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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A.

Moreira

As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco


[Complemento da Parte 1]

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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco por Marcio A. Moreira

Há cerca de um ano eu escrevi um estudo sobre a relação das casas dos deuses nórdicos
do Grímnismál com o Zodíaco. Muito tempo se passou desde então.

Como eu havia dito na primeira parte desse estudo algumas estelas representariam
algum tipo de calendário (Estela de Bro Kyrka de Götland com espirais de 12, de 6 e 4
braços; Estela de Visby de Götland com espirais de 8 braços; Estela de Gro de Götland
com espirais de 12 braços). As estelas da Suécia além de belíssimas contêm padrões que
podem ter conexão solar e relação com as divindades nórdicas. Essas espirais têm clara
conexão com o girar do sol (da Sól) pelo céu, e não podem ser apenas ornamental. Na
ilha dinamarquesa de Bornholm foram encontrados vestígios de adoração solar, e
danificados discos de pedras solares datados de 5.500 anos.

Contudo há outras estelas que parecem confirmar essa ideia: a Estela de Hellvi com 3
braços em forma de espiral; a Estela de Garda I, Havor, Martebo, Sanda IV e Väskinde
com 6 braços em espiral; e a Estela Bro 24 com 9 braços em espiral. Há quem ignore
isso mesmo sabendo que os números 3, 6 e 9 são números bem conhecidos da religião
nórdica pré-cristã (3 representa o trio criador: Óðinn, Vili e Vé, as 3 Nornir, o trio
supremo: Óðinn, Þórr e Freyr adorado em Uppsala (Snorri confirma isso dizendo que
esses 3 decidem os assuntos divinos no Skáldskaparmál), as 3 fontes sagradas de
Hvergelmir, Mímisbrunnr e Urðarbrunnr nas 3 mais importantes raízes, Óðinn passou 3
desafios em Yggdrasill: fome, sede e foi perfurado por sua lança; Gullveig foi queimada
3 vezes, Óðinn apareceu sob 3 formas para Gangleri: Hárr, Jafnhárr e Þriði, Loki tem 3
filhos monstruosos, Rígr visitou 3 lares humanos gerando Jarl, Karl e Þrall, Nótt se
casou 3 vezes: com Naglfari, Annar e Dellingr gerando 3 filhos em cada relação: Auðr,
Jörð e Dagr, Þórr tem 3 tesouros: Járngreipr, Megingjörðr e Mjöllnir, Ymir teve 3 filhos
nascidos ao mesmo tempo pelas axilas e pés, houve 3 gerações antes do diluvio do
sangue de Ymir: Ymir, Þrúðgelmir e Bergelmir, Óðinn é da 3º geração: Búri, Borr e
Óðinn, haverá 3 invernos antes do Ragnarök, o Bergbúa Þáttr menciona 3 submundos,
Fenrir foi preso 3 vezes por Læding, Drómi e Gleipnir, Loki foi preso a 3 rochas; há 3
galos divinos: Gullinkambi, Fjalar e outro no mundo da morte, Freyr tem 3 criados:
Byggvir, Beyla e Skírnir, Búri surgiu inteiro em 3 dias, Þórr deu 3 goles no chifre que
foi oferecido por Útgarðr-Loki, Þórr bateu em Skrýmir 3 vezes com o martelo, Þórr foi
testado por Útgarðr-Loki 3 vezes: competição de bebida, lutar contra Elli e levantar
Jörmungandr na forma de gato, Þórr tem 3 filhos poderosos: Magni, Móði e Þrúðr, 3 são
os níveis cósmicos: o mundo divino, o mundo terrestre e o mundo da morte, faltava 3
dias para o construtor terminar o muro de Ásgarðr e ele queria 3 coisas como
pagamento: Freyja, o sol (a Sól) e a lua (o Máni), Fornjótr tem 3 filhos: Ægir ou Hlér,
Kári e Logi, Frigg tem 3 criadas: Fulla, Hlín e Gná, Freyr tem 3 tesouros: Skiðblaðnir,
Gullinbursti e sua espada, Freyja tem 3 tesouros: a forma de falcão, o carro puxado por
gatos e o colar Brínsingamen, Óðinn ficou 3 noites com Gunnlöð e ele esvaziou os 3
recipientes: Són, o Boðn e o Óðrerir, 3 foram os Vanir enviados a Ásgarðr como reféns:

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Njörðr e seus filhos Freyr e Freyja, segundo Saxo Þórr matou 3 gigantas filhas de
Geirröðr (Geruthus); 6 representa os 6 tesouros levados por Loki e Brokkr para os
deuses: o cabelo de Sif, a lança Gungnir, o navio Skiðblaðnir, o Martelo Mjöllnir, o anel
Draupnir e o javali Gullinbursti (cada um deles levou 3, ou seja, 3 + 3 = 6), cada estação
na Escandinávia tinha 6 meses (6 de Verão e 6 de Inverno), os 6 ingredientes da
corrente Gleipnir: o ruído do gato ao andar, a barba das mulheres, as raízes das
montanhas, a respiração dos peixes, o cuspe dos pássaros e a sensibilidade dos ursos,
Þrúðgelmir o filho de Ymir tinha 6 cabeças, Freyja é chamada por 6 nomes no
Nafnaþulur: Hörn, Þrungva, Sýr, Skjálf, Gefn e Mardöll, a Völuspá 30 menciona 6
Valkyrjur: Skuld, Skögul, Gunnr, Hildr, Göndul e Geirskögul, o poema Þrymlur
menciona 6 Gýgjur (“Gigantas”) na festa de casamento de Þrymr: Fála, Gríðr, Hlökk,
Syrpa, Gjálp e Greip; 9 é o tanto de dias que Óðinn ficou pendurado em Yggdrasill, há 9
mundos, há 9 céus uns por cima dos outros, Heimdallr tem 9 mães, Óðinn aprendeu 9
poderosas canções com o filho de Bolþörn, Ægir tem 9 filhas, Þórr é dito ser pai de 9
Nornir, Freyr esperou 9 noites para se casar com Gerðr, Hermóðr cavalgou durante 9
noites atrás de Baldr, Gróa ensinou 9 canções para Svipdagr, Menglöð tem 9
companheiras, Þórr dará 9 passos após matar Jörmungandr, a arma Lævateinn era
trancada com 9 fechaduras, a cada 9 anos os Suecos comemoravam em Uppsala por 9
dias, Baugi tinha 9 servos, Njörðr tem 9 filhas, Njörðr e Skaði ficaram cada um 9 noites
na residência um do outro, Þrívaldi tinha 9 cabeças, Mökkurkálfi tinha 9 milhas de
altura, Óðinn levou 9 noites para se revelar para Geirröðr, Helgi Hjörvarðsson viu 9
Valkyrjur, segundo o poema Þrymlur o Mjöllnir ficou 9 pés abaixo da terra e
Vafþrúðnir viajou para os Nove Mundos. A ligação entre os números 3, 6 e 9 é clara: 3
+ 3 = 6, 3 x 3 = 9.

As runas têm intima ligação com números, pois cada uma tinha um valor numérico: f =
1, u = 2, T = 3, a = 4, r = 5, k = 6, e etc. Mas as runas ainda possuem algo muito mais
numérico, veja:

Figura1.

O 1º Ættir termina no número 8, então 8 x 1 (que é o 1º Ættir) = 8, o 2º Ættir termina


em 16, e 16 x 2 (o 2º Ættir) = 32, enquanto o 3º Ættir termina em 24, 24 x 3 (o 3º Ættir)
= 72. Agora veja que interessante: 72 x 1 x 2 x 3 = 432. O Grímnismál conta que 800
Einherjar (guerreiros escolhidos por Óðinn) sairão das 540 portas do Valhöll para
combater Fenrir no final dos tempos. Agora 800 x 540 = 432.000.

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O 3º Ættir é o mais oculto veja: 72 x 2 = 144; 24 x 3 = 72 x 3 = 216; 72 x 216 = 15.552


x 2 = 31.104; 31.104 ÷ 3 = 10.368; 31.104 x 3 = 93.312; 216 ÷ 8 = 27; 216 x 3 = 648 x
2 = 1.296 x 2 = 2.592 x 2 = 5.184 x 3 = 15.552; 216 x 8 = 1.728 ÷ 2 = 864 ÷ 3 = 288;
864 ÷ 2 = 432; 216 ÷ 2 = 108 ÷ 2 = 54 x 8 = 432; 432 x 432 = 186.624. E 3 + 3 = 6; 3 x
3 = 9; 6 x 9 = 54 x 2 = 108 x 2 = 216. Somando cada valor numérico de cada Ættir por
seu respectivo grupo: 1º Ættir = 8 + 1, 2º Ættir = 16 + 2, 3º Ættir = 24 + 3 temos
respectivamente os números 9 (Nove Mundos), 18 (Nove Mundos + 9 poderosas
canções que Óðinn aprendeu) e 27 (período orbital e dia sideral da lua). 8 + 16 + 24 =
48. 9 + 18 + 27 = 54. 54 x 48 = 2.592 (25.920 é o ciclo total da precessão de
equinócios).

Figura 2.

Agora 8 x 9 = 72, 16 x 18 = 288 e 24 x 27 = 648. 72 x 9 = 648 x 8 = 5.184. 288 x 18 =


5.184, 288 x 3 = 864. 648 x 288 = 186.624 e 648 x 2 = 1.296. É possível que o 8
represente o Eykt (“Octeto”), o 16 a Runa Sól s e o 24 o período do dia (vale lembrar
que a runa D é a última no Vadstena bracteate e no Grumpan bracteate, o primeiro é
datado do ano 500 e o segundo é do século 6). Veja abaixo:

Grumpan bracteate (https://en.wikipedia.org/wiki/Grumpan_bracteate)

Assim temos:

Figura 3.

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Os números 1, 2 e 3 usados para essas contas representam os três Ættir. Para entender
melhor essas contas basta olhar nas figuras acima dos 3 Ættir. Então é possível que o
ponto onde Óðinn estivesse se sacrificando havia 8 direções (Eykt) onde ele previu a
jornada do sol (da Sól) durante esses dias. Dai surgiu o calendário, pois é dito que
Óðinn estabeleceu o dia e a noite. Sobre as 8 direções será explicado nas próximas
paginas. O simbolismo aqui é claro: o sol (a Sól) passa na direção dos oito pontos do
Eykt visto da terra e desce as profundezas após 24 horas, mas sempre retorna tal como o
sacrifício de Óðinn.

