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PRÁTICAS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS - SEP101

Exercício de portfólio
Agora que você acessou os conteúdos da semana, você deve trabalhar individualmente
na elaboração de seu Portfólio. Espera-se que seus registros respondam à questão: O
que aprendi nesta semana sobre reações químicas – ácido e base? Expresse sua
compreensão refletindo acerca dos conteúdos abordados nas videoaulas e textos desta
disciplina. Produza um vídeo mostrando a relação deste conhecimento sobre ácido e
bases e suas implicações no cotidiano.
RESPOSTA:
A videoaula 11 mostra um experimento que tem por objetivo ir além do enfoque dos
conteúdos conceituais, ou seja, privilegia, também, os conteúdos procedimentais
relacionados à observação e mensuração. O experimento diz respeito à observação de
funções químicas relacionadas a ácidos e bases, através do mecanismo de se utilizar
uma substância química que, ao reagir em um meio com característica ácida,
apresentará uma determinada coloração, ao passo que, se reagir em um meio com
característica básica, apresentará uma coloração diversa.
Uma substância como essa, que muda de cor em função do meio em que reage, é
chamada de indicador. Assim, o experimento utiliza essa propriedade do indicador para
indicar se um meio é ácido ou básico. O objetivo é o de discutir as questões
procedimentais e atitudinais relacionadas à motivação, criatividade e questionamento
dos alunos em vez de, simplesmente, fazer-se uma demonstração simples, seguida de
exercícios, supostamente de fixação.
O experimento faz uso de materiais de fácil disponibilidade para os alunos. O objetivo,
então é o de classificar substâncias como ácidas ou básicas. Como indicador, foi usado
um pigmento extraído do repolho roxo, que apresenta uma coloração intensa. O repolho
foi acrescido de água e o conjunto foi submetido ao aquecimento e ebulição, até que a
quantidade de água se reduziu pela metade, o que possibilitou a extração do pigmento.
Essa substância deve ser preservada em geladeira, por ser muito sensível, nos casos
em que não vier a ser utilizada de imediato, de modo a retardar o processo de
degradação da substância.
A seguir, foram selecionados alguns materiais de fácil obtenção, os quais foram
colocados, cada qual, em um recipiente. Os materiais utilizados foram o ácido muriático,
o leite de magnésia, o vinagre, um material de limpeza (detergente ou desinfetante) à
base de amoníaco, o álcool e, por fim, o hidróxido de sódio, também conhecido por soda
cáustica. O passo seguinte é o de levantar hipóteses junto aos alunos, questionando-os,
por exemplo, sobre o que eles pensam de cada um desses materiais. Serão bases ou
ácidos? Haverá uma mudança de cor, mas a cor é subjetiva e irá depender da paleta de
cores (modelo) que o aluno tem à sua disposição.
A sequência do experimento consiste em adicionar uma pequena porção do extrato de
repolho roxo em cada um dos frascos que contém as substâncias descritas acima. Após
a adição e homogeneização de cada mistura, obteve-se, para cada uma, uma
determinada cor resultante. Pode-se verificar que há um certo padrão de cor, por
exemplo, a primeira, a terceira e a quinta misturas apresentam uma cor tendendo ao
vermelho, enquanto a segunda, a quarta e a sexta apresentam uma coloração em tons
esverdeados até o amarelo.

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Figura 1: Coloração na ordem em que os materiais foram adicionados
Reordenando as misturas, partindo das cores mais escuras para as mais claras, é o
mesmo que ordenar as misturas do pH mais baixo para o mais alto, ou seja: ácido
muriático, vinagre, álcool, leite de magnésia, o amoníaco e, por último, o hidróxido de
sódio. Há, portanto, uma escala de cores, indo do mais avermelhado e terminando no
amarelo. Identificamos, assim, os ácidos e bases.
Assim, pode-se explorar a identificação, classificação e agrupamento de substâncias em
função do pH de cada substância. O foco do experimento, portanto, é procedimental e
atitudinal, relacionado ao "o quê" observar, o registro da comparação e classificação e a
contextualização em relação aos produtos que costumeiramente usamos em nossas
casas.

