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KARINA BUHR LANÇA SELVÁTICA, SEU TERCEIRO DISCO AUTORAL

Guiada pela temática feminista, Karina Buhr lança, Selvática, seu terceiro álbum de
carreira, totalmente autoral. O disco foi produzido e gravado por Bruno Buarque,
MAU, André Lima e Victor Rice, nos estúdios da YB em São Paulo, e conta com
colaborações dos músicos Edgard Scandurra, Fernando Catatau, Guizado e Manoel
Cordeiro, entre outros.

Selvática traz também as participações indômitas de Elke Maravilha e Denise Assunção


na faixa que dá nome ao disco e Cannibal (Devotos do Ódio) em Cerca de prédio. No
palco, Karina é acompanhada por MAU (baixo), Bruno Buarque (bateria), André Lima
(teclados), Fernando Catatau (guitarra), Edgard Scandurra (guitarra).

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* Para escrever sobre Selvática, Karina Buhr convidou a jornalista especializada em


música Patrícia Palumbo.

COMA! por Patricia Palumbo

Karina com as pernas de fora, Karina de cabelo amarelo, Karina enrolando o cabo do
microfone no pescoço, Karina se desconstruindo, dessacralizando o papel da mulher,
no palco ou fora dele. Isso de ser comportada e quietinha nunca foi a dela. Mulher não
pode cantar e bater tambor? Bora fazer uma banda só pra isso! Com o Comadre
Florzinha ela e mais uma turma de talentosas inquietas cantaram e batucaram não só
em Pernambuco, mas pelo mundo afora.

Selvática é um disco coerente com essa trajetória. Temática e musicalmente. Não


esperava menos de quem ganhou até Wanderlea cantando Eu Menti Pra Você. Uma
dessas letras maravilhosas que brincam de confundir. Nessa safra, Karina está apurada.
Não deixe de ler, por favor!

Não por acaso, Selvática vem da Bíblia. Justamente na passagem da serpente que
oferece o fruto proibido, do nascimento do tal pecado original, da culpa da mulher.
Que maldito pecado é esse? Essa mentira doente. Não é nada disso, alguém fez
confusão, já cantou Rita Lee. Karina canta o incômodo, canta o inconformismo com a
grande sacanagem que é a interpretação dessa passagem que leva mulheres à morte
muitas vezes. E não economiza no peso, os temas são fortes como é forte a levada, o
heavy metal, o punk rock que acompanha a mensagem. São 3 petardos no meio do
disco: PicNic, Esôfago e Cerca de Prédio. Essa última sobre a ocupação que destrói
nossas cidades em nome da ganância, isso sim, pecado!
Dragão abre o disco explicitando o recado. Essa moça tem estrada e sabe a que veio.
Mas não se deixe enganar, Eu sou um Monstro chama na chincha, não te deixa
escapar, seja homem ou mulher, tome tenência! Conta Gotas tem o lirismo de Chão de
Estrelas e a dor de Nassíria e Najaf. Vela e Navalha é linda, pura poesia em letra e
música, se é que me entendem...

Levada delicia em Rimã, a mesma que me encantou em Sonhando, primeira música


que ouvi de Karina Buhr. Alcunha de Ladrão é uma crônica que tem a luxuosa presença
da guitarra do mestre Manoel Cordeiro. Desperdiço-te-me é uma canção de amor
dessas de Karina, de letras de sonho, de explicar confundindo. Adorável.E Selvática é
um rock’nroll manifesto, com as furiosas e indispensáveis Elke Maravilha e Denise
Assunção. Fechando o disco na porrada!

A banda está afiadíssima. Pontiaguda, precisa, poderosa. Essa turma se formou lá nos
shows do primeiro disco, quando entraram as guitarras de Catatau e EdgardScandurra.
Com Guizado, Mau, Bruno Buarque, André Lima e Karina formam um timaço no palco
e nos estúdios. A sonoridade é única e inconfundível. Uma panela cheia de referências,
com sotaques diversos, pernambucano inclusive.Agora, vamos botar Selvática na
vitrola! Mastigue, engula, coma!Karina pós-punk, pós-tropicalista, pós-tudo-
enfrentando-leões. Doce e feroz. Karina Buhr é uma maravilha curativa! Caia de boca
no delicioso fruto que Selvática lhe oferece.

Contato:
Luan Granello
luan@maquina.art.br
www.karinabuhr.com.br

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