Números Sagrados Significado


27 É o período orbital e dia sideral da lua. A soma de 27 é 9 (2
+ 7 = 9).
54 ou 540 O palácio Bilskírnir de Þórr possui 540 quartos; o Valhöll
de Óðinn tem 540 portas. A soma de 54 é 9 (5 + 4 = 9)
72 O deus egípcio Set tinha 72 assassinos. A deusa hindu Kali
tinha um colar com 72 caveiras. O deus dos judeus tem 72
nomes na tradição cabalística. O Rombicuboctaedro é um
sólido de Arquimedes com 72 bordas. A soma de 72 é 9 (7
+ 2 = 9). Uma era zodiacal (no mesmo signo) dura 2.160
anos e a cada 72 anos esse ponto se desloca um 1º grau.
108 ou 1.080 1.080 é a velocidade da luz em milhões de quilômetros por
hora. 1.080 é o raio da lua em milhas. Também é a soma de
54 + 54 ou 540 multiplicado por 2 (540 + 540 = 1.080 ou
540 x 2 = 1.080). Talvez seja a soma dos 540 quartos do
Bilskírnir mais as 540 portas do Valhöll. A de soma de
1.080 é 9 (1 + 0 + 8 + 0 = 9). Na Islândia durante a Alþing
havia 36 Goðar (“Chefes-sacerdotes”) e cada um deles
tinha 2 assistentes (36 + 72 = 108). Eles mantinham o poder
judicial e legislativo e eram mediadores entre homens e
deuses. Na Índia foram 54 Devas e 54 Asuras que agitaram
o oceano de leite para encontrar o elixir da imortalidade (54
+ 54 = 108).
144 É o número de meses em 12 anos ou 12 x 12. Ou 16 x 9 =
144 ou 1 + 4 + 4 = 9. Óðinn ficou 9 dias na Yggdrasill e no
Jovem Fuþark são 16 runas. 144 x 2 = 288. 144 x 3 = 432.
144 x 6 = 864. 144 x 9 = 1.296 e 144 x 12 = 1.728.
216 ou 2.160 2.160 o tempo em que o sol fica em cada casa zodiacal.
2.160 é o diâmetro da lua em milhas. A circunferência entre
o polo sul e polo norte da Terra é de 21.600 milhas
náuticas. A soma de 216 é 9 (2 + 1 + 6 = 9).
288 288 é um número Dodecagonal, cujo um dos divisores é 12.
A soma de 288 é 18 (2 + 8 + 8 = 18).
432 ou 432.000 432.000 milhas é o raio do sol. 432 é a raiz quadrada da
velocidade da luz. O período orbital de Júpiter é
aproximadamente de 4.320 dias. É o tempo da Kali Yuga
hindu (a Idade do Ferro). A Maha Yuga hindu é de
4.320.000 anos. A soma de 432 é 9 (4 + 3 + 2 = 9).
648 ou 6.480 Equivale a três eras zodiacais. A soma de 648 é 18 (6 + 4 +
8 = 18).

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864 ou 864.000 864.000 milhas é o diâmetro do sol. O dia na Terra tem


86.400 segundos. É o tempo da Dvapara Yuga hindu (a
Idade do Bronze). A soma de 864 é 18 (8 + 6 + 4 = 18).
1.296 ou 1.296.000 12.960 é a metade da precessão de equinócios. É o tempo
da Treta Yuga hindu (a Idade da Prata). 1.296 é um número
quadrado (36 x 36). A soma de 1.296 é 18 (1 + 2 + 9 + 6 =
18).
1.728 ou 1.728.000 É o tempo da Krita ou Satya Yuga hindu (a Idade do Ouro).
A soma de 1.728 é 18 (1 + 7 + 2 + 8 = 18).
2.592 ou 25.920 É o tempo completo de uma precessão de equinócios. A
soma de 2.592 é 18 (2 + 5 + 9 + 2 = 18).
3.888.000 1.296.000 x 3 é igual a 3.888.000. A soma de 3.888 é 27 (3
+ 8 + 8 + 8 = 27).
5.184 ou 51.840 É o tempo de duas precessões de equinócios completos ou
1.728 x 3 que é igual a 5.184. A soma de 5.184 é 18 (5 + 1
+ 8 + 4 = 18).
10.368 Antigo valor da circunferência do meridiano da Terra era
24883.2 milhas que ÷ por 24 equivale a 1036.8 por hora. A
soma de 10.368 é 18 (1 + 0 + 3 + 6 + 8 = 18).
15.552 É um número cujos (alguns) divisores são: 3, 6, 9, 12, 18,
24, 27, 32, 36, 48, 54, 72, 108, 144, 216, 288, 324, 432,
648, 864, 1.296, 1.728, 2.592, 3.888, 5.184 e 7.776. A soma
de 15.552 é 18 (1 + 5 + 5 + 5 + 2 = 18).
31.104 ou 311.040.000 1 Kalpa hindu é o tempo de vida de Brahma. 31.104
segundos são iguais a 8 horas, 38 minutos e 24 segundos. A
soma de 31.104 é 9 (3 + 1 + 1 + 0 + 4 = 9).
77.760 ou 7.776.000 A soma de 77.760 é 27 (7 + 7 + 7 + 6 + 0 = 27). Alguns
divisores: 1, 3, 6, 8, 9, 12, 16, 18, 24, 27, 30, 32, 36, 48, 54,
72, 108, 144, 216, 288, 320, 324, 360, 432, 540, 576, 648,
864, 1.080, 1.296, 1.440, 1.728, 2.160, 2.592, 3.240, 3.888,
4.320, 4.860, 5.184, 6.480, 7.776, 8.640, 12.920, 15.552,
19.440, 25.920, 38.880.
93.312 A soma de 93.312 é 18 (9 + 3 + 3 + 1 + 2 = 18).
186.624.000.000 É a velocidade próxima a luz. A raiz quadrada é 432.000. A
soma de 186.624.000.000 é 27 (1 + 8 + 6 + 6 + 2 + 4 + 0 +
0 + 0 + 0 + 0 + 0 = 27).

Podemos notar na tabela acima que os números 9, 18 e 27 aparecem repetidas vezes. 18


e 27 ainda é igual a 9 (1 + 8 = 9, 2 + 7 = 9). Sobre os números 9, 18 e 27 veja a figura 2
na pagina 4.

Mas não acaba nisso, veja:

• 8 Talvez represente o Eykt ou “Octeto/Oitavo”. O Eykt é o comprimento de


tempo igual a um oitavo de um dia solar (ou seja, cerca de três horas). 8 (Eykt) x
3 (horas) = 24 (horas de um dia).

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• 32 Talvez represente a soma de 24 + 8 = 32, ou seja, às 24 horas do dia no Eykt


(8) durante o dia ou talvez as 24 runas separadas por 3 grupos de 8 (24 + 8 =
32).
• 72 Talvez represente 1 degrau ou 1/360 do ciclo de precessão de equinócios que
leva 25.920 anos. 25.920 ÷ 360 = 72.

Para os escandinavos o Eykt era usado do ponto de partida onde ficava a fazenda (casa)
representando o ponto onde se podia observar a jornada do sol (Sól) sobre os outros 8
pontos do céu (8 + 1 = 9).

A Fazenda (Gården) de onde se observa o sol no Eykt (“Octeto” ou “Oitavo”).

Na imagem acima Syd significa “Sul”, Vest significa “Oeste”, Nord significa “Norte” e
Øst significa “Leste”. Vale lembrar que esses nomes dos 4 pontos cardeais equivalem
aos nomes dos Dvergar (“Anões”) que seguram os 4 pilares do céu: Suðri, Vestri,
Norðri e Austri. É interessante notar que podemos trocar a Fazenda (Gården) por
Miðgarðr que é o nosso mundo do meio, Syd por Múspellsheimr já que fica no sul, Øst
por Jötunheimr já que está situado no leste, Nord por Niflheimr, pois fica no norte e
Vest por Ásgarðr já que o Valhöll é situado no oeste segundo o poema Helgakviða
Hundingsbana II. Sendo assim os 8 mundos representam os 8 pontos do Eykt e a
Fazenda representa o planeta Terra ou Miðgarðr. Os escandinavos provavelmente
observaram na natureza que o sol (a Sól) passava pela nossa Terra e na direção dos
outros 8 mundos pelo céu. Se traçarmos linhas na figura acima do Eykt teremos uma
forma similar a da runa Hagall do Jovem Fuþark. O poema rúnico Norueguês associa
Hagall (hh) com a criação do mundo, no Antigo Fuþark essa runa representa o número 9
h) e foi 9 noites que Óðinn ficou pendurado na Yggdrasill para alcançar as runas. Se
(h
Óðinn estava na raiz perto de Mímir (Hávamál 138-142, Sigrdrífumál 13-18,
Gylfaginning 15) então ele estava num ponto onde ele via os outros oitos (8 + 1 = 9). Na

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imagem acima substitua a Fazenda (Gården) por Óðinn e o sol pela direção de um dos 8
mundos e vocês entenderam o que eu digo.

Vale lembrar que os raios do sol (a Sól) possuem várias formas vistas da Terra. Mas
veremos a seguir algumas fotos com 8 e com 6 raios. Veja abaixo fotos do sol formando
8 raios:

http://www.psdgraphics.com/backgrounds/blue-sky-with-sun/

http://www.wisegeek.org/what-is-the-warmest-time-of-the-day.htm#

Outra coisa deve ser levada em consideração: o símbolo mágico conhecido como
“Vegvisir” (“Conhecer o Caminho”) pode ter conexões solares. No tardio Manuscrito
Huld é dito que aquele que portar esse sinal nunca se perdera do seu caminho na
tempestade ou mal tempo mesmo se ele não o conhecer (era usado tipo como uma
bússola apontando as direções). É possível que esse símbolo fosse conhecido desde a
era viking, contudo é apenas especulação. Veja abaixo o símbolo Vegvisir e note a sua
semelhança com a imagem acima do sol (da Sól) com 8 raios.

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Vegvisir, manuscrito Huld.

