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Pediátrica
© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda.
ANESTESIOLOGIA,
REANIMAÇÃO E Outros livros
TERAPIA INTENSIVA de interesse
Almeida – Bloqueadores Neuromusculares em Terapia Intensiva Jatene – Medicina, Saúde e Sociedade
Almiro – Anestesia Regional Intravenosa – Nova Alternativa para Anestesia Regional Knobel – Condutas no Paciente Grave 3a ed. (Vol. I com CD e Vol. II)
Almiro – Dessangramento e Garroteamento dos Membros Inferiores – Suas Aplicações em Cirurgia Knobel – Memórias Agudas e Crônicas de uma UTI
Segmentar e Ortopédica Lopes – Clínica Médica – Equilíbrio Ácido-base e Distúrbio Hidroeletrolítico 2a ed.
Alves – Dicionário Médico Ilustrado Inglês-Português Lopes Guimarães – Parada Cardiorrespiratória
AMIB (Ass. Med. Int. Bras.) – Série Clínicas Brasileiras de Medicina Intensiva de Adultos e Pediátrica Lottenberg – A Saúde Brasileira Pode Dar Certo
Vol. 2 Gomes do Amaral – Sedação, Analgesia e Bloqueio Neuromuscular em UTI Mantovani – Suporte Básico e Avançado de Vida no Trauma
Vol. 4 Timerman – Ressuscitação Cardiopulmonar Marcopito Santos – Um Guia para o Leitor de Artigos Científicos na Área da Saúde
Vol. 5 Terzi – Monitorização Respiratória em UTI Marlus – Hipnose na Prática Clínica
Vol. 14 Terzi – Monitorização Hemodinâmica em UTI (Vol. 1) Básico Massafuni Yamashita – Anestesia em Obstetrícia
Vol. 15 Terzi – Monitorização Hemodinâmica em UTI (Vol. 1I) Avançado Moraes Passos – Hipnose – Aspectos Atuais
Vol. 16 Terzi – Equilíbrio Hidroeletrolítico e Reposição Volêmica em UTI Morales – Terapias Avançadas – Células Tronco
AMIB/Cruz – Neurointensivismo Negreiros – Manual de Anestesia em Obstetrícia – Teoria, Prática, Ilustrações, Questões Comentadas
APM-SUS – O Que Você Precisa Saber sobre o Sistema Único de Saúde e Referências
APM-SUS – Por Dentro do SUS Lopes Palandrini – Doença Coronária
Bonaccorsi – Disfunção Sexual Masculina – Tudo o Que Você Precisa Saber Nitrini – A Neurologia Que Todo Médico Deve Saber 2a ed.
Bonassa e Carvalho – Atualização em Ventilação Pulmonar Mecânica Nocite – Anestesiologia – Revisão e Atualização de Conhecimentos
Brandão Neto – Prescrição de Medicamentos em Enfermaria Novais – Como Ter Sucesso na Profissão Médica – Manual de Sobrevivência 3a ed.
Canetti e Santos – Manual de Socorro de Emergência OMS – (Organização Mundial de Saúde) – Alívio da Dor do Câncer
Cangiani – Anestesia Ambulatorial Pena Guimarães – Ressuscitação Cardiopulmonar
Carvalho – Ventilação Mecânica (Vol. 1) Básico Perrotti-Garcia – Curso de Inglês Médico
Carvalho e Barbosa – Ventilação não Invasiva em Neonatologia e Pediatria – Série Terapia Intensiva Perrotti-Garcia – Dicionário Português-Inglês de Termos Médicos
Pediátrica e Neonatal (Vol. 1) Perrotti-Garcia – Grande Dicionário Ilustrado Inglês-Português de Termos Odontológicos e de
Carvalho e Jiménez – Ventilación Pulmonar Mecánica en Pediatria (edição em espanhol) Especialidades Médicas
Carvalho, Proença e Hirschheimer – Ventilação Pulmonar Mecânica em Neonatologia e Pediatria 2a ed. Protásio da Luz – Nem Só de Ciência se Faz a Cura 2a ed.
Carvalho, Troster e Bousso – Algoritmos em Terapia Intensiva Pediátrica, Neurologia e Emergências Rocha e Silva – Série Fisiopatologia Clínica
Pediátricas Vol. 3 Carvalho – Fisiopatologia Respiratória
Costa Auler – Manual Teórico de Anestesiologia para o Aluno de Graduação Rotellar – ABC das Alterações do Balanço Hidroeletrolítico e Ácido-Base – Texto Ilustrado com
Costa Auler – Monitorização da Mecânica Respiratória Cartoons para os Estudantes de Medicina, Enfermagem e Nutrição
Costa Orlando – AMIB Russel – Pressão Venosa Central na Prática Médica
Costa Orlando – UTI: Muito Além da Técnica SAESP (Soc. Anest. Est. SP)
Decourt – A Didática Humanista de um Professor de Medicina TSA – Curso de Atualização/92
Delfino – Controvérsias em Anestesiologia Anestesiologia 93/94
Delfino – Anestesia Peridural – Atualização e Perspectiva Anestesiologia 96
Dias Rego – Reanimação Neonatal Anestesiologia 2000/2001
Drummond – Dor – O Que Todo Médico Deve Saber SAESP – Anestesia para Pacientes com Obesidade Mórbida (Vol. 10)
Drummond – Dor Aguda – Fisiopatologia, Clínica e Terapêutica SAESP – Tratado de Anestesiologia (2 Vols.)
Drummond – Medicina Baseada em Evidências 2a ed. Segre – A Questão Ética e a Saúde Humana
Feldman – Princípios de Ressuscitação Soc. Bras. Clínica Médica – Série Clínica Médica Ciência e Arte
Figueiró – Dor e Saúde Mental Lopes – Equilíbrio Ácido-base e Hidroeletrolítico 2a ed. revista e atualizada
Figueiró e Bertuol – Depressão em Medicina Interna e em Outras Condições SPSP Souza – Atualizações em Terapia Intensiva Pediátria
Médicas – Depressões Secundárias Timerman – ABC da RCP – Salvando Vidas
Fortuna – O Pós-Operatório Imediato em Cirurgia Cardíaca – Guia para Intensivistas, Timerman – Desfibrilação Precoce – Reforçando a Corrente de Sobrevivência
Anestesiologistas e Enfermagem Especializada Vilela Ferraz – Dicionário de Ciências Biológicas e Biomédicas
Galvão – O Choque – Etiofisiopatogenia, Clínica e Terapêutica Vincent – Internet – Guia para Profissionais da Saúde 2a ed.
Goldenberg – Coluna: Ponto e Vírgula 7a ed. Walter Tavares – Antibióticos e Quimioterápicos para o Clínico (Livro Texto e Livro Tabelas)
Gomes do Amaral – Medicina Intensiva para Graduação – UNIFESP/EPM Xenon – Xenon 2008 – O Livro de Concursos Médicos (2 vols.)
Gomide do Amaral e Costa Auler – Assistência Ventilatória Mecânica Yamashita – Anestesia em Obstetrícia
Gottschal – Do Mito ao Pensamento Científico 2a ed. Zago Covas – Células-Tronco
Hospital Israelita Albert Einstein – Protocolos de Conduta do Hospital Israelita Albert Einstein
Ivan Lemos – Dor Crônica – Diagnóstico, Pesquisa e Tratamento
Anestesia pediátrica / Editores José Otávio Costa Auler Junior, Suzana Barbosa de
Miranda Teruya, Rosana dos Santos Machado Jacob, Emília Aparecida Valinetti.
– São Paulo: Atheneu, 2008.
556 p. ; 21 x 28 cm
ISBN 978-85-7379-989-7
Vários colaboradores
1. Pediatria. 2. Anestesiologia. I. Auler Junior, José Otávio Costa (ed.). II. Teruya,
Suzana Barbosa de Miranda (ed.). III. Jacob, Rosana dos Santos Machado
(ed.). IV. Valinetti, Emília Aparecida (ed.). V. Título.
CDD 618.9296
Adilson Hamaji
Médico Anestesiologista e Supervisor de Anestesia do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IOT-HC-FMUSP).
Coordenador do Núcleo de Bloqueios da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (SAESP).
Membro do Comitê de Subespecialidade de Bloqueio Regional da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA).
Armando Fortuna
Livre-docente em Anestesiologia da Faculdade de Ciências Médicas de Santos (FCM-Santos).
Ex-professor Titular de Anestesiologia da FCM-Santos.
Ex-chefe do Centro de Ensino e Treinamento da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (CET-SBA) do Hospital
da Beneficência Portuguesa de Santos.
Bacharel em Direito pela Faculdade Católica de Santos.
Charlize Kessin
Médica Anestesiologista do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (ICr-HC-FMUSP) e do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (IC-HC-FMUSP).
Eliana Laurenti
Médica Anestesiologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
© Todos os direitos reservados a Editora Atheneu Ltda.
Fernando Antoniali
Membro Especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular.
Hiroshi Ohira
Médico Anestesiologista do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (ICr-HC-FMUSP) e do Hospital e Maternidade Santa Joana.
Marcelo de Carvalho
Médico Anestesiologista do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (ICr-HC-FMUSP).
Farmacêutico.
Mestre em Farmacologia pela Universidade de Campinas (Unicamp).
Massako Ishimura
Médica Anestesiologista do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (ICr-HC-FMUSP).
Roberto Guarniero
Livre-docente do Departamento de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP).
Chefe da Disciplina de Ortopedia Pediátrica do HC-FMUSP.
Wagner Kuriki
Médico Assistente da Equipe Médica de Anestesia do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IOT–HC-FMUSP).
Anestesiologista da Disciplina de Anestesiologia do HC-FMUSP.
A anestesia, e particularmente a anestesia pediátrica, apresentou grandes progressos nas últimas décadas,
podendo-se mesmo dizer que houve um divisor de águas na anestesia da criança.
