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Prefácio
Julgar a beleza 5
2 A beleza humana 4
3 A beleza natural 60
4 A beleza do quotidiano 78
5 A Beleza Artística 92
6 Gosto e ordem 22
7 Arte e eros 34
8 Fuga à beleza
9 Pensamentos nais 72
Notas e leituras cmplementares 75
Índice onomástico 89
como explicar
e porque o ugar de
la mentamos relevo
o cto que
se diasso
beleza ocupa
se trata nasa nossas
de beleza vdas
es tar a
desaparecer do n osso mundo? Será verdade , co mo sugeriram tantos
escritores e artistas desde Baudelaire a Nietzsche, que a beleza e a
bondade pod em divergir e que uma coisa pod e ser bela pre cis amen
te por causa da sua imoralidade?
Além disso, uma vez que é natral que os gostos variem, como
pode o gosto de uma pesso a serir de critério par a arir o de outra?
Como é possível dizer, por exemplo, que um certo tipo de música
é superior
apenas ou inerior
o gosto daquelea outro,
que o sse os juízos comparatios reectem
z?
Est e relativism o, ho je miliar , levou algumas pes soas a reje itarem
os juízos de beleza por serem puramente «subjectivos» Os gostos
não se discu tem, amenta m, po is quando se critica um gosto mais
não se z do que expressar um outro; assim sendo, nenhum ensi-
namento ou aprendizagem pode vir de uma «crítica» Esta atitde
}
RG SON
cosNste
so relivro sugiro
a eleza qué são
Esta ijustifc
, deendo , umados sts
valor pn samento
verdadeiro s cépti
e univer sal,
ancorado na nossa natureza racional, desempenhando um papel in-
dispensável na constituição do mundo humano O meu tratame-
to do tópico não é histórico; nem me preocupo em oerecer uma
explicação psicológica, e muito menos evolucionista, do sentido da
eleza A mia a ordagem é flosóf ca e as oras dos flóso s são
as principais ntes da mia armentação O escopo deste livro é
desenvolver uma argmentação conceida para introduzir um pro
lema flosófco
gmas partese enco rajálo
do livro a si, leitor,
vieram a responderl
à uz em he
escritos anteriores e es
tou grato aos editores do British Joual ofAesthets, do Times Lite
ra Supplemente do City Joual, pela autorização que deram para
reescrever material que já tinha aparecido nas suas pinas Estou
tamém grato a Christian Brer, Malcolm Budd, Bo Grant,
]ohn Hyman, Antho ny OH ear e David Wi ins, pelos comentários
[ 2 }
ZA
Spevie Virnia
Maio de2008
[3}
1
) Z
no tecido da reaidade. Eas são criada s pela nos sa própri a capaci da-
de de criar associações. Quando estão em jogo metáras, o impor-
tante não é per ceer qual a p roprie dade que sust ituem , mas antes
a experi ência que elas sug ere m.
A paavra «eo» nunca é haitualmente usada como metára,
mesmo se, como acontece em muitos casos, ea se aplica indefni-
damente a diversas categorias de ojectos. Porque dizemos, então,
que uma coisa é ea? O que queremos dizer com isso e que estado
de espírito é ex presso pe lo nosso juízo?
r6}
ZA
atraído por uma mulher pode ser tentado a char os olhos aos vícios
dest a e, ne ste ca so, a elez a é inimiga da ondad e (C Aé Prév ost ,
Manon Lescaut, que desc reve a ruína moral do Chevalier des Gerieux
por causa da ela Manon ) Partimo s do princípio de que a ondade e
a verdade nunca compe tem e que a procura de uma é se mpre co mpa-
tível com o respeito devido à outra A procura da eleza, no entan-
to, é sempre mais questionável De erkegaard a Wilde, o modo
de vida «es tético », no qual o supremo valor é a eleza, opunhase à
vida virtuosa O amor pelos mitos , istórias e rituais, a necessidade
de consolo e harmonia, o desejo prondo da ordem, têm atraído
as pessoas para crenças religiosas, independentemente da verdade
dessas crenças A prosa de Flauert, a imaginação de Baudelaire, as
harmonias de Wagner, as rmas sensuais de Canova, ram, todas,
acusadas de imoralidade (por aqueles que culpa vam es tes homens de
encorirem a malvadez com cores sedutoras)
Não temos de estar de acordo com tais juízos para aceitarmos a
conclusão por ele s sugerida O es tatuto da elez a enquanto valor úl-
timo é questionável, coisa que não acontece nos casos da verdade
e da ondade Devemos dizer que esta via para a compreensão da
eleza não se are cilmente ao pensador moderno A confança
com que antigamente os flós os a trilhavam devese ao pres supos-
to, já explícito nas Enéadasde Pltino, de que a v erdade, a eleza e
a ondade são atriutos da divindade, rmas pelas quais a unidade
divina se dá a co nhecer a si mesma à alma humana A v isão teológica
i retocada, para consumo cristão, por S. Tomás de Aquino e in-
corporada no raciocínio sutil e ara ngente pelo qual este flóso é
justamente amoso Porém, tratase de uma visão que não podemos
aceitar sem nos comprometermos com posições teológicas (propo
nho, por is so, que seja , por ora, po sta de lado)
Apesar
numa disso , a pronda
difculdade visão de S.daTomás merec
flosofa e rerência,
da eleza po isconsi
S. Tomás ela toca
derava a verdade, a ondade e a unidade como «transcendentais»
características da realidade que todas as coisas possuem, visto que
são aspectos do ser, modos pelos quais a dádiva suprema do ser se
maniesta ao entendimento As perspectivas de S. Tomás sore a
eleza têm mais de tácito do que de elícito De qualquer modo,
RG SON
ns tsmos
8}
ZA
«Üh, no que me diz respeito, o meu juízo nada vale. Quando olho
para uma pessoa que respeito, acho-a sempre bem parecida Mas,
quando disse que ele era feio, não estava senão a repetir a opnião
geral»
Um paradoxo
2o}
ZA
( 2
ROG SCUON
representada (fcando
sido travada por estarridos
uma causa com o cto
tão desprovida d e ende uma guerra
canto) ter
Est ive meio
apaixonado pela muler retratada no segndo quarteto de Janácek
e meio apaixonado pela muler imortalizada em Tristão e Isolda.
