SECRETARIA ESCOLAR
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
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Sumário
Introdução .............................................................................................................. 3
2
INTRODUÇÃO
Olá alunos e alunas do IECS:
Você está começando o estudo do material sobre a História da Educação.
Vai logo perceber que ela é parte da história da cultura, que por sua vez faz parte
da história geral.
As sociedades sempre sentiram que era preciso mostrar às novas
gerações como sobreviver, assim como prepará-las para preservar os valores de
sua cultura. A educação surgiu, portanto, dessa necessidade e o seu próprio
conceito se transformou através do tempo.
Em cada tempo/espaço histórico, a educação atendeu a determinados
objetivos, que correspondiam a visões de homem e de mundo. Portanto, para
você compreender melhor a história da educação, é essencial situá-la na história
geral.
Ao longo da leitura você vai entender o legado de cada período para a
educação atual e assim perceber as causas de alguns problemas com os quais
convivemos. A dificuldade para estabelecer uma educação universal na qual
todos tenham direitos iguais encontra raízes no passado. Vamos analisar a
diferença entre a educação dada às classes superiores e ao povo, desde as
primeiras civilizações. Veremos que as conquistas dos gregos não se limitaram às
vitórias nas guerras mas se destacaram muito mais em tudo que nos legaram no
campo da educação, começando pelo próprio termo pedagogia.
No período medieval aparecem as origens das universidades, nos tempos
modernos se estruturam os primeiros colégios.
No Brasil a educação formal começa com os jesuítas que já tinham tido
grande influência na Europa. No período monárquico o regalismo dava ao
imperador o direito de interferir nos assuntos da Igreja Católica. Com a
proclamação da República fomos alcançando grandes progressos, mas há ainda
um longo caminho até conseguirmos uma educação que elimine as injustiças
sociais e integre a sociedade de forma completa.
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Podemos perceber que a educação se transformou de acordo com as
características sociais, econômicas e políticas de cada época. Acompanhar essa
transformação é objetivo da História da Educação.
No nosso curso do IECS damos à História da Educação um lugar de
destaque. A História da Educação é disciplina curricular de diferentes cursos de
formação em Pedagogia, Normal Superior e demais cursos de licenciaturas, além
de uma área de pesquisa em expansão no Brasil.
Apresentamos no capítulo um aspectos da educação na chamada
educação na pré história e os capítulos dois, três e quatro nos trazem aspectos da
história e cultura das civilizações mais antigas e do legado delas para a educação
na atualidade.O enfoque do capítulo cinco é relativo aos aspectos da educação
na Idade Média e o seis tem foco na Idade Moderna.
Dedicamos todo o capítulo sete à História da Educação no Brasil.
Através da leitura do nosso material e das sugestões complementares você
poderá estabelecer comparações, tirar conclusões, que contribuirão para a sua
formação .
Com tantos argumentos, você não precisa de mais motivos para começar a
ler o primeiro capítulo deste material, não é?
Boa leitura!
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1- A EDUCAÇÃO ANTES DA ESCRITA
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Até mesmo os filhotes de animais superiores brincam com os animais
adultos e assim aprendem como se defender, como atacar, como controlar o
território. Como você vê, já se percebe nessas espécies uma disposição para a
transmissão de técnicas de sobrevivência.
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Como se pode concluir, nas comunidades tribais, a educação era difusa.
As crianças aprendem imitando os gestos dos adultos nas atividades diárias e nas
cerimônias dos rituais. As crianças aprendem "para a vida e por meio da vida",
sem que alguém esteja especialmente destinado a tarefa de ensinar, o ato de
observar era muito utilizado por eles e passado de geração para geração, através
de suas tradições.1
1
http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Educa%C3%A7%C3%A3o-Primitiva/18073.html
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Para reforçar é preciso registrar que, por muitos séculos, não existiam
professores, e todos os adultos transmitiam informações aos jovens.
Com o desenvolvimento da escrita, apareceu a necessidade de que pessoas
especializadas garantissem a formação de novas gerações, realizada de formas
diferentes, dependendo da cultura local.
Depois de estudarmos a educação primitiva nesse capítulo, vamos analisar no
capítulo 2, como a educação foi evoluindo com as primeiras civilizações.
Auto avaliação
Realizada da forma como está narrada, você consideraria a educação nesse
longo período da vida dos grupos humanos na Terra como:
Integral? Sim ou Não
Envolve todo o saber do grupo
Pense num exemplo de grupos ainda vivendo dessa forma mais natural.
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2-A EDUCAÇÃO ORIENTAL
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Poderíamos identificar nessas características gerais o início do
dualismo na educação?
