teu nome
Apenas a prece bastava E a compreensão?
Para o sustento do meu pão... Que perecessem
todos?

XI XII
Para mim nada havia, senão Ó! Deus meu!
Uma maneira elegante Amantíssimo Pai!
Em uma conversação, O que eu fiz?
De acusar a queda ou a derrota, Eu aqui julguei,
Daquele meu pobre irmão Como se eu fosse
juiz...

XIII XIV
Deste-me, por clemência, O artigo implacável,
bem sei:
Esta existência, Na reação de causa
e efeito.
E eu quase a perdi. Se bati, apanhei.
Ainda temo, mesmo confiando firmemente em Teu amor. É justo. Errei.
Temo... Não fui trabalhador. Se desonrei,
Agora, que compreendo Tua Lei, É justo eu ser
repudiado.
Sinto-me imerso pelo que perdi. Se roubei, em breve
serei roubado.
Sinto a dor... Alivia-me, porém, Os nossos erros,
Senhor,
O que rege em Tua lei. Por Ti são
justamente cobrados...

XV XVI
Como pode ser tão perfeito Preferistes nos ver
amando,
Este universo feito, Unidos, como
irmãos,
Que Tua clemência ornamentou Nesta moradia bela,
Para nossa salvação, Sem nos fazer faltar
o pão.
Enfeitando este mundão Esta natureza
sublime
Para servir de maneira É um Evangelho
aberto,
Com a nossa compreensão... Que a inteligência
do homem,
E Tu, com boas maneiras, Com seus cálculos e
saber,
Não nos destes escravidão. Terminam, e eu sei
porquê!

XVII XVIII
Quando o alto quer saber Então, o poeta
renasceu
Olha, e vê o firmamento No Ser Supremo. Vê
descortina,
Se perturbar em um momento Porque só Tu, com o
teu controle,
Novas idéias lhe vêm manifestar. Podes fazer uma
bela
Começa o homem, então, a meditar Aurora raiar...
Com os elementos, começa a estudar. Deus, ó, bom Deus!
Depara com a verdade. Afinal, Quero viver debaixo
dos olhos Teus...
Tudo o que temos, Unir-me-ei, para
sempre
Vem do Teu original. Cumprindo as Tuas
Leis.

Quando daqui eu for, deste mundo, estarei contigo, bom Deus, em


comunhão!...

O POETA ADORMECIDO – MAIO-1960

Senhor, sinto-me alerta, Senhor, Senhor!


Dispensei,
Agradeço-Te, pois despertei! Tal qual um condor
desaninhado,
Ao cumprir a tua lei, Nas trevas
desesperado
No altar em que sonhei, Como adolescente,
coitado,
E em doce prece dizer: Fui eu, Senhor, que
andei...
Senhor, Senhor, Te encontrei! Invoquei Teu santo
nome
Quanto tempo, adormecido, E um estampido senti:
Mudo, perambulei... Eram as trevas que
me torturavam,
Quantas palavras guardadas Que em placas se
desmanchavam...
Em Teu louvor expulsei... O condor que se
aninhava
Quanta oportunidade, Via a luz que
rebrilhava,
Senhor Jesus, dispensei Resplandecente, de
mil cores,
A natureza rica Vi Tuas bênçãos e
Teu amor
Tudo indica... Naquela aurora que
raiava,
Mostrando-me Teu
controle.
Jesus, Senhor! Tua
aurora me despertou!...

(Pelo espírito do GENERAL)

ALMA CIGANA – MAIO-1960

I II
III
Meu Deus! Como mudamos de roupagem... Sempre estou a prever futuros,
Sempre leio em linhas reais.
Já fui alteza e fui escrava indiana. O passado... Tenho tanta facilidade! Ao
descortinar-me a vida,
Porém, nunca deixei de ser Por que, então, não posso ver Em
vez, vedam-me os olhos, sorrindo,
A minha alma cigana O meu futuro na realidade?
Para não me amargurar, eu sei!...

IV V
VI
Por que o meu carma, cheio de dor? É uma dádiva de Deus
Depois, juram com fidelidade
Se o meu futuro pudesse ver!... O que os ciganos sempre vêem,
Nunca os limites exceder.
Lembro-me, então, meus irmãos E são levados às alturas É
melhor receber uma alcunha
Quantas coisas eu tenho a esconder... Para a magia aprender.
Que os outros enlouquecer...

VII VIII
Muitas ciganas limitam-se Sei apenas que
nos meus caminhos
A pequenos carmas mudar. Tem vales e
espinhorões,
Quem sabe, vendo o meu, Tem muitas
portas estreitas,
O poderia modificar? E, nas sombras,
às vezes, punhos!...
(Pelo espírito do GENERAL)

O SERTANEJO – MAIO-1960
I II
III
Lá se vai o sertanejo Carrega consigo o brasão
Deu a semente sadia
Montado em seu alazão Que Deus lhe entregou
Para que vá semear...
Com seu linguajar brejeiro, Toda a beleza formada
Deu o cavalo e o boi,
Ostentando em seu rincão. Daquele perfeito sertão.
Um lindo céu a brilhar!
É um verdadeiro rei!
Sertanejo protegido!

IV V
VI
O sol, o astro mais querido Trovas e versos a cantar
Não te lembras, em só dia,
Deus mandou te iluminar. Oh, sertanejo perverso
Que a paz, a riqueza,
À noite, descortinas as estrelas... Esquecestes do Criador?
A paisagem da natureza,
Surge, ao longe, a lua cheia, Não tens versos em louvor
São de Deus soberania?
Para o teu rancho pratear.. A quem, para ti, tudo formou?
Se és poeta brejeiro,
E tu, que nada receias,
Com tua viola, então,
Pega a viola e anseias...
Agradeça, faça versos

A quem te deu o sertão!


