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Rev. HISTEDBR On-line, Campinas, v.18, n.4 [78], p.AOP, out./dez. 2018 AOP
ISSN: 1676-2584
Artigo doi: 10.20396/rho.v18i4.8652472
Resumen
El lugar ocupado históricamente por las teorías psicológicas acabó por producir el proceso
de psicologización de la educación, o sea, cuando problemas educativos se reducen casi
exclusivamente a problemas psíquicos individuales o familiares. Así, la Psicología acabó
estableciendo un recorrido de legitimación de prácticas adaptacionistas y de exclusión que,
contemporáneamente, viene siendo repensado por teorías que buscan reinsertar lo social
como pilar importante a sostener las explicaciones de problemas relacionados al
aprendizaje ya la educación. Por medio de una investigación de revisión bibliográfica
narrativa, se busca repensar sobre las reales contribuciones de la actuación de la Psicología
al campo de la Educación Básica considerando el fenómeno de la psicologización de la
educación. Se entiende que la Psicología sólo podrá contribuir a que esta esfera de la
educación se fortalezca, a través de una mirada crítica sobre sus teorías y prácticas, un
modo de pensar y de operar que trate de romper con su historia de psicologización y de
adaptación social.
INTRODUÇÃO
No afã de encontrar explicações e apoio teórico, conceitual e técnico sobre a
aprendizagem, bem como sobre os problemas que pudessem estar aí relacionados, a grande
área da Educação vem buscando contribuições pertinentes da Psicologia. Esta busca,
historicamente marcada por inúmeros impasses, foi exigindo da Psicologia um grande
apanhado de teorias, técnicas e métodos sobre as maneiras de ensinar, bem como sobre os
modos humanos de aprender.
Entretanto, este longo percurso histórico, que travou o entrelaçamento entre os
campos da Psicologia e da Educação, foi demonstrando contribuições, muitas vezes,
marcadas pela vontade de adaptar e ajustar socialmente aqueles sujeitos que, de algum
modo, apresentavam algum desvio do esperado para seu estágio desenvolvimental.
Com efeito, a própria história da Psicologia é marcada por uma perspectiva de
identificação de distúrbios e de correlatas correções. Esta foi, primordialmente, a grande
função da Psicologia no campo educacional: diagnosticar e intervir junto a alunos-
problema. Dos problemas de aprendizagem, pouco se considerava que os mesmos
pudessem ter uma explicação baseada no contexto social, nas dificuldades escolares como
um todo ou mesmo nos empecilhos sociais e políticos de nosso país. As teorias da
aprendizagem desenvolvidas pela Psicologia localizavam as explicações dos distúrbios da
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METODOLOGIA
Para alcançar o objetivo proposto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica que,
segundo Marconi e Lakatos (1992), caracteriza-se pelo levantamento de bibliografia já
publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. A sua
finalidade é fazer com que o pesquisador entre em contato direto com grande parte do
material escrito sobre um determinado assunto, auxiliando o pesquisador na análise de suas
questões ou na construção de suas informações. Ela pode ser considerada como o primeiro
passo de toda a pesquisa científica.
A metodologia dessa pesquisa bibliográfica foi a Revisão Narrativa de Literatura. A
Revisão da literatura é o processo de busca, análise e descrição de um corpo de
conhecimentos na procura de respostas a algumas questões e problemáticas específicas. A
literatura, neste caso, cobre todo o material relevante que é escrito sobre a temática: livros,
artigos de periódicos, registros históricos, relatórios governamentais, teses, dissertações e
outros tipos de fontes.
Como tipo específico de Revisão de Literatura, a revisão narrativa não utiliza
critérios explícitos e sistemáticos para a busca e análise crítica da literatura. (CORDEIRO
et al., 2007). Neste caso, acrescentam os autores, a busca pelos estudos não precisa esgotar
as fontes de informações. Não aplica estratégias de busca sofisticadas e exaustivas. A
seleção dos estudos e a interpretação das informações podem estar sujeitas à subjetividade
dos autores. A revisão narrativa
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ensino superior, técnico ou à distância. Para a análise e discussão dos dados obtidos na
revisão bibliográfica, foram selecionadas duas grandes temáticas: “Recortes históricos
sobre a atuação da Psicologia na Educação” e “Contribuições da Psicologia à Educação
Básica”.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
RECORTES HISTÓRICOS SOBRE A ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA NA
EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Pode-se afirmar que o processo pelo qual a Psicologia conquistou sua autonomia
como área de saber e o incremento do debate educacional e pedagógico nas
primeiras décadas do século XX estão intimamente relacionados, de tal maneira
que é possível afirmar que psicologia e educação são, historicamente, no Brasil,
mutuamente constituintes uma da outra. (ANTUNES, 2008, p. 471).
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Coimbra (1995) mostra o quanto a psicologização dos problemas sociais passa a fazer
parte do cotidiano das camadas urbanas a partir dos anos 70 no Brasil. Diz a autora:
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problemas escolares e educacionais e, de certa forma, manter vivo o debate iniciado nos
anos 80, afinal, como constata Carvalho (2011), as questões abertas pela democratização
do acesso à escola, tais como o fracasso escolar de crianças de classes populares,
continuam atuais.
