No mundo crioulizado, híbrido e mestiço, a migração internacional dá lugar ao transnacionalismo, aos transmigrantes e às comunidades da diáspora. De acordo com Trajano Filho (2011), os estudos transnacionais argumentam que os novos migrantes constroem suas relações sociais dentro de uma rede que se estende através das fronteiras dos Estados Nacionais (Trajano Filho, 2011: 159).
A prática musical é um ingrediente substancial nos fluxos imateriais que atravessam fronteiras e formam identidades transnacionais. Sendo assim, que tipos de redes teóricas podem nos ajudar a responder questões relativas à música no mundo como o compreendemos? A maioria de nós entende que o mundo, no qual nós e os nossos colaboradores fazemos, sentimos e experimentamos música, está mais complicado do que antes costumava ser, ou estamos nos conscientizando de que ele sempre foi complexo e que as nossas maneiras de o pensar eram muito esquemáticas e demasiadamente inadequadas (Rice, 2003: 151).
Neste trabalho, procuramos discutir abordagens sobre as experiências e percepções da maternidade em campos sociais transnacionais quando gerenciada e experimentada em contextos de incerteza e pressões conflitantes. A proposta de análise é baseada no fenômeno da emigração feminina de Cabo Verde para Portugal (vide Carreira, 1983; Batalha & Carling, 2008).
A abordagem conceitual se aplica à prática do batuko – gênero performativo complexo que envolve percussão, poesia, canto e dança. Quando, um grupo de mulheres (raramente um homem aparece nesse contexto) canta e toca percussão em uma roda ou semicírculo, havendo uma solista e um coro que lhe responde. Uma expressão musical-coreográfica que é encontrada na ilha de Santiago do arquipélago de Cabo Verde com características relativamente estáveis desde o século XVIII (vide Nogueira, 2011; Ribeiro, 2012).
Dentro do nosso recorte, focamos em grupos de batuko que emergem na cidade de Lisboa a partir dos inícios da década de setenta do século XX. Estes grupos, organizados por mulheres, na maioria da ilha de Santiago, cujos integrantes residem em bairros como Fontaínhas, 6 de Maio (Damaia), Cova da Moura (Buraca) e Marianas (Carcavelos) interpretam um repertório que versa sobre experiências, tais como o processo para conseguir o visto para emigrar, a legalização da sua situação em Portugal, o trabalho da venda nos mercados de peixe, no comércio ou em residências privadas, e ainda sobre como a vida familiar teve que ser estruturada devido a emigração (Cidra, 2008; Ribeiro, 2012).
Título original
Bu Naci Só pa bu ka fika na bariga: Batuco e maternidade transnacional (ENABET 2017)
No mundo crioulizado, híbrido e mestiço, a migração internacional dá lugar ao transnacionalismo, aos transmigrantes e às comunidades da diáspora. De acordo com Trajano Filho (2011), os estudos transnacionais argumentam que os novos migrantes constroem suas relações sociais dentro de uma rede que se estende através das fronteiras dos Estados Nacionais (Trajano Filho, 2011: 159).
A prática musical é um ingrediente substancial nos fluxos imateriais que atravessam fronteiras e formam identidades transnacionais. Sendo assim, que tipos de redes teóricas podem nos ajudar a responder questões relativas à música no mundo como o compreendemos? A maioria de nós entende que o mundo, no qual nós e os nossos colaboradores fazemos, sentimos e experimentamos música, está mais complicado do que antes costumava ser, ou estamos nos conscientizando de que ele sempre foi complexo e que as nossas maneiras de o pensar eram muito esquemáticas e demasiadamente inadequadas (Rice, 2003: 151).
Neste trabalho, procuramos discutir abordagens sobre as experiências e percepções da maternidade em campos sociais transnacionais quando gerenciada e experimentada em contextos de incerteza e pressões conflitantes. A proposta de análise é baseada no fenômeno da emigração feminina de Cabo Verde para Portugal (vide Carreira, 1983; Batalha & Carling, 2008).