VII VIII
IX
Perdi a noção do tempo Mas, sempre tinha esperança:
Esta esperança de Luz
Flutuando sobre o mar, Passar pela transformação
Dava-me força, afinal.
Tempos rolava na praia, Purificar-me era preciso
Não sabia de onde vinha.
Tempos voltava para o mar. Para minha evolução.
Tinha certeza de ser fatal!...

X XI
XII
Já quase a perder as forças, Fiquei ali, em um canto,
Tirou do bolso uma fruta,
Uma jangada parou. Vendo o pescador a pescar. E
ficou a contemplar.
E, jogando sua tarrafa, Já cansado, com seus peixes,
Depois, uma boa idéia lhe veio:
O pescador me apanhou. O pescador quis sonhar.
Da semente semear.

XIII XIV
XV
Aproveitando-se de mim O pescador já em terra,
Crescerá com ela um dia,
Para a semente guardar, Começou a recitar:
E o tronco será você!
Logo chegasse em terra Folhinha, esta semente
Colherei de você belos frutos
Eu lhe iria adubar... É você que vai cultivar...
Quando, por fim, renascer!

XVI XVII
XVIII
Finalmente, acordei, Outros troncos como eu, existem
Não, não queres saber!
Sentindo-me ainda a pesar Foi o que acabamos de ver
Comodamente esqueces,
A semente, a terra, o pescador Que depois de um outono triste
E só de paixão são os versos
E as águas verdes do mar... Reflorescem e irão viver...
Que saem do seu coração.

XIX XX
XXI
Como és endurecido!... Ah, preferes a tua ilusão!
Que de egoísmo e trevas
Não vês a evolução? Sertanejo, em teu rincão
São feitos teus corações!...
Com esta oportunidade, Eu vejo a civilização
Não desejas a verdade? Tão igual aos teus irmãos...
(Pelo espírito do GENERAL)

NOVO RUMO PARA A MINHA JORNADA – JUNHO-1960

Ó, Jesus! Alguma coisa


parecia estar me impulsionando
para que sentisse o desejo de
assumir um lugar diferente
daquele que ocupava. Era um
novo rumo para a minha jornada.
Estava cansada... Como?...
Teria, então, mais e mais – todo
aquele acervo era pouco!
Eu, o burrinho, estava leve.
Seria isso então?
Até aquele momento eu era
alguém de difícil entendimento
para com os outros e para comigo
mesma.
Cansada, dormi debaixo de um pequizeiro.
Me transportei até o Tibete e, como sempre, fui ter com Humarram. Estava
frente a ele, não tinha dúvidas.
- Oh, meu querido Mestre!... Não sei se devo te chamar assim...
- Sim, minha pequena Natacha. Porém, antes, deves entregar teus olhos a
Deus!
Levei os olhos para uma pequena janela onde se via a luz do sol de uma
tarde, e disse:
- Jesus, arranque os meus olhos se tudo for mentira... – e continuei com meus
mestre: - Tens uma vida simples e dolorosa. Se fosse eu, não suportaria!...
- E como! Dolorosa, porém embebida de lágrimas santificantes, do dever, da
vida em luta, de renúncia sublime! Natacha, no mais íntimo do ser humano, que é
o PLEXO, existem ENERGIAS LATENTES, forças poderosas que não são
exploradas senão excepcionalmente. Com a intervenção destas forças podem ser
curadas as doenças do corpo e do caráter, digo, doenças físicas e morais.
- Que movimento misterioso, que me surpreende!...
- Tudo deve ser silenciosamente, pelos movimentos psíquicos de cada
faculdade mediúnica. Esta, uma vez desenvolvida, nos permite modificar nossa
natureza, vencer todos os obstáculos, dominar a matéria e até vencer a morte,
Natacha!
- Me chame Neiva! – disse eu – Gosto do meu nome...
- O princípio superior de todos os missionários é o trabalho. Sua ação será
comparada a um imã. Terás que viver atraindo novos recursos vitais. Terás,
também, o segredo da evolução, das transformações de vidas cujo princípio não
está na matéria mas, sim, na própria vontade. Esta ação se estende tanto no
mundo etérico como no físico – matéria! Tudo, filha, pode ser realizado no domínio
psíquico, pelo amor, na ação da vontade, na Lei do Auxílio, princípio superior de
todas as coisas. A potência da vontade de quem busca, honestamente, servir aos
seus irmãos, não tem limites. E quando dormimos, cansados, pensando com amor
servir alguém, nós nos transportamos e saímos pelos planos espirituais, em seu
socorro. A Natureza inteira produz fenômenos, metamorfoses. Quando conheceres
a extensão deste fenômeno, seus recursos dentro de ti mesma, deixarás o mundo
deslumbrado...
- Meus caminhos! Minha liberdade!... – disse eu quase chorando.
- Neiva, o que chamas de liberdade, se existe em ti a mais poderosa fonte de
energia, que pode arrebentar as mais fortes cadeias dos domínios psíquicos?
Segurou meus braços e uma sensação de força se introduziu em todos os
meus movimentos. Senti-me forte e preparada para o combate. Com a cabeça um
pouco dolorida, voltei novamente à luta na busca pela sobrevivência. Despertei
com alguém que dizia:
- Neiva, tem aí um colega querendo te ver. Diz se chamar Guido.
- Ó, meu Deus! – Gemi, e tudo que saía de minha cabeça, do meu cérebro, tinha
um tumulto diferente, de pensamentos desiguais.