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para que a Psicologia venha resolver os casos de alunos com problemas de aprendizagem,
seja questionado:
Será que este é o caminho certo a seguir? Será que a contribuição a ser dada pela
Psicologia deve ir no sentido de prestar um serviço sem questionar se ele, de
fato, é o mais adequado naquela situação? Não se estará, ao agir assim,
auxiliando na acentuação do que hoje já se considera como sendo a
Psicologização do cotidiano da Escola? Não se estará favorecendo o aumento,
ainda maior, de crianças encaminhadas para atendimento psicológico, em função
de comportamentos rotulados como 'distúrbios' que exigem a atenção do
especialista, quando, na verdade, eles são situacionais e muitas vezes
característicos de determinadas fases do desenvolvimento, ou da transição de
uma para outra? (BIASOLI-ALVES, 1997, p. 78).
O psicólogo atue como mediador nas tensões e conflitos produzidos nas relações
entre os atores da escola, fortalecendo pessoas e grupos na promoção de
autonomia e na superação das adversidades, considerando as condições objetivas
e subjetivas dos processos psicossociais; que o psicólogo atue junto com a
equipe pedagógica com o objetivo de entender o fenômeno educativo na sua
dimensão institucional. (CFP, 2010, p. 13).
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trabalho de educar, dando margem a que se possa considerar e refletir sobre possíveis
condições de opressão que os educadores estejam submetidos.
Outras contribuições incluem a colaboração na formação continuada de professores
e a participação na construção e avaliação contínua do projeto político-pedagógico das
escolas, conforme menciona o Conselho Federal de Psicologia. (CFP, 2010, p. 13). Quanto
a isto, Sant’Ana e Guzzo (2016) lembram o quanto existem correlações de forças, conflitos
e tensões no espaço escolar e que
A escola torna-se um lugar a ser reinventado e reinterpretado por todos aqueles que
compõem este espaço e a psicologia tem grandes desafios nesta tarefa de reformulação
cuja contribuição torna-se fundamental ao buscar garantir a multiplicidades de olhares
sobre as questões, a diversidade de modos de aprender e de ensinar e a própria diversidade
cultural que permeia os espaços educativos.
Apesar das diversas críticas a que a instituição escolar já recebeu (MARINHO-
ARAÚJO; ALMEIDA, 2014), de ser um espaço disciplinar de enquadramento, de controle
e de captura da diversidade dos sujeitos, a mesma tem uma função social e política
importante, podendo se constituir como espaço singular e privilegiado onde mudanças
podem tomar forma. Apesar de tudo, a escola pode se tornar um espaço onde se
desenvolvem relações que favorecem e potencializam os atores que nela circulam e esta
reconstrução pode e deve fazer parte da agenda de trabalhos do psicólogo na educação
básica.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio do percurso histórico realizado, percebe-se o quanto a atualidade vem
exigindo da psicologia novas posturas de enfrentamento das questões relacionadas à
Educação. A psicologia encontra-se hoje diante da importante condição de ter de inventar
outras formas de atuar no âmbito educativo, colocando em questão as demandas
psicologizantes baseadas na perspectiva da adaptação e do ajustamento, tão fortemente
enraizada ao papel atribuído à psicologia em interlocução com a educação.
Neste sentido, uma das grandes contribuições que a Psicologia pode oferecer à área
da Educação Básica é desconstruir a perspectiva de que a aprendizagem é apenas
responsabilidade do aluno, bem como os problemas que podem surgir deste processo de
aprender.
Assim, considera-se importante contribuição que a psicologia busque construir
junto aos educadores outras compreensões e determinantes para as problemáticas
educacionais, lutando contra a rotulação de uma gama imensa de atitudes e
comportamentos de crianças e adolescentes considerados “difíceis”, “problemáticos”,
“emocionalmente perturbados” ou advindos de famílias igualmente problemáticas ou
desestruturadas.
Retirar a exclusiva responsabilidade do aluno e de suas famílias por todos os
problemas educacionais é lutar contra a exclusão. A educação básica precisa, para ser
fortalecida, que se busquem meios para repensar sobre os preconceitos e injustiças.
Finaliza-se este trabalho considerando que uma importante contribuição da
psicologia no âmbito da educação básica talvez esteja na assunção de compromisso de uma
postura crítica na escola e de luta pelas transformações que se fazem necessárias. É só
assim que conseguiremos atingir uma educação básica capaz de respeitar e valorizar as
diferenças e exercer o direito à cidadania.
REFERÊNCIAS
ANDALÓ, C. S. A. Psicologia e educação. In: ZANELLA, A. V. et al. (Org.). Psicologia e
práticas sociais. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008.
CORDEIRO, A. M. et al. Revisão sistemática: uma revisão narrativa. Rev. Col. Bras. Cir,
Rio de Janeiro, v. 34, n. 1-2, p. 428-431, 2007. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rcbc/v34n6/11>. Acesso em: 19 set. 2018.
Rev. HISTEDBR On-line, Campinas, v.18, n.4 [78], p.AOP, out./dez. 2018 AOP
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Notas
1
Doutora em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Professora Adjunta do Curso de Psicologia e do Mestrado em Ensino de Humanidades e Linguagens da
Universidade Franciscana (UFN), de Santa Maria-RS.
2
A título de sugestão de leitura quanto a este aspecto: Goulart (2001), Salvador (2000) e Woolfolk (2000).
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