O advento de novos agentes anestésicos, novos dispositivos para o manuseio da via aérea difícil,
incluindo a ventilação monopulmonar e equipamentos, que permitem a ventilação mecânica com
segurança no centro cirúrgico, foram fundamentais para o desenvolvimento da especialidade.
Paralelamente, o anestesiologista pediátrico acompanhou essa evolução aprofundando
seus conhecimentos técnico-científicos, que permitiram o manuseio com segurança
de crianças de diferentes graus de complexidade e gravidade.
A disciplina de Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo alcança mais
um êxito na produção deste livro-texto dirigido aos anestesiologistas pediátricos e àqueles que pela arte
se empenham em realizar o melhor. Isto só foi possível pela dedicação desprendida dos colaboradores na
elaboração dos capítulos que compõem este livro.
Finalmente o sonho da equipe de anestesiologistas pediátricos do Instituto da Criança
do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo tornou-se realidade.
Este sucesso, entretanto, deve ser compartilhado com vários outros especialistas que se empenharam
na construção desta obra.
Parabéns a todos os colaboradores e idealizadores que permitiram que essa publicação se tornasse possível; com
certeza o universo dos anestesiologistas ganhará mais um produto científico de grande valia.
4 Pré-anestésico em Pediatria, 35
Suzana Barbosa de Miranda Teruya
7 Coagulação e Hemocomponentes, 87
Carlos Roberto Jorge
André Luís Albiero
8 Agentes Inalatórios, 97
Miriam Nóbrega Rodrigues Pereira
Princípios
da anestesia
pediátrica
Muitos cirurgiões pediátricos consideram o fa- niente de Nova York, aguardava oportunidade para
tídico episódio ocorrido no porto de Halifax, na seguir para Bordeaux, na França. Durante a 1a
Nova Escócia, o marco histórico que deu origem Guerra Mundial, o porto de Halifax tinha posição
à especialidade da Cirurgia Pediátrica. Vale a pena estratégica para reforço de guerra, pois nele passa-
discorrer sobre esse evento, embora, como foi vam tropas, armamentos e grande quantidade de
posteriormente comprovado, o referido episódio material bélico provenientes dos Estados Unidos
apenas tenha permitido mostrar ao mundo, com com destino à Europa.
bastante dramaticidade, uma nova especialidade O navio francês, que desenvolvia pequena ve-
que estava nascendo no coração do seu mais im- locidade de navegação, estava à espera de um
portante protagonista, o Dr. William Ladd, jovem comboio de apoio para atravessar com seguran-
cirurgião de Boston. ça o Atlântico Norte. O S.S. Mont Blanc estava
No dia 6 de dezembro de 1917, ainda no curso carregado com 200 toneladas de TNT, 2.300 to-
da 1a Guerra Mundial, ocorreu um terrível aciden- neladas de ácido pícrico e 3,5 toneladas de ben-
te no porto de Halifax que vitimou milhares de zol, combustível de alta octanagem. Em tempo de
pessoas. Nesse dia, duas embarcações colidiram, paz, jamais teria sido permitida a ancoragem, em
um navio francês – o S.S. Mont Blanc – e o navio qualquer porto, de navio com carga tão perigosa.
S.S. Imo, de bandeira norueguesa. O S.S. Mont O S.S. Imo, que fazia escala técnica em Halifax,
Blanc, ancorado no porto de Halifax e transpor- era proveniente da Holanda e tinha como destino
tando pesada carga de munição, foi abalroado pelo final o porto de Nova York, onde deveria receber
o S.S. Imo, o que desencadeou uma catástrofe de suprimentos para serem transportados para a Euro-
enormes proporções. O S.S. Mont Blanc, prove- pa. Esse navio, em manobra até hoje desconhecida,
4 An e s t e s ia Pe diátrica
Hi s tór i a d a C i r u r g i a P e d i á t r i c a 5
6 An e s t e s ia Pe diátrica
Armando Fortuna
Valéria Baraldi Melhado
8 An e s t e s ia Pe diátrica
Hi s tór i a d a A n e s t e s i a P e d i á t r i c a 9
10 An e s t e s ia Pe diátrica
Hi s tór i a d a A n e s t e s i a P e d i á t r i c a 11
12 An e s t e s ia Pe diátrica
Hi s tór i a d a A n e s t e s i a P e d i á t r i c a 13
14 An e s t e s ia Pe diátrica
Hi s tór i a d a A n e s t e s i a P e d i á t r i c a 15
16 An e s t e s ia Pe diátrica
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18 An e s t e s ia Pe diátrica
Hi s tór i a d a A n e s t e s i a P e d i á t r i c a 19
20 An e s t e s ia Pe diátrica
21
22 An e s t e s ia Pe diátrica
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24 An e s t e s ia Pe diátrica
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26 An e s t e s ia Pe diátrica
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R e s p o n s a b i l i d a d e É t i c a e L e g a l e m A nestesia Pediátrica 29
30 An e s t e s ia Pe diátrica
R e s p o n s a b i l i d a d e É t i c a e L e g a l e m A nestesia Pediátrica 31
32 An e s t e s ia Pe diátrica
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34 An e s t e s ia Pe diátrica
Encontrando a família e
diminuindo sua ansiedade
A ansiedade e o medo exagerados estão freqüen-
temente associados a uma indução anestésica agita-
da e prolongada1. Fig. 4.1 – Indução anestésica inalatória.
35
36 An e s t e s ia Pe diátrica
38 An e s t e s ia Pe diátrica
40 An e s t e s ia Pe diátrica
43
44 An e s t e s ia Pe diátrica
Pa r ti cul a r i d a d e s d a F i s i o l o g i a In fa n t i l 45
46 An e s t e s ia Pe diátrica
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48 An e s t e s ia Pe diátrica
Pa r ti cul a r i d a d e s d a F i s i o l o g i a In fa n t i l 49
50 An e s t e s ia Pe diátrica
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54 An e s t e s ia Pe diátrica
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58 An e s t e s ia Pe diátrica
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60 An e s t e s ia Pe diátrica
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62 An e s t e s ia Pe diátrica
Pa r ti cul a r i d a d e s d a F i s i o l o g i a In fa n t i l 63
Vasoconstrição
Vasodilatação ativa
Termogênese sem tremor Sudorese
Tremor
33 35 37 39 41
Fig. 5.1 – Limiares termorreguladores em lactentes e crianças em estado de vigília. O eixo das ordenadas representa a intensidade máxima
das respostas efetoras. Adaptado de Bissonette70.
Vasoconstrição
recém-nascidos
Crianças
Vasodilatação ativa
Termogênese sem tremor
Tremor > 6 anos Sudorese
33 35 37 39 41
Fig. 5.2 – Limiares termorreguladores em lactentes e crianças sob anestesia. O eixo das ordenadas representa a intensidade máxima das
respostas efetoras. Adaptado de Bissonette70.
A resposta inicial ao frio é a vasoconstrição e que se liga aos receptores alfa-1 adrenérgicos.
cutânea. O fluxo sangüíneo digital total pode ser Embora o controle seja de origem central, o tô-
dividido em nutricional (capilar) e termorregula- nus vascular é modulado pela temperatura local.
dor (conexões arteriovenosas). A exposição ao frio Os receptores são sensibilizados pelo esfriamento
quase não altera o fluxo capilar, enquanto o das co- local e inibidos em temperaturas maiores ou iguais
nexões arteriovenosas das mãos, pés, lábios, nariz, a 37ºC70,120.
orelhas etc. diminui em até 100 vezes128. O tremor, atividade muscular involuntária que
O fluxo para curto-circuitos arteriovenosos é aumenta a produção metabólica de calor e o con-
mediado primariamente pela norepinefrina libe- sumo de oxigênio, somente ocorre após o desenca-
rada pelas terminações adrenérgicas pré-sinápticas deamento da vasoconstrição máxima, da termogê-
64 An e s t e s ia Pe diátrica
Pa r ti cul a r i d a d e s d a F i s i o l o g i a In fa n t i l 65
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Pa r ti cul a r i d a d e s d a F i s i o l o g i a In fa n t i l 67
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Pa r ti cul a r i d a d e s d a F i s i o l o g i a In fa n t i l 69
70 An e s t e s ia Pe diátrica
71
Água em % ACT
em torno de 0,88, criando a assim chamada pressão 60 SNC
coloidosmótica intravascular, onde a albumina é o
50
maior contribuinte, em torno de 80%. A presença Pele
40
de uma membrana celular pressupõe a existência subcutânea
de dois compartimentos líquidos. Assim, as célu- 30
las estão suspensas, sustentadas e individualizadas 20
Músculo
pelo fluido extracelular. As interfaces extracelular e 10
celular estão em equilíbrio osmótico e elétrico. O
equilíbrio elétrico é mantido pela bomba de sódio-
10
potássio, que permite ao potássio ser o principal
% Gordura
20 Neonato
cátion intracelular e ao sódio predominar no espa- Adulto
ço extracelular9. 30
90 Água total
Líquido extracelular Água extracelular
80 Água intracelular
O compartimento líquido extracelular é funcio- 70
nalmente constituído pelos volumes intravascular
% peso corpóreo
60
(volume plasmático ou sangüíneo) e intersticial
50
(extravascular), que são anatomicamente separados
pelo endotélio capilar. O sódio e outros ânions são 40
72 An e s t e s ia Pe diátrica
C om p os i çã o do s F l u i d o s Co r p o r a i s e Re po s iç ão Hidro e le t ro lít ic a 73
74 An e s t e s ia Pe diátrica
3.000
Gasto estimado total 2.000
com atividade normal Atividade normal
2.500 2.600 Holliday e Segar,
2.300 1957
2.100
2.000 1.500 Necessidade energética para
Necessidade computada
Quilocalorias/dia
1.000 1.000
Ritmo metabólico basal BMR durante anestesia com
halotano
500 500
0
10 20 30 40 50 60 70 0
Peso (kg) 0 10 20 30
Peso corpóreo/kg
As linhas superior e inferior foram extraídas do estudo de Fig. 6.5 – Consumo de energia diária de acordo com o peso cor-
Talbot. Pesos no percentil 50 foram selecionados para converter póreo em crianças em atividade normal, em regime de internação
calorias em várias idades para as calorias relacionadas ao peso. hospitalar e em crianças anestesiadas.