O MUNDO DAS NAIADES - 1960

Salve Deus!
Despertei, e,
ao abrir os olhos,
achei-me sentada
sobre a relva, à
sombra da
frondosa árvore
onde,
evidentemente,
havia adormecido.
Comecei a
me lembrar que o
sol ainda brilhava
ao poente quando
me destinara a sair do corpo, ou melhor, quando uma força enorme me arrancava
do corpo, do meu corpo.
Sem tempo para analisar muito, vi duas lindas moças que chegaram e, sem
falar, tinham escrito nas roupas “Marta” e “Efigênia”. E, da maneira como eu ia
harmonizando-me, ia também, dando conta de onde estava.
Estava em outra dimensão, que não a minha. A iluminação era tão diferente,
e um pouco triste.
Pensei: Viver aqui seria realmente a morte!
- Neiva, - ouvi alguém dizer - a atmosfera material está roubando-te a paz. O
sol diminui a duração da vida, desde o nascimento até se pôr. O tempo é chamado
presente, passado e futuro. O que agora é presente, amanhã será passado; e o
que agora é futuro, amanhã será presente. Acaba o futuro do corpo que, aqui, não
pertence à categoria do presente, passado e futuro, e, sim, pertence à Eternidade.
Por conseguinte, não deves preocupar-te em como alcançar a plataforma da
Eternidade. Deves utilizar a consciência desenvolvida do ser humano, nas
proporções animais: comer, dormir, enfim, dando razão as coisas da Terra, que
normalizam o centro nervoso. O homem vive e se alimenta das coisas que Deus
criou.
E, respondendo a uma pergunta que pairava no meu pensamento, disse:
- O sexo é uma decorrência da criação da natureza dos homens.
- Graças a Deus, estou em outro mundo, e ouço tudo isso, pensei.
- Sim, sem os falsos preconceitos - rematou a voz.
Nisso, apareceram alguns casais em diversas sintonias. Lindos, lindos! É
difícil dizer as coisas que faziam. De repente, um clássico, conhecido, encheu de
alegria toda aquela paisagem.
Alguns dançavam, outros corriam para ser alcançados por seus namorados.
Deduzi: As almas gêmeas de André Luiz! Salve Deus! - pensava, já sem as
explicações daquela voz.
Contudo, não conseguia sair dali, remoendo, em minha cabeça: a minha
categoria é ainda do passado, presente e futuro... Enquanto estes, a sua categoria
é a Eternidade. Será um sonho tudo o que vejo? Será apenas um sonho?
- Não é sonho! - disse-me novamente a voz - Este é o mundo dos NAIADES!
Aqui sentimos o aroma da Terra.
Nisso uma jovem que estava dançando, caiu como que desmaiada.
- Meu Deus! – exclamei - Desmaiou...
- São vibrações da Terra! Esta moça tem sua alma gêmea segura em outra
dimensão, onde ainda há reparações. Temos sete dimensões até chegar ao Canal
Vermelho, que é o primeiro degrau celestial.
A música parou e todos foram em socorro da mulher. Pela primeira vez vi fios
dourados seguindo naquele horizonte. E agora?
A voz continuou:
- O felizardo, do outro lado se libertou.
- E para onde irá?
- Para outra dimensão, dando sempre continuidade à sua evolução.
- Que coincidência! - pensei.
- Não, Neiva, a vida não pára. Aqui o mundo vive a sua própria evolução.
Volte para o teu corpo, que já tem muito tempo que saístes.
Voltei. Já estava escuro. Algumas pessoas me perguntaram se eu estava
bem.
E essas viagens se amiudaram...
Salve Deus! Com carinho, a mãe em Cristo,

A PRIMEIRA VIAGEM AO TIBETE - 01-01-1961

Salve Deus!
Até aquele momento eu era alguém de difícil entendimento para com os outros
e para comigo mesma. Talvez, pela dor provocada pelo drástico desenlace na
minha vida, meus tumultos não cessavam nunca. Sempre me sentia como um rio
que transborda do seu leito e vai extravasando, empurrando a margem,
derrubando as paisagens, profetizando desavenças, dúvidas e afirmando, também,
o Espírito da Verdade, porém, muito derrubando por terra, levando à dor pela visão
transtornada. Tudo que estava escrito, tudo que saia de mim, tinha esse tumulto
errado.
A minha insegurança ou falta de amor me fazia perigosa, indesejada, pelas
constantes revelações trágicas que faziam sofrer a mim e aos outros. Essa tristeza
revelava melancolia e essa coisa esquisita que se vinha comprimindo dentro de
minha mente atormentada, dizia, também, que já era tempo de mudar o caminho.
Resolvi, então, partir para o meu objetivo, sentir, realmente o canto que do céu
me chegava aos ouvidos. Obedeci meu pai Simiromba, rumei aos montes do
Tibete, onde ouvi o primeiro canto universal do velho incansável Humarran, mestre
querido, que no seu aposento em Lhassa, me deu o que eu jamais pensei em
receber: me ensinou a viagem para estar com ele, me ensinou o sentido comum
da vida fora da matéria. Em suma, tirou a seqüela que me fazia amaldiçoar a vida
obscura e dolorosa.
Era primeiro de janeiro de 1961!
PRECE DA CORRENTE BRANCA ORIENTAL DO UNIVERSO – 21-03-
61

PRECE DA CORRENTE BRANCA ORIENTAL DO


UNIVERSO
(Fazer à noite, sem passar de meia-noite; acender uma vela e um defumador)