Estas oras prestam um testemunho irrepreensível à eeza que as
inspirou No entanto, para meu desgosto, as tografas de Kamila
Stsslová e de Matilde W esendonck deixam ver dois camaeus de-
sajeitados
O paradoxo é , po rtanto, o seginte: o juízo de ele za z uma a le-
22}
ZA
Beleza a
importante neste momento introduzir o nosso segundo truísmo
Podemos, muitas vezes, comparar coisas e hierarquizálas em -
ção da sua ee za, e há ainda a el eza mínima a elez a num grau mí-
nimo, que parec e, à primeira vista, astada das eezas « sagradas» da
arte e da Natureza que os flósos discutem Há um minimalismo
esté tico exempifcado pel o pôr da mesa, pe la arrumaçã o do quarto,
pela con struçã o de um website Este minimaismo parece à primeira
vista mui to astado do heroísmo esté tico exempl ifcado pela Santa
Teresa
Não nosemÊxtase de Bernini
empenhamos nest eou pelode Cravo
tipo Bemquanto
coisa tanto Bee dthoven
Temperado e Bach
o ez na composi ção dos seus útimo s quarteto s, nem e speramos que
uma coisa deste géner o fque para a eternidade ent re os po ntos altos
[23
RG SUTON
o únicoasadjectivo
vamos quesua
coisas pela usamos ao zermos
elegância, juízos deste
complexidade tipo refnada;
e patine Lou-
admiramos a música pela sua epressividade, disciplina e sentido da
ordem ; apreciamos o onto, o en cantador e o atractivo e sentimo
nos equentemente mais c onfantes ao zermos tais juí zos do que
qando amamos mais genericamente que uma coisa é ela Falar
da el eza sigifc a entrar num outro patamar, mais elevado um
RG SUON
eeito.
[6]
EEZA
portância
livro. Aquiloàsque
palavras, incluindo
interessa, a palaa
antes de mais, é que
dee
certo otipo
tema
de deste
juízo,
para o qu o termo técnico «estético» é usado com ente. Deve-
mos reter na memória a ideia de que há um valor estético supremo,
para o qual o termo «eleza>> deverá reserarse se quisermos ser mais
precisos. De momento, no entanto, é mais importante compreender
a eleza no seu sentido haitua, enquanto ojecto do juízo estéti co.
RGE SUTON
à nossa
ela, percepção,
começamos e o nosso
a lar da suainteresse é captado inteiramente
eleza, independentemente por
de nela
vislumra rmos qualquer utilidade
Esta id eia ez surgir no sé culo VII uma importante d istinção en
tre as elasartes e as artes úteis Estas, como a arquitectura, a tape
çaria e a carpintaria, têm uma nção e podem ser julgadas avaliando-
se se é em desempenhada Mas não é ao cto de desempenharem
bem a sua nção que se deve a eleza de um edicio ou de ma
carpete Quando nos reerimos à arqitectra como uma ae útil,
entizamos um outro aspecto
diz er dela
aquele
oraqe
está uitectura
para l á dapode
uti
lidade Estamos a querer que uma de arq
ser aprecia da não apenas como um meio p ara atin gir determi nado
fm, co mo tamém sendo um fm em si mesmo , algo com signifc ado
intrínseco Ao deateremse com a distinção entre as elasartes e
as artes úteis (les beaux as et lesas utiles), os p ensadores iluministas
deram os primeiros passos na moderna concepção da ora de arte
como algo cujo valor reside em si e não no se propósito «A arte é
toda ela inút il», es creveu Osc ar Wilde, não querendo, não ostante ,
negar que a arte produz e eito s poderos os , se nd o a sua própria pe ça
dramáica Salomém somrio exe mplo dis so esmo
Dito is to, devemos reconhecer que a distinção entre ineresse es
tético e interesse utilitário não é mais clara do que a lingem que
a dee O que querem exactamente dizer aqueles que afrmam es
tarem interessados num a ora de arte pela obra de ae,em virtude do
seu valor inteco, como u m em si mesma Este s termos são tecni
28}
EEZA
cism os do s flóso s, que não indiciam qua lquer contraste clar o entre
o interes se est ético e o ponto de vista utilitário imposto pela neces-
sidade de termos de tomar decisões no diaadia Outras épocas não
reconheceram a distinção que ora tão equentemente zemos
entre arte e ocios A nossa palavra «poesia» vem do grego poiesis, a
aptidão para zer coisas, e a aes romana compreendia todo o tipo
de empreendimento evar a sério o nosso segndo truísmo acerca
da eleza é se r cépti co relativa mente à ideia do elo como um domí-
nio à pte, não manchado pelas nece ssidades práticas mundanas
De qualquer maneira, talvez não precisemos de fcar demasiado
transtoados por esse om senso céptico Mesmo que não seja ada
claro o que se quer dizer com valor intrínseco, não temos difculdade
em entender alguém que diz, de uma pintura ou peça musical pela qual
se sente atraído, que podia fcar a oála ou a oula para sempre, ape-
sar de não ver outro propósito além do cto de se senti r atraído
De se o indivduo
Suponhase que a Raquel aponta para uma pêra que esá numa ru
teira e diz: «Quero aquela pêra» Suponhase ainda que você lhe dá
outra pêra
«Não, qe pêra
é aquela está que
na mesma eira
eu quero» Vocêefcaria
que a intrigado
rapariga responde:
com isto
Qualqer outra pêra seiria pereitamente, se a ideia é comer a
pêra «Mas é isso mesmo», diz ela, «eu não quero comêla Quero
aquela pêra ali Nenhuma outra me see » O que há nesta pêra que
atrai a Raquel? O que elica a sua insistência e exigir esta pêra e
nenhuma outra?