A linha computada foi derivada das seguintes equações:
1. 0-10 kg: 100 kcal/kg
2. 10-20 kg: 1.000 kcal/kg + 50 kcal/seg para cada kg acima a 12% para cada grau acima de 37ºC, o volume
de 10 kg necessário para repor o consumo de energia com
3. Acima de 20 kg: 1.500 Kcal + 20 kcal/kg para cada kg a manutenção do metabolismo em repouso estão
acima de 20 kg
descritas nas Tabelas 6.2 e 6.3. É importante sa-
Fig. 6.4 – Gasto energético com o metabolismo basal em crianças lientar que esse volume não repõe as perdas pré-
com atividade normal e em crianças internadas no hospital16. operatórias, as perdas de translocação de líquido
(denominado 3o espaço) e as perdas transoperató-
Como 100 ml de água são normalmente perdi- rias (porte cirúrgico e sangüínea), de maneira que
dos para cada 100 kcal gastos e a presença de febre o volume para essas correções deve ser calculado e
aumenta o consumo energético em torno de 10% reposto adicionalmente.
C om p os i çã o do s F l u i d o s Co r p o r a i s e Re po s iç ão Hidro e le t ro lít ic a 75
76 An e s t e s ia Pe diátrica
C om p os i çã o do s F l u i d o s Co r p o r a i s e Re po s iç ão Hidro e le t ro lít ic a 77
Solução Glicose (g/l) Sódio (mEq/l) Potássio Cálcio (mEq/l) Lactato Cloro (mEq/l) Osmolari-
(mEq/l) (mEq/l) dade (mOsm/l)
SG 5% 50 – – – – – 253
lactato infundido sofre metabolização via gliconeo- Tabela 6.6– Esquema reposiçãp hidroeletrolítica
gênese, produzindo glicose. O restante (30%) desse per-operatória24, 25
lactato se transforma, por oxidação, em bicarbona- Solução SRL SRL
to de sódio. Portanto, a solução de Ringer lactato
Idade ≤ 3 anos ≥ 4 anos
pode ser considerada uma fonte de glicose e bicar-
bonato a partir do seu metabolismo, sendo benéfica 1 hora
a
25 ml/kg 15 ml/kg
a sua infusão em pacientes nos quais se sabe com Horas seguintes Holliday e Segar+ reposição de acordo
antecedência que irão desenvolver acidose metabó- porte trauma
lica28. A infusão de solução, como Ringer lactato, é Trauma leve Holliday e Segar + 2 ml/kg/h
vantajosa em procedimentos de grande porte, como Trauma moderado Holliday e Segar + 4 ml/kg/h
transplante hepático (Tx hepático), por exemplo,
Trauma severo Holliday e Segar + 6 ml/kg/h
pois antecipa o tratamento da acidose metabólica
que ocorre após a reperfusão do enxerto. E se por Adaptado de Berry 24,25
.
algum infortúnio esse enxerto apresentar disfunção
primária, o lactato presente na solução do Ringer O autor lembra que a reposição de perdas san-
não será mais deletério do que as outras drogas ou güíneas com cristalóides deve obedecer a proporção
agentes anestésicos que estão sendo utilizadas du- de 3:1, como a sugerida para trauma pelo PALS
rante o procedimento*. A reposição da volemia – Pediatric Advanced Life Support (Atendimento
com solução contendo potássio, como o Ringer ou Suporte Vida em Pediatria).
Ringer lactato, está contra-indicada em pacientes
portadores de insuficiência renal crônica. E, nessa Colóides
situação, a alternativa é a utilização de solução fi-
siológica 0,9%, que não contém potássio em sua Existe muita controvérsia sobre a superioridade dos
composição química. colóides, como albumina, colóides derivado do ami-
Berry25, em 1997, propõe um esquema útil du- do e gelatina modificada e de baixo peso molecular
rante a primeira hora do procedimento cirúrgico em relação à reposição de volume com cristalóides26.
visando atenuar a liberação de HAD e, nas horas Uma meta-análise29 publicada em 1989 compa-
subseqüentes, a reposição é realizada de acordo com rou a mortalidade observada pelos autores e con-
Holliday e Segar16, acrescida da reposição de acor- cluiu que a reposição com cristalóide é a melhor
do com o porte e perdas cirúrgicas (Tabela 6.6). escolha para trauma e ressuscitação, enquanto para
∗
Gregory B. Hammer, 2002, em comunicação pessoal por e-mail. Ph.D., MD. Pediatric Anesthesia/Critical Care-Stanford
University Medical Center, Stanford, Califórnia, Estados Unidos.
78 An e s t e s ia Pe diátrica
*GFM (não contém potássio na composição); Dextran 40 (10%) e **Dextran 40 (3,5%) em glicose; HES 6% (diferente peso molecular/dife-
rente grau de substituição molecular). Adaptado de Pediatric Anesthesia23.
C om p os i çã o do s F l u i d o s Co r p o r a i s e Re po s iç ão Hidro e le t ro lít ic a 79
80 An e s t e s ia Pe diátrica
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84 An e s t e s ia Pe diátrica
C om p os i çã o do s F l u i d o s Co r p o r a i s e Re po s iç ão Hidro e le t ro lít ic a 85
87
88 An e s t e s ia Pe diátrica
F-X F-VII
IXa Intrínseca Extrínseca
Fator tecido
F-VIIIc Ca2+
Ca2+
FP3
Complexo
Complexo
F-Xa
Proteína C V
FP3
Ca2+ Trombina
Fibrinogênio Fibrina
Efeito inibidor
Hb/HT. Um hemograma completo é sempre de- aberto e cirurgias ortopédicas que requerem aplica-
sejável, porque, diante da presença de anemia, já se ção de torniquete por períodos prolongados.
pode saber, antes de transfundir, seu padrão (hipo- Em virtude da alta osmolaridade dos contrastes,
micro, normonormo ou macrocítica) e sua relação a angiografia requer uma diluição maior da Hb S,
com alterações em outros elementos figurados do para menos de 20%.
sangue. Caso seja encontrada alguma anormalidade na
O teste de falcização é um teste fácil e rápido história, no exame físico ou nos testes de triagem,
que pode indicar a presença de hemoglobina S. Em a cirurgia deve ser adiada até que seja esclarecido o
caso de teste positivo, a eletroforese de hemoglobi- problema e a melhor conduta seja adotada.
na é altamente recomendável para se ter uma no- Para os anestesiologistas pediátricos é interessan-
ção da porcentagem em que se encontra presente. te o conhecimento da composição das soluções em-
Nesses casos, cuidados devem ser redobrados: evi- pregadas na anticoagulação e conservação do san-
tar hipoxemia, desidratação, acidose e hipotermia. gue/hemocomponentes5. As soluções ACD e CPD
Para anestesia geral4 prolongada, transfusão prévia estão atualmente em desuso, restando somente um
de hemácias é recomendada. Tal recomendação pouco de controvérsia sobre a segurança do uso das
inclui tonsilectomia/adenoidectomia. Não é neces- soluções aditivas para transfusões maciças e exsan-
sário para miringotomia e procedimentos odonto- güineotransfusão em Pediatria (Tabela 7.2).
lógicos. O nível sérico de Hb pré-operatório reco- Como qualquer outra medida terapêutica, a
mendado para essas crianças é entre 10 e 13 g/dl, prescrição de uma transfusão envolve riscos e bene-
com não mais que 30% a 40% de hemoglobina S. fícios que devem ser considerados com muita cau-
Os portadores de traço falciforme requerem tela, sempre priorizando a clínica da criança, com o
tais cuidados adicionais em cirurgia cardíaca a céu auxílio de exames laboratoriais complementares.
C oa g ul a çã o e H e m o c o mp o n e n t e s 89
A atividade metabólica das hemácias continua 2,3-DPG (% do inicial) 100% < 10%
mesmo à temperatura de 4 ± 2°C, e a dextrose K+ plasmático (mmoI/l) 4,2 78,5
serve-lhes como fonte de energia. O tampão áci-
Hb plasmático (mg/l) 82 658
do cítrico/citrato bloqueia a cascata de coagulação,
quelando o íon cálcio. O excesso de fosfato e ade- Adaptado de Vengelen Tyler5
nina procura garantir os substratos necessários ao As indicações de sangue total (ST) são muito
metabolismo das hemácias. limitadas atualmente, restringindo-se a choque
As hemácias armazenadas sofrem alterações bio- hipovolêmico e exsangüineotransfusão. Mesmo as-
químicas chamadas de lesões de estocagem (Tabela sim, o ST pode ser substituído pela composição
7.3). As lesões de estocagem, que raramente têm sig- de concentrado de hemácias (CH)(Tabela 7.4) e
nificado clínico em adultos, podem trazer algumas plasma fresco congelado (PFC).
implicações em crianças. O excesso de K+ presente A maioria das experiências cirúrgicas sob ane-
nas unidades estocadas por longo período, que cos- mia grave ocorreu em testemunhas de Jeová. Assim,
tumava ser uma das maiores preocupações anos atrás, constatou-se que o transporte deficiente de oxigê-
nio afetou a mortalidade perioperatória7. Confor-
tem-se mostrado cada vez mais improcedente pelo
me dados do Congresso de Anestesiologia em San
fato de mesmo as quantidades mais elevadas serem
Diego, realizado em 1997, uma criança classificada
bem inferiores às necessidades diárias das crianças. como ASA-1 com Hb < 6,0 g/dl provavelmente re-
A transfusão de componentes eritrocitários é o ceberá transfusão. Esta raramente estará justificada
recurso mais freqüentemente utilizado para oferecer se a Hb ≥ 10,0 g/dl.
oxigênio aos tecidos6. O 2,3-DPG (difosfo-glicerato) O volume a ser transfundido varia de 10 a 20
é o metabólito responsável pela curva normal de dis- ml/kg de peso, conforme a solução anticoagulante/
sociação da oxiemoglobina, e sua presença em quan- conservante utilizada. Como os CH estocados em
tidades normais promove a oferta de O2 para os teci- soluções aditivas têm menos partículas em suspen-
dos. Sua falta, crítica a partir do 5o dia de estocagem, são que os estocados em soluções não-aditivas, re-
faz com que a hemoglobina perca suas propriedades comendam-se volumes maiores dos primeiros para
oxifóricas, prejudicando a hematose e favorecendo a obter rendimentos semelhantes aos dos últimos.