JESUS!
TU QUE BAIXASTES NA TERRA, COMO BOM ENSINADOR DOS TEUS
IRMÃOS,
ENSINASTE-NOS O MAIS PURO E VERDADEIRO CAMINHO,
AQUECENDO-NOS DAS CHAMAS DO TEU IMENSO AMOR!...
COLOCASTES EM CADA CORAÇÃO UMA CANDEIA VIVA
EM QUE RESPLANDECEM AS TRÊS PALAVRAS
DO TEU DIVINO ENSINAMENTO: FÉ, HUMILDADE E CARIDADE!
DERRAMASTES O TEU BENDITO SANGUE PELO NOSSO AMOR;
ADMITISTES EM TEU CORPO AS CINCO CHAGAS TÃO DOLOROSAS;
BEBESTES, SEM NENHUMA RECUSA,
A TAÇA DE FEL TRAZIDA PELO PRÓPRIO PUNHO DE TEUS LEGÍTIMOS
IRMÃOS!...
CRUCIFICADO, SOBRE A TUA CRUZ DESPRENDESTE-TE DO CORPO E,
CORAJOSAMENTE,
DEIXASTES AQUELE MORRO DO CALVÁRIO, SUBISTES AOS CÉUS E
FOSTES TER COM DEUS!...
EXPLÍCITO DEIXASTES, JESUS DE AMOR, QUE O SOFRIMENTO E A
DOR
SÃO A PURIFICAÇÃO DOS NOSSOS ESPÍRITOS PARA A RENOVAÇÃO
DOS QUE AQUI PASSAM,
SABENDO ATRAVESSAR OS VALES DA INCOMPREENSÃO...
JESUS, SÃO ..... HORAS DA NOITE!... VENHO, HUMILDEMENTE,
PEDIR-TE A PERMISSÃO PARA MELHOR ME CONDUZIR NO TEU
EXÉRCITO ORIENTAL.
ESTA ESPADA DE LUZ ENCORAJA-ME; ESTE DEFUMADOR
EMBRIAGA-ME,
CONDUZINDO MEU ESPÍRITO À MESA REDONDA DA CORRENTE
BRANCA DO ORIENTE MAIOR!
Ó, DEUS, DE INFINITA BONDADE, COMO É BELO SENTIR-ME JUNTO A
TI!
E, EM DOCE PRECE, DIZER-TE: SENHOR, PROTEJA-ME, POR
PIEDADE!
ENTRELACE-ME, SENHOR, CADA VEZ MAIS, COM ESTA BENDITA
LINHA ORIENTAL!
COMPADECE-TE DESTES IRMÃOZINHOS QUE AINDA NÃO TE
CONHECEM...
DÊ-ME, SENHOR, A PAZ!
QUE AMANHÃ, AO LEVANTAR-ME, POSSA ME SENTIR
VERDADEIRAMENTE PROTEGIDO:
O MEU CORPO, A MINHA BOCA, OS MEUS OUVIDOS, OS MEUS
OLHOS...
QUE TUDO, ENFIM, SEJA EMANADO PELO TEU AMOR,
PARA QUE EU POSSA VENCER NA LUTA PELO MEU PÃO DE CADA
DIA,
SENTINDO QUE A PAZ DO SENHOR, POR TODA A PARTE, ME GUIA!
SALVE DEUS!
(Pelo Espírito do General – UESB)

UNIÃO ESPIRITUALISTA SETA BRANCA –


30-11-61
Salve Deus!
A caminho de nossa evolução, é como se
não bastassem os nossos carmas. Sempre estamos a nos servir dos exemplos
alheios. Resolvi, portanto, fazer esta pequena agenda, do ESPÍRITO A CAMINHO
DE DEUS.
Em 1959, fui a mando dos meus Mentores Espirituais para um retiro, onde
mais tarde veio a ser conhecido como UNIÃO ESPIRITUALISTA SETA BRANCA.
Ali vivi cinco longos anos à mercê das terríveis provas do meu tenebroso carma.
Recebi as mais preciosas lições. Como médium equipada das principais
mediunidades, tenho a consciência tranqüila, que executei perfeitamente a minha
árdua missão. Cinco anos vividos, lindos fatos, tristes dramas. Passagens
drásticas, fenômenos vividos, romances sentimentais... Graças a Deus, nesses
cinco anos só nos foi poupado a tragédia de uma desgraça.
Como médium principal ou profetiza, mais cento e poucos irmãos que,
segundo as comunicações dos nossos mentores, estivemos em reajustes por
pertencermos a uma tribo de ciganos, desencarnados em 1500 mais ou menos, na
imediações da Rússia. Ficou esclarecido também, que tivemos outras
reencarnações após esta citada.
O fato é que esta tribo tradicional desses ciganos foi identificando-se e
reajustando-se entre si. E, apesar de tudo, os unia a mais original compreensão. O
amor e a tolerância eram perfeitos.
Vivíamos calmamente, em total retiro espiritual. Os fenômenos eram
identificados com todo o amor. Operávamos centenas de curas todos os dias, até
que chegou o inevitável: o ataque das correntes negativas dos grandes senhores
dos Vales Negros. Abriram-se as portas do Vale das Sombras e, em seguida, as do
Vale Verde. Era um desafiar sem fim, forças tenebrosas invadiam todos nós,
trazendo desconforto total. Os nossos mentores espirituais do GRANDE ORIENTE
trabalhavam desesperadamente para nos libertarem. Pai Seta Branca, com o seu
grande amor, e na confiança de minha “clarividênciaouvinte”, formou então, um
QUADRO no sentido de que a UNIÃO ESPIRITUALISTA SETA BRANCA fosse o
espelho vivo e sua fortaleza de LUZ, para que pudessem renascer no Bem os
espíritos dos Vales Negros. Lembro-me que, um dia, o General, nosso poeta,
escreveu e minha filha Carmem Lúcia recitou assim:
Tu, minha U.E.S.B. querida, és pequena e original,
Como a aurora abate às trevas, resplandece tudo igual,
Distribui à natureza Luz direta do Astral.
Era total a confiança dos Mentores em ver realizarmos tão lindos trabalhos,
com tanta eficiência. Os Mentores basearam-se na mesma U.E.S.B. sentindo
assim, a grande chance dos ciganos de se enriquecerem na RICA DOUTRINA,
para a destruição dos Vales Negros.
Qual nada, tal foram suas decepções. Pobre de nós outros, ciganos cheios
de carmas e desejos de riquezas profanas. Longe estávamos da humildade além
de nossas mediunidades. E assim, a terra de Deus foi destruída. Foi assim que
começou a queda de nossa missão!... Alguns ciganos começaram a desrespeitar,
não aceitando a lei do Céu trazidas pelo PAI SETA BRANCA.
Fala-se, agora, na melhoria material, verbas do governo... Todavia,
continuavam os desentendimentos, uns contra os outros Sem mais nem menos,
surgiam discussões calorosas, de fazer medo. Vendo que as coisas tomavam,
agora, rumos diferentes à nossa missão, comecei a me preocupar e, na minha
posição de clarividente, via a possibilidade de sermos tomados por aquelas forças
negras. Comecei, então, a me acautelar, porém de nada valeu, pois a presidenta
foi “tomada”. Então, começou a ver em mim a razão de toda aquela pobreza.
Começou a fazer pressão para que eu saísse, até que, não suportando, pedi ao
Pai, e Ele, sem nada poder fazer mandou-me para Brasília. Foi um choque muito
grande para mim. Levantou-se toda a IRMANDADE e seguiram. Noventa e sete
órfãos... Fui obrigada a trazê-los e acabar de criá-los.
Salve Deus!