O juízo de eleza poderia exp licar este e stado de espírito: « Quero
aquela pêra por ela ser tão ela» Querer al guma coisa pela sua eleza
é querêla a ela e não querer zer a lgo com ela Por outro lado, se a
Raquel segurasse a pêra, se a voltasse e a estudasse de to dos os âng-
los, não poderia dizer «Bom, é isto, estou satiseita» Se ela queria a
pêra pela sua eleza, não se pod eria ati ngir um ponto em que o seu
dese jo pude sse ser satiseit o, nem haveria algma acção, proce sso ou
qualquer outra coisa, na sequência dos quais o desejo se extinguis
se e acaasse A rapariga poderia querer inspeccionar a pêra devido
RG SUTON
terapêuticoe nãoquente
por um ano musicaouPodia
por umter susti
pas seiotuído o qua rteto
a cavalo de Migu
terapias ozart
al-
mente ef cazes para acalmar os neos Porém , o quarteto de Hayd n
não pod e sustituir o interes se que teno no de Moz art pela simple s
razão de que o meu interesse no quarteto de Mozart está centrado
neste quarteto, peo que ele é em particuar e não por causa de qual
quer outro propósito que lhe seja dado
[3 o}
EEZA
Uma adveênc ia
Há um perigo envolvido quando se leva a sério a distinção vinda do
século entre elasart es e artes úteis Segndo uma certa inte r
pretação, esta distinção pode dar a ideia de que a utilidade de algo
um edicio, uma erramenta, um carro deve ser inteiramente posta
de ladoem qualquer juízo sore a sua eleza Ter eeriênc ia da ele-
za, p ode parece r, implica que dev emos concentrarn os na rma pura,
separada da utidade Mas assim estamos a ignorar que o conheci-
mento da nção é um preliminar vital para a eeriência da rma
Suponhase
uma ca, um queerro
uma de
pessoa coloca
limpar na sua
cascos, um mão um um
isturi, oject o inusitado
ornamento ou
qualquer outro Supoase tamém que essa pessoa e pede a sua
opinião sore a eleza do ojecto Não seria certamente um contra-
senso s e dissess e que não podia ter qual quer opinião sore o assunto
antes de conhece r a suposta nção do oject o Ao fcar a saer que se
trata de uma cal çadeira, poderia então responder: sim, para calçadeira
até é muito ela; se sse uma ca seria uma coisa mal eita
O arquitecto Louis Sullivan i mais longe, argumentando que a
ele za naa arquit
quando rma ectura
segue a(e,nção
por implicaç ão, npalavras,
Por outras as outras arte
temoss úteis) sur ge
experiên-
cia da eleza quand o perceem os co mo a nção de uma cois a gera
as suas características oseáveis e é delas expressão O slogan «a
rma segue a nção» toouse a partir de então uma espécie de
maniesto, ten do persuadido t oda uma geração de arqu ite cto s a tra-
tarem a eleza como um suproduto da ncionalidade e não como
o oj ectivo determi nante (como era para a escola de elasa rtes c on-
tra a qual Sullivan se reelava)
Há aqui u ma pronda controvérsia, cu jo s con tornos se tornarão
claros apenas à medida que o argumento deste livro r desenvol-
vido Juntemos uma advertência à advertência, oserando que, ao
contrário do que pe nsa Sulivan, quando alamos de ela arquite ctu-
ra a nção segue a rma O uso dado a elos ediícios muda e edi
cios inteiramente ncionais são deitados aaixo A Santa Sofa em
stamul i c onstruí da para ser igr eja, tendo sido transrmada em
[3 1}
RGE SUON
A belez a e os se ntidos
Existe uma vela perspectiva que considera a eleza um ojecto de
deleite
tar nae sua
senorial
envolvidos ão apre
intelectual
ciação ePor
queesse
os sentid os têm
m otivo, sempre
quando de es-a
a osof
da arte toma consciênci a de si mesma, no princípio do século xvm
autoproclamouse «estética», do grego aisthesis, sensação Quando
Kant escreveu qe o elo é aquilo que compraz imediatamente e na
asência de conceito,emelezou ricamente esta tradição de pensa
mento S. Tomás tamém parece ter de endido a ideia, defnindo o
elo na primeira parte da Suma como aquilo que apraz à vista ul
chra sunt quaevisaplacent). No entanto, acaa por modifcar esta de-
oclaração
elo só na
sesegu nda parte
rela ciona comda
a vora,
ista ee co
sc revendo «deo,todo
m a audiçã poisseos
stesentido
s são oss,
que rnecem mais c onecimento (maxime cooscve)». Isto sugere
que S. Tomás não limitava o estudo da eleza ao sentido da vista e
que tamém estava menos preocupado com o impacte sensorial do
elo do que com o seu signi fcado intelectu al mesmo tratandose
de um signifcado que pode apreciarse apenas por ver e ouvi r
32}
EEZA
ademo
Hegel,s dar connram
estatuí oscoqu
a per ntar porque
e a experiên tantos nada
cia da eleza flóso tem
s, ade Platã
ver como
os sentidos do paladar, do tacto e do olcto. Não se dedicam os
amantes do vinho e da comida ao seu tip o de eleza? Nã o há elos
aromas, assim com o elos s aores e elo s sons? Não suge re a vasta
lite ratura crítica devotada à avaliação da comida e dos vinhos um
paralelo próximo entre as artes do estômago e as da alma?
