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Levantamento Etnográfico
no Acampamento Cigano da Baralha
Janeiro de 2010
Ao Sr. António e às crianças da Baralha
ÍNDICE
Introdução 4
I Os Gitanos da Baralha 11
Composição do grupo 11
Árvore genealógica 14
Identidade étnica 15
Linguagem 21
Recolha de vocabulário 28
Habitação e apropriação sócio cultural do espaço 35
Actividades económicas e subsistência 41
Religião 49
O quotidiano 57
II A Lei Cigana 67
Parentesco e organização social 69
Género e comportamentos socioculturais específicos 75
O Casamento 87
O Luto 98
Bibliografia 139
INTRODUÇÃO
Se hoje tenho algo a contar sobre os ciganos, sobre estes ciganos, foi
porque eles assim o permitiram e, cada vez com menos pudor, me foram
abrindo as portas das suas casas e permitindo-me experimentar, tanto quanto
possível, o que é ser cigano e viver num acampamento na Rua da Baralha. Se
hoje conto o que conto, foi porque, em algum ponto desta viagem, me foi
dado o prazer e o direito de ouvir as conversas na sua própria linguagem, de
entrar sem pedir licença, tomar café quente à fogueira e sair sem dizer
obrigado.
1
Os não ciganos são referidos como pajos, mas também como rambos ou senhores. Crianças e
jovens não ciganao são chamados de corrijos.
I OS GITANOS DA BARALHA
Composição do grupo
2
As idades não são exactas mas são as que constam nos bilhetes de identidade, (tirados muito
posteriormente aos nascimentos) e as que os indivíduos geralmente referem pois não sabem
exactamente quantos mais anos têm, calculando que devem ser dois ou três.
no acampamento juntamente com o seu filho. Este era uma situação
provisória pois a sua casa era em Braga, embora nos últimos anos passasse
muito tempo na casa do filho, Tio D., na Baralha. Faleceu em Braga, com 87
anos, a 30 de Outubro de 2007.
"El Tio A. D.
aguelito"
segundo matrimónio
80 64 54
1958 1962 1966 1971 1966 1969 1973 1974 1973 1977 1979 1977 1976 1989 1986 1987
52 48 44 39 44 41 37 36 37 33 31 33 34 21 24 23
1986 1988 1990 1993 1995 1999 2002 1988 1985 1987 1989 1991 1993 1995 2002 1988 1991 1992 1994 1996 1992 1995 1997 2000 2002 1996 1998 2001 2002 2008 1994 1996 1999 2002 2003 2008
24 22 20 17 15 11 8 22 25 23 21 19 17 15 8 22 19 18 16 14 18 15 13 10 8 14 12 9 8 2 16 14 11 8 7 2
Ag. V. An. Cn. Pt. Dg. Tm. An. M. E. An. Ss. H. S. I. An. T. G. Ag. Ld. Ant. Am. Cl. G. Tg. E. L. Sn. J. Ls. Tt. F. R. An. L. Gb. Sr.
1999 2001
11 9
Esta reivindicação de uma identidade galega não tem nada a ver com
uma identidade nacional. Se questionados, os indivíduos afirmam-se
inquestionavelmente portugueses com os mesmos direitos dos outros. São
ciganos nascidos em Portugal cuja etnicidade é, segundo os próprios, galega.
O ser espanhol ou galego é uma questão étnica que só faz sentido dentro das
fronteiras do país, para estabelecer uma diferenciação dos ‘outros’, dos
ciganos portugueses que, creio, constituirão a maioria dos ciganos em
Portugal, e eventualmente de outros grupos de ciganos.
3
Esta foi uma situação que não consegui explorar suficientemente pois F. também tem
sobrenome Monteiro o que significa que o sobrenome pode ser partilhado por indivíduos que se
distinguem etnicamente. No terreno dizem-me que sim, que também há Monteiros portugueses.
Na verdade, este argumento vem complexificar a natureza dos sistemas de diferenciação étnica.
Seria importante entender melhor a origem desta diferenciação.
4
Os filhos pertencem ao grupo familiar e étnico do pai.