A UNIÃO ESPIRITUALISTA SETA BRANCA E A AURORA – 30-11-61

Surge a aurora, Como é bela a madrugada, Mais


uma vez venceu-se as trevas!
Desperta a madrugada, Que Deus vem abençoar!... A
natureza novamente impera:
Acorda a passarada Surgindo a bela aurora Sua
aurora abateu,
Feliz a cantar... Acordando a rica flora, Com sua tão
grande força,
Estende-se o vasto campo, Desprezando suas guaridas,
Mostrando, assim, os controles de Deus!
Um lindo sol a brilhar. Todo ser vivo vai cantar
Num festival de alegria,
Todos vão a Deus louvar!...
Tu, aurora querida, E tu, minha
UESB querida,
Tens o vigor, tens a vida És pequena e
original.
A verdade refletida Como a
aurora, abates as trevas,
Ao lado da UESB amiga. Resplendes
tudo igual,
Por Deus, vou a comparar Distribuindo à
natureza
Irmã gêmea de ti, aurora, Luz direta do
Astral!...
Que ontem a vi raiar...

(pelo espírito do GENERAL)

MENSAGEM DE HUMARRAN – OUTUBRO - 1962

Meu filho Jaguar, Salve Deus!


Partindo desta compreensão das
origens criadoras nas atividades RACIONAIS
e tão intimamente unidas, vidas conscientes
que sabem discernir que o negativo de hoje
será o mal de amanhã, cada consciência
vive e envolve os seus próprios
pensamentos.
Através dos séculos do tempo, nada
escapa à lei do progresso - as religiões
acima de tudo.
Vibramos, emitindo, seguimos com a
mente ou somos atraídos, o que não é muito
bom. Sim, a vibração que nos ATRAI, mesmo
de bons sentimentos, nos incomoda. A
vibração desejada é quando sentimos
irradiar. Pelas irradiações sabemos,
conhecemos porque estamos sendo
vibrados. Levando em consideração as imperfeições dos nossos desejos,
aspirações, não se esqueça de que os fenômenos magnéticos duram ainda depois
da morte. Assim é o peso.
Preserva tua mente do orgulho, pois o orgulho provém somente da
ignorância. O homem não tem conhecimento. Pensa ser grande, ter feito essa ou
aquela coisa. Se o seu pensamento for aquilo que deve, pouca dificuldade
encontrará na ação. No entanto, lembra-te de que, para seres útil à humanidade,
teu pensamento deve se traduzir em ação.
Nas alterações, separamos, de maneira rigorosa, os transtornos da
percepção. Alterações observadas no terreno das representações e, inclusive, as
alucinações, porque nestas representações ou alucinações, as alterações se
manifestam sutis, tornando-se perigosas. Resta-nos agora, resumir e reunir, para
melhor concluirmos. Resumindo a história da ciência para harmonizar os grandes
princípios da Magia Iniciática, conservada e transmitida através de todas as
idades.
Conhecendo bem as leis e as forças da Cabala, às vezes nos admiramos
tanto, porque certos homens, que tiveram a graça de ser inteligentes, preferiram,
no entanto, viver com suas almas presas nos estreitos limites do corpo humano,
resistindo até mesmo aos esforços dos Poderes Superiores. O medo do ridículo,
provocado pelo orgulho...
Não sabe o homem que seria mais inteligente se aprofundar para criar...

SAUDADES DE MINHA ORIGEM – 01-03-63

I II
III

Saudades de minha origem, Caminhando, sempre caminhando


Longe, ao longe, um violino
Do meu coração em mágoa, Sem amor, sem destino,
Uma esperança de amor e paz,
Vontade grande de vida, Sem estação e sem parada.
Pensando sempre viver
No termo desta jornada. Com Deus sempre, e sem destino.
Sonhos que não voltam mais...