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Templo egípcio
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ambientes aparelhados para escrever sobre tabuletas de argila, sob o controle de
um mestre (dubsar), pelo uso de silabários e segundo uma rígida disciplina.
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A influência cultural mais importante do povo hebreu está no fato de ter
constituído a base de criação de duas religiões : judaísmo e cristianismo.
Há diferenças entre a educação dos hebreus antes e depois do desterro.
Na primeira fase a educação tinha um caráter que envolvia aspectos de mais
dureza, castigo e repreensão , o que pode ser notado na leitura de partes do
Antigo Testamento.
O povo, sem deixar de praticar o pastoreio, se tornou agricultor e
sedentário. É possível que por essa época o uso da escrita e necessidade da sua
aprendizagem tenham ocorrido. Na família o pai era o mestre dos filhos e durante
muito tempo não se tem registro de escolas.
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Mais tarde, o contato com povos de culturas diversas, trouxe ao povo
hebreu uma sensibilização maior quanto aos aspectos culturais. Há criação de
escolas específicas para os peritos nas leis e escrituras, e escolas para os
rabinos. Há registro de criação de escola elementar no século I da era cristã.
O Talmud, livro religioso hebreu regulava , a vida das escolas. A escola
erudita e a popular alcançaram, no
século.II a.C,. o desenvolvimento e
A Torah é o conjunto dos organização completos.
cinco primeiros livros do
Antigo Testamento (o A instrução que se professava
Pentateuco – a Bíblia era religiosa, voltada tanto para a
hebraica)
O Talmud é composto por “palavra” quanto para os “costumes”.
sessões principais que Durava cerca de dez anos , desde os
são uma coletânea de
comentários à Torah o 8 aos 18 anos.
que possibilitou maior Os conteúdos da instrução
compreensão dos
ensinamentos..Fonte: eram trechos escolhidos da Torah e
http://www.orion.med.br/index.php/livrar
ia-orioncomsaber/ do Talmud. .Só mais tarde (no século
I d.C.) foi acrescentado o estudo da
escrita e da aritmética.
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Confúcio se baseia para escrever o Confucionismo que ficou durante séculos
como a religião do Estado chinês.
Você gosta de cinema? Quer conhecer mais sobre a forma de viver na China?
Assita o "O Último Imperador". Um filme feito em 1987, com direção do cineasta
Bernardo Bertolucci, mostrando o período do estabelecimento da república e
posterior revolução socialista ocorrida no país, centrada na figura de um menino
feito imperador aos 4 anos. Apreciar esse filme vai ajudá-lo a penetrar no
interessante mundo chinês.
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Sintetizando aspectos relativos às importantes contribuições da educação oriental
Povos Características Outras observações
Egito Ler, escrever e Criaram a escrita hieroglífica. As
contar., a partir dos 6 escolas superiores eram para filhos
ou 7 anos. de altos funcionários.
Babilônia Os templos eram os Os escribas eram encarregados de
centros sociais. ler e copiar textos religiosos com a
escrita cuneiforme, de difícil
Criaram a escrita
compreensão.
cuneiforme e o
calendário lunar
Hebreus Dos 8 aos 18 anos Os hebreus foram
Baseada nos livros monoteístas(crença num só Deus),
sagrados Torah e priorizavam o ensino religioso,
Talmud. escreveram o Antigo Testamento,
Fenícios Desenvolveram Uma criação significativa desse
conhecimentos povo foi a do alfabeto, com 22
técnicos, de cálculos consoantes, sem as vogais, do qual
e de escrita ligados à derivam o alfabeto grego e depois o
navegação. dos europeus.
Hindus Privilégio das castas Os pais educavam os filhos com
superiores base nos textos sagrados dos Vedas
China Fase de mudança Educação elementar para o povo e
mais radical foi o superior para funcionários e
período imperial. mandarins.
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No próximo capítulo, sempre com foco no legado para a educação e
cultura, vamos tratar das grandes conquistas dos gregos .
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3. OS GREGOS EDUCAVAM ASSIM...
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A imposição de uma disciplina de ferro, a preparação para a guerra, o ideal
militarista e a subordinação do indivíduo ao estado eram características
marcantes da educação em Esparta. A criança era propriedade do Estado, o
casamento era obrigatório, mas a vida familiar era quase inexistente. Poucos dias
após o nascimento, a criança era examinada por uma conselho de anciãos que
decidiam se ela devia viver ou morrer. As crianças doentes ou demasiado fracas
eram, quase sempre, expostas até morrerem. As outras eram entregues às mães
até aos sete anos de idade, após o que eram entregues aos cuidados de uma
escola oficial que deveria prepará-los para se tornarem bons soldados.