Estas distinções internas não se limitam a ciganos portugueses e
espanhóis. No terreno, as categorias locais de identificação étnica, distinguem:
os berones ou rancheros, pessoas que vivem e vestem como os ciganos, que
dizem ser ciganos mas que não o são pois “não têm sangue cigano”; e os
quinquilheros, um outro grupo de ciganos sobre o qual parece haver distintas
opiniões: uns dizem que são eles próprios, outros recusam firmemente esta
afirmação. Estas categorias estão de tal forma incorporadas pelos indivíduos
que é difícil para eles explicar em que se baseiam. Não consegui decifrar esta
terminologia nem identificar as características intrínsecas aos grupos étnicos
que reconhecem. Existem ainda os húngaros, ciganos estrangeiros que dizem
falar uma língua parecida. O Aguelito falava também dos rómanos, também
estrangeiros, cuja língua não entendem.5
5
Lurdes Nicolau (Bastos, et al, 2006), num artigo sobre os ciganos transmontanos – apelidados
por outros ciganos de gitanos ou quitanos – identifica outros grupos de ciganos, segundo a
categorização deste grupo, como os gitanos (que não são os próprios e que são maus), os
canquilheiros (segundo eles, espanhóis que antigamente vendiam burros e muares nas feiras e
hoje vendem velharias em mercados de rua,) e os latoeiros (que também são maus mas têm
melhores condições de vida).
Normalmente, sempre que se fala de outros ciganos estes são-me
apresentados numa hierarquia relativamente flexível mas onde, em geral,
estes outros surgem numa posição inferior, como “mais sujos”, “mais
escuros”, “esquisitos”, enfim, gente menos boa a quem normalmente se
referem como “essa gente”. Ainda que se trate de ciganos galegos com o
mesmo sobrenome, poderão ser avaliados pejorativamente. Mesmo dentro do
mesmo grupo étnico, da mesma raça – os galegos – este grupo estabelece
sistemas de diferenciação. Algumas famílias são contrárias, o que significa
que, por algum acontecimento passado – um assassinato, um divórcio ou
outro conflito grave relacionado com questões de honra – estas famílias têm
obrigação de vingança e não devem entrar no território uma da outra.
Mas ser cigano pode não implicar ter-se nascido cigano. Pelo menos em
relação às mulheres uma vez que uma paja casada com um cigano pode ser
considerada “como nós”. Uma das mulheres diz-me “há muitas (pajas) que
casam com ciganos e até aprendem a dançar”. Vestir, aprender a dançar e a
falar à cigana são elementos fundamentais para a adquirir o estatuto de
cigana. Durante uma festa onde estão presentes muitas famílias ciganas de
fora, uma das mulheres do acampamento aponta-me uma paja trajada à
cigana com um bebé ao colo. Diz-me quem ela é e fica obviamente curiosa
com ela. Vejo que se aproxima dela e trocam algumas palavras. Volta depois
para junto de mim e conta-me que foi ver se ela falava “à cigana”. Diz-me que
sim, que fala e que fala mesmo bem e que também pega no bebé como as
ciganas: “é igual a nós, é cigana” – conclui.
6
“O caló chama-se romanó”- explicou-me o Aguelito - “o romanó espanhol é igual ao nosso, ao
português. E o romanó húngaro também é igual ao nosso.” O termo caló é utilizado como
sinónimo de cigano, ou seja, identitariamente, e não relativamente à língua. Só os mais velhos
entendem quando me refiro a uma língua caló.
7
Para informação detalhada sobre os diferentes dialectos do romani, consultar The Romani
Project (Universidade deManchester).
possivelmente um grupo de Romanis ibéricos) não seria muito diferente do
Romani que hoje se fala nos Balcãs.
Aja = Lá
Aji = Ali
Alantre = À frente, adiante
Buscalio = Aquela que busca problemas
Caja-te! = Cala-te!
Chabo! = É verdade!
Culeta = Trança
Drigaini ou drigaina = Magrinha
Gilau = Gelado
Guena moça = Rapariga/mulher bonita ou boa (Forma de chamamento comum entre
as mulheres)
In cané si méte! ou Em canúria se mete! = Mete-se em confusão ou problemas
Inriadora = intriguista
Listra = refilona, espertalhona
Lo à jibado = Levou-o
Louquini = louquinho ou louquinha
Manganau= enganei-me
Me boi à laval = vou lavar [a roupa]
Nós peliemos = Nós lutamos
Pongo-ti-lo! = Põe-no!
Porque no te parerrás? = Porque não te mudas?
Posso quitar? = Posso tirar?
Pra quel lau = Para aquele lado
Qui à diguini? = O que é que disse?
Qui chanela!= Que bonita/ que esperta
Qui churo/a! = Que feio/ que mau
Rajina = galinha
Su pai lhe à dau = O pai dela deu-lhe
Terca = Porca
Vai diguir = Vai dizer
Recolha de vocabulário
Como disse, a maior parte dos indivíduos não faz uma distinção clara
entre o que é romanó e o que é espanhol. Nesse sentido, a contribuição do
Aguelito foi essencial. Palavras que alguns me ensinaram como sendo romanó
foram, mais tarde, assinaladas por este como espanhol ou derivadas deste.