A SABEDORIA DIVINA – 01-05-63

Ó, meu Deus!
Ante a Luz da Tua divina sabedoria, o que é santo desaparece dos meus
olhos!
À noite, as cadeias do erro e da ilusão cairão no oceano da Mente Superior.
Eleva-me a Ti e, em meus abismos, afundarão todos os meus pensamentos
inferiores.
De Tua sabedoria será sempre a minha Luz, e sem fim será minha gratidão...
Possa, ó, Jesus, a Luz do Teu Amor iluminar-me sempre,
Possa o fulgor do Teu Espírito em mim acender a Luz da sabedoria da Mente
Superior!
Ó, Sagrado Templo do Silêncio, que emana teus sublimes clarões servidores
que atuam no fogo e na água!...

FIM DA UESB – 09-02-64

Vivíamos na mais perfeita


compreensão eu, Mãe Neném e
os outros.
Cinco anos de trabalho, dia
e noite!
Estávamos afiados nas
coisas do Céu; compreendíamos
os mínimos detalhes das forças benditas do Oriente Maior. Hasteamos a Bandeira
Rósea do Amor de Nosso Senhor Jesus Cristo na União Espiritualista Seta Branca.
Tudo nos era maravilhoso, desde que meus olhos de clarividente avistassem
a Luz. Eu e Mãe Neném resolvíamos os mais tenebrosos quadros e não tínhamos
tempo para pensar. Éramos duas e, apesar de sua intransigência benfeitora, eu,
que era considerada desordeira, a obedecia e tudo se passava na santa Paz de
Deus, sendo o mais importante seguir o regulamento de Pai Seta Branca.
Porém, deu-se o inevitável na decorrência de nossas vidas ligadas a
passagens cármicas, reencarnações desastrosas, já que estávamos ali para os
nossos últimos reajustes.
Após cinco anos, chegávamos ao vestibular para uma nova Iniciação!
Vimos como se fôssemos um suntuoso bolo de festa o qual as pessoas mal
educadas devoravam, contra o gosto do dono da casa, que nada podia fazer. E
não nos foi possível passar no vestibular para a nova Iniciação. Cobradores
trazidos por nossos filiados e correntes negativas se infiltraram no nosso povo na
Terra, e nos assediaram com violência brutal. Não nos foram dadas condições para
reagir e, assim, tumultuados nossas mentes e nossos corações, não sabendo mais
em quem acreditar, viramos nossas armas contra nós mesmos e destruímos tudo o
que era de mais belo: a União Espiritualista Seta Branca, no dia 9 de fevereiro de
1964!

OUTONO TRISTE – 20-05-65

I II
III
Outono! Onde tu, desta vez, Em um sanatório triste De tanto meditar,
um dia
Amigo, fostes me encontrar... Onde vivo a meditar Tive este
sonho afinal...
Mais arrasada que outrora, Vendo as leis da evolução Dos
meus sonhos, este o mais vivo.
Não me leves para o mar!... Fui, então, me conformar! Foi
mesmo um sonho real!

IV V
VI
Sonhei que era uma folha, Vendo que as minhas irmãs Rogava a
Deus todos os dias
De uma árvore frondosa e bela. Ficavam ali sobre o chão, Que me
desse outra sorte.
A árvore balançava as folhas, Preferi outro destino, Findar
no chã não queria...
E eu presa estava a ela. Pedi outra evolução. Desejava
outro tributo, outra morte!

VII VIII
IX
Veio, então, o triste outono, Não pensei na pobre árvore, O vento
levou-me às alturas,
Meu pobre dia chegou! Em nada que era meu... Depois
fui descendo para o mar...
O vento, como um tirano, Feliz, sem nada saber, Começou,
então, meu tormento.
Da árvore me carregou. Saí dali, dando adeus!... Passava
os dias a chorar.

X
Agora, sentia saudades
Do tronco e de minhas irmãs.
Então, chorava desesperada,
No mar, sem consolação!...

DÚVIDA – 23-05-65

I II

Almas gêmeas que se encontram Em meio de mil amores

Neste mundo a passar, Dizem ser fácil te


encontrar!
Estão a ajustar velhas contas Alma dos meus
anseios,
Que Deus mandou pagar. Eu vivo a te
procurar...

III IV

Estou cansada deste mundo, Não, não é possível


seres tu,
Na incerteza de te achar. Que tanto me
fizestes chorar...
Alma gêmea, será que vivo Se és, me cobra em
dobro:
Sem saber te identificar? Assim, não te posso
amar!...

(Belo Horizonte - Sanatório Imaculada Conceição, 23.5.65)

VÁ, TÉDIO – 9-06-65

Tédio! Se estou a queixar-me Não tenho mais esperanças... E,


depois desta grande queda,
É porque nos vemos outra vez... Aquela tormenta fatal, Eu
não sei mais confiar...
Te lembras quando, outrora, O vento levou-me tudo! A
ternura, a compreensão, a firmeza
Meu rico lar se desfez? Ficou só o alicerce, o final!
Para reconstituir o meu lar...

Vá, tédio, siga para longe de mim Estas velhas ruínas


Não me dê tempo a pensar, Alguém me tentou
fazer...
Recordando o que perdi As pedras me
machucaram,
Não reconstruirei o meu lar!... Sofri, tédio,
chorei!...

Vá, tédio!...