Veja agora fotos do sol formando 6 raios. É interessante notar na foto abaixo que há 6
raios proeminente, porém dá para notar outros 6 raios mais fracos (6 + 6 = 12).

http://www.photos-public-domain.com/2011/11/19/bright-sun/

http://www.photos-public-domain.com/2011/03/02/sun-in-blue-sky/

Mas voltaremos agora às estelas e pedras rúnicas.

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Os números de “pernas” que aparecem nessas rodas solares variam de três, seis, oito,
nove e doze (números associados aos deuses como foi mostrados antes neste mesmo
estudo e no anterior).

Primeiro iremos estudar a estela de Hellvi, que se encontra em Götland na Suécia e é


datada entre 400-600. Veja figura abaixo:

Estela de Hellvi de Götland, Suécia, datado de 400-600.


(https://kulturbilder.wordpress.com/2013/07/15/bildsten-fran-ire-hellvi-gotland-400-600-tal/)

Na estela de Hellvi podemos ver três pernas dentro do maior círculo solar superior e
isso pode indicar os três níveis cósmicos por onde o sol (a Sól) percorre: céu, terra e o
submundo (ligado ao mundo dos mortos). Ou talvez os três maiores deuses dessa época:
Þórr, Óðinn e Týr. Existem dois círculos menores, porém um deles está fragmentado
(mas poderia ser quatro pernas indicando os dois solstícios e os dois equinócios). O
outro círculo menor possui uma forma semelhante à runa Hagall do Jovem Fuþark. As
suas sete pontas podem sugerir os sete dias da semana. A datação dessa estela
corresponde à data da correspondência feita pelos germânicos com os dias da semana
traduzida dos romanos feita ao redor do século 4. O número três aparece representado
simbolicamente na estela de Smiss, Götland, onde vemos uma possível Völva
segurando serpentes e animais aparecem sobre ela: um lobo (ou serpente?), uma águia e
um javali. O lobo é o animal associado com Óðinn (ele tem dois lobos e é inimigo de
Fenrir) e Týr (que ficou maneta depois de colocar a mão na boca do lobo Fenrir e
enfrentaria Garmr no Ragnarökr). A serpente é associada à Þórr (ele matou a colossal
Jörmungandr) e Óðinn (ele se transformou em serpente para entrar numa montanha para
obter o hidromel dos poetas). A águia aparece representada num pingente do martelo de
Þórr de Kabara na Suécia e esse mesmo deus havia matado o Jötunn Þjazi que havia
tomado à forma de águia quando perseguia Loki (mas esse animal também era
associado com Óðinn que tomou essa forma quando recuperou o hidromel dos poetas).
O javali era o animal de Freyr (que tinha o javali de ouro Gullinbursti) e Freyja (que
tinha o javali Hildisvín). Nerthuz, a Mãe dos Deuses, segundo Tácito, tinha o javali

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como seu símbolo. O javali Sæhrímnir ficava no salão de Óðinn onde servia de alimento
aos Einherjar.

A estela de Smiss é datada de 400-600. Veja figura abaixo:

Estela de Smiss, Götland, Suécia. (https://kulturbilder.wordpress.com/2013/07/15/bildsten-fran-smiss-


nar-400-600-tal/)

Algumas inscrições votivas romanas que se pensa ser associada com matronas
germânicas às vezes aparece sendo representadas como três (matronas Amfratninae,
Aufaniae, Alaferviae).

Uma pedra rúnica de Sanda Kyrka da Suécia (G 181) mostra o que se acredita ser o trio
Óðinn (com a lança), Þórr (com algo que se parece com um martelo ou clava) e Freyr
(com algo que se parece com uma foice de cortar a colheita ou chifre). A Triquetra que
simboliza o número três também pode ser visto na imagem. Veja figura abaixo:

Pedra Rúnica de Sanda kyrka, Götland, Suécia. (https://kulturbilder.wordpress.com/2013/07/15/bildsten-


fran-sanda-sanda-kyrkogard/)

A segunda estela provém de Kyrkogård, em Väskinde em Götland na Suécia, também


datado entre 400-600. Na Estela de Väskinde vemos seis pernas no círculo solar com
representação de animais. Os dois animais acima do círculo solar parecem ser dois
veados e isso lembra os quatro veados mencionados nas duas Eddas. Abaixo do círculo

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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

solar vemos duas figuras que parecem ser lobos e eles podem ser a representação dos
lobos que perseguem a Sól (sol) e Máni (lua) ou então os cavalos que puxam o astro. O
Grímnismál conta que Óðinn possui dois lobos e um deles guarda a porta oeste do
Valhöll. O número seis aqui pode representar que as duas estações escandinava era
dividido por seis meses (Verão e Inverno). Os animais na representação pode confirmar
a descrição das Eddas onde os lobos perseguem os astros solar e lunar enquanto os
veados ficam na Yggdrasill mordendo suas raízes. O veado simboliza o verão (animal
associado à Freyr) e o lobo o inverno. Veja figura abaixo:

Estela de Väskinde em Götland, Suécia. (https://kulturbilder.wordpress.com/2013/07/15/bildsten-fran-


vaskinde-kyrkogard/)

A estela de Havor é muito semelhante à de Väskinde e se encontra Götland. Nessa


estela podemos ver duas serpentes e dois animais que parecem ser cavalos ou talvez
lobos.

Estela de Havor, Götland. (https://kulturbilder.wordpress.com/2013/07/15/bildsten-fran-hablingbo-


havor/)

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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

Nela podemos ver o círculo solar de seis pernas que podem simbolizar uma estação de
seis meses por onde a Sól atravessa. Se os dois animais abaixo do círculo solar
representar cavalos então eles estão puxando o astro, mas se representarem lobos então
eles são os que perseguem o sol e a lua.

A pedra rúnica de Martebo I encontrada na Suécia e datada de 400-600 também mostra


o círculo solar com seis pernas. Nela podemos ver guerreiros e espirais, porém está
fragmentada.

Estela de Martebo I, Suécia. (http://www.arild-hauge.com/arild-hauge/go-rune-martebo1.jpg)

Há outra estela encontrada em Hellvi em Götland, Suécia, onde aparece outro círculo
solar com seis pernas e dois cavalos, possivelmente representando os corcéis de Sól.

Estela de Hellvi, Visby, Götland, Suécia.


(http://www.megalithic.co.uk/modules.php?op=modload&name=a312&file=index&do=showpic&pid=30
266)

A estela de Sanda eu expliquei em meu outro estudo (a 1º parte), mas ainda sim a
representação desse monumento lembra os oito períodos do tempo do dia (Eykt, ou seja,
“Octeto” ou “Oitavo”). O número oito aparece três vezes nessa estela (no maior círculo

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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

e nos dois menores). O número oito simboliza fim de ciclo (o anel Draupnir se copia
nove vezes a cada nove noites, as runas eram divididas em três famílias de oito). O
número oito ainda aparece simbolizado pelas oito esferas representadas acima do barco.
Veja figura abaixo:

Estela de Sanda Kyrka VI, Götland, Suécia. (https://kulturbilder.wordpress.com/2013/07/15/bildsten-fran-


sanda-kyrka-400-600-tal/)

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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

Detalhes da Estela de Sanda Kyrka

Na Estela de Sanda ainda podemos ver uma forma que parece ser um dragão bem
abaixo da árvore e pode ser uma representação de Níðhöggr. As oito pernas do maior
círculo solar pode ser a representação do Eykt (“Octeto” ou “Oitavo”). Na Estela de
Sanda ainda pode ser vista uma representação que pode ser os Nove Mundos no Eykt
(segundo círculo da primeira imagem). Veja figura abaixo:

Comparação da segunda figura de Sanda com o Eykt.

Nela podemos ver o círculo do centro sendo circulado por oito círculos e isso nos faz
pensar nos Nove Mundos com Miðgarðr ao centro. Comparando com a segunda figura
do Eykt podemos ver notáveis semelhanças. A Fazenda (Farm) na figura poderia
simbolizar Miðgarðr, a Terra, e as outras direções seriam os oito mundos (isso foi dito
acima).

Outra estela de Martebo que também é datado de 400-600 contém uma suástica
simbolizando o sol (a Sól) e oito espirais. É possível que represente a jornada da Sól
pelos oito pontos do Eykt.

Estela de Martebo, Suécia.

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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

A Grænlendinga Saga menciona que os homens sabiam discernir os pontos do Eykt por
onde a Sól atravessa: “O sol (Sól) passava nos pontos do Eykt e na “marca do dia” no
período dos dias mais curtos”.

Na estela de Bro encontrada na Suécia podemos ver o círculo solar com nove pernas
talvez representando os Nove Mundos. O nove é um número muito importante para os
escandinavos assim como o três. O interessante dessa representação é que podemos
identificar o número nove (as pernas) e o oito (círculos) atrás das espirais; e 9 x 8 é
igual a 72. Adam de Bremen contou 72 vitimas penduradas no templo de Uppsala; e a
precessão de equinócios traça um par de cones aproximadamente há 25.920 anos que
equivalem a 1º grau a cada 72 anos.

Estela de Bro (danificada), Götland, Suécia.


(http://ca.gotlandsmuseum.se/providence/pawtucket/index.php/Detail/Object/Show/object_id/9454)

A estela de Bro 24 I Kyrka, Götland, na Suécia, contém a representação do que pode


ser a representação dos doze meses ou talvez as doze casas do zodíaco por onde o sol (a
Sól) percorre através do ano.

Estela de Bro I Kyrka, Götland. (https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bildstein-Bro_kyrka_01.jpg)

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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

Nessa estela de Bro Kyrka podemos ver outros dois círculos menores de seis pernas e
outro de sete pernas. O de seis pernas tem a suástica no centro e pode simbolizar que o
sol (a Sól) atravessa cada estação, Verão e Inverno, a cada seis meses ou talvez
simbolizar os dois solstícios e os dois equinócios. O de sete pernas pode indicar os sete
dias da semana.

Existe outra estela de Bro com doze pernas, porém está fragmentada. O simbolismo
dessa estela pode ser a mesma da anterior.

Estela de Bro, Suécia. (http://www.runesnruins.com/stone_struck/got_bro_church2.htm)

Os números 3 (3 Nornir, as 3 armas de Þórr, o trio criador: Óðinn, Vili e Vé), 9 (9


mundos, 9 céus, 9 noites de Óðinn em Yggdrasill) e 12 (12 deuses juízes, Argrimr era
pai de 12 Berserkir, Haki tinha 12 campeões, 12 eram os representantes da lei do povo
Frísio) são recorrentes na religião nórdica. Os números 6 (6 presentes dado aos deuses
através da aposta de Loki e os Dvergar, a corrente Gleipnir era feita de 6 ingredientes) e
8 (as runas tem três famílias de 8, Þórr come oito salmões no salão de Þrymr) também
aparecem nos relatos sobre os deuses.