Para os rapazes, a escola era obrigatória e obedecia a um currículo militar
que se destinava a formar pessoas destemidas e capazes de dedicarem as suas
vidas em defesa da cidade. Ao ingressar na escola, o menino recebia uma cama
de palha, sem cobertor, e uma camisola curta. Devia andar descalço. Para
acostumar-se a passar fome em tempo de guerra, só recebia um mínimo de
comida. O resto, ele deveria conseguir como pudesse. Deveria, pois, aprender a
roubar. Para eles era uma forma de desenvolver a astúcia. Só que, se fosse
apanhado em flagrante, seria severamente castigado por falta de habilidade.
Uma vez por ano realizava-se o combate mortal que servia para desenvolver nos
jovens o gosto pela morte violenta. Podia-se matar qualquer escravo que se
encontrasse no caminho.
O currículo escolar era constituído sobretudo por exercícios físicos: salto,
natação, arremesso do disco, caça e luta livre. Nos anos mais adiantados, havia
exercícios militares Os espartanos alcançavam a maturidade em ótimas
condições físicas, mas poucos sabiam ler e escrever
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era entregue a um pedagogo que, em casa, lhe proporcionava educação moral. A
partir do século VI, o pedagogo começou a levar a criança à escola, onde
aprendia ginástica, música, gramática e oratória. Ele estudava também aritmética,
literatura e escrita. Além disso decorava muitos poemas e aprendia a tomar parte
nos cortejos públicos e religiosos. Os meninos tinham feriados apenas nos dias
de festas religiosas.
O governo recrutava, para treinamento militar durante 24 meses, todos os
jovens quando atingiam a idade de 18 anos.
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Segundo Luzuriaga (1963, p.33) se inicia com a Grécia uma nova era na
história da Humanidade, entendida como a era da sociedade ocidental. Para o
autor, os povos anteriores tiveram influência indireta sobre o ocidente, enquanto
da civilização grega são derivadas , em grande parte a nossa educação e a nossa
Pedagogia.
Pense a respeito de algumas das contribuições gregas
descobrimento do valor humano,do ser humano em si,da
personalidade independente da autoridade religiosa e
política
reconhecimento da razão autônoma e da inteligência
crítica
criação ideia da ordem, da lei ,do cosmos tanto na
natureza quanto na humanidade.
criação da vida cidadã, do estado e da organização
política
criação da liberdade individual e política dentro da lei e do
estado
invenção da poesia épica,da história, da literatura
dramática,da filosofia e das ciências físicas.
reconhecimento do valor da educação na vida social e
individual.
ideia da educação humana integral nos aspectos: físico,
intelectual,ético e estético.
princípio de competição e seleção dos melhores,na vida e
na educação.
E então caro aluno , cara aluna do IECS , se você observar a lista de
contribuições gregas e comparar com o que muitas escolas atuais propõe, você é
capaz de identificar semelhanças?
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4- ROMA: HERANÇA GREGA + NOVAS INFLUÊNCIAS
A educação na Roma arcaica teve, sobretudo, caráter prático, familiar e
civil, destinando-se a formar em particular os civis romanos, superior aos outros
povos pela consciência do direito como fundamento da própria “Romanidade”.
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estudos, as letras, a vida social. Para as mulheres, porém, a educação era
voltada a preparar seu papel de esposas e mães, mesmo que depois,
gradativamente, a mulher tenha conquistado maior autonomia na sociedade
romana. O ideal romano da mulher, fiel e operosa, atribui a ela, porém, um papel
familiar e educativo.
Educação romana
Nos primeiros tempos se fazia nos
lares,com a mãe ocupando uma posição
mais destacada na educação dos filhos do
que na Grécia, ainda que a autoridade do
pai fosse inquestionável. Após 15 anos a
vigilância da mãe sobre o filho diminuía.
À medida que a sociedade se tornava
complexa surgiram as escolas
elementares – Ludi(Jogos)
Educação romana
Ao conquistar a Grécia surgiu uma nova
educação em Roma e aos poucos foi-se
elaborando uma teoria pedagógica.
Para atender a própria expansão do império
pensou-se numa educação cosmopolita com
formação humana geral. Junto a isso criou-
se o primeiro sistema de educação estatal,
estendida desde Roma até os confins do
Império.
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No século I a. C. foi fundada uma escola que reconhecia a literatura e o
latim como a língua dos romanos. Pouco tempo depois, o espírito prático, próprio
da cultura romana, levou a uma sistemática organização das escolas, divididas
por graus e providas de instrumentos didáticos específicos:.