Rom. Cald.:vast
bato;pato bato da palavra russa: Pai
subs.masc.sing. batusdlka
(pl. batuces)
Rom. Cald.:kamel
cangri cangri do Persa(literalmente Igreja
subs.fem.sing. torre)
Rom.Cald.: xatjarel
chorar v. chorar do Sânscrito; do Roubar
Hindi (chor =ladrão)
Rom.: tchor
chungalo chungalo; chunga do Hindi (choona) feio/a
adj.masc.sing.
(fem. chungali)
(fem. corrija)
currelar v. curelar; curar do Hindi (gurhna) pegar, roubar
Rom.Cald: grast
greni jeriñi; jeñi; greñi burra
subs. femc.sing.
jaqui yaque;yéqui,yequero do Sânscrito (aksha) fogo, lume
subs.masc.sing.
Rom.: yak
Rom.: shero
lachê lacha; lache do Sânscrito Vergonha
subs.fem.sing.
Rom.: lashav
ladicar v. dicar;diquelar; do Hindi (dehk) Ver
endicar;diar
Rom. Cald.: dikhel
lumia lumia; lumi; lumiaca prostituta
subs.fem.sing.
Rom.: machka
más Maas do Sânscrito; do Carne
subs.fem.sing. Russo (miàso)
Rom.: mas
matô; pilô matagarnó; mato do Grego (methúw) Bêbado
adj.masc.sing.
Rom.: pani
parnó Parné Dinheiro
subs.masc.sing.
Rom:parno
Rom: kher
rajipen Jachapen; jallipén do Sânscrito; do Comida
subs.fem.sing. Hindi (khaja)
Rom: xa-
Rambo Hambo homem/mulher não
subs.masc.sing. cigano/a
(fem. hamba)
(fem. ramba)
rebén galinha
subs.fem.sing.
Rom: sov-
tchatchipén tchatchipen; do Sânscrito Verdade
subs.fem.sing chachipen (composto:
cha=verdade + chipe
=língua)
Rom.: tchatchipen
Undebel Debel; Undebel do Sânscrito (da Deus
subs.masc.sing. palavra céu)
Rom :Devel
unga adv. Unga do Sânscrito Sim
Num primeiro olhar vemos então este espaço alargado de terra ao longo
do qual estão construídas as habitações. Isto é o núcleo central do
acampamento. Num segundo olhar vemos que também o espaço envolvente é
apropriado e alvo de várias utilizações: estacionamento, secagem da roupa,
queima e depósito de sucata, espaço de alojamento de cavalos (quando os há)
e, claro, ‘wc’ público, uma vez que os barracos não possuem canalização ou
esgotos. Esta utilização do espaço envolvente dizem-me ser negociada com os
proprietários. Muitas vezes o espaço é cedido na condição de não serem
cortadas árvores e este é um compromisso respeitado na generalidade.
As barracas, de diversas formas, diferentes tamanhos e mais ou menos
precárias, dependendo da situação económico-social da família, reflectem a
flexibilidade e adaptabilidade da construção como um todo. Encontram-se
como que encaixadas umas nas outras e na paisagem exibindo uma lógica
espacial própria e uma irregularidade paradoxalmente simétrica. Algumas das
casas parecem apenas uma habitação mas encontram-se subdivididas
internamente, de forma a que dois casais (pais e filho/nora) possuam
habitação independente. Esta independência de espaços, nomeadamente do
espaço destinado a cozinhar, é comummente desejada depois do nascimento
de um primeiro filho. Nestas alturas, a nora passa a “cozinhar separado”.
8
As crianças, quando visitaram a minha casa pela primeira vez, perguntaram pelas minhas
mantas e mostraram estranheza pela forma como a cama estava feita para dormir.
quartos, quando existem separadamente do resto da casa, isto é, com paredes
entre si, são pequenos. Na maioria das barracas a área de dormir constitui
uma segunda divisão ampla com varias camas que, à noite, são separadas por
cortinas. No caso dos casais mais novos, estes habitam as barracas
construídos mais recentemente que normalmente são constituídos por uma
única divisão onde se cozinha (se for o caso), se vê televisão e se dorme.
Outras famílias possuem igualmente apenas uma divisão que partilham com
cinco ou seis filhos pequenos. Nestes casos, apesar da divisão única, as
diferentes áreas – de dormir, de ver televisão, de cozinhar… – encontram-se
claramente definidas e delimitadas e visivelmente diferenciadas no espaço
apesar da ausência de paredes.