[}
ROG SCUTON
bemNoemque to calos
deixá ao pal
nasadar e a o olcto
m argens , creio
do nosso que os naflósos
interesse beleza fzeram
Sabores
e cheir os não toam possível o tipo d e organizaç ão sis temáti ca que
transrma sons em palavras e tons Podemos ter com eles prazer,
mas apenas a um nível sensual que mal atrai a nossa iminação ou
pensamento Sabores e cheiros não são, por assim dizer, sufciente
mente intelectuais pa ra despertarem o interesse na beleza
ZA
équanto
belo quando
objecto retiramos
individual,comprazimento
pelo que ele é, edanasuaforma
contemplação en-apre
com que se
senta. Isto é assim mesmo quando se trata daqueles objectos que,
como uma paisagem ou uma rua, não são propriamente indivíduos,
mas miscelâneas casu ais Est as entidades co mplexas são emolduras
pelo interesse est étic o; são , po assim dizer, mantid as em conjunto,
dentro de um olhar unifcado e unif cador
dicil indicar com precisão a data de nascimento da estéti ca mo
derna Mas é inegável que o assu nto avançou conside ravelmente com
Charactests
de ocke e um (1711),do terc
dos mais eiro c onde
inuentes de Shaesbury,
ensaístas do século um discíp ulo
I Nesta
obra, Shaesbury procur a explicar as peculiaridade s do juízo de be
leza em termos da atitud e desinteressadaquele que z o juí zo Estar
interessado na beleza é pôr de parte todos os interesses, de modo a
prestar atenção à própria coisa Kant (Ctica Faculdade do Juío,
1795) pegou na ideia, constrindo sobre ela uma teoria estética bas-
tante controversa De acor do com ele , tem os uma relação «in teres sa-
da>> com coisas ou pes soas quando as usamos como m eios para satis-
zerem os nossos interesses. Por exemplo, quando uso um martelo
para prega r um prego ou uma pe sso a para entreg ar uma mensem
Os anmais têm somente atitudes «interessadas». Em tudo o que -
zem são mov idos pelos seus desej os , ne cessidades e apetites, tratan-
do os objectos e os outros animais apenas como instrmentos para
sua satisção. Nós, pelo contrário, distingimos, quer ao nível do
pensamento quer do comportamento, entre aquelas coisas que são
RGE SUON
O prazer desinteressado
Ter uma atitude desinteressada relativamente a alguma coisa não
é necessariamente não ter interesse nela, mas ter um certo tipo de
interess e Dizemos equentemente das pessoas que generosamente
ajudam outros em tempos diceis que agem desinteressadamente,
querendo com isso signifcar que não são motivadas por interesse
próprio ou por outro interesse que não seja zerem apenas isto,no-
meadamente ajudarem os seus vizinhos Essas pessoas têm um inte
resse desinteressadoComo é isso possível? A resposta de Kant é que
isso não seria possível se todos s nossos interesses ssem deter
minados pelos nos sos des ejo s, poi s um interess e que dec orre de u m
EEZA
dese jo aspira à satis ção des se des ejo , que é um interess e meu. Con
tudo, um outro pode ser desinteres sado desde que seja determinado
pela (ou derive da) razão.
A part ir desta prim eira ideia já d e si controversa , Kant reti ra
uma conclusão notável. Existe um certo tipo de interesse desinte
ressado, argmenta, que é um interesse da razão: não um interesse
meu, mas um interesse da razão ex istente em mim. desta maneira
que Kant explica a motivação moral. Quando pergunt o a mim mes
mo não o que quero zer mas o que devo zer, distanciome de
mim e colocome na posição de m juiz imparc ial. A motiva ção mo
ral deriva de eu pôr os meus intere sses de lado e con side rar a questão
perante mim apelando apenas à razão e isso signifca a pelar a con-
sideraçõe s que qual quer se r racional t ambém estaria dispost o a acei
tar. Desta postura, assente numa inquirição desinteressada, somos
levados inexora velmente, pensa Kant, ao imperativo categórico que
nos diz para agirmos exclusivamente segundo aquela máxima que
pode mos querer como le i para todo s os sere s racionai s.
Num outro sentido , por ém, a motivação moral é interessada:o in
tere sse da razão é também o princípio determinante da mina von-
tade . Procuro tomar uma decisão e zer o que a razão requer é isto
que a palavra «devo» implica. No c aso do juízo de beleza, porém, eu
encontrome puramente desinteressado, abstraído de considerações
de ordem prática e considerando o objecto suspendendo todos os
desejo s, interesses e o je ctivos.
Este entendimento estrito d e desinteresse parece pô r em causa o
primeiro dos nosso s truísmos: a relação entre eleza e prazer. Quando
teno prazer com uma eeriência desejo repetila e esse desejo é um
interesse meu. Sendo assim, o que podemos querer dizer com praer
desinteressado? Como possui a razão um prazer estente «em m»
ecomo
que prazer é esse
o somos outras ntes
porafnal? certode
que somos atraíd
satisção os por
devido coisa s elas
ao prazer que
elas proporcionam. A eleza não é a nte do prazer desinteressado,
mas simplesmente a nte de u prazer universal: o interesse que te
mos na eleza e no prazer que a beleza proporciona.
Pode mos e ncarar o pensamen to de Kant de uma rma mais com
placente se distingirmos entre prazeres. Háos de muitos tipos,
RGE SUTON
de
do um ao
ano, nãoquente não depende
podendo, assim, serdeconndido
qualquer pensamento acerca
com um prazer d e-
sinteressado Os prazeres intenciona is, por contraste, são pa rte da
vida cognitiva O meu prazer ao ver o meu o ganar a prova de
salto em comprimento desaparece assim que descuro que aquele
que triunu não era o meu o, mas um rapaz parecido com ele
O meu prazer inicial esta va errado Ess es err os pod em pagarse caro ,
ZA
Objectividade
O que Kant ama não é que o juízo de gosto é origatório para toda
a gente , mas que aquele que z um juízo de gosto , lo apresentarse
como tal Tratase de uma su gestão extraordin ária, emor a ese ja de
acordo com os trísmos que ensaiei previamente Quando descrevo
alguma coisa como ela estou a descrevê e não os meus sentimen-
tos em relação a ela estou a zer uma al egação e isso parece implicar
que os outros , se oarem para as co isas como deve ser, c onc ordarão
comigo Além de ma is, a de scrição de algo como elo tem um carác-
ter de juízo, de veredicto , para o qual z sentido ped ir uma justifca
ROG SCUON
Andar em diante
Começámos com alguns truísmos sore a eleza e avançámos para
uma teoria a teoria de Ka nt que está longe d e ser triv ial, sen do
até, nadefne
como verdade, inerentemnt
o juízo controvrsa,
estético e por em virtud
atriuir a este do modo
último um lugar
central na vida de um ser racional. Não digo que a teoria de Kant
seja verdadeira. D e quaquer modo , rnece um ponto de partida in-
teres sante para discutir uma matéria que permanece tão controve rsa
oje como o era quando Kant escreveu a terceira Crítica. E á uma
coisa segramente ce rta no argumento de Kant, que é a idei a de que
a experiência da eleza, tal como o juízo no qual ela emerge, é uma
prerrogativa de sere s racionais. Só criaturas como nós com linga-
gem, co nsciênci a de si, razão prática e juí zo moral podem ola r
para o mundo deste modo vigiante e desinteressado, por rma a
apoderare mse do o jecto que se apresenta e retirar em deleprazer.
Antes de prosseguir, porém, é importante considerar duas qu estõ es
que etei até ao momento: a das srcens evolutivas do sentido da e-
leza e aquela associada ao lugar da eleza no desejo sexal.
2
Z
para muitas pes soas o que resta de sign ifcativo na estét ica a única
questão que hoje em dia pe rmanece acerca da natureza ou valor do
sentimento de beleza.