• : Quanto aos graus as escolas eram divididas em
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Para concluirmos nosso estudo sobre a influência da educação romana na
vida ocidental é interessante destacar,como propõe Luzuriaga(1963)
valorização da ação e da vontade sobre a reflexão e contemplação.
acentuação do poder para dominar um grande império.
valorização da família e do indivíduo ante o estado ou junto a ele.
se na cultura houve pouco estudo de filosofia e busca
desinteressada do saber houve em contrapartida criação de normas
jurídicas, do direito.
educação com uma linha de ação , como atividade consciente que
visa a um fim , contrária ao idealismo e intelectualismo dos gregos.
considerava na vida familiar a figura do pai, mas também da mãe
envolvidos na educação dos filhos.
criação daquilo que se pode considerar como o primeiro sistema
estatal de ensino, estendendo a educação de Roma aos territórios
que foram sendo conquistados.
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5-O PERÍODO MEDIEVAL:A LIGAÇÃO ENTRE A IGREJA E O ESTADO
Nesse período a educação tem caráter essencialmente religioso,
dogmático, predominando matérias abstratas, literárias, em detrimento da
educação intelectual e científica e se desenvolve na época em que o cristianismo
alcança toda a Europa (V – XV d. C.). O latim se torna língua única.
Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado
aprendizagens como:
Identificar as principais características da educação na Idade Média.
Entender o papel preponderante da Igreja nessa fase.
Refletir sobre o legado que ficou do período medieval para os dias de hoje.
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Essas disciplinas mais tarde constituíram o curriculum de muitas
universidades. Para ensinar os professores precisavam de uma autorização dada
pelos bispos. Os diretores de escolas eclesiásticas dificultavam ao máximo essas
concessões, com medo de perderem a influência, professores e alunos reagiram
criando associações denominadas universitas, que mais tarde deram origem ao
termo universidade.
As universidades eram compostas por quatro divisões ou faculdades. A
faculdade de Artes era o lugar onde acontecia a educação de forma mais geral.
As faculdades de Direito, Medicina e Teologia trabalhavam o conhecimento de
forma mais específica. Os diretores das faculdades eram chamados de decanos e
eram eleitos pelos professores. O decano da Faculdade de Artes era o reitor e
representava oficialmente a universidade.
Supõe-se que a primeira universidade europeia tenha sido na cidade
italiana de Salerno, cujo centro de estudos remonta ao século XI. Além desta,
antes de 1250, formaram-se no Ocidente a primeira geração de universidades
medievais. São designadas de espontâneas porque nascem do desenvolvimento
de escolas preexistentes. As universidades de Bolonha e de Paris estão entre as
mais antigas.
Mais tarde, é a vez da constituição de universidades por iniciativa papal ou
real. Exemplo desta última é a Universidade de Coimbra, fundada em 1290. As
instituições eclesiásticas acolhiam os oratores (os especialistas da palavra,) eram
as únicas delegadas a educar, a formar, a conformar. Persistiam as práticas e
modelos para o povo e práticas e modelos para as classes altas. Era típico,
portanto, da Idade Média o dualismo social das teorias e das ações educativas,
como tinha sido no mundo antigo.
Também a escola, como nós conhecemos, é um produto da Idade Média. A
sua estrutura ligada à presença de um professor que ensina a muitos alunos de
diversas procedências e que deve responder pela sua atividade à Igreja ou a
outro poder.
Utilizavam como atividades disciplinares os prêmios e castigos. As formas
avaliativas vêm daquela época e da organização dos estudos nas escolas
monásticas, nas catedrais e, sobretudo nas universidades. Vêm desse período
também alguns conteúdos culturais da escola moderna e até mesmo da
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contemporânea tais como: o papel do latim; o ensino gramatical e retórico da
língua; a imagem da filosofia, como lógica e metafísica.
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6- O RENASCIMENTO E A EDUCAÇÃO NOS TEMPOS MODERNOS
A transição do Período Medieval para os Tempos Modernos se
caracterizou por várias transformações. Marcaram esse período o Renascimento
Cultural, que revolucionou as artes e as ciências, através de figuras históricas,
como Leonardo da Vinci e Michelangelo, a Reforma Religiosa, o Humanismo, a
ascensão da burguesia, com o desenvolvimento do comércio.
Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado
aprendizagens como
Identificar as principais transformações do início dos tempos modernos.
Entender a relação entre a Reforma Religiosa, a Contra reforma e a educação.
Citar características da escola nos tempos modernos.
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O ensino era dividido somente em três classes e dessas classes, os mais
talentosos seriam selecionados e iriam estudar nas grandes cidades com os bons
mestres. As condições de ensino eram precárias, o professor tomava a lição de
um aluno por vez, sob ameaça de palmatória, enquanto os outros liam, brincavam
ou conversavam sem vigilância. Geralmente as lições eram tomadas na casa do
professor.