A estela de Havor de Götland é interessante, pois sua representação possui 4 lados


entrelaçados. É possível que se trate da representação do círculo solar entre os dois
equinócios e os dois solstícios, porém é mera suposição.

Estela de Havor, Suécia. (https://kulturbilder.wordpress.com/2013/07/15/bildsten-fran-hablingbo/)

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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

A estela de Vallstena de Götland é ainda mais incrível e possui belíssimos desenhos.


Na estela podemos ver cavalos e guerreiros (dançando ou lutando?). O círculo solar
dessa estela possui 5 círculos menores (um com 3 pernas, dois com 4 pernas, um com 8
e um com varas entrelaçadas). O de 3 pernas simboliza talvez os três níveis cósmicos, o
dois de 4 pernas representa talvez os solstícios e equinócios e as 4 direções (Norte, Sul,
Leste e Oeste), e o de oito o Eykt por onde o sol (a Sól) percorre durante o ano. O de
varas entrelaçadas é confuso e de difícil interpretação. O Hávamál estrofe 156 parece se
referir a runa s e a proteção, que é a décima primeira runa do Jovem Fuþark (“Eu
conheço um décimo primeiro: se eu devo na batalha conduzir velhos amigos, abaixo dos
escudos eu canto, e eles vão com poder salvos para a batalha, salvos da batalha, seja
onde for, seguro eles chegaram”). A deusa Sól é mencionada possuir um escudo
chamado Svalinn ou Ísarnkol. O Sigrdrifumál ainda conta que no escudo da Sól, na
orelha de Árvakr e no casco de Alsviðr (que são os cavalos da Sól) haviam runas
entalhadas. Esse mesmo poema ainda conta que os guerreiros deviam entalhar runas da
vitória (possivelmente s já que a palavra nórdica “sigr” que significa “vitória” começa
com o inicial dessa runa) no cabo e na extremidade da espada e invocar Týr duas vezes.
A Sól é o símbolo da vitória sobre o gelo, ela ainda afastava os Dvergar (“Anões”). Os
cavalos aqui representados podem ser os cavalos da Sól.

Estela de Vallstena, Suécia. (https://kulturbilder.wordpress.com/2013/09/24/bildsten-fran-vallstenarum-


vallstena-socken-gotland-108205/)

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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

Detalhe dos guerreiros. O escudo de um deles parece ter uma suástica desenhada.

Detalhe do círculo solar.

O rúnatal do Hávamál é associado às 16 runas porque nessa época era usada essa
numeração, pois os escandinavos já havia trocado o Antigo Fuþark de 24 runas pelo
Jovem Fuþark de 16 runas. O poema rúnico Islandês associa a décima primeira runa s
(Sól) ao escudo (“Sól é o escudo das nuvens; e um raio brilhante; e destruidor do gelo”).
Aqui podemos notar que a Sól derrete o gelo e isso faz dela a inimiga dos Hrimþursar
(“Gigantes de Gelo”).

A suástica é conhecida na Escandinávia desde a idade do bronze assim como a espiral.


Veja abaixo como a suástica era representada (e usado) na arte dos escudos pelos
escandinavos:

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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

Guerreiros e Valkyrjur associados à suástica e ao sol (a Sól) em artefatos escandinavos e pedras rúnicas.
1) A Valkyrja foi encontrado em Suffolk, Inglaterra. 2) Guerreiro a cavalo e Valkyrja encontrado em
Tissø, Dinamarca. 3) Guerreiro a cavalo servido por uma Valkyrja, Stenkyrka, Suécia. 4) Valkyrja com
escudo, Dinamarca. 5) Guerreiro a cavalo servido por Valkyrja, Tängelgårda, Suécia.

É fácil de compreender isso, pois os guerreiros imaginavam que fazendo isso estariam
invocando o poder divino celeste e solar para lhes garantir a vitória. As criaturas
sobrenaturais temem a luz solar: Trolls e Dvergar (“Anões”). O poema Helgakviða
Hundingsbana I estrofe 15 associa as Valkyrjur com raios e luz. Óðinn é associado à
suástica (nos Bracteates) e Þórr também. A suástica nada mais é do que a fusão de duas
runas s (*Sowilo/Sól). Veja abaixo:

Figura 4.

A espada de Sæbø, embora muito contestada o seu significado, possui uma suástica em
sua lâmina provavelmente chamando a vitória, boa sorte e sucesso na batalha. Veja
abaixo:

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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

Espada de Sæbø.
(https://en.wikipedia.org/wiki/S%C3%A6b%C3%B8_sword#/media/File:Thurmuth_Rune_Sword_Inscri
ption.jpg)

Já foi encontrado em Birka na Suécia um amuleto em forma de escudo com a suástica


entalhada provavelmente usada para proteção e vitória (muito similar ao que podemos
ver na pagina anterior).

Amuleto de Birka. (http://www.vikingage.org/wiki/images/c/cd/Birka_shield_amulet_Gr.954.jpg)

A espiral ao que parece já era associado ao sol (a Sól) desde a idade do bronze nórdico
que começou a cerca de 1800/1700 a.c.. Veja imagem abaixo:

Sól e seus cavalos (?), Uppland, Suécia.


(https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/8c/%C3%96rstaristningen_2.jpg/400px-
%C3%96rstaristningen_2.jpg)

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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

A união de duas espirais, uma colocada sobre a outra, como na imagem de Uppland na
pagina anterior, gera uma suástica (ao que tudo indica a espiral era associado ao sol e ao
poder celeste e talvez com a vitória), veja abaixo:

Ornamento em espiral, Suécia.

A comparação entre a espiral do cavalo da Sól e a suástica.

Há um petróglifo da Suécia onde o carro da Sól ou Roda Solar é associado ao número 8


que pode ser uma indicação de que a roda solar passa pelo Eykt. Veja abaixo:

Roda Solar no Eykt (?), Backa, Brastad, Suécia.

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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

Há outra coisa muito interessante citado na Heimskringla: os 4 Landvættir da Islândia:


o Dragão (Dreki) protetor do leste, a Águia (Gammur) protetora do norte, o Touro
(Griðungur) protetor do oeste e o Gigante da Montanha (Bergrisi) protetor do sul. Eles
são considerados os protetores dos quatro cantos da Islândia. Mas veja que interessante
quando olhamos as estrelas através do programa Stellarium:

E = Leste, S = Sul, O = Oeste e N = Norte. Programa Stellarium acessado 29/01/2017. Eu usei a data do
ano (874 d.C.) da colonização da Islândia no Landnámabók.

Agora veja a mesma imagem abaixo traçando os 4 pontos cardeais em vermelho e


teremos uma surpresa.

E = Leste, S = Sul, O = Oeste e N = Norte. Programa Stellarium acessado 29/01/2017. Roda Solar vista
da Islândia como se fosse no ano 874 d.C. (data do Landnámabók).

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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

Nota-se que o Dragão corresponde à constelação da Hidra, o Gigante da Montanha


corresponde à constelação de Órion, o Touro corresponde à constelação de Touro e a
Águia corresponde à constelação de Cisne. Como expliquei na primeira parte do “As
Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco”, a Hidra representava Jörmungandr (pag.
36, 44, 45, 46, 63, 66 e 68), o Gigante da Montanha poderia representar Hymir (pag. 36
e 66) ou Éggþer (pag. 45, 46, e 63), o Touro representava o boi de Þjazi morto pelos
deuses Óðinn, Hænir e Loki (pag. 16, 52 e 53) ou o boi Himinhrjóðr morto por Þórr
(pag. 36, 37, 52 e 66) e Cisne representava à Águia de Yggdrasill (pag. 23, 26, 45, 65)
ou a águia Hræsvelgr, o devorador de cadáver (pag. Pag. 24, 26, 45, 65).

Os 4 Landvættir, Brasão de armas da Islândia.


(https://en.wikipedia.org/wiki/Coat_of_arms_of_Iceland#/media/File:Coat_of_arms_of_Iceland.svg)

Vejo muitos dizerem (e acreditar) que as Nornir regem o destino dos deuses e por isso
acontecerá o Ragnarökr. Tudo isso por causa da morte de Baldr contado nas duas Eddas
onde ele é um deus, mas ignoram a Gesta Danorum onde Baldr é um semideus e sua
morte não traz nenhum fim (morte) dos outros deuses e as genealogias dos reis Anglo-
saxões onde Bældæg/Baldag (Baldr) é filho de Woden (Óðinn) e semideus/herói. Para
isso temos algumas hipóteses:

1) Os Dinamarqueses e Islandeses tinham ideias diferentes sobre Baldr e os deuses.


2) O Baldr das duas Eddas foi cristianizado, sua história foi adulterada e
reinterpretada devida sua semelhança a cristo.
3) O Baldr Dinamarquês era um semideus que morreu, mas Saxo contou sua
história de modo confuso, repetitivo e censurado.
4) Baldr era um semideus que morreu e ele voltaria após a morte (fusão das duas
versões: Dinamarquesa e Islandesa e que poderia ser a original, já que muitos
deuses morrem e retornam em muitas religiões antigas; ainda Þórr abençoou a
pira de Baldr com o martelo provavelmente para que ele retornasse como ele faz
com os seus bodes).

O nome Anglo-Saxão de Baldr: Bældæg ou Baldag, nos mostra sua conexão com o dia
e a luz (dæg/dag = dia) e talvez indique que ele seja um deus do dia, por isso morria e
renascia como o tempo do dia (morre ao entardecer e renasce de dia), por isso ele tinha

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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

que morrer, senão não haveria noite. A palavra Áss, ou seja, “Deus” (plural Æsir ou
“Deuses”) tem conexão com luz e brilho, pois são formados por deus a e sol s, alguns
deuses dessa raça são descritos como brilhantes tais como: Heimdallr, Dellingr e Dagr.
Talvez por isso os Æsir tentassem protege-lo, mas as Nornir que trazem a vida e o fim
dela então decretaram sua morte, pois senão seria um dia eterno (sem noite, e ainda
Nornir são relacionadas à noite e com a lua no Helgakviða Hundingsbana I estrofes 2 e
3). Os Jötnar (“Gigantes”) ao qual família Loki faz parte adoram a escuridão (o gigante
construtor dos muros de Ásgarðr queria a Sól (o sol), Máni (a lua), e Freyja (a
fertilidade) como pagamento para mergulhar o universo em escuridão e esterilidade, os
lobos Sköll e Hati perseguem os astros solar e lunar com essa mesma intenção) e ele é o
que traz a morte de Baldr usando Höðr.