No seio dos pscólogos evolucionistas existe uma controvérsa
entre aqueles que admitem a pos sib ilidade a selecção de grupo e os
que, com o Richard Daw kns, afr mam que a sele cção o corre ao nív el
do organismo individual, pois é aí, e não no grupo, que os genes se
reproduzem . Sem tomar partido nesta contrové rsia, podemos re co
ecer doi s grandes t pos de es téti ca evoluco nsta: um que mostra
as vantens do grupo que possu sentdo estético, outro que de
ende que os indivíduos dotados de interesses estéticos têm maior
capacidade de transmitirem os seus genes.
O prmero tipo de teoria é propo sto pe la antropóloga Ellen Dis
sanayake, que, em Homo Aesthecs, argumenta que a arte e o in-
teresse estético devem ser comparados aos rituais e aos estvais
ramos da necessidade humana de «tornar especial», de tirar ojec-
tos, acontecimentos e relações huma nas do s seus usos quotidi anos,
transrmandoos no co da atenção colectva. Este «tornar espe
cial» rerç a a coesão do grupo e lev a as pe ssoas a atribuírem às co
sas que são realmente importantes para a sobrevivênca da comuni
dade sejam elas o casameno, as armas, os neras ou c argos pbl-
cos notoriedade pública e uma aura que as proteg e da desatenção
negligente e da erosão emocional. A necessidade prondamente
enraizada de «tornar especial» explicase pela vantagem que este
mecansmo conere às comunidades umanas, ao manêlas coesas
nas ocasões em que estão ameaçadas e ao rerçar a sua confança
reproduti va em oc asiões de prosperidade e paz .
A teoria é interessante e con tém um indu bitável elemento de ver
dade, mas é insufciente enquanto elcação crítica do que é dis
tintivo do enómeno
enaizado em algumaestnecessdade
étic o. Embora o senso
colectiva deda belezaespecial»,
«tornar possa es atar
beleza, ela mesma é um caso especial do especial, não devendo ser
conndida com o ritual, o stival ou a cermónia, ainda que estas
coisas possam possuir beleza. A vantem que advém a uma comu-
ndade da protecção cerimonal das coisas importantes pode acon
tecer sem a eeriência da beleza. Há muitas outras maneiras pelas
ZA
indíciosimpressionadas
nadas, claros da aptidão reprodutiva
e cheias de desejoAspor
mueres sentemse
estes gestos sci-
artísticos,
poden do a Natureza se guir o seu curso pe lo triun mútu o dos genes
que transportam a sua duráve herança
Mas é claro que as actividades vigorosas qu e não co rrespondem à
criação artística trariam uma igual contriuição para essa estratégia
genética Assim, a elicação, mesmo se verdadeira, não nos perti
RGE STN
Um pouco de lóca
O se time to da beleza p ode ser suf ciete p ara levar uma mulher a
escolher um homem
al ecessário. pela aptidão
O processo reprodutiva
de selecção sexal deste,
podiamas
ter ão é para
ocorrido
sem este modo particular de iteresse um outro idivduo. Porta-
to, uma vez que ão podemos ierir que o setimeto de beleza é
ecessário para o processo de selecção sexal, ão podemos usar o
eómeo da selecção sexal como explicação coclusiva do seti-
meto a beleza, muito meos como um modo de deciar o que
esse setimeto sica Se queemos ter uma imag em clara do lu-
gar da beleza, e da ossa reacção a ela, a evolução da ossa espé cie ,
te mos deEste
estético. acrescear al go
algo mais mais
deve tera respeito
em cotada
os espec ifcidade
seites doque
ctos: juzo
os homes apreciam as mulheres pela su a beleza, pelo meos tato
quato as mueres os apreciam pelo mesmo motivo; que as mulhe-
res também são activas a produção de beleza, quer a arte quer a
vida quotidiaa; que as pessoas associam a beleza aos seus esrços
e aspirações mais eleva dos , setemse perurbadas pela sua ausêc ia
e cosideram um certo grau de coseso estético como essecial à
vida em soci edade. Como e stão as coisa s, a psic ologia evolucioista
da beleza
a em quedáos umatoimem
o eleme es tétic do serprivado
o e stá huma odaesua
da itecionali
socie dade huma-
dade
esp ecfc a e diss olvido em vagas geeralidades que subestimam o lu-
gar peculia do juzo es tétic o a vida do ete racioal.
Apesa disso, e mesmo que o tratameto da qu estão oerecido por
Miller ão ça luz sob re o se timeto que procura elcar, é seg-
ramete raz oável acreitar que alguma relação há etre be leza e sexo .
EEZA
Beleza e desejo
Platão não e screvia sore o se xo e so re a dierença sexal com o en
tendimento qu e zemos o je dess es conc eitos , mas sor e eros, esse
impulso irres istível que, para Platão, atinge o seu máximo entre pes
soas do mesmo sexo, sendo sentido especialmente por um omem
de mais idade toc ado pela el eza de um jov em, como o amor que, de
acordo com Dante, «z mover o Sol e as outras estrelas». O trata-
mento da eleza de Pl atão tem começ o, po rtanto, noutro truísm o:
onaprocesso
qual o ojec to d onão
de cópia amor nã o no
ocorre é pos suído, mas
domínio contemplaparticula-
de entidades do. Nele,
res concretas , mas no das ideias astracta s ao nível das «rma s»,
como ram descritas por Platão. Ao contemplar a eleza, a alma
liertase da sua imersão nas coisas meramente sensuais e concre-
tas e ascende a uma esera mais alta, onde não é o rapaz elo que é
oserado, mas a própria rma do elo. Esta penetra na alma por
um verdadeiro acto de poss e, conrme o mo do com que as ideias se
reproduzem e m geral a si me smas nas alma s daqueles que as compr e-
endem. Esta rma mai s alta d e reprodução corresponde a parte do
desejo de imortalidade, que é, nest mundo, o anseio mais elevado
da alma. Mas el a é disso impedi da se estiver exeradamente fxada
ao tipo mais axo de reprodução, uma rma de aprisionamento no
aqui e ora.