(Sanatório Imaculada Conceição, Belo Horizonte, MG - 9.6.65)


Várias vezes Tia Neiva esteve internada pela deficiência respiratória.
INCONSCIÊNCIA – 20-06-65

Longo caminho percorremos a sonhar, Sonhe, amado meu!... E


quando não mais me ouvires,
Sob a voz de um divinal cantor. Prefiro te ver a sonhar.
Não tente olhar para trás!
Alguém lhe quis arrebatar o canto, Sinto que a longa estrada
Tenha-me, sempre, na lembrança,
Eu não deixei te despertar, amor... Não tarda a nos separar...
Amando-te cada vez mais!

E no labirinto real deste caminho Só a


seqüência de um som angelical
Em que todos nós nos encontramos, Nos retornará
àquela estrada que ficou.
Os rastros nunca se apagam Só a doce paz
deste canto
Daquele que realmente amamos! Poderá nos unir,
meu grande amor!...

(Belo Horizonte – General - Sanatório Imaculada Conceição, 20.6.65)

A VIDA FORA DA MATÉRIA – 26-06-65

A cada dia nossas responsabilidades estão aumentando e, por isso, é preciso


ficarmos cientes da vida fora da matéria. É muito fácil o espírito dela se
compenetrar, porém não é fácil se adaptar!
Nos mundos espirituais ou mundos fora da matéria, a vida se compõe de
positivo e negativo, isto é, homem e mulher. O espírito do homem continua homem
e o espírito da mulher continua mulher.
Apesar de ser afirmado por alguns iniciados que o espírito não tem sexo, os
meus olhos dizem o contrário.
A adaptação do Homem na vida fora da matéria é difícil porque sente muita
saudade de suas coisas e dos seus entes queridos, nas suas concepções
másculas de Homem terreno, isto mesmo com o amor dos puros (força de
expressão).
Os espíritos libertos vivem em suas dimensões e se amam... Se amam com a
ternura dos anjos!

MADRUGADAS FORA DA MATÉRIA – 23-08-66

Meu Deus, como nos embrutece o corpo da matéria e como somos felizes e
compreensivos, mesmo nas poucas horas em que conseguimos nos libertar “dele”.
A mediunidade nos sacrifica, porque a nossa condição humana terrena vive
sempre acrisolada ao passado no corpo, nos exigindo suas funções normais, ao
passo que, fora dele, sentimos uma sensação tão maravilhosa de libertação que
chegamos mesmo a nos envaidecer. É preciso termos muita cautela, caso
contrário, é perigoso o complexo de superioridade, e por mais que tenhamos
humildade, vemos sempre os nossos irmãos como meras crianças. Por exemplo:
Parece que já tenho uns 80 anos de experiência, pelos conhecimentos adquiridos
com meus transportes em minhas madrugadas.
Apesar dos conhecimentos que já disponho, não tenho e não me foi confiado
qualquer privilégio em relação às minhas “funções” de encarnada. Passo
normalmente por todas as regularidades da carne, creio até que ainda estou muito
longe deste aperfeiçoamento. A pedido de MÃE YARA, vou deixar escrito tudo que
se passa nos meus trabalhos “madrugueiros”, e como jurei a nosso Senhor Jesus
Cristo os meus olhos, direi tudo ao bem da verdade. Apesar de inúmeros
desdobramento, vou começar por este último.
Dia 20 de junho, o meu espírito estava conturbado por diversas coisas que
eu não estava sabendo assimilar. Já eram três horas da madrugada e eu não
conseguia liberta-me dos meus pensamentos, estava acrisolada pelas terríveis
forças negativas que eu mesma havia atraído. Já estava atrasada para assumir
meus compromissos na minha “deliciosa” CABALA onde me dedico ao bem dos
meus irmãos. Foi necessário utilizar os meus últimos recursos mediúnicos, e por
fim, libertei-me. Graças a Deus, porque fora do corpo, embriagava-me das coisas
que amo. Que delícia!!! Experimentava agora, depois de tanta perturbação, a feliz
libertação. Bem consciente, fui cada vez mais penetrando em tudo quanto não me
é permitido no corpo da carne, já estava para perder o senso da responsabilidade,
quando ouvi a voz severa de minha mentora que dizia:
- Minha filha, és senhora das tuas faculdades mediúnicas, porém, és escrava
da missão que assumistes perante Deus e os homens da Terra. Não te iluda com
esta libertação passageira, como, também, são passageiras estas tuas
perturbações. Vamos, disse: Irma já te espera.
Parti dali sem fazer qualquer objeção, apesar de ficar meio saudosa. É
verdade, IRMA a cigana, já estava à minha espera. Começamos o nosso RITUAL,
IRMA e GERMANO, o GÊNIO, como nós o chamávamos. Defumou a minha manta
e a atirou nos meus ombros, como de costume. Preparada, comecei nos PONTOS
CABALÍSTICOS COM AS ESTRELAS. Depois, FORÇA MAGNÉTICA, onde
distribuímos o ectoplasma... O GÊNIO vai ditando o nome dos irmãos necessitados
(nome e idade)... De tudo, o que eu mais gosto é do JOGO das estrelas com o
TOPÁZIO. Por ele vejo o desenrolar de carmas de criaturas tão amadas, e sobre o
reflexo que me ilumina este rico JOGO, muitas vezes, belas coisas consigo. É
deslumbrante, é maravilhoso bailar sobre o reflexo deste JOGO. Depois voltei ao
FOGO SAGRADO, e lá “arrematei” como sempre:
- Senhor! Neste instante, e por todos
instantes da minha vida, respeito e respeitarei
as Leis do meu Pai que está nos Céus. Tudo
me vem do Reino de Deus que está dentro de
mim, preciso e abaterei as trevas, nada resiste
ao poder dinâmico. Escuto a voz do silêncio e
nenhuma escuridão é demasiada para a luz do
Divino. Sou abençoada pelo Senhor que habita
em mim. Pelo pensamento, neste instante, vou
controlar minhas forças mentais e vitais.
Nenhum pensamento negativo poderá entrar
em minha mente. O Altíssimo tem seu Templo
em meu íntimo. Nada resiste ao poder dinâmico
do meu espírito! Tenho absoluta Fé de que
tenho o poder de fazer o que, em nome do meu
Senhor, eu quiser. O amor e a chama branca da
vida residem em mim. E, com a bendita estrela
de Davi, jamais me esquecerei do poderoso
poder sobre o Jeová Negro, que é este poder mediúnico que me incendeia nos
olhos, na boca, nos ouvidos, e enfim, no fundo da minha alma. Lavas benditas
desta fogueira Sagrada, queima as impurezas e abre os caminhos destes entes
amados que foram chamados pelo gênio, filho de Sabá. Prepara-os, compromete-
me na maneira do possível, na Corrente Mestra do Astral, para que ao voltarem
aos carreiros terrestres, levem individualmente seus equipamentos de vibração. E,
pela luz dos meus olhos eu os conduzirei e saberei encaminhá-los ao bem da
Justiça do meu Pai que está nos Céus. Agora e sempre, Lavas Benditas, emanem
o meu corpo para que eu possa sempre sem medo, dominar à noite do “Jeová
Negro”, com estas rédeas que me confiastes. E, na Alvorada do Divino, seja eu
iluminada, meus olhos, minha boca e toda a minha alma cigana.
Com Carinho, a Mãe em Cristo,