Pode não existir uma área de refeições definida ou, mesmo existindo,
esta pode ser preterida a favor de uma banco na porta da casa. Nem todas as
casas possuem uma mesa. Os hábitos alimentares, como veremos adiante,
não implicam um horário rígido e uma partilha da refeição à mesa por toda a
família. Come-se quando se tem fome e não necessariamente sentado.
9
Actividade que deixou de ser rentável devido a proliferação de lojas chinesas, dizem.
Não vamos aqui detalhar como viviam – ou sobreviviam – estas famílias
no passado pois isso merece um capítulo por si só. Interessa-nos antes definir
as práticas económicas actuais assim como as actuais lógicas de gestão
económica e doméstica. Na verdade, a forma como os rendimentos são
geridos e, de uma forma geral, as estratégias económicas, parecem muito
dependentes ainda das lógicas do passado, caracterizadas fundamentalmente
pela precariedade, transitoriedade e efemeridade. Voltaremos aqui.
Cestaria
Sucata
Cavalos
10
Alda Gonçalves et al. escreve a propósito: “A lógica que preside às suas actividades
geradoras de rendimento é imediatista, garante da satisfação das necessidades de um
quotidiano onde o amanhã raramente é perspectivado “ (2001: 23).
11
O desapego pelas coisas materiais, relacionado com a condições histórico sociais do grupo,
está na origem de alguns problemas com a sociedade não cigana. Na escola, por exemplo, as
crianças ciganas são apontadas pelo pouco cuidado que tem com o material que desaparece ou
se estraga rapidamente. O pouco cuidado e importância que se dá aos documentos e papelada
institucional, que alguns indivíduos simplesmente não conseguem deixar de perder, é por vezes
problemático no relacionamento com os técnicos de acção social. Isto não está apenas
relacionado com o desapego pelas coisas materiais, mas também com o baixo grau de literacia
e com o desconhecimento dos meandros da burocracia a que, em geral, dão pouca importância.
parte das famílias considera essencial e que todos compram, assim que
podem, nunca é tratado como um bem precioso. Transportar dez crianças aos
saltos e a comer batatas fritas, num carro de cinco pessoas é um cenário que
me parece ilustrar bem essa realidade. Uma televisão há muito desejada que
finalmente chega a casa, poderá muito bem servir igualmente para colocar
louça suja. Isto não vale em todas as habitações, entenda-se, mas na maioria
delas não constituirá um problema. Mais ou menos cuidadosas com a limpeza,
as donas de casa tem uma visão muito flexível do espaço e objectos
domésticos.
12
“a reciprocidade surge como forma privilegiada de troca num contexto em que a relação
salarial ou a busca de uma contra prestação não está sequer colocada e em que a solidariedade
e a cooperação prevalecem” (Pinto, 2000: 54).
Religião
Se o indivíduo que foi desta forma tocado pelo Espírito Santo ainda não
foi baptizado, este será um sinal de que deverá ser “baptizado pelas águas”. O
baptismo por imersão na idade adulta é comum nas doutrinas protestantes.
Representa um compromisso do crente para com Deus e para com a Igreja.
Normalmente são realizados no rio Douro onde, enquanto toda a Igreja canta,
o crente vestido de branco é mergulhado nas águas pelos pastores. Aqui, os
jovens que acompanham o culto e que manifestam esse desejo, e que se
mostram merecedores, são baptizados pelas águas. Mas “primeiro vemos se
eles servem” – dizem-me. Para uma jovem pertencer ao coro – o que é uma
grande honra e prova do seu comportamento de acordo com os mandamentos
bíblicos – deverá ser baptizada.
Socialização e alimentação
13
Os indivíduos juntam-se muito frequentemente à volta do Tio J. – pai ou avô de grande
número de elementos do grupo. Porque não anda, têm sempre gente a fazer-lhe companhia.
14
A tarefa de levar crianças à escola constitui um problema para algumas famílias. Muitas vezes
um ou dois elementos levam ou vão buscar todos os miúdos e outras vezes isso não acontece,
ficando a tarefa a cargo dos pais ou outros. Pensou-se em tentar, no âmbito do projecto, que o
grupo definisse responsáveis fixos para essa tarefa. Rapidamente se tornou claro que esta
rigidez na organização quotidiana não seria funcional.
geral existe grande flexibilidade nos horários e nas tarefas. Os homens
juntam-se entre si para trabalhar, descansar e, por vezes, comer. As
mulheres, para além das actividades domésticas dentro de casa, juntam-se
para ir buscar água, lavar a roupa, fazer compras ou ainda para tratarem de
assuntos institucionais. Entre elas, discute-se constantemente o que há e o
que não há para comer, e pedem-se e trocam-se alimentos ou comida entre
as casas. A Tia C., quando conta a sua história de vida (cap. IV), diz: “ os
ciganos são assim, se eu tiver arreparto, um dia que eu não tenho também
eles arrepartem comigo”. As mulheres dizem-me isto muitas vezes, reforçando
o carácter solidário das relações de parentesco e coabitação.
