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Anatomia do Core abdominal e Pavimento pélvico/ Relação

Parede abdominal anterolateral


A parede é musculo-aponeurótica, exceto a parede posterior, e estende-se da
caixa torácica até à pélvis. O limite superior é formado pelas cartilagens das 7ª-10ª
costelas e o processo xifóide do esterno; o limite inferior é o ligamento inguinal e as
margens superiores das faces anterolaterais do cíngulo do membro inferior (cristas
ilíacas, cristas púbicas e sínfise púbica) (Moore, Dalley, & Agur, 2011).
A parede abdominal anterolateral tem 5 músculos: 3 músculos planos (oblíquo
externo, oblíquo interno e o transverso) e 2 músculos verticais (reto abdominal e
pequeno piramidal) (Moore, Dalley, & Agur, 2011).

Função

Os músculos da parede anterolateral (Moore, Dalley, & Agur, 2011):


 formam uma sustentação forte e expansível;
 sustentam e protegem as vísceras abdominais contra lesões;
 comprimem o conteúdo abdominal para manter ou aumentar a pressão
intra-abdominal e, assim, fazem oposição ao diafragma (aumento de pressão facilita a
expulsão);
 movem o tronco e ajudam a manter a postura.
Os músculos oblíquos e transversos do abdómen, agindo juntos bilateralmente,
formam um cinturão que exerce pressão sobre as vísceras abdominais. O músculo reto
do abdómen participa pouco, ou nada, nessa acção. A compressão das vísceras
abdominais e o aumento da pressão intra-abdominal elevam o diafragma relaxado para
expelir o ar durante a respiração, assim como para tossir, espirrar, assoar o nariz ou
gritar. Quando o diafragma contrai durante a inspiração, a parede anterolateral expande-
se e os seus músculos relaxam, libertando espaço aos órgãos empurrados para baixo. As
acções combinadas destes músculos também produzem a força necessária para
defecação, micção, vómito e parto. O levantamento de peso também causa aumento da
pressão intra-abdominal (Moore, Dalley, & Agur, 2011).
Os músculos anterolaterais do abdómen também participam nos movimentos do
tronco nas vertebras lombares e no controlo da inclinação da pélvis. O músculo reto do
abdómen é um forte flexor da região torácica e, sobretudo, da região lombar,
aproximando a margem costal anterior da crista púbica. Os músculos oblíquos do
abdómen também auxiliam os movimentos do tronco, principalmente, na flexão lateral e
rotação da coluna lombar e torácica inferior (Moore, Dalley, & Agur, 2011).

Parede abdominal posterior

A parede abdominal posterior é formada pelos músculos psoas, quadrado


lombar, ilíaco, transverso do abdómen e oblíquos do abdómen (lateralmente) e o
diafragma, que contribui para a parte superior da parede posterior (Moore, Dalley, &
Agur, 2011).

Pavimento pélvico
O pavimento pélvico é formado pelo diafragma pélvico e, na linha média
anterior, pela membrana perineal e os músculos da região perineal profunda (Drake,
Vogl, & Mitchell, 2005).
O diafragma pélvico é a parte muscular do pavimento pélvico. Tem a forma de
um funil e fixa-se superiormente às paredes pélvicas, consistindo nos músculos
levantador do ânus e coccígeo (Moore, Dalley, & Agur, 2011).
Os músculos levantadores do ânus dividem-se em pelo menos 3 conjuntos de
fibras musculares: o pubococcígeo, o puborretal e o iliococcígeo (Moore, Dalley, &
Agur, 2011):
 pubococcígeo: origina-se no corpo do púbis e dirige-se posteriormente
para se fixar ao longo da linha média até ao cóccix. Esta parte do músculo subdivide-se
em puboprotático (levantador da próstata), pubovaginal e puboanal.
 Puborretal: origina-se no púbis e forma uma alça em torno da parte
terminal do trato gastrointestinal. Esta alça muscular forma um ângulo que mantém
fechada a extremidade final do sistema gastrointestinal.
 Iliococcígeo: origina-se na fáscia que cobre o músculo obturador interno.
Une-se ao mesmo músculo do lado contrário para formar um ligamento que se estende
da abertura anal ao cóccix.
Os músculos levantadores do ânus ajudam a sustentar as vísceras pélvicas e
mantêm o funcionamento do reto e da vagina. São inervados directamente por ramos do
ramo anterior de S4 e por ramos do nervo pudendo (S2 a S4) (Moore, Dalley, & Agur,
2011).
Os dois músculos coccígeos, um de cada lado, têm forma triangular e ficam
sobre os ligamentos sacroespinais. Fixam os seus ápices às pontas da espinhas
isquiáticas e, as suas bases, às margens laterais do cóccix e sacro. Estes músculos
coccígeos são inervados por ramos dos ramos anteriores de S4 e S5 e participam na
sustentação da parte posterior do pavimento pélvico (Moore, Dalley, & Agur, 2011).

