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Mestrado em Engenharia

g Civil

Engenharia Sísmica Geotécnica

Comportamento
p Sísmico de
Estruturas de Suporte Rígidas

Jaime A. Santos
Comportamento sísmico de estruturas de suporte

O RSAEEP não é directamente aplicável a estruturas de suporte. Durante a actuação


dos sismos a resposta do conjunto solo-muro depende das características de
deformabilidade e dos níveis de amortecimento envolvidos. Sismos intensos podem
provocar grandes deformações no solo traduzido por coeficientes de amortecimento
superiores a 20%.

Para o dimensionamento
P di i t sísmico
í i d estruturas
de t t d suporte
de t pode-se
d seguir
i as
recomendações do Eurocódigo 8 – Parte 5:
• na ausência de estudos específicos pode-se tomar para os coeficientes sísmicos
horizontal (kh) e vertical (kv) os valores seguintes (constante em profundidade):
kh=α S/r e kv = ±0.5 kh (se avg/ag > 0.6) ou kv = ±0.33 kh (se avg/ag ≤ 0.6)
em que:
α = ag/g ; ag – aceleração máxima nominal ; g – aceleração da gravidade ;
S é um p parâmetro dependente
p do tipo
p de terreno definido no EC8 – p
parte 1
Valores de ag para as várias zonas sísmicas
em Portugal (NP ENV 1998-1/DNA)

Valores de ag (m/s2) (valores já majorados)

Zona sísmica Acção sísmica tipo 1 Acção sísmica tipo 2


(M ≈ 6,5 a 7) (M > 8)
A 2.7 1.6

B 19
1.9 11
1.1

C 1.3 0.8

D 0.8 0.5

Nota: Para muros com altura superior a 10m pode justificar-se


justificar se a
realização de análises sísmicas específicas, com o objectivo de obter
uma estimativa mais fidedigna das acelerações em profundidade
(distribuição não uniforme).
Tipos de terreno (prEN 1998-1)
30 Seismic Action
Ground
v s,30 = N Parameters
h
type
Description of stratigraphic profile ∑ i Type 1 Type 2
i =1 v si
vs,30 (m/s) NSPT cu (kPa) S S
Rock or other rock-like geological formation,
A including at most 5 m of weaker material at the > 800 10
1.0 10
1.0
surface
Deposits of very dense sand, gravel, or very stiff
clay, at least several tens of meters in thickness,
B 300 – 800 > 50 > 250 1.2 1.35
characterised by a gradual increase of mechanical
properties
ti withith depth
d th
Deep deposits of dense or medium dense sand,
C gravel or stiff clay with thickness from several tens 180 – 360 15 – 50 70 – 250 1.15 1.5
to many hundreds of meters
Deposits of loose-to-medium
loose to medium cohesionless soil (with
D or without some soft cohesive layers), or of < 180 < 15 < 70 1.35 1.8
predominantly soft-to-firm cohesive soil
A soil profile consisting of a surface alluvium layer
with vs values of type C or D and thickness varying
E 1.4 1.6
b t
between about
b t 5 m and d 20 m, underlain
d l i b by stiffer
tiff
material with vs > 800 m/s
Deposits consisting, or containing a layer at least
< 100
S1 10 m thick, of soft clays/silts with a high plasticity 10 – 20 * *
(indicative)
index (PI > 40) and high water content
Deposits of liquefiable soils, of sensitive clays, or
S2 any other soil profile not included in types A – E or * *
S1

* Os terrenos tipo S1 e S2 exigem estudos especiais para a definição da acção sísmica


** As acções tipo 1 e 2 do EC8 não coincidem integralmente com os dois mecanismos de sismogénese de Portugal;
a acção tipo 1 corresponde a sismos com magnitude ≥ 5,5
*** vs,30 é o valor médio da velocidade de propagação das ondas de corte (γ≤ 10-5) nos primeiros 30m de
profundidade
• O parâmetro r depende das características da estrutura de suporte

Tipo de estrutura de suporte r

Muros de gravidade que aceitam um 2


deslocamento dr ≤ 300 α S (mm)

Muros de gravidade que aceitam um 1.5


deslocamento dr ≤ 200 α S (mm)
Muros de betão armado ancorados ou escorados, 1
muros fundados em estacas verticais, muros de
caves e encontros de pontes

Quando o solo suportado é constituído por areia saturada susceptível de gerar


acréscimos de pressão intersticial elevados:
a) o parâmetro r não deve ser tomado com valor superior à unidade;
b) o coeficiente de segurança à liquefacção não deve ser inferior a 2.
Impulsos sísmicos

O modelo básico para as análises pseudo-estáticas


pseudo estáticas é constituído pela
estrutura de suporte rígida suportando uma cunha de solo
supostamente em estado de equilíbrio limite activo no tardoz e ainda
eventualmente por uma cunha de solo em estado de equilíbrio limite
passivo (à frente do muro).