90 An e s t e s ia Pe diátrica
C oa g ul a çã o e H e m o c o mp o n e n t e s 91
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98 An e s t e s ia Pe diátrica
Tabela 8.2 – Farmacologia, solubilidade e concentração alveolar mínima (CAM) de cinco anestésicos inalatórios
Solubilidade
λs/g, adultos 2,4 1,9 1,4 0,66 0,42
λs/g, neonatos 2,1 1,8 1,2 0,66 —
λg/s, adultos 51 — 45 48 27
CAM (%)
Adultos 0,75 1,7 1,2 2,05 7,0
Recém-nascidos 0,87 — 1,60 3,3 9,2
Adaptado de Lerman12.
s/g =sangue/gás; g/s=gordura/sangue
A g entes I na l a t ó r i o s 99
Halotano
3 30
1,0
0,9
Crianças de 1 a 5 anos
0,8 2 20
Metoxiflurano
0,7 Enflurano
Adultos isoflurano
0,6
0,5
1 10
0,4 Halotano 0 20 40 60 80
Idade (anos)
0,3
0 10 20 30 40 50 60
Tempo (min)
100 An e s t e s ia Pe diátrica
Reproduzido e Eger13.
A g entes I na l a t ó r i o s 101
102 An e s t e s ia Pe diátrica
Adaptado de Taylor et al. , Gregory et al. , Lerman et al. , Cameron et al. , e Inomata et al. .
23 27 28 29 30
A g entes I na l a t ó r i o s 103
0.7
2.0 0.6
.3 .5 1 3 5 10 30 50 100
1.8 Idade – anos
CAM (% Isoflurano)
32-37 semanas
1.4
de gestação CAM do sevoflurano
< 32 semanas
de gestação
Estudos prévios em crianças mostraram que a
1.2
CAM do halotano, isoflurano e desflurano aumen-
ta quando a idade diminui, alcançando um valor
1.0
0.5 1.0 5 10 50 100 máximo nos lactentes (1 a 6 meses de idade) e di-
Idade pós-conceptual (anos)
minui nos recém-nascidos. No estudo de Lerman
Fig. 8.4 – Efeito da idade sobre a concentração alveolar mínima do et al.36, a CAM dos sevoflurano foi semelhante em
isoflurano. A CAM aumenta quando a idade diminui, alcançando o recém-nascidos (3,3 ± 0,2%) e em lactentes de 1 a
valor máximo em lactentes de 1 a 6 meses de idade e reduzindo 6 meses de idade (3,2 ± 0,1%). A CAM em crianças
a partir daí quando a idade diminui até 24 semanas de gestação.
A idade pós-conceptual é a soma da idade gestacional e a idade mais velhas (6 a 12 meses) e crianças de 12 meses
pós-nascimento. a 12 anos foi constante, 2,5% (Fig. 8.6). Katoh et
104 An e s t e s ia Pe diátrica
A g entes I na l a t ó r i o s 105
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114 An e s t e s ia Pe diátrica
116 An e s t e s ia Pe diátrica
dea, transdérmica, transmucosa e oral. Por esta úl- Convulsões Suspensão do opióide
Benzodiazepínicos
tima são empregados alguns opióides, como a oxi- Controle da via aérea
codona, a codeína, a metadona e mesmo a morfi-
na. A via oral, entretanto, tem desvantagens como Os pacientes com maior risco de efeitos adver-
demora no tempo de ação e necessidade de doses sos de opióides são:
mais elevadas. Apesar de disponíveis para uso oral, • crianças menores de 6 meses e prematuras;
118 An e s t e s ia Pe diátrica
120 An e s t e s ia Pe diátrica
121
122 An e s t e s ia Pe diátrica
R el a xa ntes M u s c u l a r e s e m P e d i a t r i a 123
Fig 10.2 – Utilizando a succinilcolina como relaxante muscular, as quatro respostas do TOF têm a mesma altura.
Prematuros com menos de 32 semanas apresen- A capacidade de elevar as duas pernas da mesa
tam valores de TOF menores que recém-nascidos, nos lactentes é comparável à capacidade de man-
mais maduros em crianças com menos de 1 mês de ter a cabeça elevada, que no adulto corresponde a
idade e altura da quarta resposta do TOF é cerca de T4/T1 0,8. A dificuldade de deglutição desaparece
95% mesmo na ausência de BNM. Essas diferen- com T4/T1 0,9.
ças de valores no primeiro mês de vida indicam a O TOF tem como vantagem não necessitar de
maturação da função neuromuscular. valores pré-bloqueio e diferencia o tipo de blo-
A grande utilidade do TOF é guiar a dosagem queio. Não é doloroso.
do relaxante muscular no intra-operatório. E no fi- Quando utilizamos a succinilcolina como rela-
nal da cirurgia, se o bloqueio está muito intenso e xante muscular, as quatro respostas do TOF têm a
difícil de ser antagonizado. mesma altura, ao contrário do bloqueio não-des-
O grau de relaxamento muscular determina a polarizante. O TOF é a monitorização mais utili-
altura da resposta do segundo, terceiro e quarto es- zada, tendo como vantagem não necessitar de va-
lores pré-bloqueio, uma vez que utiliza a primeira
tímulos da seqüência de quatro estímulos. O grau
resposta para comparar com as demais.
de bloqueio é determinado entre a amplitude da
quarta e da primeira resposta da seqüência T4/T1.
Estimulação tetânica
A ausência de qualquer resposta significa blo-
queio total. A presença de apenas uma contração Estimulação tetânica é a estimulação seriada de alta
muscular significa 90% de bloqueio; de duas, 80% freqüência que determina ativação repetida do nervo
de bloqueio; e de três, 75% de bloqueio. e produção de vários potenciais de ação no músculo.
124 An e s t e s ia Pe diátrica
R el a xa ntes M u s c u l a r e s e m P e d i a t r i a 125
MÚSCULO SENSIBILIDADE
Cordas vocais Mais resistentes
Diafragma
Orbicular
Retos abdominais
Masseter
Faringeal
Extraoculares Mais sensíveis
Fig 10.6 – Os diversos grupos musculares apresentam sensibilidade
Fig 10.4 – Estimulação do nervo tibial posterior. diferente e quanto à ação dos relaxantes musculares.
126 An e s t e s ia Pe diátrica
R el a xa ntes M u s c u l a r e s e m P e d i a t r i a 127
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R el a xa ntes M u s c u l a r e s e m P e d i a t r i a 133
Tabela 10.1 – DE95 doses de relaxante muscular durante anestesia com opióide e óxido nitroso em neonato, crianças e adultos
Cisatracúrio - 55 48
Doxacúrio 25 ± 7 53 ± 10 41 ± 8
Pancurônio 66 ± 11 96 ± 19 67
Pipecurônio 48 ± 11 75 ± 30 59 ± 17
Vecurônio 47 ± 10 81 ± 12 43
134 An e s t e s ia Pe diátrica
R el a xa ntes M u s c u l a r e s e m P e d i a t r i a 135
136 An e s t e s ia Pe diátrica
introdução
O controle da via aérea, na população pediátri-
ca, é procedimento amplamente utilizado durante
o ato anestésico. O surgimento de dispositivos e
métodos para esse controle, de maneira geral, deri-
va-se daqueles aplicados em pacientes adultos, com
variedade crescente desses aparatos. No mesmo sen-
tido, a ventilação mecânica em anestesia pediátrica
se desenvolve e merece, gradativamente, atenção
cada vez maior para sua correta e segura aplicação Fig. 11.1 – Comparação de máscara com amortecimento (esquer-
na prática clínica. Este capítulo objetiva revisar os da) e máscara de Rendell-Baker-Soucek (direita). O menor espaço
dispositivos para controle da via aérea e utilização morto da máscara de Rendell-Baker-Soucek é uma vantagem para
lactentes e crianças pequenas que estão em respiração espontâ-
de ventilação mecânica na anestesia pediátrica. nea, enquanto uma melhor vedação é obtida com a máscara com
amortecimento. Durante a indução inalatória da anestesia, o melhor
Máscaras Faciais Pediátricas ajuste tem prioridade maior que o tamanho do espaço morto. Além
disso, máscaras com amortecimento são as mais freqüentemente
Os dois tipos mais comuns de máscaras faciais utilizadas para a indução da anestesia.
137
CÂNULA OROFARÍNGEA
Os dispositivos de cânula orofaríngea são utili-
zados para manter a permeabilidade da via aérea ou
prevenir a oclusão do tubo endotraqueal devido à Fig. 11.2 – Via aérea oral de tamanho apropriado mantém espaço
mordedura (Fig. 11.2). Eles são feitos de borracha entre a língua e outras estruturas das vias aéreas.