Primeiro devemos entender o papel das Nornir para então tentar descobrir o real
significado disso. Todos sabem que as Nornir trazem o nascimento e regem os destinos
dos homens e isso é atestado em várias fontes.

“Nenhum homem pode resistir às palavras de Urðr”. “Urðar orði viðr engi maðr”
(Fjölsvinnsmál 47).

“O destino não pode ser vencido”. “Mun-at sköpom vinna” (Grípisspá 53).

“Reis não podem conquistar o destino”. “Vinna-t skjöldungar sköpum” (Helgakviða II


29).

“Filho de reis as Nornir moldaram o destino”. “Skjöldunga niðr fyr Sköpum Norna”
(Fáfnismál 44).

“Nenhum homem pode resistir ao destino”. “Sköpom viðr manngi” (Atlamál in


Grænlenzku 48).

“Ele [também] não podia escapar de seu destino”. “Mátti hann ok eigi við sköpum
vinna” (Völsunga Saga 30).

“Mas ninguém pode resistir ao seu destino”. “En engi má við sköpum vinna” (Völsunga
Saga 30).

“E não podia escapar de seu destino”. “Mátti ok eigi við sköpum vinna” (Völsunga Saga
33).

“Mas ninguém pode resistir ao seu destino”. “En engi má við sköpum vinna” (Völsunga
Saga 36).

“Isso é naturalmente verdade, dizer que ninguém pode combater contra o destino”. “Þat
er þó satt at segja, at eigi má við sköpunum sporna” (Vatnsdæla Saga 15).

“A multidão de príncipes não pode resistir ao destino”. “Eigi má við örlög bægjask
Jófra sveit” (Óláfr Hvítaskáld 2, 6, 3).

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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

“Nenhum homem vive até a noite quando as Nornir têm decretado”. “kveld lifir maðr
ekki eftir kvið Norna” (Hamðismál).

Em alguns trechos citados podemos perceber que o destino se aplica aos homens e
heróis. Mas noutras fontes elas estão associadas ao infortúnio dos Dvergar (“Anões”):
Fáfnir e Andvari.

Palavras nórdicas relacionadas ao destino são: forlög (“destino”), auðr (“destino”),


örlög (“lei primária/destino/sentença”), dómr (“julgamento”), hluti (“sorte/fado”), rökr
(“destino/fim”), sköp (“destino/fatídico”). Norna dómr significa “julgamento das
Nornir” e rökstolar significa “assento do julgamento/destino”, que é a cadeira onde os
deuses fazem seus julgamentos (“Þá gengu regin öll á rökstóla...” Völuspá 6, 9, 23, 25).
O Grímnismál estrofes 29 e 30 (“esses Þórr deve atravessar todos os dias, quando ele
viaja para julgar no freixo Yggdrasill”, “esses cavalos os Æsir cavalgam todos os dias,
quando viajam para julgar no freixo Yggdrasill”), Gylfaginning 15 (“É o freixo
Yggdrasill. Ali todos os dias os deuses controlam o seu tribunal”, “A terceira raiz do
freixo está no céu, e abaixo está uma fonte muito sagrada chamada de Fonte de Urðr.
Ali os deuses controlam seu tribunal de justiça. Os Æsir cavalgam para esse lugar
todo dia acima da ponte Bifröst”) e o Hávamál 111 (“É tempo de falar da cadeira do
sábio próximo a Fonte de Urðr, eu vejo e mantenho silêncio, eu vejo e penso, eu escuto
os discursos dos homens; de runas eu ouço e julgo, nem os conselhos são silenciosos
no salão de Hávi/Óðinn, dentro do salão de Hávi/Óðinn”) confirmam que o julgamento
é feito pelas Nornir e deuses. Na Gautreks Saga o destino do herói Starkáðr é decidido
apenas por Óðinn e Þórr numa assembleia divina com 12 deuses presentes (“Uma noite
perto da meia-noite Hrosshárs-Grani acordou Starkáðr, seu adotado, e o mandou viajar
com ele. Eles pegaram um pequeno barco e remaram até uma ilha de duelo. Eles foram
para as florestas e encontraram ali uma floresta avermelhada. No avermelhado estava
um grupo de alta estatura, e estavam ali estabelecendo uma assembleia. Ali se sentavam
onze homens em cadeiras, mas a decima segunda estava vazia. Eles foram adiante da
assembleia, e Hrosshárs-Grani se sentou na decima segunda cadeira. Ali todos saudaram
Óðinn. Ele falou, então, que os juízes deveriam sentenciar o destino de Starkáðr/Um
nóttina nær miðri nótt vakti Hrosshárs-Grani Starkaðr, fóstra sinn, ok bað hann fara með
sér. Þeir taka bát einn lítinn ok reru til eyjar einnar inn frá hólminum. Þeir gengu upp til
skógar ok fundu þar rjóðr eitt í skóginum. Í rjóðrinu var fjölmenni mikit, ok var þar þing
sett. Þar sátu ellifu menn á stólum, en inn tólfti var auðr. Þeir gengu fram á þingit, ok
settist Hrosshárs-Grani á stólinn inn tólfta. Þar heilsuðu allir Óðni. Hann mælti, at
dómendr skyldi þá dæma örlög Starkáðs”). Na Fornmanna Sögur (sobre Ólafs
Konúngs Tryggvasonar) é dito que nenhum deus é tão poderoso quanto Þórr e Óðinn.
Vendo esses trechos citados eu me pergunto: como as Nornir regem os destinos dos
deuses se eles partilham o poder com elas? Isso derruba a ideia do Ragnarökr por terra.

Há outras passagens muito curiosas nas fontes sobre os deuses e as estrelas e uma se
refere à Starkáðr por Saxo na Gesta Danorum livro 6: Starkáðr disse: “Eu serei levado
às estrelas num fim tranquilo/leni morte fruar placidoque sub astra levandus?”

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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

Tácito nos Anais livro 13 55 menciona que o rei da tribo germânica dos Ampsivários,
Boiocalus, havia dito que o céu era dos deuses como a terra é para os homens (lugar
para habitação), e ele olhando para o sol invocou os outros corpos celestes
(Chamavorum quondam ea arva, mox Tubantum et post Usiporum fuisse. sicuti caelum
deis, ita terras generi mortalium datas; quaeque vacuae, eas publicas esse. solum inde
suspiciens et cetera sidera vocans quasi coram interrogabat, vellentne contueri inane
solum: potius mare superfundere[nt] adversus terrarum ereptores).

Alguns decretos eclesiásticos proibiam a adoração do sol, da lua, das estrelas e mesmo
sinais astrais e eclipses porque eram práticas pagãs (Decretum: canon Episcopi de
Burcardo, bispo de Worms).

O Indiculus Superstitionum et Paganiarum diz que os Saxões pagãos diziam “Vença


Lua (Vince, Luna)” durante um eclipse para que o corpo celeste voltasse ao normal. Isso
parece confirmar a ideia de que os lobos perseguem o sol e lua e quando chegam perto
de conseguir isso então acontece o eclipse. O fenômeno óptico conhecido como Parélio
é chamado de Solhunde (“Cão do Sol”) em Dinamarquês, Solhund (“Cão do Sol”) em
Norueguês e Solvarg (“Lobo do Sol”) em Sueco.

Esses exemplos mostram que os povos germânicos acreditavam que os astros tinham
poder sobre eles e seus destinos. A moradia dos deuses é descrita como sendo no céu
por Boiocalus, o rei dos Ampsivários; ainda Starkáðr associa sua morte à jornada para
as estrelas. Seria essas citações uma evidência de que os povos germânicos acreditavam
que os deuses regiam o destino de suas moradas celestes que talvez correspondessem às
constelações?

Snorri Sturluson contou no Skáldskaparmál da sua Edda em Prosa que há algumas


denominações para “Céu” (no Nórdico Arcaico: Himinn) e menciona 12 deles: Hlýrnir
(“Firmamento”), Heiðþornir (“Nuvens Luminosas”), Hreggmímir (“Tempestade de
Mímir”), Andlangr (“Amplamente Extenso”), Ljósfari (“Portador da Luz”), Drífandi
(“Borrifador”), Skatyrnir (“Rico em Umidade”), Víðfeðmir (“Amplo Abraçador”),
Vetmímir (“Inverno de Mímir”), Leiptr (“Relâmpago”), Hrjóðr (“Cobertura”), e
Víðbláinn (“Amplamente Azul/Negro”). O interessante é que se multiplicarmos os 12
céus por 9 que representa os 9 mundos então temos o número 108 (veja as paginas 4 e 5
deste estudo).

Snorri Sturluson ainda contou no Gylfaginning que acima do céu (himinn) de Miðgarðr
fica Andlangr que é um céu que fica no sul, e Víðbláinn fica acima dele. Ele ainda citou
9 céus no Nafnaþulur: Vindbláinn (“Vento Negro”) que é o céu mais baixo, isso é
chamado de Heiðþyrnir (“Espinho Brilhante”), e também de Hreggmímir (“Mímir da
Tempestade”); Andlangr (“Amplamente Extenso”) é o 2º céu; Víðbláinn (“Amplamente
Azul/Negro”) é o 3º céu; Víðfeðmir (“Amplo Abraçador”) é o 4º céu; Hrjóðr
(“Cobertura”); Hlýrnir (“Firmamento”) é o 6º céu; Gimir (“Ardente” ou “Cheio de
Joias”); Vetmímir (“Inverno de Mímir”) é o 8º céu; e Skatyrnir (“Rico em Umidade”)
que é o 9º céu, que fica fora de todos os mundos. Não há como ter certeza se essa
“hierarquia” celestial dos 9 céus de Snorri é a ordem a seguir ou se é apenas uma
27
As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

numeração não específica, pois a ordem muda no Þulur. Ainda no Þulur são citados
outros nomes para céu: Heimr (aqui essa palavra significa um “Local do Céu”, exemplo
Uppheimr que é como os Jötnar chamam o céu), Hreggmímir, Himinn (palavra usada
pelos homens para designar o “Céu” de Miðgarðr), Skatyrnir, Víðbláinn, Andlangr,
Vetmímir, Gimir, Vindbláinn, Víðfeðmir, Hrjóðr, Hlýrnir, Leiptrhrjóðr (aqui
provavelmente é um erro do copista que misturou Leiptr com Hrjóðr, mas são duas
coisas diferentes) e Heiðornir (ou Heiðþornir ou Heiðþyrnir).