15
Depois de um tratamento para um problema de pele, uma mãe dizia-me que os médicos
tinham dito que o problema iria voltar pois “na Primavera, quando rebentam as folhas rebenta
também a criança”. Através de uma apropriação à sua linguagem ela conseguiu apreender uma
indicação médica. Noutros casos, a aceitação das indicações médicas pode depender de uma
experiencia passada: uma mulher a quem foram receitadas injecções de penicilina por causa de
uma infecção pulmonar (segundo a própria), deitou-as fora porque disse que “ uma vez fiquei
manca”.
Argumentavam que também mantinham as casas limpas e a única vantagem
comparativa que viam entre o hospital e a casa, era o facto de o primeiro ser
mais quente. Optaram por recorrer a uma senhora conhecida por aplicar uma
pomada caseira que cura as queimaduras. Contaram vários episódios de
outros ciganos, seus conhecidos, que foram curados por ela.
Parece ser com o próprio corpo humano, suas partes, dejectos e fluidos,
que incidem as principais preocupações. Com os bebés insiste-se muito para
que não coloquem as mãos na boca. As peças roupa íntimas, por exemplo,
nunca são vistas a secar junto com a outra roupa.
16
Em algumas casas continuam a oferecer-me lugar na mesa embora noutras, com quem existe
maior familiaridade, as mulheres me passem simplesmente a comida para a mão, onde eu
esteja, como fazem entre elas.
fazem, são as outras mulheres, as que estiverem presentes na altura, que as
mandam e criticam a sua falta de iniciativa. As mulheres formam uma espécie
de colectivo que tudo comenta em público, exercendo um controlo social feroz,
essencialmente sobre as próprias mulheres.
17
Quando, se discutia publicamente a questão de instalar tanques públicos no acampamento,
pois as mulheres têm de se deslocar a um local relativamente distante, os homens diziam que
isso ia dar confusão entre as mulheres, porque “umas são mais limpas”. As mulheres
concordam com este argumento.
marido, as outras mulheres da família se encarregam de vigiar o
comportamento da esposa que está, aliás, definido à partida. Uma mulher que
tinha o marido ausente pediu-me, na Páscoa, que fosse com a filha “levar o
ramo” ao padrinho. Porque este era cigano ela não devia ir sozinha, ainda que
acompanhada pela filha, visitá-lo. Se fosse um pajo, dizia-me, já não fazia
mal.
18
Em geral o comportamento das mulheres é sempre mais criticado. Assim, quando se discute,
por exemplo, o caso de um homem cigano que já viveu com várias mulheres tendo filhos de
várias, as mulheres dizem ser culpa das próprias mulheres pois estas, conscientes da sua
natureza e do facto dele atraiçoar e deixar várias mulheres sozinhas com os seus filhos,
continuam a aceitá-lo. Quando se discutem casos de infidelidade por parte dos homens, as
mulheres criticam sempre as mulheres envolvidas, desculpabilizando implicitamente o
comportamento masculino.
Mesmo entre irmãos solteiros, se o rapaz se zanga e aplica por exemplo
um pontapé na irmã, esta não é uma situação que alarme ninguém. Assim
como os protestos e insultos desta não vão surtir grande efeito na audiência.
Discussões entre indivíduos adultos de género diferente que trespassem para
a esfera pública acabam por envolver todos os elementos do grupo e tendem a
passar depressa, embora todo o grupo discuta – entre os seus pares – quem
“leva razão”. Em ultima análise, o relacionamento entre homem e mulher
depende absolutamente do grau de parentesco e da idade dos indivíduos em
causa.
Assim, uma jovem não irá falar sobre estes assuntos na frente da sua
mãe, por exemplo. A mãe é, aliás, a pessoa menos provável com quem irá
falar destes temas. As jovens conversam assuntos de natureza íntima com as
outras da mesma idade e eventualmente com tias ou primas mais velhas de
quem sejam mais próximas. Todos estes temas, incluindo ainda temáticas de
carácter sexual, pertencem a uma esfera essencialmente privada de grande
poder simbólico, poder este cuja significância se perdeu no tempo mas que
sobrevive comportamentalmente no quotidiano.