138 An e s t e s ia Pe diátrica
Fig. 11.3 – (A) A ponta da via aérea oral, que é muito grande, empurra a epiglote para dentro da abertura glótica ou ultrapassa a epiglote e
obstrui a abertura glótica. (B) A ponta de uma via aérea que é muito pequena pode empurrar a língua para trás e causar maior obstrução.
3 90 CÂNULA NASOFARÍNGEA
4 100 A cânula nasofaríngea promove um conduto
5 110 para o fluxo de gás entre a língua e a parede poste-
rior da faringe. A extremidade faríngea posiciona-
se acima da epiglote e abaixo da base da língua.
Com o objetivo de evitar laringoespasmo ou o É uma alternativa para a cânula orofaríngea e é mais
vômito, os reflexos laríngeo e faríngeo devem ser bem tolerada por pacientes despertos e sonolentos
deprimidos antes da inserção de uma das vias aé- (Fig. 11.4). A cânula nasofaríngea está disponível
reas orofaríngeas. Vários métodos de inserção têm nos tamanhos de 12 a 36 (diâmetro interno em
sido descritos. O método “clássico”, que consiste na milímetros). A borda de segurança ou o conector
inserção do dispositivo com a concavidade voltada do tubo inserido na extremidade nasal prevenirá a
para o pólo cefálico, para então realizar a rotação de migração para a nasofaringe. O diâmetro da cânu-
180o após a ponta passar a úvula, deve ser evitado la nasofaríngea deve ser o mesmo, ou até 0,5 mm
em crianças para prevenir trauma da mucosa oral. maior que o tamanho de tubo traqueal apropriado
Quando da utilização da cânula orofaríngea, deve- para a idade da criança. O comprimento adequa-
se tomar cuidado com trauma, queda de dentes ou do para esse dispositivo é estimado pela medida da
pinçamento dos lábios da criança entre o disposi- distância entre a ponta do nariz e o trago da orelha.
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 139
TUBOS TRAQUEAIS-PADRÕES
O tubo traqueal (TT) é uma ferramenta essen-
cial para o manejo da via aérea. A compreensão de
seu formato e função é importante para seu uso
seguro.
Os TTs atuais são feitos de cloreto de polivinil
(PVC) e são descartáveis (Fig. 11.5). São numera-
dos de acordo com seu diâmetro interno, diâmetro
externo e comprimento em centímetros. Além dis-
so, são biselados em ± 40° para a esquerda quan-
Fig. 11.4 – Via aérea nasofaríngea de comprimento apropriado se
do vistos com sua curvatura voltada para cima.
extende da região externa da narina até a faringe posterior sem tocar A maioria dos TTs contém uma linha radiopaca
a epiglote ou a abertura glótica. e são concebidos com um orifício em sua parede,
no lado oposto ao biselado, próximo à extremida-
Entretanto, especialmente em casos de dismorfis-
de, com o objetivo de promover via alternativa ao
mo orofacial, o comprimento correto da cânula
fluxo de gás caso a ponta se torne ocluída ou este-
nasofaríngea é aquele que promove bom fluxo de
ja muito inserida na traquéia. O menor TT sem
ar sem estridor.
balonete disponível é o de diâmetro interno de 2
Esse dispositivo é utilizado para: (1) promover mm. O tipo de tubo descrito anteriormente é o
pressão contínua de via aérea no pós-operatório;
(2) manter a patência de via aérea em neonatos e
crianças com apnéia obstrutiva (Pierre-Robin, Trea-
cher-Collins, síndromes de apnéia do sono ou após
cirurgias para correção de fenda palatina, atresia de
coana ou cirurgias palatofaríngeas); e (3) permitir
insuflação de oxigênio e halogenados durante en-
doscopia (por exemplo, intubação com fibroscópio
e cirurgia a laser na laringe)4. Contra-indicações in-
cluem alterações da coagulação, fratura de base do
crânio e doenças do nariz e nasofaringe. A cânula
nasofaríngea pode ser lubrificada com água, anes-
tésico local ou spray de silicone. A inserção deve ser
feita de maneira delicada, através da narina, em di-
Fig. 11.5 – Tubos endotraqueais sem balonete de diversos tama-
reção posterior, perpendicular ao plano coronal ao nhos (à direita, número 2,5; à esquerda, número 7,0; com variação
longo do assoalho da nasofaringe. Durante a inser- de 0,5 entre cada dispositivo).
140 An e s t e s ia Pe diátrica
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 141
não apresentasse história de rouquidão e a dura- estar disponíveis antes da indução da anestesia: o
ção da cirurgia tenha sido inferior a duas horas. tamanho obtido pela fórmula, um tamanho maior
A duração da anestesia foi, de fato, estatisticamente e outro menor. A profundidade que o TT deve ser
maior em cinco crianças (4/109 com vazamento e inserido varia com o cumprimento da traquéia (e,
1/50 sem vazamento) que desenvolveram rouqui- conseqüentemente, com a idade da criança). Mui-
dão, sendo necessário tratamento com adrenalina tos TTs sem balonete apresentam uma área ou uma
racêmica (87 ± 15 minutos versus 62 ± 17 minu- linha negra próxima à extremidade traqueal. Geral-
tos no grupo sem ou com leve rouquidão). Entre-
mente, avançando o tubo através das cordas vocais
tanto, como apenas 50 crianças deste estudo não
até esta linha ou ao final da área negra garante que
apresentavam o vazamento, e todas as avaliações
o TT está aproximadamente na metade da traquéia
foram realizadas pelo mesmo anestesiologista, mais
estudos controlados são necessários para confirmar (Fig. 11.6). Entretanto, deve-se tomar cuidado
esses achados. para garantir que o comprimento dessa área negra
seja apropriado para o tamanho da criança antes de
Vários métodos estão disponíveis para ajudar na
seleção do TT apropriado. Contudo, a estimativa usá-lo como referência para a inserção. Por exem-
mais acurada pode geralmente ser obtida utilizan- plo, essa área se prolonga 2,5 cm quando se com-
do-se fórmula baseada na idade8 e resulta nas re- para as sondas Portex Ivory® 4,5 e 6,0. No entanto,
comendações mostradas na Tabela 11.39. Porém, muitas fórmulas estão disponíveis, mas são acura-
essas são meras estimativas que devem ser confir- das somente nas crianças cujas dimensões das vias
madas em cada paciente pelo teste de escape por aéreas não diferem significativamente das outras de
pressão. Na prática, três tamanhos de TT devem mesma idade e tamanho. O comprimento de tubo
Idade + 16
> 2 anos
4
Fig. 11.6 – Detalhe da área negra de tubo endotraqueal infantil.
142 An e s t e s ia Pe diátrica
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 143
1 >5 < 4 ml
2 10-20 < 10 ml
3 > 30 < 20 ml
4 Adulto < 30 ml
144 An e s t e s ia Pe diátrica
A B C
Fig 11.8 – A = A máscara laríngea (ML) é inserida com a região que contém o orifício ventilatório voltado para a orofaringe. A ML é, então,
empurrada para a faringe posterior. B = Enquanto a ML é impulsionada para a faringe posterior, deve-se girá-la 180o de maneira que sua
abertura se localize na abertura glótica. C = A ML pode ser usada para ventilação espontânea ou controlada.
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 145
C D
Fig 11.9 – A = Após teste e desinsuflação do balonete, a ML é inserida na boca de criança anestesiada com sua abertura voltada para a en-
trada da via aérea. B = A ML é impulsionada com pressão constante para a faringe posterior e guiada com o dedo do anestesiologista. C = A ML
é avançada até a abertura glótica. D = Com a insuflação, o balonete selará a região acima da abertura glótica. A ML será elavada sutilmente
enquanto se acomoda durante a insuflação.
146 An e s t e s ia Pe diátrica
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 147
148 An e s t e s ia Pe diátrica
VENTILADOR
Válvula
de
fluxo CIRCUITO RESPIRATÓRIO
Ramo inspiratório
PACIENTE
Válvula
de Rte
exalação Ramo expiratório
Rva
Transdutor
de pressão Pva
Cp
CPU Fluxo
Transdutor
de fluxo Cct
PAINEL
MONITOR DE
CONTROLES
Fig. 11.12 – Representação esquemática de um ventilador conectado ao paciente. A partir dos controles efetuados através do painel de con-
troles e da monitorização realizada pelos transdutores de pressão e fluxo, é realizado o controle das válvulas de fluxo e exalação através do
circuito de controle do ventilador. O ventilador inicia a fase inspiratória abrindo a válvula de fluxo e fechando a válvula de exalação. O paciente
é representado através das vias aéreas, dos pulmões e da caixa torácica. Rte = resistência do tubo endotraqueal; Rva = resistência da via
aérea; Cp = complacência pulmonar; Cct = complacência da caixa torácica.
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 149
PINÇA
CAME BOBINA
Articulação
SAÍDA SAÍDA
ENTRADA ENTRADA
CAME
D.
2 4 8 16 32 64
BOBINA l/min l/min l/min l/min l/min l/min
NÚCLEO
ENTRADA
SAÍDA
Fig. 11.13 – Representação esquemática de diversos modelos construtivos de válvula de fluxo: A = Um motor de passo atuando sobre uma
esfera controla a abertura da passagem do fluxo. B = O acionamento da esfera, nesse caso, é realizado por um solenóide proporcional. C =
Um mecanismo tipo pinça, acionado por motor de passo, atua sobre um tubo flexível, controlando a área de passagem do fluxo. D = Uma série
de solenóides, calibrados com fluxos discretos, obedecendo à relação 2n, ao serem acionados (abertos) na combinação apropriada, permitem
ajustar o fluxo requerido. Por exemplo: fluxo 6 l/min = solenóides 2 e 4 l/min acionados; 50l/min = solenóides 2, 16 e 32 l/min acionados.