De acordo com Plat ão, o desej o sexual, na sua rma comum, en-
volve uma vontade de possuir o que é mortal e transitório e uma
EEZA
Contemplação e desejo
verdade, no entanto, que os ojec tos do juízo estético e do dese
jo seal podem ser descritos como elos, mesmo se amos zem
surgir interesses radicalmente dierentes naquele que os descreve
como tal Uma pessoa, ao depararsee o rosto de um homem de
idade, cheio de interessantes rugas e pregas, mas de olar distinto e
plácido, pode descrevêlo como elo No entanto, não entendemos
RG SUTON
extintos
O d esej opor ea.éNenhuma
sexual destas
determin ado: coisas
desej amosseuma
aplica
pesao
soadesejo sexual.
em partic ular.
As pesso as não são ojecto s de desejo que se possam trocar, mesmo
se os su stituto s rem igualmete atra ctivos. Podemos d ese jar uma
pes soa e de pois uma ou tra, ou mesmo amas a o mesmo tempo , mas
o nosso desejo pelo João ou pela Maria não pode ser satiseito por
Aledo ouJoana. Cada desejo diz respeito especifcamente ao seu
ojecto, pois é um desejo dessa pessoa enquanto indivíduo que é e
não enquanto instância de um tipo geral (aida que, a um outro ní-
vel, o «tipo» seja tudo o que interessa). O meu desejo por copo
com água pode ser satiseito por aquele outro, uma vez queestenão se
centra sore esta água em particular, mas so re a matéria de q ue a
ága é eita em geral.
Em certas circunstâncias podemos liertarnos do desejo que
sentimos por uma pessoa zendo amor com outra. Porém, isso
não signifca que esta segunda pessoa tenha satiseito aquele desejo
que tinha como alvo a primeira . Não satis zemos um d esejo sexal
andandonos num outro, tal como não satiszemos o desejo de
saer como termina um romance prendendo a atenção num flme.
Nem há algo específco que queiramos zer com a pesso a que de-
sejamos e que constitua todo o conteúdo do nosso sentir. Claro que
há o acto sexual, mas pode hav er desejo sem desej o do acto sexal e
este não satiao desejo nem o extingue como o acto de eer sa
tisz e extingue a vontade de e er água. Há uma mosa desc rição
deste paradoxo em Lucrécio, na qual os amantes são retratados na
GE SUTON
todo
deixams ostudo
ojectvos
como essãotava.
provsóros, temporáros
Os amantes e, nontrgados
fcam se mpre ndament al,
pela
alta de corr espon dênci a entre o dese jo e a sua consumação , que não
é de todo uma consumação mas antes uma reve aquetação num
processo que sempre se renova:
os impulsos que lhe estão n a srcem para ocupar o seu lug ar entre os
nossos projecto s raci onais.
Isto é verdade, mes mo se o interesse erótico está en raizado como
claramente está em tal implso . O implso rep rodutivo, que par-
tiamos com os outros animais, subjaz às nossas aventuras eróticas
mais ou menos como a neces sidade que temos de coordenar os mo
vimentos do nosso corpo subjaz ao nosso interesse pela dança e pela
música. A humanidade é comparável a uma espécie de operação de
salvamento prolongada, na qual ímpetos e necessidades são tirados
do domnio do s apetites tran seríveis e cados de um modo dieren
te, por rma a pore m e m evidênci a indiduos livres, escolhendoos
de entre outros e apreciandoos como «fns em si mesmos».
Coos belos
Ningém mais do que Platão est ava consciente da tentação que j az
emaranhada no coração do desejo a tenta ção de separar o nosso
interesse da pessoa e lig álo apenas ao corpo , pondo de lado a expe -
riência moralmente exigente de se possuir o outro como indivíduo
livre, tratandoo, em vez di sso, como um me ro instrumento do nos-
so prazer
desta localizado.
aneira, Platão
mas ela não se reeriu
está subjacente a esta
a todos ideiaescritos
os seus exactamente
sobre
os temas da beleza e do desejo . Platão acredita va que há uma rma
básica de desejo , que tem em mira o c orpo, e uma outra mais eleva-
da, qe tem em mira a alma e através dest a a esera eterna da qu al
os se res racionais de scendem e m última análise.
Não temos de aceitar est a concep ção metasica para se reconhe
cer o elemento de verdade presente no argumento de Platão. Há
uma distinção, miliar a todos, entre um interesse na carne de uma
pessoa e um interesse na pessoa enquanto incooradaUm corpo é
um conjunto de realidades corpóreas; uma pessoa incorporada é
um ser lie revelado pela carne. Quando alamos de um belo corpo
reerimonos à bela incorporação de uma pessoa e n ão ao co rpo con
siderado meramente como tal.
Isto tornase evidente se centrarmos a nossa atenção numa pe-
quena parte do corpo, por exemplo no oo ou na boca. Podemos
[5}
RG SUTON
ver a oca apenas com o uma aertura, um uraco na carne , pelo qual
se engolem coisas e do qual coisas emergem. Um cirurgião pode ver
a oc a des se modo , durante o tratamento de u ma doença. Não é ess a
a maneira pela qual nós vemos a oca quando estamos ce a ce
com outra pessoa. A oca não é, para nós, uma aertura através da
qual emergem sons, mas uma coisa que ala, uma continuidade do
«eu», do qual é portavoz. Beijar essa oca não é colocar uma parte
do corpo c ontra outra, mas to car a outra pe sso a no seu pró prio se r.
Por isso, o eijo compromete é um mov imento de um eu para ou
tro eu e o chamamento do out ro à supercie do seu ser.
As maneir as à me sa ajuda m a manter a percepç ão da oc a co mo
uma das janelas da alm a, a despei to do acto de co mer . por isto que
as pes soas procuram não alar com a oc a ceia ou dei tar comida da
oca para o prato. por isto que os gars e os pauzios ram in-
ventados e que os aicanos, quando comem com as mãos, dão uma
rma graciosa às suas mãos para que a comida passe pela oca sem
ser notada. Assi m, ao ingerirse a comid a, a oc a retém a sua di me-
são sociável.