O períneo é uma região em forma de diamante posicionada inferiormente ao


pavimento pélvico entre as coxas. O seu limite periférico é a saída pélvica (abertura
pélvica inferior); o seu teto é o diafragma pélvico (os músculos levantador do ânus e
coccígeo); e as suas paredes laterais estreitas são formadas pelas paredes da cavidade
pélvica abaixo da fixação do músculo levantador do ânus (Moore, Dalley, & Agur,
2011).
O períneo divide-se em um triângulo urogenital anterior e um triângulo anal
posterior (Moore, Dalley, & Agur, 2011):
 triângulo urogenital associa-se às aberturas dos sistemas urinário e
reprodutor e funciona ancorando a genitália externa.
 triângulo anal contém o ânus e o esfíncter externo a ânus.
O nervo pudendo (S2 a S4) e a artéria pudenda interna são os principais da
região.
A região superficial do períneo contém:
 estruturas eréteis que se unem para formar o pênis, nos homens, e o
clitóris nas mulheres;
 músculos esqueléticos que se associam principalmente a partes das
estruturas eréteis fixadas à membrana perineal e osso adjacente.
A região superficial do períneo contém três pares de músculos: o
isquiocavernoso, o bulboesponjoso e o transverso superficial do períneo. Dois destes
pares de músculos associam-se às raízes do pénis e do clitóris; o outro par associa-se ao
corpo do períneo (Moore, Dalley, & Agur, 2011).
Pavimento pélvico: o assento da respiração e do controlo postural
Os músculos do pavimento pélvico (MPP) devem contrair durante tarefas que
elevem a pressão intra-abdominal, para contribuem para o aumento da pressão e para
manter a continência. Evitar a depressão do colo da bexiga requer a actividade destes
músculos face ao aumento da pressão intra-abdominal. Cada vez mais, há uma
associação evidente entre dor lomba crónica, continência e distúrbios respiratórios. Se a
respiração e a postura não forem corretas, é mais provável ter dor lombar crónica e
desenvolver incontinência (Key, 2013).
Os músculos do pavimento estão ativos como parte da " sinergia estabilizadora",
participam na modulação da respiratória e têm maior atividade na expiração. A
atividade desta musculatura em repouso também é maior em pé e é afetada pela postura
lombo-pélvica, sendo maior em uma postura com diminuição da lordose (o que não é
necessariamente uma coisa boa, uma vez que distúrbios de incontinência têm sido
associados a um aumento da actividade destes músculos e dos oblíquos externos) (Key,
2013).
A contracção voluntária dos MPP normalmente cria uma co-contração dos
músculos abdominais, com maior ativação do transverso com a coluna em extensão; e
do oblíquo externo com flexão da coluna. Da mesma forma, voluntários menores a
ativação dos abdominais inferiores resultam na ativação reflexa dos MPP que ocorre
antes do aumento da pressão intra-abdominal. Os MPP também contribuem para
biomecânica da pélvis. A actividade excessiva dos MPP provoca a contranutação do
sacro e cóccix, que coloca a articulação sacro-ilíaca na sua posição menos estável. A
capacidade de alongar excentricamente os MPP é importante nos "padrões fundamentais
de controlo pélvico", que suportam os mecanismos de controlo axial saudáveis (Key,
2013).
A pressão intra-abdominal é gerada quando o diafragma desce, criando
simultaneamente a contracção reflexa do transverso abdominal e dos MPP. Esta pressão
positiva é uma resposta estabilizadora automática e antecipatória, que age como um
balão insuflado, fornecendo suporte da coluna anterior e pélvis e tencionando a fáscia
toracolombar. É importante que os níveis de actividade e o timing de contração entre o
diafragma e o transverso com os MPP sejam bem equilibrados. Os problemas surgem
quando algum dos componentes é excessivamente activado ou pouco activado,
quebrando o padrão de equilíbrio da coordenação, levando à perda do controlo postural,
alteração da respiração e continência (Key, 2013).

Bibliografia
Drake, R., Vogl, W., & Mitchell, A. (2005). Gray´s Anatomia para estudantes. Elsevier.

Key, J. (2013). ‘The core’: Understanding it, and retraining its dysfunction. Journal of
Bodywork & Movement Therapies.

Moore, K., Dalley, A., & Agur, A. (2011). Anatomia Orientada para a clínica. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan.

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