150 An e s t e s ia Pe diátrica
SOLENÓIDE
CAME ÍMÃ
SAÍDA
Fluxo Fluxo
expiratório expiratório
D. Fluxo
expiratório
TUBO FLEXÍVEL PINÇA
ÍMÃ
BOBINA
Articulação
MOLA
Fig. 11.14 – Representação esquemática de diversos modelos construtivos de válvula de exalação: A = Um motor de passo atuando sobre
um diafragma flexível controla a abertura do ramo expiratório. B = O acionamento do diafragma é realizado por uma bobina eletromagnética.
C = Um solenóide comuta as pressões inspiratória e expiratória, provenientes de válvulas pneumáticas, que atuam sobre o diafragma. D =
Uma bobina eletromagnética aciona um mecanismo do tipo pinça, que controla a área de passagem de um tubo flexível.
A medição do fluxo pode ser realizada em di- o volume deslocado entre os instantes considera-
versos pontos do sistema. Existem ventiladores que dos. A integração do sinal de fluxo pelo micro-
realizam a medida de fluxo na saída da válvula de processador fornece o valor dos volumes inspira-
fluxo (fluxo inspiratório) e/ou na saída da válvula do e exalado.
de exalação (fluxo expiratório). Outros utilizam um A partir dos controles efetuados pelo painel
sensor no paciente, medindo tanto o fluxo inspira- de controles e pela monitorização realizada pelos
tório como expiratório. Os tipos de sensores mais transdutores de pressão e fluxo, é realizado o con-
utilizados para medição do fluxo são pneumota- trole das válvulas de fluxo e exalação pelo circuito
cógrafos, turbinas e anemômetros de fio aquecido de controle do ventilador.
(Fig. 11.15). O paciente é representado por meio das vias
A medida de volume é obtida através do si- aéreas, dos pulmões e da caixa torácica, cujas pro-
nal de fluxo. O fluxo representa a velocidade com priedades mecânicas serão discutidas ao longo des-
que um determinado volume de fluído está sen- te capítulo.
do movimentado. Realizando-se o somatório dos A ventilação mecânica é realizada por meio de
fluxos a cada instante, ou seja, calculando-se a ciclos ventilatórios, apresentando duas fases: ins-
integral do fluxo em relação ao tempo, obtém-se piratória e expiratória. De forma bastante simples,
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 151
∆P Fluxo
R
Fluxo Fluxo Fluxo
Fig. 11.15 – Representação esquemática de diversos tipos de sensores de fluxo: A = Nos pneumotacógrafos, a passagem do fluxo por uma
restrição calibrada ocasiona uma queda de pressão. Essa queda de pressão, proporcional ao fluxo, é medida por um transdutor de pressão
diferencial. Nos pneumotacógrafos tipo Fleisch, que utilizam um arranjo de tubos de pequeno diâmetro em paralelo, a relação entre o fluxo e
a queda de pressão P1-P2 é linear. B = Nos pneumotacógrafos que utilizam uma restrição fixa de maior diâmetro, a relação pressão x fluxo
aumenta com o fluxo e exige a linearização através de algoritmos e/ou circuitos eletrônicos. C = A utilização de uma lâmina flexível, resul-
tando em uma área variável, aumenta a sensibilidade do pneumotacógrafo para baixos fluxos. D = A passagem do gás através de pás fixas
direcionadoras de fluxo causa a rotação das pás rotativas da turbina. A rotação é proporcional ao fluxo e/ou volume deslocado. Os sensores
de turbina apresentam pouca sensibilidade para baixos fluxos, influenciados pelo atrito e inércia, sendo mais utilizados para espirometria. E. A
passagem do fluxo por um fio de platina aquecido promove uma troca de calor. Por meio de um circuito de controle, a corrente elétrica através
do fio é aumentada de forma a manter a temperatura constante. A corrente de realimentação é proporcional ao fluxo.
o ventilador inicia a fase inspiratória abrindo a Os sinais de pressão, fluxo e volume podem ser
válvula de fluxo e fechando a válvula de exalação. representados graficamente, permitindo uma análi-
Nessa fase ocorre o enchimento dos pulmões, se detalhada do funcionamento do ventilador (Fig.
com o ventilador exercendo a pressão necessária 11.16) com um exemplo numérico:
para vencer o atrito nas vias aéreas e expandir os a. fluxo (l/min) x tempo (s): a válvula de fluxo é
pulmões. O final da fase inspiratória irá coincidir aberta no instante 1 seg. – início da fase inspi-
com o início da fase expiratória, com o ventila- ratória – e o fluxo atinge o valor de 30 l/min.
dor fechando a válvula de fluxo e abrindo a válvula O valor positivo indica que o fluxo é inspirató-
de exalação. Nessa fase ocorre o esvaziamento dos rio. O fluxo é mantido constante em 30 l/min
pulmões, e a força motriz é a própria pressão no até o instante 2 seg. Nesse instante, a válvula de
interior dos pulmões, ou seja, geralmente, a exa- fluxo é fechada, e o fluxo cai a zero (eixo hori-
lação é passiva. zontal). Simultaneamente, a válvula de exalação
152 An e s t e s ia Pe diátrica
PFI
30
Fluxo (l/min)
Expiratório
-30
-60 PFE
0,50
Volume (l)
50
40
Ppico
Pressão (cmH2O)
30
20
10
PEEP
0
-10
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
T empo (s)
Ti nsp. Texp.
Freq. = 60s / Tciclo
Tc iclo I:E = 1: Texp. / Tinsp
Fig. 11.16 – Traçados das curvas de fluxo, volume e pressão indicando os principais parâmetros que podem ser extraídos da leitura gráfica.
Os instantes A e B correspondem ao início da fase inspiratória (abertura da válvula de fluxo e fechamento da válvula de exalação) e expiratória
(fechamento da válvula de fluxo e abertura da válvula de exalação) respectivamente.
é aberta – início da fase expiratória – e o gás o pulmão esvazia, diminui a pressão no seu in-
no interior dos pulmões é exalado pela própria terior e, conseqüentemente, o fluxo expiratório.
pressão no interior dos pulmões. O fluxo atinge O fluxo expiratório zero indica o esvaziamento
o valor máximo de -40 l/min, e o valor negativo total dos pulmões no instante 3 seg. No instante
indica que o fluxo é expiratório. À medida que 5 seg. é iniciado um novo ciclo;
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 153
154 An e s t e s ia Pe diátrica
Tubo
endotraqueal
120 B
PA Saídado
100 tubo
Fluxômetro 80 PB = Patm = 0
15
60 10 20
Pressão
40 5 25
0 30
20 cm H 2 O
Ar/oxigênio Manômetro
3,5 atm
Fig. 11.17 – Representação esquemática do arranjo para medida de resistência de um tubo endotraqueal. Para cada fluxo ajustado no fluxô-
metro, é realizada a medida de pressão na entrada do tubo endotraqueal (ponto A) utilizando-se um manômetro ou transdutor de pressão.
nesse mesmo ponto A, utilizando-se o transdutor de • as pressões medidas em dois pontos distintos do
pressão. A outra extremidade do tubo, ponto B, está tubo são diferentes quando existe um fluxo através
aberta, ou seja, a pressão no ponto B é a pressão at- do tubo. A pressão diminui no sentido do fluxo;
mosférica. O experimento é conduzido ajustando-se • a diferença de pressão entre dois pontos do tubo
diversos fluxos e medindo-se a diferença de pressão é maior para fluxos mais elevados.
entre os pontos A e B. Como a pressão no ponto B é A diferença de pressão entre os pontos A e B é
a pressão atmosférica (PB = 0), a diferença de pressão a força motriz que movimenta os gases pelo tubo,
entre os dois pontos (PA-PB) é a própria pressão me- vencendo as forças de atrito.
dida pelo transdutor no ponto A (PA). Foram obtidos
A relação entre a diferença de pressão entre dois
os seguintes valores experimentais (Tabela 11.5):
pontos de um tubo, ou via aérea, e o fluxo atra-
vés do mesmo representa a resistência da via aérea
Tabela 11.5 – Medida de pressão com diferentes fluxos (Rva) entre os dois pontos.
Fluxo (l/min) PA-PB (cmH2O)
Rva = (PA-PB)/Fluxo
20 0,5
PA: Pressão na entrada do tubo endotraqueal (cmH2O)
40 1,5 PB: Pressão na saída do tubo endotraqueal (cmH2O)
Fluxo: Fluxo (L/s)
60 3,0 Obs.: 60 l/min = 1 l/s
80 5,0
Para o tubo do experimento pode ser calculada
100 8,0 a resistência para cada fluxo ensaiado.
120 11
Rva = (PA-PB) /Fluxo
Para fluxo = 20 l/min; (PA-PB)= 0,5 cmH2O
Os dados obtidos com esse experimento reve- 20 l/min = 20/60 l/s = 1/3 l/s
lam que: Rva → 20 l/min = 0,5 cmH2O/0,33 l/s = 1,5 cmH2O/l/s
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 155
156 An e s t e s ia Pe diátrica
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 157
Cp Complacência:
Cs r = tg α = Palv-PEEP
Palv Volume
Vo lume
Cct
α
Palv - PEEP
0 10 20 30 40 50
PEEP Pressão
1/Csr=1/C p + 1/Cct alveolar
30
(cmH2O)
20 40
Pressão
10 50
0 60
cm H 2 O
Fig. 11.19 – Representação de um arranjo para determinação da relação entre o volume inspirado e a variação de pressão no interior dos
pulmões, definida como complacência do sistema respiratório. A medida da pressão deve ser realizada em condições estáticas (fluxo zero). A
curva pressão x volume representa a curva de complacência do sistema respiratório (pulmão e parede torácica). A inclinação da curva em um
determinado ponto determina a complacência para o volume considerado. Pelo traçado do exemplo, observa-se que, para volumes baixos, a
inclinação da curva, ou seja, a complacência, é menor.