Estes são enómenos amiliares, emora descrevêlos não seja á
cil. Reco rdese a náusea que se sente quando por qualquer razão
vemos de repe nte um pedaço de caeode até e sse momento v íramos
uma pes so a encarna da. como se ne ss e inst ante o corpo se tornasse
opaco. O ser livre desapareceu por trás da sua própria carne, que já
não é a pessoa mas um simples ojecto, um instrumento. Quando
este eclipse da pessoa pelo seu corpo é propositadamente produzi-
do, alamos de oscenidade. O gesto osceno é o gesto que exie o
corpo como puro co rpo, destruindo assim a ex periência da incorpo-
ração. Repugnano s a o sce nidade pela mes ma razão que re pugnava
a Platão a lascívia ísica que envolve, por assim dizer, o eclpse da
alma pelo
Estes p censamentos
orpo. sugerem algo de importa nte ace rca da eleza
sica. A eleza distintiva do corpo umano deriva da sua natureza
enquanto incorpora ção. A sua eleza não é a de uma on eca e é mais
do que um a questão de rma ou proporção. Quando enc ontramos
eleza uma na num a estátua, como o Apolo Belvedere ou a Dapne
de Bernini, o que está re prese ntado é a eleza umana carne
52}
EEZA
as belas
Na Fenomenoloa do Espírito,
Hegel dedica ma secç ão à «alma be la>> ,
trazendo à liçanos
temas amiliares no romatismo literárioSchlegel.
da época,
em particlar escritos de Goethe, Schiller e Friedrich
A alma bela está consciente do mal, mas mantémse dele astada
nma postra de perdão um perdão dos outros qe é também per-
dão de si. Ela vive no temor de manchar a sa preza interior por
inteir demasiado no mndo real, preerindo assim meditar sobre
os seus soimentos, em vez de se crar a si mesma pelos ses eitos.
O tema da alma bela i retom ado po r escritores post eriores, e mitas
são as tentativas, na literatra do séclo xx qer de retratar qer de
criticar este tipo hmano cada vez mais comm. Ainda hoje é sal
algém de screver ma otra pess oa co mo ma «bela aa> >, qerendo
com isso dizerse qe a virtde de sta pessoa é sobretdo ob je cto de
contemplação e não tanto ma rça inteentiva no mndo.
Este epis ódio da história intelectal aznos lembrar o modo como
a bele za se impreg na nos no ssos jízo s sobre as pess oas . A procra da
beleza toca em todos os aspectos da pessoa em relação aos quai s po
RG STON
A bele za e o sa grado
Razão, lierdade e consciência de si são nomes relativos à mesma
condição
tamém põe, a de
as uma cri atura
questões quepensar,
: o que não apenas
o que pensa
sentir e, sente
o queezer?
z, c Estas
omo
questões origam a uma perspectiva singlar sore o mundo sico
Olhamos para o mundo em que nos encontramos de um ponto de
vista que se situa no seu próprio limite: o ponto de vista de onde
me encontro Somos simultaneamente no mundo e não somos do
mundo, e tenta mos dar um sentido a e ste cto pecular recorrendo
5}
ZA
cavalaria medievais
sacralização Aquilo (incluindo Caucer),
que para Tróilo é uma
á de maisexperiência de des
elo i corrom-
pido e o seu desespero é comparável àquele expresso no Livro das
Lamentações de Jeremias, motivado pela pronação do Templo de
Jerusalém (Algmas pessoas podem ojectar, dizendo que se trata
de uma experiência especifcamente masculina, de sociedades em
que as mueres estão destinadas ao casamento e à vid a doméstic a
No entanto, pareceme que existirá sempre algo como o desânimo
de Tróilo enquanto ouver amantes de amos os sexos a zerem
rivindicações sexais exclusivas, uma vez que essas não são contra
tuais , mas existenciais.)
As cois as sradas sã o astadas, post as à parte , e são c onsideradas
intocáveis, ou como podendo tocarse só após ritos de purifcação
As coisas sagradas devem estas características à presença nelas de
um poder sorenat ural um espírit o que delas se apropriou Ao ver-
mos lugares, ediícios e artectos como sagrados, projectamos so
ZA
In fância e rgindade
Se levarmos este s pensamentos a sério, reconhecerem os que o nos so
sétimo truísmo esarra num ostáculo moral Difcilmente haverá
alguma
em pessoaNo
rmada. vivaentanto
que não, aseja tocada
maior partepela
daseleza
pessoasde fca
umahorrori
criançaza-
da com a ideia de que esta eleza deva estimular o desejo, excepto
o de cuidar dela e de lhe proporcionar conrto Nestas circunstân
cias, qualquer indício de excitação signifca transgressão A eleza
da criança é, todavia, de um tipo idêntico ao da eleza de um adulto
que se deseja e está nos antípodas da eleza de uma ce envelheci-
da, que emergiu, por assim dizer, de uma vida de provações morais
Este sentimento de proiiç ão não se ree re apena s a crianças Ele
é, de resto,
timento como
sexal sugerirei
maduro Está Capítulo aoprondo
nosujacente parte integrante
respeito do
pelasen-
virgindade que encontramos, não apenas nos textos ílicos como
na literatura de qua se todas as religiõe s de senvolvidas Nã o há maio
res triutos à eleza humana do que as imaens medievais e renas-
cent ista s da Virgem Santíssima: u ma muer cuja maturidade sexu al
é expre ssa na maternidade , apesar de se manter intoc ada, mal se dis
tingindo, como um ojecto de veneração, da criança que tem nos
raço s Maria nunca i, como os outros, dominada pel o seu corpo e
permanece co mo um símol o de um amor idealiza do entre p es soas
de carne e osso, um amor que é ao mesmo tempo humano e divino
A eleza da vrgem é um símolo de pureza e por essa mesma ra
zão ela é separada do terreno do apetite sexual, num mundo exclu
sivamente seu Esta cons ideração va i de enc ontro à ideia src inal de
Platão, de que a eleza não é somente um convite ao desejo como
tamém uma soli citação p ara a ele renunciar. Na Virgem Maria en
57}
RGE SUTON
Belez a e charme
A ideia do sagrado conduznos ao ponto mimo na escala da e
leza e se ria sensato para r um pouco para nos lemra rmos do no sso
segndo truísmo, ou sej a, qu e a el eza é uma questão de gra u. ver
dade que a ele za humana a da verdadeira Vénus ou do verdadeiro
Apolo pode chamar a si todos o s epítetos que pertencem natu ral
mente ao divino. No entanto , grande parte as pess oas atraentes são
elas num grau inerior e a lingagem usada para d escrevêlas valese
de uma qu antidade de predi cações mais modes tas: onta, c ativan
te, charmosa, encantadora, atraente. Ao usarmos estes termos não
estamos propriamente a o erecer uma descrição con creta, mas antes
uma reacção. A no ssa reacçã o à el eza humana está imp lícito
é algo variado e equentemente animador, e raramente a paixão
temperada que Platão invoca na sua te oria e eros ou Thomas Mann
no seu terrível relato da destruição de Mutemenet, mulher de Po
tiphar, devido à eleza do intocávelJosé.