VIDA NA UESB – 23-08-66


A caminho da evolução, é como se não nos bastassem nossos carmas...
Estamos, sempre, a nos servir dos exemplos alheios. Resolvi, portanto, fazer
esta pequena agenda, do Espírito a Caminho de Deus.
Em 1959, eu fui, a mando de meus Mentores espirituais, para um retiro que,
mais tarde, veio a ser conhecido como União Espiritualista Seta Branca. Ali vivi por
cinco longos anos, à mercê das terríveis provas do meu tenebroso carma. Recebi
as mais preciosas lições.
Como médium equipada das principais mediunidades, tenho a consciência
tranqüila de que executei perfeitamente minha árdua missão.
Cinco anos vividos: lindos fatos, tristes dramas, passagens drásticas,
fenômenos vívidos, romances sentimentais... Graças a Deus, nestes cinco anos só
nos foi poupado a tragédia de uma desgraça.
Eu, como médium principal - ou profetisa - e mais cento e pouco irmãos que,
segundo comunicação de nossos Mentores, estivemos em reajustes por
pertencermos a uma tribo de ciganos, desencarnados por volta de 1500, na região
da Rússia. Ficou esclarecido, também, que tivemos outras reencarnações
posteriores.
O fato é que esta tribo tradicional desses ciganos foi se identificando e se
reajustando entre si. O fato mais original destes ciganos era a compreensão e o
amor que, apesar das grandes dívidas, eram perfeitos.
Vivíamos calmamente em total retiro espiritual. Os fenômenos eram
identificados com todo o amor. Operávamos centenas de curas todos os dias, até
que chegou o inevitável: o ataque das correntes negativas, dos grandes senhores
dos Vales Negros.
Abriram-se as portas do Vale das Sombras e, em seguida, as do Vale Verde.
Era um desafiar sem fim.
Forças tenebrosas invadiam todos nós, trazendo desconforto total.
Nossos Mentores espirituais do Grande Oriente trabalhavam intensamente
para nos protegerem. Pai Seta Branca, com seu grande amor e com a confiança
em minha clarividência ouvinte, formou um quadro no sentido de que a União
Espiritualista Seta Branca fosse um espelho vivo e sua fortaleza de Luz, para que
pudessem renascer no Bem aqueles espíritos dos Vales Negros.
Lembro-me de que um dia (30.11.61) o General, nosso poeta, escreveu e
minha filha Carmem Lúcia recitou: “Tu, minha UESB querida/És pequena e
original/Como a aurora abate as trevas/Resplandece tudo igual/Distribui a
Natureza/Luz direta do Astral.”
Era tal a confiança dos nossos mentores ao nos ver realizar tão lindos
trabalhos e, com tanta eficiência, que basearam-se na mesma, sentindo assim a
grande chance dos ciganos se enriquecerem na rica doutrina para a destruição dos
vales negros.
Qual nada! Tal foram suas decepções! Pobres de nós outros, ciganos cheios
de carmas, desejos e requisições profanas. Longe estávamos da humildade, além
de nossas mediunidades.
E, assim, a terra de Deus foi destruída. Assim foi que começou a queda de
nossa missão. Alguns ciganos começaram a desrespeitar, não aceitando as Leis
do Céu, trazidas pelo Pai Seta Branca.
Falava-se, agora, na melhoria material, verbas do governo. Finalmente, um
contra o outro. Sem mais nem menos, surgiam discussões calorosas de fazer
medo.
Vendo
que as coisas
tomavam,
agora, rumos
diferentes à
nossa missão,
comecei a me
preocupar.
Na minha
posição de
clarividente,
via a
possibilidade
de sermos
tomados por
aquela força
negra.
Comecei a me
acautelar,
porém de nada
valeu, pois a
presidente foi tomada. Então, começou a ver em mim a razão de toda aquela
pobreza. Começou a fazer pressão para que eu saísse. Até que eu, não
suportando, pedi ao Pai e ele, sem nada poder fazer, mandou-me para Brasília.
Foi o grande choque para mim. Levantou-se toda a irmandade. Seguiram-me
noventa e sete órfãos. Fui obrigada a trazê-los e acabar de criá-los.

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