19
O tabu relativo à parte inferior do corpo é muitas vezes relacionado com a herança indiana do
povo cigano.
uma vergonha que nasce do próprio acto da concepção. Se os assuntos de
sexualidade são de cariz privado, talvez a gravidez seja um reflexo dessa
intimidade e como tal esteja sujeita à mesma vergonha.
Ouvi apenas das crianças coisa como “as pajas são porcas”. Sempre que
tentei explorar mais estas diferenças e entender qual a sua concepção das
mulheres não ciganas, as mulheres com habilidade desmentiam estas
afirmações e, certamente pelo receio de ferir a minha susceptibilidade, sempre
mostraram relutância em aprofundar esta questão.
20
Aliás são considerados marido e mulher, no entanto esperam pela ritualização para
legitimar a relação perante todo o grupo.
onde o casal, as filhas e filhos solteiro, os seus filhos casados e respectivas
mulheres, e os netos se juntam à volta do fogo. Uma jovem que atenda
primeiro aos pedidos da sua mãe em vez de os da sua sogra, será criticada.
Este deve, após o casamento, assumir as suas obrigações para com o seu
marido e família deste. E embora a proximidade, no nosso caso especifico,
garanta que uma jovem casada possa continuar a ajudar a mãe nas tarefas
domesticas ou ter ajuda desta para tomar conta dos filhos, se os tiver, a lei
manda que a mulher casada assuma a família do marido como sua e, na
generalidade, as jovens demonstram imenso respeito pelos seus sogros,
especialmente pela Tia, ou seja, pela sogra.
Após ter casado a mulher deve “fazer as coisas para seu marido” e dar-
lhe muitos filhos. Deve obedecer sempre ao seu marido e cuidar deste e dos
filhos, estando a educação destes ao seu encargo. Os homens são obviamente
o símbolo da autoridade no casamento. A mulher deve responder sempre
quando este chama ou pede algo. O comportamento da mulher enquanto
esposa é sempre julgado pelo grupo, por exemplo se um homem tem
comportamentos considerados impróprios, as mulheres do grupo atribuem à
sua mulher alguma culpa por isso. Se uma criança é demasiado mal
comportada ou desobediente ou suja, os dedos são apontados à mãe. O
comportamento da mulher deve ser exemplar mesmo quando o do marido não
é. A mulher deve ainda vestir-se como uma casada, isto é, usar sempre saias
compridas (nunca calças), e usar o cabelo preso, excepto em dias especiais.
A festa
21
Ouvi muitas vezes: “ A beleza da mulher está no cabelo” que devem ser longos. Sempre que
cortei o meu fui severamente ‘repreendida’.
Os custos inerentes à festa são altos pois a família da noiva deve
oferecer comida e bebida em abundância e vestir a sua filha luxuosamente,
sendo que esta ostenta vários vestidos durante os dias da festa.
Tradicionalmente são os pais da noiva que pagam a festa embora os
rendimentos baixos das famílias em questão justifiquem a participação dos
pais de ambos nas despesas, assim como a ajuda de outros, como os
padrinhos. Durante a festa, aliás, o padrinho de casamento normalmente faz
publicamente um pedido de donativos a todos os presentes.
Já se vá lá novia, já se va lá novia
Ai jeli jeli jeli jeli jeli jeli ai
…
A morte de um bebé não implica luto (“é um anjinho”) mas ainda assim
queimam-se as coisas dele. Neste grupo escondem-se ou queimam-se as
fotografias do falecido pois os indivíduos não querem voltar a vê-lo. Muitas
vezes os familiares directos mudam toda a disposição das coisas dentro de
casa.
22
“Me cago em tus mortos” é uma expressão frequente nas zangas mais graves e que resulta
num agravamento da situação. Todos concordam que é algo que não se deve fazer.
jóias23 ou andar muito limpo. Não deve ir a festas, ouvir música, dançar, ver
televisão ou beber álcool e deve abster-se de participar em discussões.
23
Conheci uma cigana – familiar distante deste grupo – que estava de luto e tinha os brincos de
ouro tapados com fita-cola preta.
“não tem vontade”. Tirar o luto é portanto um assunto delicado,
principalmente quando o grau de proximidade é muito (tratando-se de um
filho o luto pode estender-se por toda a vida e estes casos são lamentados por
todos). Os episódios como o anterior, e outros, de situações semelhantes em
famílias próximas, são assunto de conversa e manifestações de pesar, apoio
ou critica. Se uma pessoa enlutada souber com certeza que um outro parente
vai morrer, deve tirar o luto para esperar a outra morte.
