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Platão: A República

Não há dados históricos na obra. Só é possível recorrer a dois tipos de indicações: as


que o texto oferecer por determinada alusão e as que se deduzem do estudo comparativo
dos diálogos.
O livro 1 – é uma espécie de prólogo em cujo transcurso o problema da justiça é
colocado em seus termos mais simples, tal como aparece nas transações da vida
corrente. A este problema diversas soluções são propostas.
O livro 2-4 – tem por objetivo definir justiça, estudando a cidade perfeita. E como nãos
encontram semelhante cidade nem na história, nem na realidade presente, cumpre
fundá-la completamente na imaginação
Livro 4-7 – estuda as particularidades de sua organização, seu governo, qualidades
requeridas aos magistrados, e estabeleceram a partir desses últimos, um plano completo
de educação.
Livro 8-9 – estudas as cidades injustas e ver os motivos de suas quedas
Livro 10 – destino dos homens

Livro 1 – personagens – Sócrates, Glauco, Polemarco, Trasímaco, Adimanto e céfalo.


A velhice é a causa de tantos sofrimentos.
Céfalo não sentia os sofrimentos da velhice como os outros ele disse. E Sócrates o instiga
a pensar que por ser rico, passar pela velhice não era algo pesaroso.
Céfalo diz que o maior proveito de seus bens é fazer justiça, viver virtuosamente. Fala
como se tivesse medo do Hades, medo da morte.
Justiça é devolver o que é do outro – Sócrates refuta
A justiça não é sinceridade nem se devolver o que se tomou
Polemarco — Que é justo devolver aquilo que devemos. Julgo ser esta asserção correta.
Polemarco — Claro que não! Não sei mais o que eu dizia.
No entanto, continuo afirmando que a justiça se resume em ser
útil aos amigos e prejudicial aos inimigos.
Sócrates — Então, para numerosas pessoas, Polemarco,
que se enganaram a respeito dos homens, a justiça significará
prejudicar os amigos — sendo que possuem amigos maus —
e ajudar os inimigos — os quais, em verdade, são bons. E,
sendo assim, afirmaremos o contrário do que imputávamos
a Simônides.
Polemarco — Amigo é aquele que parece e realmente é
honesto. Aquele que parece honesto, mas não é, apenas aparenta
ser amigo, sem sê-lo. A definição é a mesma a respeito
do inimigo.
Sócrates — Por conseguinte, meu amigo, os homens contra
quem se pratica o mal tornam-se obrigatoriamente piores.
Sócrates — Por conseguinte, se alguém declara que a justiça
significa restituir a cada um o que lhe é devido, e se por isso
entende que o homem justo deve prejudicar os inimigos e ajudar
os amigos, não é sábio quem expõe tais idéias. Pois a verdade
é bem outra: que não é lícito fazer o mal a ninguém e em nenhuma
ocasião.

Trasímaco – É a conveniência do mais forte


Sócrates – se é assim, justo é aquele que devora um boi por dia
Trasímaco – é ser injusto, parecendo justo
Sócrates –
2, 6,7 e 10

Livro 2
Sócrates — A justiça é, como declaramos, um atributo não
apenas do indivíduo, mas também de toda a cidade?
Adimanto — Sim.
Sócrates — E a cidade não é maior que o indivíduo?
Adimanto — Claro.
Sócrates — Logo, numa cidade, a justiça é mais visível e
mais fácil de ser examinada. Assim, se quiserdes, começaremos
por procurar a natureza da justiça nas cidades; em seguida,
procuraremos no indivíduo, para descobrirmos a semelhança
da grande justiça com a pequena.
Livro 7
Sócrates — Mas coma? Achas espantoso que um homem
que passa das contemplações divinas às miseráveis coisas humanas
revele repugnãncia e pareça inteiramente ridículo,
quando, ainda com a vista perturbada e não estando suficientemente
acostumado às trevas circundantes, é obrigado
a entrar em disputa, perante os tribunais ou em qualquer outra
parte, sobre sombras de justiça ou sobre as imagens que projetam
essas sombras, e a combater as interpretações que disso
dão os que nunca viram a justiça em si mesma?
Glauco — Não há nisso nada de espantoso.
Sócrates — No entanto, um homem sensato lembrar-se-á de
que os olhos podem ser perturbados de duas maneiras e por duas
causas apostas: pela passagem da luz à escuridão e pela da escuridão
à luz; e, tento refletido que o mesmo se passa com a
alma, quando encontrar uma confusa e embaraçada para discernir
certos objetos, não se rirá tolamente, mas antes examinará se, vinda
de uma vida mais luminosa, ela se encontra, por falta de hábito,
ofuscada pelas trevas ou se, passando da ignorância à luz, está
deslumbrada pelo seu brilho demasiado vivo; no primeiro caso,
considerá-la-á feliz, em virtude do que ela sente e da vida que
leva; no segundo, lamentá-la-á e, se quisesse rir à sua custa, as
suas zombarias seriam menos ridículas do que se se dirigissem à
alma que regressa da mansão da luz.

Sócrates — Agora, as outras virtudes, chamadas virtudes


da alma, parecem aproximar-se das da corpo. Porquanto, na
realidade, quando não se as tem desde o princípio, pode-se
adquiri-las depois pelo hábito e pelo exercício. Mas a capacidade
de pensar pertence muito provavelmente a algo de mais divino,
que nunca perde a sua força e que, segundo a direção que se
lhe imprime, se torna útil e vantajoso ou inútil e prejudicial.
Não notaste ainda, a propósito das pessoas consideradas más,
mas hábeis, como são perscrutadores os olhos da sua miserável
almazinha e com que acuidade distinguem os abjetos para quese voltam? A alma delas
não tem uma vista fraca, mas, como
é obrigada a servir a sua malícia, quanto mais aguçada é a sua
vista, mais mal faz.

Sócrates — E, contudo, se tais temperamentos fossem disciplinados


logo na infância e se cortassem as más influências
dos maus pendores, que são como pesas de chumbo, que aí se
desenvolvem por efeito da avidez, dos prazeres e dos apetites
da mesma espécie, e que fazem a vista da alma se voltar para
baixo; se, libertos desse peso, fossem orientadas para a verdade,
esses mesmos temperamentos vê-la-iam com a máxima nitidez,
como vêem os objetos para os quais se orientam agora.

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