O impulso activo sísmico pode ser estimado com base na teoria de


Coulomb tendo em consideração as forças adicionais de inércia
provocadas pelo sismo. Para a situação particular de um muro
suportando um solo puramente atrítico seco existe solução analítica
exacta ((solução
ç de Mononobe-Okabe).)
Mét d das
Método d cunhas
h (teoria
(t i de
d Coulomb)
C l b)

kh W
W(1±k
( v)

H W(1±kv)
φ'
φ
δ' R
R kh W
β

Exemplo de aplicação do método das cunhas para uma análise pseudo-


estática de um muro suportando um solo puramente atrítico seco
Método de Mononobe-Okabe

Para o caso particular de um muro suportando um solo puramente atrítico seco


existe solução analítica para a teoria das cunhas de Coulomb.
Coulomb
i+ θ

θ
kh W

W(1±kv)
θ
H h φ'
Ws
δ' R θ
β+θ

Ws=W(1±kv)/cosθ

h H
h= Hsen((β+ θ)/
)/senβ Ws
Método de Mononobe-Okabe
A solução é obtida recorrendo a um artifício que consiste em rodar o sistema do
ângulo θ por forma a que a resultante das forças mássicas Ws seja vertical,
podendo
d d assim i aplicar
li as bem
b conhecidas
h id expressões õ de
d Coulomb:
C l b

1
Caso estático: Ia = K a γ H2
2
2
⎡ ⎤
⎢ cos ec β sen(β − φ')) ⎥
Ka = ⎢ ⎥
⎢ sen( φ'+δ ') sen( φ'−i) ⎥
⎢ sen (β + δ ') + ⎥
⎣ sen(β − i) ⎦
1
Caso sísmico: Ias = K γ * h2
2
2
⎡ ⎤
⎢ cos ec (β + θ) sen[(β + θ) − φ'] ⎥
K=⎢ ⎥
⎢ sen( φ'+δ ') sen[φ'−(i + θ)] ⎥
⎢ sen[( β + θ ) + δ '] +
⎣ sen[(β + θ) − (i + θ)] ⎥⎦
Método de Mononobe-Okabe

Como: γ * = γ (1± k v ) / cos θ h = Hsen(β + θ) / sen β

1 1
Ias = K γ * h2 = K (1 ± k v )γ H2
2 2
em que:
2
⎡ ⎤
⎢ ⎥ 2
cos ec ( β + θ ) sen [( β + θ ) − φ '] ⎛ sen ( β + θ ) ⎞
K=⎢ ⎥ ⎜ ⎟
⎢ sen( φ'+ δ ') sen[φ'−(i + θ)] ⎥ ⎝ sen β cos θ ⎠
⎢ sen[(β + θ ) + δ '] + ⎥
⎣ sen [(β + θ ) − (i + θ )] ⎦

O Anexo E do EC8 – parte 5 apresenta uma expressão matematicamente


equivalente para o cálculo do K

As expressões referidas são válidas para φ - θ - i ≥ 0


De acordo com o EC8 – parte 5:

O ponto de aplicação do acréscimo do impulso activo sísmico ΔIas=Ias-Ia deve


ser considerado a meia altura da estrutura de suporte.

O ângulo δ que os impulsos activo estático e sísmico fazem com a parede do


muro não deve ser superior a 2/3φ’. Para o caso do estado passivo deve-se
considerar δ=0.

Quando o terreno suportado for um solo granular submerso há que distinguir


duas situações sísmicas:
1) solo de baixa permeabilidade (<5x10-4m/s) em que a água não se pode
movimentar
i li
livremente em relação
l ã ao esqueleto
l sólido;
ólid
2) solo de elevada permeabilidade (≥5x10-4m/s) em que os impulsos
dinâmicos devidos ao solo e à água devem ser considerados de forma
desacoplada.

Quando o terreno suportado for um solo fino saturado a análise deve ser feita
em condições não drenadas.

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