Com as mudanças que caracterizaram os tempos modernos a educação
adquiriu também novas formas de transmissão. Após o século XV, período da
Renascença, é criada a educação humanista, uma nova versão do conhecimento
greco-romano. A disciplina e a autoridade até então predominantes deixam
espaço ao desenvolvimento do pensamento livre e crítico. As matérias cientificas
retornam ao currículo, embora ainda em segundo plano. Surge o colégio
humanista (escola secundária), onde são estudados o latim e o grego. Os
exercícios físicos são valorizados.
A família e a escola se tornaram cada vez mais centrais na formação dos
indivíduos e na manutenção das características da sociedade.
A criança se tornou o centro motor da família que se desdobrava em afeto
e cuidados para formá-la segundo um ideal.
Os pais não se contentavam mais em apenas pôr filhos no mundo. A moral
da época impõe que se dê a todos os filhos, não só ao primogênito, e no fim dos
anos seiscentos também às filhas, uma preparação para a vida..
Ao lado da família, a escola instruía e formava, ensinava conhecimentos, mas
também comportamentos se articulava em torno da didática, da racionalização da
aprendizagem dos diversos saberes, e em torno da disciplina., A escola que
reorganizava suas próprias finalidades e seus meios específicos. Era uma escola
não mais sem graduação, na qual se ensinavam as mesmas coisas a todos, não
mais caracterizada pela “promiscuidade das diversas idades”.
No século XVI surge a reforma religiosa, e como resultado, uma educação cristã
reformada, tanto católica, como protestante. A educação católica pós renascença,
foi marcada por um movimento conhecido por Contra reforma. A Companhia de
Jesus, organização criada por Inácio de Loyola, foi a mais poderosa arma dos
católicos para deter a expansão dos protestantes.
As ordens religiosas, das quais se destaca a dos jesuítas, foram as responsáveis
por disseminar o cristianismo por meio da educação, durante séculos. O Ratio
Studiorum era o “currículo” dos jesuítas, que ministravam uma educação inspirada
nas escolas humanistas.
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RATIO STUDIORUM2
Conjunto de normas criado para regulamentar o ensino nos colégios
jesuíticos. Sua primeira edição, de 1599, além de sustentar a educação jesuítica
ganhou status de norma para toda a Companhia de Jesus. Tinha por finalidade
ordenar as atividades, funções e os métodos de avaliação nas escolas jesuíticas.
Foi ponte entre o ensino medieval e o moderno. Antes do documento em questão
ser elaborado, a ordem tinha suas normas para o regimento interno dos colégios,
os chamados Ordenamentos de Estudos, que serviram de inspiração e ponto de
partida para a elaboração da Ratio Studiorum. A Ratio Studiorum se transformou
de apenas uma razão de estudos em uma razão política, uma vez que exerceu
importante influência em meios políticos, mesmo não católicos. O objetivo maior
da educação jesuítica segundo a própria Companhia não era o de inovar, mas sim
de cumprir as palavras de Cristo:
“Docete omnes gentes,” (ensinai, instrui, mostrai a todos a verdade)
Verbete elaborado por Cézar de Alencar Arnaut de Toledo, Flávio Massami Martins
Ruckstadter e Vanessa Campos Mariano Ruckstadter
2
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_ratio_studiorum.htm
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surgiu Rousseau, que defendia a liberdade e o direito da educação para todos ao
invés do favoritismo das classes sociais
HUMANISMO-
RENASCIMENTO-
RATIO STUDIORUM-
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7- OS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL:
Na História da Educação Brasileira observamos fases que se sucederam, a
partir de fatos marcantes. Assim passaremos a tratar da educação em períodos:
A educação antes do descobrimento, a educação na Colônia e no Império
e a educação republicana até os dias atuais.
Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado
aprendizagens como
Refletir sobre as diferenças entre a educação dos indígenas e a dos europeus
quando aqui chegaram.
Identificar as principais características da educação em cada fase da História do
Brasil.
Entender a necessidade de adequar a educação ao momento e ao lugar onde
está sendo ministrada.
Perceber os problemas da educação atual e as perspectivas para atenuá-los.
7.1-Antes de Cabral...
34
da floresta e dos ancestrais para ajudar na cura. O cacique, também importante na
vida tribal, faz o papel de chefe, pois organiza e orienta os índios.