Figura 2: Coloração na ordem de cores mais escuras para as mais claras


O pH, também conhecido como Potencial Hidrogeniônico, é um índice que indica a acidez,
neutralidade ou alcalinidade de um meio qualquer, e seu valor pode variar de 0 a 14, sendo
que, quanto menor o índice do pH de uma substância, mais ácida essa substância será, ao
passo que quanto maior for esse índice, mais básica (ou alcalina) será essa substância.
Uma substância, ou meio, é considerada neutra, se o seu pH for igual a 7. Nada impede, no
entanto, que tenhamos substâncias com pH < 0 e substâncias com pH > 0.
Segundo a Teoria de Arrhenius, os ácidos são substâncias que, quando em solução aquosa,
liberam íons H+ na solução. Segundo essa mesma teoria, as bases são compostos que, em
meio aquoso, sofrem dissociação iônica, liberando o ânion (OH-).
A utilidade dos valores de pH está relacionada com aquilo que é realmente medido, a
extensão da reação de um ácido com a água, como por exemplo, a reação do ácido
clorídrico abaixo descrita [3]:
+ -
HCl(aq) + H2O(l) → H3O (aq) + Cl (aq)
O íon H3O+, é responsável pelas propriedades ácidas da solução. Todos os ácidos, em
solução aquosa, dão origem a este íon, o que confere aos ácidos um conjunto de
propriedades comuns. Desta forma, mede-se o pH como medida da concentração de H3O+.
Como a gama de valores de concentração é elevada, a concentração é expressa em termos
de potência de base 10, sendo pH a potência (ou expoente) com sinal negativo [3]:
-pH
[H3O+] =10

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Aqui, o uso de colchetes significa "concentração". Portanto, a concentração de H3O+ é igual
a 10 elevado à potência (-pH), o que equivale à seguinte representação logarítmica:
+
pH = -log [H3O ]
O experimento nos mostra que o valor do pH está diretamente relacionado com a
quantidade de íons hidrogênio de uma solução e pode ser obtido com o uso de indicadores
que reagem em função dessa quantidade de íons dissolvidos.
Tais constatações são importantes para a vida de um modo geral, permitindo uma
interessante interdisciplinaridade com a Biologia. A figura abaixo nos mostra algumas
substâncias e sua correspondente classificação em relação à escala de pH.

Fonte: http://www.ourem-bewater.com.pt/pt/informacoes-uteis

Inúmeras são as possibilidades de contextualização dos conteúdos de ácidos e bases. Sua


importância pode ser vista no sistema constituído pelo corpo humano. Nele, encontramos
subsistemas com valores específicos de pH. O sangue, por exemplo, apresenta um pH
médio em torno de 7,4, enquanto o suco gástrico, composto basicamente por ácido
clorídrico (HCl), tem um pH em torno de 2,5. Neste último caso, a função consiste em
destruir as bactérias presentes nos alimentos, e proporcionar o meio ácido necessário para
a atuação de enzimas no processo da digestão.[4]
Nossa alimentação também é constituída por alimentos ácidos, como as frutas cítricas, a
uva e o leite, e por alimentos alcalinos, como certas frutas verdes como bananas, caquis e
caju, além de ovos e milho verde [1].
Em relação à indústria e ao meio ambiente, tem importância o ácido sulfúrico, utilizado num
grande grupo de indústrias químicas, de fertilizantes, papel, tintas e petroquímica. Por
consequência, é, também, um componente de um dos tipos de chuva ácida, que é um
indicador de ambientes poluídos. Inúmeros outros ácidos estão presentes em nosso
cotidiano, cada qual com uma aplicação distinta.[2]
Entre as bases, é comum o uso do Hidróxido de Sódio NaOH) na fabricação de sabão e
glicerina, enquanto o Hidróxido de Cálcio (Ca(OH)2) é usada na argamassa e nas pinturas à
base de cal. Uma base de aplicação interessante é o Hidróxido de Magnésio (Mg(OH)2),
conhecido como leite de magnésia, é usado como antiácido estomacal e laxante,
neutralizando o excesso de suco gástrico.

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Do conhecimento de ácidos e bases resulta, ainda, o processo de calagem empregado na
agricultura e nos tanques de criação de organismos aquáticos, ambos com a finalidade de
elevar o pH desses meios, tornando-os apropriados ao fim a que se destinam. Por fim, o
vídeo que está disponível no endereço abaixo, nos mostra uma interessante
contextualização do assunto, relacionando-o com a montagem de um aquário de peixes,
fato que atrai a maioria das pessoas e dos estudantes em geral.
Vídeo: Ácidos e Bases: Implicações no cotidiano - A Química no aquário de água doce.
Disponível em: https://youtu.be/vrWn3D2fPVE
Referências Bibliográficas
[1] Bases no cotidiano. Disponível em:<http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/bases-
no-cotidiano.htm>. Acesso em 15 nov. 2016.
[2] Principais ácidos e bases do cotidiano. Disponível em:
<https://www.passeidireto.com/arquivo/1814110/principais-acidos-e-bases-do-cotidiano>.
Acesso em 15 nov. 2016.
[3] EXPERIÊNCIA GLOBAL - ÁGUA, UMA SOLUÇÃO QUÍMICA - O pH das águas do
Planeta. Centro Ciência Viva do Lousal. Disponível em:
<http://paginas.fe.up.pt/~quimica2011/images/stories/Protocolo%20-
%20O%20pH%20das%20%C3%A1guas%20do%20Planeta.pdf>. Acesso em 15 nov. 2016.
[4] SUCO GÁSTRICO. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation,
2016. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Suco_g%C3%A1strico&oldid=46032419>
Acesso em: 15 nov. 2016.

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