158 An e s t e s ia Pe diátrica
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 159
160 An e s t e s ia Pe diátrica
30
Fluxo (l/min)
PFE2
Expiratório
-30
PFE1
-60
T1=R1.C1 T2=R2.C2
0,50
Volume (l)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
Tempo (s)
Fig. 11.20 – Traçados das curvas de fluxo, volume e pressão para dois pacientes com mecânicas respiratórias distintas. No exemplo foram
utilizados fluxo inspiratório (30 l/min) e volume (0,5 l) constantes. Pode-se observar que, apesar de apresentarem o mesmo pico de pressão,
as pressões alveolares nos dois pacientes são diferentes. Além disso, no paciente 2, em virtude de uma constante de tempo maior, a exalação
ocorre de forma mais lenta, com o pico de fluxo expiratório menor.
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 161
162 An e s t e s ia Pe diátrica
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 163
%
Pressão de pico inspiratória
63
60
40
Nos ventiladores ciclados a tempo e limitados a
20
pressão, a pressão de pico inspiratória é o fator pri-
0
mário utilizado para determinação do volume cor- 0 1 2 3 4 5 Tempo
rente. Na maioria dos ventiladores modernos, essa Constantes tempo
pressão pode ser selecionada de maneira direta pelo
médico, mas deve-se ter atenção, pois a pressão de Fig. 11.22 – Porcentagem de mudança na pressão em relação ao
pico inspiratória pode mudar se houver alterações tempo (em constantes tempo) para equilíbrio. Quanto mais tempo
é permitido para equilíbrio, porcentagem mais alta de mudança na
na taxa de fluxo ou na relação I:E. pressão ocorre. A mesma regra é válida para mudanças de volume.
Quando níveis iniciais da pressão de pico inspi-
ratória são selecionados, vários fatores fisiológicos
devem ser considerados: peso da criança, idade ges- vistos em pulmões saudáveis. Quando a constante
tacional e pós-natal, tipo e gravidade de doenças tempo do pulmão durante a inspiração ou expira-
associadas, complacência pulmonar, resistência de ção, entretanto, torna-se tão curta que o equilíbrio
vias aéreas e constante tempo do pulmão. A cons- de pressão não ocorre, pode haver a administração
tante tempo, a qual é o produto da complacência e de volumes não adequados ou retenção de ar com
resistência, refere-se à unidade de tempo necessária distensão pulmonar durante a expiração. Esse últi-
para a pressão alveolar alcançar 63% do total da mo fenômeno pode ser importante para o desen-
mudança de pressão na via aérea durante ventila- volvimento de síndromes de perda de ar durante a
ção com pressão positiva. A constante tempo pode ventilação neonatal49.
ser medida durante a inspiração e expiração. Se a Antes da conexão de qualquer paciente ao ven-
duração da inspiração for igual a uma constante tilador, a pressão inspiratória deve ser cuidadosa-
tempo, significa que 63% da variação de pressão mente checada para certificar-se de que ela não es-
da via aérea alcançou os alveólos, com entrada pro- teja insuficiente ou excessiva. O adaptador que se
porcional de volume de gás para os pulmões. Com conecta ao tubo endotraqueal deve ser ocluído, e a
tempo adicional de inspiração para maior equilí- pressão a ferida pelo ventilador observada, com rea
brio de pressão (2 constantes tempo), um adicio- lização de ajustes se necessário. Após a conexão do
nal de 63% da pressão restante se equilibra [total = paciente ao ventilador, o pico de pressão inspirató-
86% → 63% + 63% x 37% restante] e um volume ria deve ser novamente verificado para garantir que
adicional equivalente de gás se segue. Após 3 a 5 não houve mudanças significativas das que foram
constantes tempo, pequenas alterações de pressões observadas antes da conexão. Caso haja alterações
adicionais ocorrem, e então a entrega de volume de superiores a 2-3 cm/H2O, deve-se considerar a
gás está praticamente completa (Fig. 11.22). possibilidade de perda de ar ou oclusões no sistema
Com reduções da complacência, há diminui- respiratório.
ção da constante tempo, e então o equilíbrio de A Tabela 11.7 enumera vantagens e efeitos cola-
pressão ocorre durante curtas inspirações e expi- terais das diferentes faixas de pressão. Barotrauma
rações. Inspiração e expiração, com deslocamento pode ser reduzido com o uso dos menores picos de
de volumes de gás para dentro e fora dos pulmões, pressão inspiratória, e a incidência de perdas de ar
ocorrem em períodos de tempo menores do que os e doenças crônicas pulmonares pode ser diminuí-
164 An e s t e s ia Pe diátrica
• Poucos efeitos colaterais, • Ventilação insuficiente pode • Pode reexpandir atelectasias • Associado com DBP e EPA
especialmente DBP e EPA não controlar a PaCO2 • Aumenta a PaO2 • Pode impedir o retorno venoso
• Desenvolvimento normal do • Pode haver baixa PaO2 • Diminui a PaCO2 • Pode diminuir o débito
pulmão pode ocorrer mais • Atelectasia generalizada pode • Diminui a RVP cardíaco
rapidamente ocorrer
DBP = displasia broncopulmonar; EPA = escape pulmonar de ar; RVP = resistência vascular pulmonar.
da50. Desenvolvimento de pulmões saudáveis pode paciente, da fisiopatologia das doenças que podem
ser também beneficiado por baixos picos de pressão estar envolvidas e dos objetivos do tratamento. Na
inspiratória, entretanto evidências recentes sugerem maioria das situações clínicas, parece ser o PEEP
que mesmo a distribuição de gás pelo pulmão pode ideal a pressão que, abaixo os volumes pulmona-
ser mais importante que baixas pressões. Ventilação res não são bem mantidos, e acima, os pulmões se
com alta freqüência parece diminuir o barotrau- tornam demasiadamente distendidos53. O PEEP
ma em extensão pela mudança na distribuição do selecionado pode ser alterado por outras variáveis
gás51. Deve-se utilizar pressões de pico inspirató- ventilatórias. Por exemplo, se o tempo expiratório
rias adequadas para a geração de volumes correntes é muito curto ou se a resistência da via aérea está
apropriados. Baixo volume corrente conseqüente à aumentada, um grau inadvertido de PEEP pode
baixa pressão de pico inspiratória pode reduzir o ser gerado e adicionado ao nível selecionado54. Esse
volume minuto, ocasionando elevadas tensões de PEEP inadvertido em algumas situações pode con-
CO2 arterial (PaCO2) e hipoxemia. tribuir para a retenção de gás e aumento do poten-
Altas pressões de pico inspiratórias devem, ge- cial para escapes de ar.
ralmente, ser evitadas pelo risco de lesões, como O PEEP estabiliza e recruta volumes pulmona-
pneumotórax e enfisema intersticial pneumome- res, melhora a complacência (até determinado pon-
diastino52. Além disso, pressões intratorácicas ele- to, após o qual a complacência pode diminuir) e
vadas, quando transmitidas ao miocárdio, podem melhora a relação ventilação-perfusão pulmonar55.
reduzir o retorno venoso ao coração e diminuir o A Tabela 11.8 mostra os efeitos do PEEP em
débito cardíaco. Certas condições clínicas, entre- vários níveis. PEEP < 2 cmH2O não é recomenda-
tanto, podem autorizar o uso de pressões de pico do, exceto em raros casos, pois a presença de um
inspiratórias elevadas. Em pacientes com grande tubo endotraqueal anula a mecânica normal da
diminuição da complacência ou com a diminuição via aérea, que tipicamente promove baixo nível de
do volume pulmonar por atelectasia, altos picos pressão positiva ao final da expiração durante res-
de pressão inspiratória podem ser necessários para
piração espontânea56.
manter adequadas trocas gasosas ou reexpandir
áreas colapsadas pulmonares. Baixos níveis de PEEP (2-3 cmH2O) são geral-
mente usados durante fases de desmame da venti-
lação mecânica. Quando esses níveis são aplicados
Pressão positiva do final da expiração (PEEP)
em períodos precoces de uma doença pulmonar,
O uso de PEEP tem-se tornado técnica-padrão podem ocorrer atelectasias com retenção de CO2.
para o tratamento ventilatório do neonato. A sele- Na maioria das circunstâncias clínicas, a ventilação
ção do PEEP apropriado depende do tamanho do do PEEP de 4-7 cmH2O é apropriada. Essa faixa
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 165
• Usado em desma- • Pode ser muito • Estabiliza volume • Pode hiperdisten- • Previne colapso al- • EPA
me baixo para manter pulmonar der pulmões com veolar em estados • Diminui a Cl se
• Manutenção do volume pulmonar • Recruta volumes Cl normal de deficiência de pulmão está hiper-
volume pulmonar adequado pulmonares em surfactante com distendido
em neonatos pre- • Retenção de CO2 estados de defici- grave redução da • Pode impedir o
maturos com baixa ência de surfac- CL retorno venoso
CRF tante • Melhora a distri- • Pode aumentar
• Melhora a relação buição da ventila- RVP
ventilação/perfu- ção • Retenção de CO2
são
CRF = capacidade residual funcional; Cl = complacência; EPA = escape pulmonar de ar; RVP = resistência vascular pulmonar.
permite manutenção apropriada dos volumes pul- que estão sendo utilizados naquele momento. Por
monares, além de minimizar os potenciais efeitos exemplo, FR muito elevadas podem ser utilizadas
colaterais associados com elevado PEEP e hiper- com sucesso se a pressão de pico inspiratória (e
distensão pulmonar. Níveis acima de 8 cmH2O conseqüentemente o volume corrente) e o tempo
são raramente usados em ventilação mecânica con- inspiratório puderem ser reduzidos simultanea-
vencional pelo risco de escapes de ar e redução do mente. Sem essas reduções, altas freqüências po-
débito cardíaco. dem resultar em graves complicações.