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É interessante ressaltar que a educação que se praticava entre as
populações indígenas não tinha as marcas repressivas do modelo educacional
europeu
Quando pensamos na educação do indígena hoje, torna-se oportuno
lembrar.as Diretrizes para a Política Nacional de Educação Escolar Indígena (MEC/
SEF, 1994) que afirmam:
um dos aspectos relevantes para a definição do currículo de uma escola é o
conhecimento da prática cultural do grupo a que a escola se destina, já que estas
práticas é que definem determinadas estratégias de ações e padrões de interação
entre as pessoas, que são determinadas no processo de desenvolvimento do
indivíduo. Isso requer uma intensa experiência em desenvolvimento curricular e
também métodos de investigação e pesquisa para compreender as práticas
culturais do grupo. Daí a necessidade de formação de uma equipe multidisciplinar
constituída de antropólogos, linguistas e educadores entre outros, de maneira a
garantir que o processo de ensino-aprendizagem se insira num contexto mais
amplo do que o processo paralelo dissociado de outras instâncias de apreensão e
compreensão da realidade.
Portanto, a educação indígena, como um todo, se revela como um processo
de construção coletiva envolvendo uma formação política e específica do professor
e da professora, envolvendo a própria comunidade e as organizações indígenas,
com articulações de entidades de apoio governamentais, e não governamentais
(ONG). Os índios não podem ser figuras ligadas somente ao passado do Brasil,
devemos buscar conhecer e valorizar essa porção da cultura brasileira. No módulo
III ,do nosso curso , teremos oportunidade de ampliarmos nossa visão sobre o
Educação Indígena.
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chegou ao Brasil um grupo de seis missionários liderados pelo Padre Manuel da
Nóbrega. Os missionários vieram acompanhados de mais de mil pessoas, entre
soldados, artesãos, colonos, funcionários e aproximadamente quatrocentos
criminosos que haviam sido condenados a viverem fora de sua terra natal, além
de Tomé de Sousa, que seria o primeiro Governador do Brasil.
A percepção inicial de Manuel da Nóbrega era de que os índios eram como
“papel branco em que se poderia escrever à vontade”. Não foi tão fácil, pois os
índios se revoltavam contra as tentativas de escravização.
Nóbrega solicitou que se enviassem novos reforços missionários. Nesta
leva de jesuítas veio José de Anchieta, que na ocasião era noviço e que ficou
apelidado depois de “Apóstolo do Brasil”.
Os jesuítas deixaram legados inquestionáveis.. Os missionários inacianos
tinham por principal propósito “a propagação da fé e o progresso das almas na
vida e doutrinas cristãs". Para que os nativos compreendessem essa fé os índios
precisavam aprender a ler e a escrever. Ao longo de 20 anos, pelo menos cinco
escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo
e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia)
foram fundados pelos jesuítas.
A principal crítica sobre a área pedagógica ou de doutrinação, como
chamam alguns, se dá a respeito dos interesses da coroa portuguesa que
enxergava no processo de educação dos índios uma espécie de domesticação
dos mesmos. Sendo eles “amansados” seria mais fácil tirar vantagens
econômicas da exploração agrária, latifundiária e escravista.
Os jesuítas assumiram a educação dos filhos dos colonos, formando
quadros para a Igreja e para o Estado. Combateram o escravagismo dos colonos,
embora utilizassem a mão de obra indígena em seus aldeamentos. Lutaram por
um tratamento mais humano para os escravos africanos, embora considerassem
a escravidão deles legítima. Tentaram, em resumo, combinar os valores
espirituais da Igreja com os objetivos comerciais do sistema colonial. É impossível
minimizar sua importância na nossa história.
Os jesuítas se dedicaram à pregação da fé católica e ao trabalho
educativo. A educação jesuítica predominou durante 210 anos, de 1549 a 1759. A
ação dessa ordem aparece, por exemplo, na construção da cidade de São Paulo
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que se desenvolveu em torno do Colégio São Paulo fundado pelos jesuítas
liderados por José de Anchieta.
Apesar de todas as críticas, não podemos negar que os jesuítas foram os
mentores da educação brasileira. Encontramos um pouco desse legado em
universidades famosas tanto nacional como internacionalmente como a Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-RJ, a Universidade Católica de
Pernambuco – UNICAP e vários outros colégios famosos.
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Os professores régios que aqui exerciam a profissão de ensinar, foram
incentivadores das ideias filosóficas liberais que tão significativamente se fizeram
atuantes nos últimos trinta anos que antecederam a independência do país.