O poema Alvíssmál menciona 6 céus conhecidos e chamados por 6 raças: 1º) Himinn
(“Céu”) para os homens, 2º) Hlýrnir (“Firmamento”) para os deuses, 3º) Vindófnir
(“Tecelão dos Ventos”) para o Vanir, 4º) Uppheimr (“Mundo Superior”) para os Jötnar,
5º) Fagraræfr (“Teto Formoso”) para os Álfar e 6º) Drjúpansal (“Salão das Chuvas”)
para o Hel.

Cada mundo tem seu próprio céu e as casas dos deuses parecem ligadas a eles:
Þrymheimr fica em Jötunheimr e Ýdalir parece ficar em Álfheimr. Desse modo as 12
casas dos deuses abrange regiões do céu que ficam nesses 9 mundos.

Assim é muito possível que os 9 céus, que fica uns por cima dos outros, represente os
céus dos 9 mundos e os 12 céus as 12 partes do céu/zodíaco, onde ficava as casas dos
deuses. E como mencionei antes: 12 multiplicado por 9 da 108. 108 representam 1.080
que é a metade de 2.160 que é uma era zodiacal. O Valhöll possui 540 portas e o
Bilskírnir tem 540 quartos que somados dão 1.080. Agora 1.080 multiplicado por 12 são
igual a 12.960 que é a metade de 25.920 que é o ciclo total da precessão de equinócios.
Agora 12 (regiões do céu) x 9 (céus) x 6 (denominações de céu no Alvíssmál) = 648 que
representa 6.480 que equivale a 3 eras zodiacais de 2.160 anos.

Denominações dos Céus Casas Divinas Correspondências e


nos Signos Zodiacais [Grímnismál] Semelhanças e
Explicações
x Hlýrnir (“Firmamento”) Sökkvabekkr Está é a casa onde Sága
bebe com Óðinn todos os
dias em copos dourados.
No Alvíssmál é dito que os
deuses chamam o céu de
“Hlýrnir”.
c Heiðþornir (“Nuvens Glaðsheimr [Valhöll] A palavra “þyrnir” ou
Luminosas”) “þorn” também significa
“espinho” e isso nos faz
pensar num chifre (Óðinn é
associado ao recipiente
representado pelo símbolo
mágico de 3 chifres unidos
ou talvez pela constelação
de Touro). Óðinn ainda é
associado ao espinho
mágico chamado svefnþorn
(Sigrdrífumál).

28
As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

v Hreggmímir Þrymheimr → Jötunheimr O Gylfaginnning diz que a


(“Tempestade de Mímir”) fonte de Mímir fica no
leste, na terra dos gigantes,
e Skaði, a filha do gigante
Þjazi, habita em
Jötunheimr, então devem
ficar próximos. É possível
que a fonte de Mímir fosse
representada pelo plano
galáctico. É interessante
notar que no Þulur
Hreggmímir e Heiðþornir
são associados e isso pode
ser a pista para a
identificação da casa de
Óðinn e Skaði com a fonte
de Mímir e sua
proximidade. Hreggmímir
também é chamado de
Vindbláinn.
b Andlangr Breiðablik Andlangr é descrito como
(“Amplamente Extenso”) situado no sul (direção para
Múspellsheimr?) e tendo
Víðbláinn acima dele.
n Ljósfari (“Portador da Himinbjörg [Bifröst] É possível que Ljósfari seja
Luz”) uma alusão ao local onde o
sol (a Sól) surge sobre as
montanhas ao amanhecer.
m Drífandi (“Borrifador”) Fólkvangr [Sessrúmnir] Freyja é a deusa da guerra
e da fertilidade, e o nome
do céu (“Borrifador”) onde
sua residência fica nos faz
lembrar-se das lagrimas da
deusa pela partida de Óðr.
X Skatyrnir (“Rico em Glitnir Skatyrnir fica fora de todos
Umidade”) os mundos.
C Víðfeðmir (“Amplo Nóatún Esse local (Nóatún) fica
Abraçador”) perto da água e talvez seja
uma alusão ao plano
galáctico que fica nas
proximidades.
V Vetmímir (“Inverno de Víði Um fato interessante é que
Mímir”) o plano galáctico corta os
céus e passa entre Touro
(Glaðsheimr) e Gêmeos
(Þrymheimr) de um lado e
entre Escorpião (Nóatún) e
Sagitário (Víði) do outro.
Teria o longo inverno de
Fimbulvetr (“Poderoso

29
As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

Inverno”) ligado a isso? Na


última era da humanidade
haverá 3 invernos seguidos
onde os homens serão
protegidos por Hoddmímir
Holt ou “Floresta do
Tesouro de Mímir”.
Sagitário pode talvez
representar o início dos 3
meses de invernos seguidos
representados pelos sinais
seguintes: Capricórnio,
Aquário e Peixes (que na
Islândia são os últimos
meses de inverno e os mais
severos também).
B Leiptr (“Relâmpago”) Þrúðheimr [Bilskírnir] Leiptr e Bilskírnir possuem
o mesmo significado:
“Relâmpago”. Leiptr ainda
é o nome do rio que corre
no Hel, e Þórr atravessa
rios para chegar à árvore
Yggdrasill para julgar junto
dos outros deuses.
N Hrjóðr (“Cobertura”) Ýdalir → Álfheimr Como eu disse no meu
trabalho anterior Ýdalir
seria a direção para o
mundo dos Álfar.
M Víðbláinn Valaskjálf É dito que esse local
(“Amplamente (Víðbláinn) é habitado
Azul/Negro”) apenas por Ljósálfar,
confirmando minha teoria
de que Ýdalir apontava
para Álfheimr na estrofe 4
do Grímnismál, porque
Hrjóðr/Ýdalir faz fronteira
com Víðbláinn/Valaskjálf.
Gimlé ou Vingólf está
situado neste local. Aqui
será habitado apenas por
pessoas justas e integras no
final dos tempos segundo o
Gylfaginning e a Völuspá.

O teônimo Tysnes em Sunnhordaland na Noruega (e único desse deus nesse país) nos
da evidência de que as divindades nórdicas eram associadas ao céu, aos solstícios e aos
equinócios. Tysnes significa “Promontório de Týr”. Nesse local havia uma especial
relação com o sol nos quatro pontos da mudança do ano: os dois equinócios e os dois
solstícios. Logo que o sol se ponha atrás das montanhas em cada noite do equinócio ou
30
As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

solstício, o astro retorna, aparecendo novamente acima da montanha e brilha


brevemente sobre o promontório (de Tysnes). No solstício de inverno o efeito é mais
espetacular, pois o sol surge num estreito desfiladeiro não muito longe do promontório
de tal forma que o sol envia precisos feixes de luz sobre uma grande pedra feita pelo
homem durante alguns minutos, enquanto o resto da área fica na sombra ao redor da
pilha de pedra. Arqueólogos já encontraram restos mortais numa câmara datada da
idade do ferro tardio nesse lugar. Acredita-se que a escolha do nome do local e a pilha
de pedra artificial são devido a esse “contato celestial”. Este local é área de culto pré-
cristão. Ainda ao redor desse local há vários teônimos conectados com outras
divindades: Njarðarlög (“Distrito de Njörðr”), Vé (“Local Sagrado”), Helgastein
(“Pedra Sagrada”), Vevatnet (“Lago Sagrado”) e Godøy (“Ilha dos Deuses”). Ainda há
um pequeno assentamento chamado Þórsnes (“Promontório de Þórr”) perto do
município de Tysnes.

É extremamente difícil estabelecer a direção dos 9 mundos, pois os mesmos aparecem


em localização contraditória: Jötunheimr geralmente é localizado no leste, mas também
aparece no norte; Ásgarðr é situado no oeste, mas aparece também como estando no
leste; Vanaheimr aparece no sul e no leste. É claro que a evemerização das divindades
ajudaram a se tornar nesta confusão. Ou talvez porque as casas divinas ficavam no céu e
a terra (Miðgarðr) girava em torno delas mudando de posição gerando essa confusão.
Como parece ser o caso de 1 dos 4 landvættir, o Bergrisi, que é um gigante da montanha
e está associado ao sul que é a terra do fogo: Múspellsheimr. Os Bergrisar (“Gigantes da
Montanha”) são associados à Jötunheimr (Snorri contou que a mãe de Gerðr, Aurboða,
era da família dos Bergrisar e no Skírnismál eles habitam em Jötunheimr). O poema
Helgakviða Hundingsbana II 49 conta que o Valhöll fica no oeste (“skal ek fyr vestan
vindhjálmr brúar, áðr Salgófnir sigrþjóð veki/eu devo ir para oeste na ponte do elmo do
vento [céu, Bifröst], antes que Salgófnir [galo Gullinkambi] acorde o povo vitorioso
[Einherjar]”). Na versão evemerizada de Snorri, na Ynglinga Saga, Svíþjóð (a Suécia) é
circulada ao leste por Ásia ou Ásgarðr, ao oeste pela Europa, ao norte pelo frio e gelo
(representando talvez Niflheimr, Hel e Jötunheimr?) e ao sul pelo calor e clima ardente
semelhante à Bláland que é a África (talvez representando Múspellsheimr?). Ainda na
Ynglinga Saga, a versão evemerizada de Vanaheimr fica no sul. Mas também é
provável que houvesse múltiplas versões para a localização das residências divinas.

Não podemos deixar de lembrar que em várias religiões antigas os deuses regem os
meses do ano e/ou casas zodiacais: para os gregos e romanos cada mês é regido por um
dos 12 grandes deuses Olímpicos, para os hindus os 12 Adityas regem o sol e os meses
(o número varia entre 7, 8 e 12), para os egípcios as 12 constelações eram associadas
aos deuses (no templo de Dendera) e para os babilônicos cada deus regia um mês do
calendário. É uma ideia existente na mente do povo da antiguidade mesmo estando
longe uns dos outros, ou pela troca de cultura e conhecimentos, ou pela observação da
natureza.