A abordagem conceitual se aplica à prática do batuko – gênero performativo complexo que envolve percussão, poesia, canto e dança. Quando, um grupo de mulheres (raramente um homem aparece nesse contexto) canta e toca percussão em uma roda ou semicírculo, havendo uma solista e um coro que lhe responde. Uma expressão musical-coreográfica que é encontrada na ilha de Santiago do arquipélago de Cabo Verde com características relativamente estáveis desde o século XVIII (vide Nogueira, 2011; Ribeiro, 2012).
Dentro do nosso recorte, focamos em grupos de batuko que emergem na cidade de Lisboa a partir dos inícios da década de setenta do século XX. Estes grupos, organizados por mulheres, na maioria da ilha de Santiago, cujos integrantes residem em bairros como Fontaínhas, 6 de Maio (Damaia), Cova da Moura (Buraca) e Marianas (Carcavelos) interpretam um repertório que versa sobre experiências, tais como o processo para conseguir o visto para emigrar, a legalização da sua situação em Portugal, o trabalho da venda nos mercados de peixe, no comércio ou em residências privadas, e ainda sobre como a vida familiar teve que ser estruturada devido a emigração (Cidra, 2008; Ribeiro, 2012).
No mundo crioulizado, híbrido e mestiço, a migração internacional dá lugar ao transnacionalismo, aos transmigrantes e às comunidades da diáspora. De acordo com Trajano Filho (2011), os estudos transnacionais argumentam que os novos migrantes constroem suas relações sociais dentro de uma rede que se estende através das fronteiras dos Estados Nacionais (Trajano Filho, 2011: 159).
A prática musical é um ingrediente substancial nos fluxos imateriais que atravessam fronteiras e formam identidades transnacionais. Sendo assim, que tipos de redes teóricas podem nos ajudar a responder questões relativas à música no mundo como o compreendemos? A maioria de nós entende que o mundo, no qual nós e os nossos colaboradores fazemos, sentimos e experimentamos música, está mais complicado do que antes costumava ser, ou estamos nos conscientizando de que ele sempre foi complexo e que as nossas maneiras de o pensar eram muito esquemáticas e demasiadamente inadequadas (Rice, 2003: 151).
Neste trabalho, procuramos discutir abordagens sobre as experiências e percepções da maternidade em campos sociais transnacionais quando gerenciada e experimentada em contextos de incerteza e pressões conflitantes. A proposta de análise é baseada no fenômeno da emigração feminina de Cabo Verde para Portugal (vide Carreira, 1983; Batalha & Carling, 2008).
A abordagem conceitual se aplica à prática do batuko – gênero performativo complexo que envolve percussão, poesia, canto e dança. Quando, um grupo de mulheres (raramente um homem aparece nesse contexto) canta e toca percussão em uma roda ou semicírculo, havendo uma solista e um coro que lhe responde. Uma expressão musical-coreográfica que é encontrada na ilha de Santiago do arquipélago de Cabo Verde com características relativamente estáveis desde o século XVIII (vide Nogueira, 2011; Ribeiro, 2012).
Dentro do nosso recorte, focamos em grupos de batuko que emergem na cidade de Lisboa a partir dos inícios da década de setenta do século XX. Estes grupos, organizados por mulheres, na maioria da ilha de Santiago, cujos integrantes residem em bairros como Fontaínhas, 6 de Maio (Damaia), Cova da Moura (Buraca) e Marianas (Carcavelos) interpretam um repertório que versa sobre experiências, tais como o processo para conseguir o visto para emigrar, a legalização da sua situação em Portugal, o trabalho da venda nos mercados de peixe, no comércio ou em residências privadas, e ainda sobre como a vida familiar teve que ser estruturada devido a emigração (Cidra, 2008; Ribeiro, 2012).