O iluminismo implantou-se no Brasil justamente através da política imperial
de racionalização e padronização da administração de Pombal. A educação
passou para as mãos do Estado, mas essa educação que passou a ser pública,
não se fez para os interesses dos cidadãos. Ela serviu aos interesses imediatos
do Estado, que para garantir seu status absolutista precisa manter-se forte e
centralizado nas mãos e sob o comando de uns poucos preparados para tais
tarefas. Assim, mesmo que aparentemente as ações de Pombal induzam ao
entendimento de uma política despótica de benefícios individuais - ideia que não é
de toda inválida - é preciso destacar que os lucros das reformas pombalinas
foram individuais, privados. Mas os interesses foram públicos na medida em que
naquele contexto, iluminismo, racionalidade e progresso tinham um significado
muito diferente aos quais se deve estar atento. O iluminismo no contexto da
colônia brasileira serviu, na verdade, ao engrandecimento do poder do Estado e
não à luta pelas liberdades individuais. Dessa forma, entender o projeto do
iluminismo pombalino talvez seja a chave para ajudar a perceber a tradição
reformista nas tentativas de construção de um sistema nacional de educação
pública realmente voltado aos interesses públicos, que até hoje não se consolidou
no Brasil.
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Biblioteca Nacional (1810), o Jardim Botânico (1810), propiciando assim, a
formação de uma nova estrutura educacional no país.
As medidas criadas por D João VI, criaram a possibilidade de se construir
no país uma educação formalizada, com a concentração de estudos específicos,
direcionados à formação especializada. Foi desta forma que D João introduziu as
aulas de medicina, para formar médicos, que eram raros na colônia;
desenvolveram-se estudos técnicos dirigidos às artes, dando origem a Escola de
Belas Artes, fundada por Debret em 1816.
A educação, no entanto, continuou a ter uma importância secundária.
Basta ver que enquanto nas colônias espanholas já existiam muitas
universidades, sendo que em 1538 já existia a Universidade de São Domingos e
em 1551 a do México e a de Lima, a nossa primeira Universidade só surgiu em
1934, em São Paulo.
41
Esse período se estendeu de 1889 até 1930 Em 1891, através de
Benjamim Constant quando era Ministro da Instrução, Correios e Telégrafos foi
implementada a Reforma de Benjamin Constant que tinha como princípios
orientadores a liberdade do ensino e a gratuidade da escola primária. Estes
princípios seguiam a orientação do que estava estipulado na Constituição
brasileira., a primeira da República. Uma das intenções desta Reforma era
transformar o ensino em formador de alunos para os cursos superiores e não
apenas preparador. Outra intenção era substituir a predominância literária pela
científica.
Entre 1911 e 1915 vigorou a Reforma Rivadávia, de iniciativa do Ministro
Rivadávia Correa, que afastava da União a responsabilidade pelo Ensino. Nessa
época também surgiu o conceito de "Grupo escolar", quando as classes deixaram
de reunir alunos de várias idades e passaram a distribuí-los em séries ("ensino
seriado"). Essa reforma pretendeu que o curso secundário se tornasse formador
do cidadão e não um simples promotor a um nível seguinte. Retomando a
orientação positivista, pregava a liberdade de ensino, entendendo-se como a
possibilidade de oferta de ensino que não fosse somente por escolas oficiais.
Além disso, pregou ainda a abolição do diploma em troca de um certificado de
assistência e aproveitamento e transferiu os exames de admissão ao ensino
superior para as faculdades. As medidas propostas por essa reforma não
trouxeram os resultados esperados para a educação brasileira
Novas tentativas foram feitas com a Reforma João Luiz Alves que
introduziu a cadeira de Moral e Cívica com a intenção de tentar combater os
protestos estudantis contra o governo do presidente brasileiro da época, Artur
Bernardes. A década de vinte foi marcada por diversos fatos relevantes no
processo de mudança das características políticas e culturais brasileiras. Foi
nesta década que ocorreu o Movimento dos 18 do Forte em 1922, a Semana de
Arte Moderna e a fundação do Partido Comunista do Brasil no mesmo ano (1922),
a Rebelião Tenentista (1924) e a Coluna Prestes que teve início em 1924 a 1927
.
Para saber mais : Procure num livro de História do Brasil as informações
sobre esses movimentos e suas importâncias para a cultura e educação.
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As décadas de 1920 e 1930 viram surgir a Escola Nova, de iniciativa de
liberais democráticos, os quais empreenderam reformas educacionais em
diversos estados tais como Lourenço Filho (Ceará, 1923) e Anísio Teixeira
(Bahia,1925), dentre vários outros..
O QUE MUDOU NA
ERA VARGAS?
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estratégias escolares, como a seriação do currículo, a frequência obrigatória dos
alunos, a imposição de um detalhado e regular sistema de avaliação discente e a
reestruturação do sistema de inspeção federal. Desta forma, a cultura escolar
definida, pela reforma de 1931, procurava produzir um hábito burguês nos
estudantes secundaristas, a partir da educação integral e de práticas de
disciplinamento e de autogoverno.