Se olharmos o céu noturno da Islândia numa noite sem nuvens notaremos que as
estrelas giram no céu em forma de espiral por estarem num dos polos. Essa pode ter

31
As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

sido a origem das espirais representadas na arte escandinava, embora seja apenas uma
suposição minha.

Os antigos Chapéus de Ouro encontrados na Alemanha e França que são datados da


Idade do Bronze europeu são vistos como objetos de culto, mas eles também são
associados a um possível calendário. Há petróglifos na Suécia que mostram que tal
objeto era conhecido pelos escandinavos da Idade do Bronze.

1 2 3 4

1) Chapéu Dourado de Schifferstadt https://en.wikipedia.org/wiki/Golden_Hat_of_Schifferstadt, 2)


Chapéu Dourado de Berlim https://en.wikipedia.org/wiki/Berlin_Gold_Hat, 3) Cone de Avanton, França
https://en.wikipedia.org/wiki/Avanton_Gold_Cone, 4) Cone Dourado de Ezelsdorf-Buch,
https://en.wikipedia.org/wiki/Golden_Cone_of_Ezelsdorf-Buch.

Figura ao centro usa capacete cônico semelhante aos encontrados na Alemanha e França, Tossene,
Suécia.

32
As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

Na imagem abaixo podemos ver personagens usando chapéus cônicos (semelhante aos encontrados na
Alemanha e França) ao lado da roda solar e um machado, Tossene, Suécia.

A roda solar representada ao lado dos homens com os chapéus cônicos acima parece
confirmar a associação desses objetos com o calendário, o sol (a Sól) e ao uso religioso.
Vale lembrar que o uso do calendário e mesmo sua criação era essencial para o plantio,
colheita, marcação do tempo e festivais religiosos. O machado é associado ao antigo
deus do céu e do trovão da Idade do Bronze. Na tumba real de Kivik, que se encontra na
Suécia e também datada da Idade do Bronze, há uma representação onde podemos ver o
machado e a roda solar lado a lado.

Homens com chapéus cônicos semelhantes aos encontrados na Alemanha e França dançando. Bohuslän,
Suécia.
http://www.megalithic.co.uk/modules.php?op=modload&name=a312&file=index&do=showpic&pid=15
754

33
As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

Figura ao centro usa um capacete similar aos encontrados na Alemanha e França. Gothenburg, Tanum,
Suécia.

O estudo detalhado do Chapéu de Berlim (Foto 2 da pagina 32) nos mostra um possível
calendário lunissolar (calendário baseado nos movimentos da lua e do sol, que era
necessário um 13º mês a certos anos para acerta-lo). O antigo calendário Islandês tinha
12 meses, mas era necessário adicionar dias para acerta-lo.

A ilustração retrata a representação solar à esquerda e a lunar à direita. Os campos vermelhos ou azuis nas
zonas 5, 7, 16 e 17 são zonas intercalares. https://en.wikipedia.org/wiki/File:Berliner_Goldhut-
Kalenderfunktion1.JPG

34
As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

Na ilustração podemos ver o que se acredita ser a representação solar no lado esquerdo
e o lunar no lado direito. Cada anel ou símbolo representaria um dia. Há faixas
ornamentais que incorporam diferentes números de anéis e também símbolos especiais e
zonas intercalares, que teriam de ser adicionadas ou subtraídas dos períodos em questão.
Não foi até o momento decifrado todo o significado do Chapéu de Berlim, mas são
possíveis algumas suposições. Em princípio, começando com a zona Zi, uma soma é
conseguida adicionando um número contíguo relevante de seções vizinhas: Zi .. Zi + n.
Para alcançar o valor lunar ou solar equivalente, a partir desta soma inicial deve ser
subtraída a soma dos símbolos da(s) zona(s) intercalar(es) dentro da área contada.

Os valores nos campos individuais são atingidos pela multiplicação do número de


símbolos por zona com o número de anéis ou círculos incorporados em cada símbolo
predominante. Os símbolos especiais na zona 5 são atribuídos o valor de “38”,
conforme indicado pelo seu número. Exemplo:

A zona 12 é dominada por 20 repetições do símbolo perfurado No. 14, um símbolo de


disco circular rodeado por 5 círculos concêntricos. Assim, o símbolo tem o valor de 20
x 5 = 100.

Os símbolos de anel menores colocados entre as repetições maiores do No. 14 são


considerados como meros ornamentos e, portanto, não contados.

Através deste sistema, os Chapéus Dourados podem ser usados para calcular um
sistema de calendário lunissolar, isto é, uma leitura direta em datas lunares ou solares,
bem como a conversão entre elas.

A tabela pode ser usada da mesma forma que os Chapéus de Ouro originais. Para
determinar o número de dias em um período de tempo específico (campos amarelos), os
valores dos campos coloridos acima são adicionados, atingindo uma soma
intermediária. Se algumas das zonas intercalares vermelhas estiverem incluídas, sua
soma deve ser subtraída. Isto permite o cálculo de 12, 24, 36, 48, 54 e 57 meses
sinódicos no sistema lunar e de 12, 18, 24, 36, 48, 54 e 57 meses de sol (isto é,
duodécimos de um ano tropical). Exemplo:

Para determinar um ciclo de 54 meses no sistema lunar, são adicionados os valores


numéricos das zonas verdes ou azuis 3 a 21, atingindo uma soma de 1.739 dias. A partir
disto, os valores dos campos intercalares vermelhos 5, 16 e 17 são subtraídos, O
resultado é 1.739 - 142 = 1.597 dias, ou 54 meses sinódicos de 29.5305 dias cada.

A discrepância geral de 2 dias para o valor astronomicamente preciso é provavelmente


o resultado de uma ligeira imprecisão na observação da Idade do Bronze do mês
sinódico e solar.

A estrada de Rösaring, que se encontra a 35 km a noroeste de Estocolmo e faz parte de


um sítio arqueológico datado entre a Idade do Bronze final e Idade do Ferro, era usada
para fins religiosos. Essa estrada que levava a norte era usada para procissão religiosa
de algum tipo de divindade da fertilidade (?) e tinha 540 metros. Esse sítio de Rösaring

35
As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

também possui conexão solar e ligação com os solstícios. Posteriormente essa rota era
usada pelos vikings. Em 1.684 o pesquisador do antiquário sueco Johan Hadorph contou
que este local era usado, em antigos dias, para sacrifícios aos deuses. A 5 km de
Rösaring ficam os locais (teônimos) chamados Härnevi e Ullevi que representa
respectivamente os santuários/templos (vé em Nórdico Antigo) dos deuses Härn (Hörn
= Freyja) e Ullr.

Estrada de Rösaring, Suécia http://www.ukforsk.se/process2.gif

A estrada de Rösaring ainda é associada ao culto dos mortos.

O templo recentemente descoberto em Ranheim, Trondheim, na Noruega é interessante


porque ele foi usado entre o 5º ou 6º século até o século 10 depois de Cristo, contendo

36
As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

sinais de sacrifício de animais. O altar de pedra desse templo era circular de cerca de 15
metros de diâmetro e quase 1 metro de altura. O centro da construção a poucos metros
era retangular, com uma planta de 5,3 x 4,5 metros, e foi criado com 12 vigas, cada um
delas tendo uma base firme de pedra. E tendo traços de 4 vigas que poderia ser
evidência de um alto assento ou altar para divindades. Podemos ver semelhanças dessa
descrição do templo na Eyrbyggja Saga (Þórólfr desmontou o pilar do assento com a
imagem de Þórr de seu lar e foi para Islândia onde ele demarcou o local com fogo). As
12 vigas poderia também simbolizar 12 deuses ou os 12 meses do ano.

Numa das ilhas da Dinamarca, Copenhagen, foi descoberto uma fortaleza em forma de
anel, ou seja, circular conhecida como Trelleborg ou Borgring de 1.000 anos (datado do
século 10 D.C.). Essa estrutura tem 144 metros de diâmetro e foi descoberta com a
ajuda de equipamentos a laser que mapeiam o solo e o que está abaixo dele, criando um
modelo em 3D da região. Contudo, eu devo dizer que nem todas as Trelleborgs
escandinavas encontradas possuem essas mesmas medidas. Porém, as da Dinamarca
possuem quatro entradas uma em cada ponto cardeal (Norte, Sul, Leste e Oeste).

Ainda na Suécia foi encontrado um monumento anterior aos Vikings datado do 5º


século D.C.. Esse monumento fica perto de uma necrópole da Idade do Ferro
escandinava. Essa construção contém duas fileiras de pilares de madeira. Um dela
possui uma fileira de 1 quilometro de extensão de 144 pilares e a outra a metade disso,
ou seja, 500 metros (com 72 pilares?). O espaço entre os buracos é de 6 metros e as
fileiras ficam a 500 metros de distância. Agora veja que interessante 144 x 72 = 10.368.
144 x 6 = 864. 72 x 6 = 432. 144 + 72 = 216. O historiador e geógrafo Heródoto contou
que a ave egípcia Bennu que é identificada com a Fênix e associada com o sol, criação e
renascimento, vivia por 500 anos, morria e então renascia. Essa ave provavelmente
representava os ciclos do sol já que era associada à Rá e Atum.

Na Dinamarca em Vasagard, na ilha de Bornholm, ainda foi encontrado o que se


acredita ser um templo do Sol datado de 5.500 anos usado para rituais de adoração ao
Sol. O complexo tem uma entrada que está alinhada na direção do nascer do Sol no
Solstício.

Esses exemplos citados acima mostra que os antigos escandinavos usavam números
sagrados na geometria para construção. O mais interessante desses exemplos é que
alguns deles são pré-cristãos, ou seja, totalmente pagãos.

Vale lembrar que os números 6, 12, 18, 24, 48, 54, 72, 144, 216, 432, 540, 864 e
10.368 foram explicados nas paginas 3, 4, 5, 6 e 17 desse mesmo estudo.