24
Vejam-se, por exemplo, os trabalhos de Carlos Cardoso, Mariano Fernando Enguita, Luíza
Cortesão, Jean-Pierre Liégeois, Mirna Montenegro e Carlos Jorge Sousa, entre outros (ver
bibliografia).
mas sobretudo vivendo a vida próxima dos mais novos, à sua vista, mantendo
toda a informação ao seu alcance. As crianças não fazem perguntas com
frequência e normalmente, mantêm-se caladas quando os adultos conversam.
A criança na Baralha vive entre várias gerações que se entrecruzam
constantemente em laços de parentesco peculiares, numa rede intensa de
relações sociais e emocionais de que a criança é parte integrante e central.
Nunca lhes é pedida a opinião, mas não lhes é vedado o acesso aos
assuntos da família ou do grupo. São os “mais velhos” que opinam e decidem
mas crianças não são excluídas de nenhum assunto, de nenhuma área de
conhecimento doméstico, económico, social ou cultural, não são apartadas
nem espacialmente pois não existe um espaço que seja apenas delas. Não
obstante, como veremos adiante, a sua autonomia é valorizada, assim como a
sua capacidade de aprendizagem e maturidade.
Até aos 7/8 anos as crianças crescem com grande liberdade e circulam
por todo o acampamento, entrando em qualquer casa, sob a vigilância de todo
o grupo. As meninas tendem a passar mais tempo dentro de casa com as
mães. A ocupar-se com brincadeiras que envolvam as actividades domésticas.
Os meninos, por sua vez, circulam mais pelo acampamento e aventuram-se
mais longe das mães acompanhados pelos outros. Falam frequentemente em
negócios nas suas brincadeiras, desde sucata a cavalos, o que demonstra que
estão atentes ao universo masculino. Correm e brincam em pequenos grupos
que muitas vezes vão incomodando os adultos de casa em casa, com barulho
25
Existe, como entre os não ciganos, o receio de que a criança ‘ougue’ os alimentos. Quando sai
para passear com umas miúdas, a mais nova do grupo, de 4 anos, foi a única a que os país
deram dinheiro para que comprasse o que quisesse.
e confusão, e vão sendo expulsos sob ameaças de vassouradas. Por vezes
acontecem desentendimentos entre os adultos – em regra as mulheres por
causa do comportamento das crianças. Se uma mulher bate ou repreende um
miúdo porque a insultou ou atirou pedras, a mãe destes pode ficar zangada e
por vezes gera-se uma discussão que acaba por envolver muita gente. Não
raras vezes, a ofendida chama a mãe do menino em causa para avisá-la que
vai bater-lhe (o que normalmente fica como ameaça) e porquê. No caso dos
meninos mais travessos as mães normalmente verbalizam impotência para os
controlar.
26
No âmbito do projecto tentou-se prolongar a permanência das meninas na escola para além
da quarta classe através da criação de turmas em que estas estivessem juntas entre si e com
os primos. Esta medida teve um excelente acolhimento por parte da população e reduziu
drasticamente o absentismo escolar.
educadores. Não apenas por questões de género mas também por questões
étnicas. O confronto com o outro não cigano, no espaço escolar, assenta na
autoridade e na validade das regras desse outro e implica, inevitavelmente,
uma submissão. Não respeitar no absoluto as regras da instituição escolar e a
autoridade dos professores faz parte do processo de renegociação constante
desse contacto. Implicitamente a resistência sublinha a identidade étnica dos
indivíduos pois sublinha diferença.
27
Veja-se a distinção estabelecida por Mirna Montenegro entre a cultura cigana enquanto uma
cultura policroma e a cultura escolar enquanto uma cultura monocroma (Montegro, 1999: 20,
21)
IV HISTÓRIAS DE VIDA
Tia C.
Quando me casei era muito nova, não sabia…. tive três anos
sem….eu não sabia o que era o mundo, o que era a vida de casada, sei
lá, não sabia… e atão fomos para esses lados….inda outro dia
disse…Moncorvo, e eu tinha pena dos meus pais, eu alembrava-me dos
meus irmãos, era canalha, e eu chorava por eles, tinha saudades dos
meus irmãos. E atão fomos…fomos para esses lados [para onde
estavam os pais]… e a minha mãe, que Deus tem, ficou com uma
alegria! Estive lá numa casinha alugada.
