Formação e Suspensão
1. Formação
Segundo o CPC, o processo inicia-se a partir do
momento em que os efeitos são verificados. O
marco inicial se dá com a entrega da petição inicial
ao Poder Judiciário, ou seja, quando a PI for
protocolada, é a partir daí que surgem os efeitos
decorrentes da demanda proposta.
2. Período de Admissibilidade
Depois que o autor provoca o judiciário dando o
“pontapé” com a petição inicial, temos o período
de admissibilidade. Nesse período, só figuram o
autor e o juiz, pois o réu só entra depois da
citação. O juízo de admissibilidade é o período em
que o juiz irá verificar se existem todos os
pressupostos processuais para tornar a P.I
admissível.
3. Suspensão do Processo
Segundo o princípio do impulso oficial, uma vez
iniciado, o processo deve ser impulsionado pelo
juiz, independentemente da vontade das partes.
Ocorrerá a pratica sucessiva de atos até que
ocorra a resolução do conflito, pela efetiva
entrega da prestação jurisdicional (fase de
cumprimento). Entretanto, em situações
especificas, expressamente tipificadas na norma
processual, a pratica futura de atos processuais
permanecerá parada, por tempo determinado ou
indeterminado, até que seja removida a referida
causa de suspensão. Suspender = sobrestar.
Inexiste no direito brasileiro a hipótese de
interrupção do processo, ou seja, situações que o
fazem voltar para o início e ignore todos os atos
processuais já praticados.
4. Consequências da Suspensão
A suspensão não afeta nem os atos já praticados,
tão pouco a relação processual. Atinge apenas
temporariamente a pratica de novos atos.
5. Pratica de Atos Durante Suspensão
a. Ato urgente: ocorre quando, por uma
circunstância especifica, o ato tiver que ser
praticado imediatamente, ao risco da
impossibilidade de sua pratica futura. Ex. Quando
uma testemunha está à beira da morte o juiz
ouvirá a mesma, mesmo durante a suspensão.
b. Ato para evitar perecimento de direito: serão
praticados diante de fatores externos que ponham
em risco o próprio objeto do conflito. Tornando-
se medidas conservativas ou protetivas. Ex. Em um
processo relacionado a guarda de criança, o juiz
pode aprecia-lo, mesmo suspenso, em caso de
matricula escolar, onde a criança (que é o objeto
da causa) deve ter um responsável para tal ato. O
juiz concede uma guarda para resolver isso.
c. Ato para remover a causa de suspensão: serão
tomadas providencias dirigidas a encerrar a
suspensão do processo.
6. Hipóteses de Suspensão do Processo
a. Morte ou perda da capacidade: Desde o
momento da morte ou da perda de capacidade, o
processo se considera suspenso,
independentemente de determinação judicial. Se
os fatos só vierem ao conhecimento do julgador
posteriormente, terá efeitos ex tunc, sendo nulos
todos os atos praticados nesse ínterim.
o Em caso de morte da parte, extinguindo sua
personalidade, o processo ficará suspenso por
prazo indeterminado, até que seja intimados
todos os sucessores para, querendo (facultado)
realizar o processo de habilitação, assumir o
processo no lugar da parte falecida.
Se nenhum sucessor realizar a habilitação e o
falecido for o autor, o processo será extinto por
falta de pressuposto processual. Se o falecido era
réu, o processo continua sem os sucessores até
que alguém se habilite.
o Em caso de morte do representante de
incapaz, o processo ficará suspenso por prazo
indeterminado, até que se nomeei novo
representante. Se ninguém puder assumir, a
defensoria ou o MP assumem.
o Em caso de morte do advogado, o processo
ficará suspenso pelo prazo determinado de 15
dias, durante os quais deverá a parte
providenciar a constituição de novo advogado
ou defensor público.
Havendo mais de um advogado na procuração, a
morte de um não induz a suspensão do processo,
pois não há perda de capacidade postulatória. Se
a morte for de procurador público ou de órgão do
ministério público, não haverá suspensão, pois
esses são substituíveis livremente.
o Em caso de incapacidade superveniente das
partes o processo ficará suspenso por prazo
indeterminado, até que seja nomeado um
representante provisório ou definitivo.
o Em caso de incapacidade superveniente do
representante deve o processo ficar suspenso
por prazo indeterminado, até que o
representante seja substituído.
o Em caso de incapacidade superveniente do
advogado acontecera o mesmo que no caso de
morte.
b. Convenção das partes: Ocorre vontade
reciproca (bilateral) de suspender. Constatada
essa vontade, o processo ficará suspenso por
prazo determinado ou indeterminado, não poderá
ultrapassar o prazo de 6 meses, até que se
verifique o fim da vontade reciproca, ou o limite
do prazo. Só é possível uma vez a cada processo.
A pratica de qualquer ato processual, pressupõe o
fim da vontade reciproca e o fim da suspensão.
c. Arguição de suspeição ou impedimento do juiz:
se qualquer das partes alegar a presença de
circunstancias que comprometam as condições
formais de imparcialidade do juiz, o processo
ficará suspenso até que seja resolvida a situação
(prazo indeterminado).
A alegação com o fim exclusivo de suspensão do
processo configura litigância de má-fé.
d. Admissão de incidente de resolução de
demandas repetitivas: apresentado o referido
incidente, todos os demais processos semelhantes
ficaram suspensos por tempo indeterminado,
aguardando que o processo paradigma (primeiro
IRDR) seja julgado. É alternativa para o juiz que
tem muitos processos iguais.
e. Quando a sentença de mérito depender:
o De questão a ser apurada em outro processo
(prejudicialidade externa): ainda que o
processo esteja aparentemente pronto para o
julgamento, se a resolução do conflito
depender de informações a ser apurada por
outro órgão judicial, o processo ficará suspenso
por prazo indeterminado, até que tal
informação seja oferecida. Somente haverá
suspensão do processo se não for possível a
reunião das causas pendentes em um mesmo
juízo, já que o vínculo de dependência gera
conexão.
o De diligencias pendentes: o processo ficará
suspenso por prazo indeterminado, enquanto
não forem concluídas todas as diligencias que
tenham sido solicitadas pelo juiz.
f. Motivo de força maior: São os fatos imprevistos
e inevitáveis, que impedem o prosseguimento do
processo: as greves, as catástrofes naturais, as
guerras e as revoluções.
g. Questões a serem submetidas ao tribunal
marítimo: o processo ficará suspenso por prazo
indeterminado, até que seja concluída a
investigação do acidente pelo Tribunal Marítimo.
O Tribunal Marítimo é um órgão administrativo,
vinculado ao Ministério da Marinha e
regulamentado pela Lei n. 2.180/54.
h. Demais casos: categoria residual. A
incapacidade processual ou irregularidade da
representação (art. 76, CPC/2015), a instauração
de incidente de desconsideração da personalidade
jurídica (art. 134, §3º, CPC/2015); São algumas das
hipóteses de suspensão
7. Prazos Pendentes Antes da Suspensão
Iniciado a contagem de um prazo, antes da
ocorrência da suspensão, está será retornada após
o período em que o processo esteja suspenso nos
exatos termos que restarem.