Como nós podemos notar através desse estudo, é muito possível que os antigos
escandinavos conheciam um calendário pré-cristão e tinham conhecimento astronômico
(e Zodíaco próprio) avançado. Não pode ser apenas coincidência os mesmos números se
repetirem ocultamente nos três Ættir rúnicos, no poema Grímnismál, nos Chapéus de
Ouro, nas estelas e runestones (exemplos: 3, 6, 9, 12, 24, 48, 54 (ou 540), 108 (ou
1.080), 216 (ou 2.160), 432 (ou 432.000) e etc.). Isso pode ser a evidência de um padrão

37
As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

sobre como esse antigo povo enxergava e entendia os céus e passava esse conhecimento
oralmente e ocasionalmente deixando pistas gravadas aqui e ali.

No Þulur os 9 céus dos 9 mundos são mencionados (como já foi dito antes: Vindbláinn
ou Heiðþyrnir ou Hreggmímir é o 1º, Andlangr o 2º, Víðbláinn o 3º, Víðfeðmir o 4º,
Hrjóðr o 5º, Hlýrnir o 6º, Gimir o 7º, Vetmímir o 8º e Skattyrnir o 9º), no Alvíssmál são
6 denominações de céu de 6 raças (Himinn, Hlýrnir, Vindófni, Uppheimr, Fagraræfr e
Drjúpansal) e 12 céus são mencionados novamente no Þulur (Hlýrnir, Heiðþornir,
Hreggmímir, Andlangr, Ljósfari, Drífandi, Skatyrnir, Víðfeðmir, Vetmímir, Leiptr,
Hrjóðr, Viðbláinn). Embora haja discrepância, há explicação para isso: 6 céus aparece
no Alvíssmál porque apenas 6 raças aparecem citadas na estrofe em questão até porque
a literatura Eddica menciona 9 mundos; como há nove mundos então há 9 céus uns por
cima dos outros; e os 12 céus mencionados por último podem ser regiões celestes dos 9
mundos ou o local onde ficam alojados. Isso parece ser confirmado porque num dos
Þulur Hreggmímir também é chamado de Vindbláinn (não confundir com Víðbláinn) e
Heiðþyrnir como sendo apenas um; e noutro Hreggmímir e Heiðþyrnir são separados,
então é provável que ambos sejam relacionados e estejam no mesmo setor celeste.

Abaixo segue a sintetização da parte 1 do estudo e desse complemento.

Sinal Meses Islandeses 12 Céus 12 Casas Runas


Zodiacal Registrados nos Citados na Divinas [Associação
Séculos 12-15 Edda em Citadas no delas com os
Prosa Grímnismál relatos
divinos e
Zodíaco]
x Einmánuðr Hlýrnir Sökkvabekkr fI [gado e
[significa árvore, mas
“Firmamento” como “fé”
e é como o céu também
é chamado significa
pelos deuses “carneiro” no
segundo o Nórdico
Alvíssmál] Arcaico então
pode ser
alusão à
Heiðrún na
Yggdrasill]
c Sumar, Heiðþornir ou Glaðsheimr Up [Touro e ?,
Gaukmánuðr, Sáðtíð Heiðþyrnir [o [Valhöll] talvez
ou Harpa primeiro represente o
significa boi de Þjazi
“Nuvens que não
Luminosas” ou cozinhava no
“Céu”, o forno de
segundo pedras feito
significa pelos deuses;
“Espinho na lenda

38
As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

Brilhante” e folclórica de
isso associa o Ketill Runske
espinho aos Óðinn é
líquidos que associado ao
sai de chifres touro.]
tais como o
chifre de
Mímir, ou
talvez o Són,
Boðn e
Óðrerir, ainda
a runa U
significa chuva
e é associado
ao cifre de
Auroque]
v Annar Mánuðr, Hreggmímir Þrymheimr Tz [Gigante e
Eggtíð, Stekktíð ou [o nome Templo?,
Skerpla significa Jötunheimr talvez uma
“Tempestade alusão aos
de Mímir” olhos de Þjazi
indicando o ou talvez a
local da fonte fonte de
da sabedoria] Mímir já que
Algiz é
associado ao
pântano]
b Þriði Manuðr ou Andlangr Breiðablik as [Deus e
Sólmánuðr [“Amplamente Sól, mês de
Extenso”] verão, talvez
represente
Baldr na pira,
as estrelas da
constelação de
Câncer
lembram a
proa de um
barco viking,
e o navio de
Baldr é o
“Proa
Encurvada”:
Hringhorni]

n Fjórði Mánuðr ou Ljósfari Himinbjörg rt [Carro e


Heyannir [“Portador da [Bifröst] Deus, talvez
Luz”, “Éter ou uma alusão a
Céu”] ponte Bifröst,

39
As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

que é o
caminho para
a morada dos
deuses, ou
mesmo
Heimdallr
como
guardião do
caminho]
m Tvímánuðr ou Drífandi Fólkvangr kb [Fogo e
Kornskurðarmánuðr [“Borrifador” [Sessrúmnir] Bétula, talvez
ou simbolize
“Condutor”] morte e vida
que são
características
de Freyja já
que essa deusa
ajuda no parto
e escolhe os
mortos]
X Sétti Mánuðr ou Skatyrnir Glitnir ge [Dádiva e
Haustmánuðr [significa Cavaleiro em
“Rico em seu cavalo,
Umidade” ou talvez
“Topo do represente
Céu” e fica Forseti como
fora de todos doador da paz
os mundos] e justiça]
C Gormánuðr Víðfeðmir Nóatún wm [Alegria e
[“Amplo Homem,
Abraçador” ou talvez seja
“Amplamente uma alusão ao
Profundo”] sacrifício
Frøblót
realizado por
Haddingr por
ter matado
uma criatura
divina]
V Ýlir ou Frermánuðr Vetmímir Víði hl [Granizo e
[significa Fluxo, talvez
“Inverno de represente o
Mímir” e plano
simboliza onde galáctico, na
corre a fonte poesia dos
de Mímir que escaldos o
separa os céus, granizo é
interessante associado a
que se flechas]
separarmos os

40
As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

12 sinais em 6
por 6 em
coluna
começando
com Áries,
Vetmímir
corresponderá
a Hreggmímir]
B Jólmánuðr, Leiptr Þrúðheimr nN
Hrútmánuðr ou [significa [Bilskírnir] [Necessidade
Mörsugur “Relâmpago” e Ing, talvez
e é também represente a
um dos rios falta de
que correm no fertilidade no
Hel saídos do Inverno
Hvergelmir, durante esse
ainda é dito no tempo no
Grímnismál norte, ou
que Þórr nada talvez
por rios simbolize
imensos escravos e
quando vai até reis, ou uma
Yggdrasill] referência a
Þórr como
deus herói nas
horas de
necessidades]
N Þorri Hrjóðr [“Céu” Ýdalir id [Gelo e
ou Álfheimr Dia, talvez
“Cobertura”] represente os
dias de gelo
no norte]
M Gói ou Góa Víðbláinn Valaskjálf jo [Ano e
[“Amplamente Herança,
Azul/Negro”] talvez
represente o
tempo final do
inverno e fim
de ano, ou
seria duas
focas brigando
pelo colar de
Freyja?]

As casas dos deuses em duas colunas de 6 começando em Áries:

Sinal [12 Céus] Casa Divina Sinal [12 Céus] Casa Divina
x [Hlýrnir] Sökkvabekkr X [Skatyrnir] Glitnir
c [Heiðþornir] Glaðsheimr C [Víðfeðmir] Nóatún

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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

v [Hreggmímir] Þrymheimr V [Vetmímir] Víði


b [Andlangr] Breiðablik B [Leiptr] Þrúðheimr
n [Ljósfari] Himinbjörg N [Hrjóðr] Ýdalir
m [Drífandi] Fólkvangr M [Víðbláinn] Valaskjálf

É muito possível que o calendário nórdico começasse no Verão (em Áries, lembrando
que para os escandinavos havia apenas 6 meses de Verão e 6 de Inverno) já que segundo
a cosmovisão pagã o primeiro mundo a existir é o do fogo e calor: Múspellsheimr;
depois o mundo de gelo e frio: Niflheimr. Assim é possível que eles seguissem essa
visão no calendário.

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As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco (Complemento) por Marcio A. Moreira

Fontes Consultadas:

As Casas dos Deuses no Grímnismál e o Zodíaco, por Marcio Alessandro Moreira


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Gautreks Saga: https://www.snerpa.is/net/forn/gautrek.htm

[Gesta Danorum] Saxo Grammaticus: History of the Danes, por Saxo Grammaticus
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Manuscrito Huld, por Marcio Alessandro Moreira


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Mitologia Greco-Romana 3 vol., por René Menard

Poetic Edda, Anônimo(s) trad. Carolyne Larrington

Prose Edda, por Snorri Sturluson trad. Anthony Faulkes

The Routledge Dictionary of Egyptian Gods and Goddesses, Second Edition, por
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The Sacred Triangle of Pagan Iceland, por Einar Pálsson

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Völsunga Saga http://www.heimskringla.no/wiki/V%C3%B6lsunga_saga

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Numbermatics [sobre números] http://numbermatics.com/

O Império dos Números http://pt.numberempire.com/

Contradictory Cosmology in Old Norse Myth and Religion - but still a system?, por
Eldar Heide http://ojs.novus.no/index.php/MOM/article/view/226/224

Sola og Gudane På Tysnesøya, por Eldar Heide http://eldar-


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Sobre o altar de Tysnes https://lokalhistoriewiki.no/index.php/Todneset

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Fortaleza Borgring Encontrada na Dinamarca


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Monumento Sueco da Idade do Ferro Encontrado em Uppsala


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Monumento Sueco da Idade do Ferro Encontrado em Uppsala


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Templo do Sol (da Sól) Encontrado na Dinamarca de 5.500 anos


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Templo do Sol (da Sól) Encontrado na Dinamarca de 5.500 anos


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Templo do Sol (da Sól) Encontrado na Dinamarca de 5.500 anos


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Possível Fortaleza da Era Viking, por Margareta Weidhagen-Hallerdt


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ol_17_2009_s187-204_weidhagen-hallerdt.pdf

Ciência dos Números http://megalithicscience.org/index.php/meditations/127-iceland-s-


geodetic-settlement-pattern

Sobre a Fênix http://www.unicaen.fr/puc/images/preprint0172009.pdf

Esse estudo foi feito por Marcio Alessandro Moreira (Vitki Þórsgoði). Tentei manter-
me fiel em preservar os nomes originais contidos nas fontes. ® 2017
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