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Podemos destacar algumas características desse manifesto:
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associados. Assim, o Estado utilizava-se das empresas para fomentar o Ensino
Profissionalizante, visto que o investimento aplicado na criação dessas escolas
ficaria a cargo do empresariado, que sentindo a necessidade de obter mão de
obra qualificada aderiu a essa tarefa imposta pelo Estado com o uso da lei, isto é,
da Constituição em vigor
Em 1942, alguns ramos do ensino são reformados por iniciativa do
Ministro Gustavo Capanema. Estas reformas receberam o nome de Leis
Orgânicas do Ensino, e apresentavam as seguintes características:
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A educação após 1945: a redemocratização
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população brasileira, permitiam que a Igreja tivesse uma ampla atuação sobre a
sociedade. Para tanto, a Igreja contava com a tradição católica da sociedade
brasileira. (ROMANELLI, 1993, p. 171).
Nessa direção, em 1959, os educadores progressistas e o Jornal “O
Estado de São. Paulo” desencadearam a Campanha de Defesa da Escola
Pública, no interior do qual foi divulgado o “Manifesto dos Educadores Mais uma
vez Convocados”, invocando mais uma vez as ideias do “Manifesto dos Pioneiros
da Educação Nova” de 1932.
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Em relação às concepções pedagógicas defendidas no período nacional-
desenvolvimentista, Saviani (2005) assinala:
Se o período situado entre 1930 e 1945 pode ser
considerado como marcado pelo equilíbrio entre as
influências das concepções humanista tradicional
(representada pelos católicos) e humanista moderna
(representada pelos pioneiros da educação nova), a partir de
1945 já se delineia como nitidamente predominante a
concepção humanista moderna.
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Foi no período da ditadura militar, onde a expressão popular contrária aos
interesses do governo não era considerada como benvinda, que a Lei 5.692, a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1971, foi instituída. A
característica mais marcante desta Lei era tentar dar à formação educacional um
cunho profissionalizante, desde o final do 1º grau.
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7.7. A educação hoje
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Esta nova LDB (Lei 9394/96) foi sancionada pelo Ministro da Educação
em 20 de dezembro de 1996. Baseada no princípio do direito universal à
educação para todos, a LDB de 1996 trouxe diversas mudanças em relação às
leis anteriores, como a inclusão da educação infantil (creches e pré-escolas)
como primeira etapa da Educação Básica.
A Educação Básica passa a abranger, portanto:
Educação infantil –creche e pré- escola.
Ensino Fundamental (com 8 anos no mínimo) obrigatório e gratuito na
escola pública.
Ensino Médio (com mínimo de 3 anos)
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Formação de docentes para atuar na educação básica em curso de nível
superior, sendo aceito para a educação infantil e as quatro primeiras séries
do fundamental formação em curso Normal do ensino médio (art. 62)
Formação dos especialistas da educação em curso superior de pedagogia
ou pós-graduação (art. 64)
A União deve gastar no mínimo 18% e os estados e municípios no mínimo
25% de seus respectivos orçamentos na manutenção e desenvolvimento
do ensino público (art. 69)
Dinheiro público pode financiar escolas comunitárias, confessionais e
filantrópicas (art. 77)
Previu a criação do Plano Nacional de Educação
Regulamenta a EJA (educação de jovens e adultos) como modalidade de
ensino nas etapas do Fundamental e Médio da rede escolar pública
brasileira. A EJA é adotada por algumas redes particulares que recebem
os jovens e adultos que não completaram os anos da educação básica em
idade apropriada . Sobre a EJA , teremos um estudo específico, no módulo
III do nosso curso.
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Em 2014 foi sancionado o Plano Nacional de Educação (PNE) que define
20 metas a serem alcançadas no decênio 2014- 2023. Se todas as metas forem
cumpridas teremos melhorias significativas na Educação Nacional. Há
determinação de percentuais do PIB (10% do PIB da área) a serem aplicados em
educação. Outro destaque é a valorização do professor com uma política nacional
de formação do docente e um foco especial na remuneração.
O PNE é uma legislação macro e cabe à União, aos estados e aos
municípios elaborar e aprovar leis específicas que viabilizem as metas.
A qualidade do ensino em nível básico e o acesso aos níveis técnico e
superior são atualmente as principais demandas em relação à educação no
Brasil.
Imagem Google
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http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/viewFile/5520/4015.
Acesso em set 2014.
GOMBRICH, Ernest Hans. Para uma história cultural. Lisboa: Gradiva, 1994.
MAURO, Frédéric. Nova história e novo mundo. São Paulo: Perspectiva, 1969.
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SANTOMAURO, Beatriz. Como e por que conhecer os indígenas. São Paulo::
Abril Editora. Revista Nova Escola disponível em: < www.novaescola.org.br >,
Acesso set de 2014
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