Na maioria dos casos, independentemente da
Freqüência respiratória da ventilação seleção de altas ou baixas FRs, o objetivo da terapia
Freqüência respiratória (FR) (Tabela 11.9) é é a redução do barotrauma associado à diminui-
um dos determinantes primários da ventilação ção de perdas de ar e doença crônica pulmonar. As
minuto na ventilação mecânica (ventilação minu- freqüências respiratórias altas e baixas podem atin-
to = freqüência respiratória versus volume corren- gir esse objetivo se o manejo dos ventiladores for
te). Não há estudos conclusivos que demonstram realizado de maneira global. A maioria das com-
a FR ideal para o tratamento das doenças respira- plicações envolvendo a FR ocorre por falha em re-
tórias neonatais. Por exemplo, alguns estudos têm conhecer o impacto da mudança da FR em outros
indicado melhora da oxigenação em altas freqüên aspectos do ventilador. Por exemplo, se elevada FR
cias57(≥ 60 respirações por minuto), enquanto ou- for selecionada, um prolongado tempo inspirató-
tros estudos indicam maior sucesso com freqüên- rio e um inadequado tempo expiratório podem re-
cias menores58(≤ 40 respirações por minuto). As- sultar em diminuição da complacência e retenção
sim como outros controles do ventilador, a melhor de ar, se a constante tempo pulmonar não permite
FR em uma determinada situação depende de di- a adequada saída de gás.
versas variáveis, incluindo o tamanho da criança, Além disso, é essencial que a capacidade do ven-
tipo e estágios de doença pulmonares associadas, tilador em uso seja examinada para se certificar de
presença de complicações e resposta clínica. Além que o que foi selecionado para o paciente está, na
disso, com o surgimento dos ventiladores de alta verdade, sendo oferecido pelo aparelho. Boros et al.
freqüência, observa-se que a FR pode ser impor- mostraram que há uma grande variação entre os
tante somente como referência a outros controles ventiladores que trabalham nas modalidades con-
166 An e s t e s ia Pe diátrica
• Aumento da PaO2 • Pode aumentar a • Simula FR normal • Pode não pro- • Alto PaO2 (pode • Pode exceder a
com aumento da PPI para manter a • Trata efetivamente mover adequada ser resultado de constante tempo e
PMVA ventilação a maioria das ventilação em retenção de ar) levar à retenção de
• Útil em desmame • Aumento da PPI doenças neonatais alguns casos • Pode permitir ar
• Usado em venti- pode causar baro- • Geralmente não diminuição da PPI • Pode causar PEEP
lação com onda trauma excede a constante e VC inadvertido
quadrática • Pode requerer rela- tempo pulmonar, • Hiperventilação • Pode haver mu-
• Usado com rela- xamento muscular retenção de ar pode ser útil em danças na Cl
ção I-E invertida improvável HPPN • VC e ventilação
• Pode reduzir minuto inadequa-
atelectasias (por dos se somente
retenção de ar?) espaço morto é
ventilado
PMVA = Pressão média de vias aéreas; PPI = pressão de pico inspiratória; FR = freqüência respiratória; VC = volume corrente; PEEP =
pressão positiva no final da expiração; HPPN = hipertensão pulmonar persistente do neonato; Cl = complacência pulmonar.
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 167
• Aumento da PMVA • Pode haver • Simula padrão de • Esvaziamento • Útil durante o • Baixo TI pode
• Aumento da PaO2 tempo expiratório respiração natural insuficiente em desmame, quando diminuir VC
na SDR insuficiente • Pode ser a melhor altas FR a oxigenação não • Pode ser
• Pode melhorar a (retenção de ar) relação em altas é problema necessário alto
distribuição da • Pode impedir o FR • Pode ser útil em fluxo, o que pode
ventilação em retorno venoso doenças como a não ser ideal para
pulmões com • Aumenta a RVP SAM, quando a a distribuição de
atelectasias e piora doenças retenção de ar é ventilação
como HPPN e DCC parte da doença • Pode ventilar mais
• Piora EPA espaço morto
PMVA = pressão média de vias aéreas; FR = freqüências respiratórias; TI = tempo inspiratóri; VC = volume corrente; SDR = síndrome do
desconforto respiratório; SAM = síndrome de aspiração de mecônio; RVP = resistência vascular pulmonar; HPPN = hipertensão pulmonar
persistente do neonato; DCC = doenças cardíacas congênitas; EPA = escapes pulmonares de ar.
• Lentifica tempo inspiratório • Hipercapnia, se o fluxo não é • Produz padrão ventilatório • Aumenta barotrauma
• Menos barotrauma às VAs adequado para remover o CO2 com curva quadrática • Em moderadas e graves
do sistema • Aumenta a PaO2 SDRs, pode produzir mais
• Em altas FRs, baixo fluxo pode • Necessário para manter alta lesões de VA
não permitir que a máquina PPI, com altas FRs
alcance PPI • Previne retenção de CO2
• Diminui a PaO2 em alguns
casos
FR = freqüência respiratória; PPI = pico de pressão inspiratória; SDR = síndrome do desconforto respiratório; VA = vias aéreas; PPI =
pressão de pico inspiratória.
168 An e s t e s ia Pe diátrica
PPI PPI
30 30
Pressão
20 20
10 10
Fig. 11.23 – Comparação entre as formas de curvas do ventilador. A = forma sinusóide. B = forma quadrada.
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 169
• Aumento suave da pressão • Reduz a PMVA • Alta PMVA para equivalente • Com altos fluxos, a ventilação
• Mais parecido com padrão PPI pode estar aplicando altas
respiratório normal • Tempo maior em PPI pode pressões a VA normal e alvéo-
abrir áreas atelectasiadas e los
melhorar a distribuição da • Impede o retorno venoso se
ventilação longo TI é usado ou se a rela-
ção I-E está invertida
PMVA = pressão média de vias aéreas; PPI = pressão de pico inspiratória; VA = via aérea; TI = tempo inspiratório.
170 An e s t e s ia Pe diátrica
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 171
172 An e s t e s ia Pe diátrica
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 173
174 An e s t e s ia Pe diátrica
Idade (Anos) TET (DI em mm) BPB (Fr) Univent® TDV (Fr)
0.5-1 3.5-4.0 5
1-2 4.0-4.5 5
2-4 4.5-5.0 5
4-6 5.0-5.5 5
6-8 5.5-6.0 5 3.5
8-10 6.0 c/ balonete 5 3.5 26
10-12 6.5 c/ balonete 5 4.5 26-28
12-14 6.5-7.0 c/ balonete 5 4.5 32
14-16 7.0 c/ balonete 5 6.0 35
16-18 7.0-8.0 c/ balonete 5 ou 9 7.0 35
TET = tubo endotraqueal (Sheridan® Tracheal Tubes; Kendall Healthcare, Mansfield, MA, EUA); BPB = bloqueadores pulmonares por balo-
netes (Cook Critical Care, Inc., Bloomington, IN, EUA); TDV = tubo de duas vias (26 Fr = Rusch, Duluth, GA, EUA; 28-35 Fr = Mallinckrodt
Medical, Inc, St. Louis, MO, EUA); DI = diâmetro interno; Fr = numeração francesa; Univent = Fuji Systems Corporation, Japão.
priado para a técnica de assistência ventilatória lí- metem a essa modalidade ventilatória. Oclusões
quida escolhida. Por exemplo, a pressão de vapor do tubo endotraqueal por debris, interferindo com
dos fluidos influencia a taxa de evaporação nos as trocas gasosas e necessitando de aspirações vi-
pulmões, e a viscosidade, a distribuição e pressões gorosas, têm sido relatadas. Não está claro se esses
necessárias para as técnicas de assistência ventila- debris representam secreções alveolares e pulmona-
tória88,89. res profundas que não seriam mobilizadas ou uma
A combinação das propriedades físico-químicas resposta exsudativa ao líquido90. Doses e estratégias
dos líquidos PFCs e os efeitos biofísicos destes na de manejo ventilatório estão sendo refinadas para
mecânica pulmonar suportam as respostas fisioló- otimizar a resposta e melhorar o custo benefício do
gicas. Em virtude da relativamente baixa tensão su- tratamento91-93.
perficial, alta solubilidade dos gases respiratórios e Apesar dos resultados positivos de estudos recen-
altos coeficientes de dispersão, o líquido PFC subs- tes e da avidez dos pesquisadores em neonatologia
titui a interface gás-líquido pela líquido-líquido. em querer comparar a assistência ventilatória líqui-
Como a pressão transmural através da membrana da com outras intervenções terapêuticas, como te-
alvéolo-capilar é diminuída, o fluxo sangüíneo pul- rapia com surfactante exógeno, somente um estudo
monar é mais homogêneo nesse ambiente preen- com ventilação líquida em adultos está sendo feito
chido por líquido em comparação com o pulmão atualmente. Isso ocorre por causa dos requisitos da
preenchido por gás. indústria e das agências reguladoras para que a assis-
tência ventilatória líquida seja demonstrada como
As pesquisas têm conduzido o uso de líquidos
segura em grande número de adultos antes da pes-
PFCs em numerosas aplicações: assistência ventila-
quisa em crianças. Acredita-se que, uma vez provada
tória líquida parcial ou total, administração de dro-
a segurança e eficácia dessa modalidade ventilatória
gas, expansão e crescimento de pulmão hipoplási-
em adultos, estudos controlados em grande escala
co, estudos de imagem e citoproteção pulmonar.
serão iniciados em crianças e recém-nascidos.
Relatos do emprego clínico da assistência ven-
tilatória líquida têm descrito pouquíssimos efeitos Ventilação de alta freqüência
adversos. O preenchimento com líquido, e subse-
qüente ventilação, tem sido bem tolerado apesar Ventilação de alta freqüência (VAF) é uma for-
das condições instáveis dos pacientes que se sub- ma de ventilação mecânica que utiliza pequenos
M a nus ei o d e Vi a s A é r e a s e Ve n t i l a ç ã o 175