Eu tinha duas cunhadas, uma morreu coitadinha, eram
pequenas, a mais velha era quase da minha idade, mas elas brincavam
e atão eu brincava também com elas. Depois vinha o meu marido que ia
buscar vimes, vinha ele e já começava a ralhar comigo por estar a
brincar às loucinhas e às bonecas, ainda não era assistida, depois
comecei a mentalizar, a mentalizar a minha cabeça….E depois, quando
fui menstruada, comecei a chorar a chamar a minha mãezinha, tinha
muitas dores, ninguém me ensinava, não é como agora, agora as
professoras ensinam, depois a minha sogra ria-se muito e disse-me
“olha, tu não te preocupes, é assim, assim, assim…”depois dali a três
anos tive o meu F., o mais velho, já tinha mais juizinho”.
Depois atão, a nossa vida era muito triste. Por um lado era triste,
a vida sabe como é, era nosso pão cada dia, mas vivíamos muito
alegres, muito alegres, tínhamos 10 filhos, eu e ele 12, mas eu sempre
arranjava de comer. Eu ia ler a sina, ganhava qualquer coisa e
comprava comer, havia para fazer o comer, e eu atão fazia uma panela
de sopa, chamava uns, chamava outros, os que me pertencessem, as
minhas cunhadas, os meus sobrinhos, chamava para lhes dar de comer.
Mas, quer se dizer, eu vivi sempre muito alegre….eu ia com a minha
sogra que Deus tem, naquela ocasião ia com ela, ia atrás dela, ela ia
com os cestinhos e eu também levava os meus cestinhos, ela ia a andar
à minha frente, ela ia às casas e eu atão punha-me a acantar “lá lá
lá”[canta], sempre estava a cantar, estava a lavar a louça, estava a
cozinhar, elas [as noras, que escutam] que digam, já tinha os meus
filhos todos casados e eu vivia muito alegre, agora é que não….não dá
para estar alegre…. Muito alegre, pobrezinha mas muito alegre. A gente
acampava nos montes mas muitas vezes não tinha para comer, a
verdade é uma, não tinha comer, muitas vezes alevantavamos, íamos
vender os cestinhos e não trazíamos para comer nem nada, é triste
também, mas tínhamos saúde, éramos saudáveis, eu não sei como era
antigamente que não havia estas doenças, você não acredita mas… eu
agora adoeci, para aí há dez anos…mas eu quando vivia ali em S. João
da Madeira, havia lá uma zona… chamavam-lhe a zona industrial,
vivíamos num barraquinho assim e depois atão havia ali um rio e eu
lavava. Sabe o que é lavar a roupa de dez pessoas, comigo e o meu
homem 12, mesmo no Inverno….na maré do Natal…eu ia sempre lavar
para aquele rio metia-me dentro de água, a água chegava-me por aqui
assim [aponta por cima dos joelhos], chegava a uma certa altura as
pernas já não as sentia. Passavam lá aquelas mulheres da fábrica “ó
mulher que você morre!”, “não, eu sou muita rija, as ciganas são muito
rijas!”, “um dia você vai senti-las”, e foi verdade, tenho má circulação e
agora os ossos… ui meu deus!
A ida para São João da Madeira, com os filhos pequenos, parece ter
marcado alguma melhoria:
El Aguelito
Eu casei com tinha 16 anos, mas não cheguei a casar, foi assim:
fugi com ela, éramos crianças…mesmo eles não queriam…mas, por
graça, gostava daquela rapariga,…então eu, sei lá,… fugi com ela. Já
fazia muito escuro e fomos a uma casa para dormir, e eles viram-nos: “
vocês são casados?”, “semos”, “ quando é que se casaram?” e nós
dissemos que tínhamos casado. Despois o meu pai e o meu sogro
andavam à nossa procura e veio então o dono da casa e contou tudo e
lá fomos para casa. Foi assim, pronto. Tive 9 filhos. Quatro filhas e
cinco filhos.
Deus criou o cigano e criou os outros, mas Deus não disse quem
é que eram ciganos, Deus pôs todos igual... depois a ideia do povo é
que…há o cigano, o latoeiro, o amolador, …o homem era português,
espanhol, inglês..mas não era raça cigana…não compreendo, é como
digo, [por causa da] a má fama do cigano antes e já o povo não se dava
com os ciganos, fugia dos ciganos…por isso é que não tem havido
amizade…mas os ciganos e os que não são ciganos já se estão unindo…
se fosse antigamente não passavam por aqui, e agora já passam… Os
ciganos são iguais aos outros, se nos respeitam, respeitamos, agora se
não nos respeitam, claro...o povo português agora já compreende, já
compreende… O povo português tem sido muito atrasado e muito tolo,
agora estamos na alegria maior do mundo, do 25 de Abril para cá é a
maior alegria do mundo……
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