EEZA
Z
Q
uando, durante o século III os flósos e escrito-
res come çaram a voltar a sua atenção para o tema da
eleza, não i a arte ou as pessoas que dominaram
os seus espíritos, mas a Natureza e as paisagens Até certo ponto,
isto reecte novas condições políticas, melores meios para viajar
e uma crescente apreciação da vida no c ampo Os literatos sent iam
nostalgia de uma relação mais simple s com o mundo natural e ima-
ginavam mais inoce nte d o que aquela de que gozavam a partir da
clausura dos seus estúdios ém disso, era consoladora a ideia de
Natureza como oject o de co ntempl ação, e não de uso ou consumo,
para alguém que via os consolos da religião tornaremse, dia após
dia, cada vez mais implausív eis e longí nquos
Uversadade
Este interesse na eleza natural tem uma oura causa, mais flosó-
fca que, se a eleza tem lugar entre os ojectos da investigação
flosófca, ela, ou a usca dela, deve ser un iversal entre o s umanos
Kant seguiu Saesu ao supor que o gosto é co mum a todos os
ser es umanos, sen do uma culda de enraizad a na própria capacid a
0}
EEZA
}
RG STON
De sc obr a N areza
Esta distinção é importante, emora não directamente relevante
para a primeira questão que é precis o coloc ar sore o culto da el eza
natural. Essa questão é a do contexto histórico. O domo sore a
Natureza, a conversão desta num lar segro para toda a nossa espé
cie e o desejo de proteger a vida selvaem, que a pouco e pouco de
saparece , alimentam igalme nte o impulso qu e nos z ver o mundo
2]
EEZA
humanos, podemos de algum modo ver o que eles são e o que signi
fcam verdadeiramente Deixamos assim de dar atenção à readade
económica e oamos para o mundo como se do ponto de vista da
eternidade, aceitando como inevitáve e imutável aquio que devia
ser sujeito a uma mudança política organizada Para mais, a econo-
mia capitaista t rata tudo e t odos c omo meio s, enquanto se co mpraz
na fcção de que pessoas e coisas são vaorizadas como «s em si
mesmos» A mentira ideológica cil ita a explo ração material, ao ge
rar uma alsa consc iência que nos cega para a verdade so cial
século mas o seu pro pósi to er a denotar algo universal entre o s
humanos. As questões que t êm sido levantadas neste livro ra m dis-
cutidas (em termos dierentes) por Platão e Aristóteles, pelo escri
tor sânscrito Bh arata dois séculos depo is, por Con cio nos naletos
e por uma longa tradição de escritores cristãos, de S.º Agostino
a Boécio, passando por S. Tomás e até aos dias de hoje. As distin-
ções entre meios e fns, atitude instrumental e atitude contemplati
va, uso e signifcado, são, todas elas, indispensáveis à razão prática,
não estando associadas a uma ordem social em particular. Embora
a visão da Natureza como um objecto de contemplação possa ter
atingido especial proeminência na Europa do século ela não
é de maneira alguma exclusiva desses lugar e época. Sabemolo pela
tapeçaria chinesa, pelas grauras japonesas de madeira e pelos poe-
mas dos conci onistas e de Basho. Se quis ermos recusar o conceito
de interesse estéti co dizendo que se trata de um elemento de ideolo-
gia buresa, então o ónus de apresent a alternativa não burgesa
recairá sobre nós, já que a atitude es tética seria de gma maneira re
dundante e as pes soas já não precis ariam de encontrar conso lo na con-
templação da beleza. Esse ónus nunca i aliviado, nem pode sêlo.
}
EEZA
Natureza e arte
Nest e ponto srge ma difcldade . Como separarmos , na nossa ex-
periênci a e no nosso pe nsamento, as obras da N atreza das obras do
Hom em? O espino no qal se entre laça a campaina de Cla re per-
tence segramente a ma sebe de abrneiro . A beleza da paisage m
inglesa, como a registada por Constable, depende em todos os seus
detales do trabalo dos seres manos, qer cidando dos cam-
pos, dos matais ou de abrigos, quer de cercaduras e de mros, por
toda a parte visí veis , e q e so par te integrante da armon ia perce p-
tível. Constable retrata m lar, m lugar domesticado para uso do
Homem, onde em cada ca nto está presente o cuo das esperanças
e aspirações umanas (embora, digam algns, escondendo proposi
tadamente a co ndiço do trabalador ru ral).
Por otras palavras, a beleza da paisem está muitas vezes liga-
da inseparavelmente ao seu signifcado hmano, como se ela sse
qase m artect o em qu e o cno de uma clt ra est á visalmente
present e. Para perceberm os is to, temos de aprender com W ords-
wort a.. .
RGE SUTON
}
EEZA
tão grande, não apenas para mim, como para os Ingleses ao longo
dos sécos, e para aqeles qe, como Jon Clare, Paul Nas e Ral
p Vagam Wilams, fzeram passar ese signfcado para a arte.
Apesa r disso, não vejo a p aisem como co nceid a expressament e
para se parecer com aqilo qe é, mesmo se estas ram movidas
por intenções estéticas (o arranjo daqela see, as simetrias de um
cercado, a disposição daqele mro de pedra solta). Nem me avizi
o da paisem partindo dos constrangimentos e expectativas qe
tro da ma eeriência na arte . Vejoa como a livre e laoraçã o
da Natreza, na qal os seres manos aparecem porqe tamém
eles zem parte dela, deixando atrs de s a marca da sa presença e
m regiso não intencio nal das sas tristez as e alegrias.
len Carlson afrmo ainda qe este «ver a Natreza como Na
trez, qe se encontra no âmo da nossa eeriência da eleza
natral, organos a olla como la ralmn e isso signifca adop
tar o pont o de vista do naralista, explorando o qe vemos à lz do
coe cimento cientfco e am biental. ineresse e sté tico na r ma,
no voo e no canto de ma av e, por exemplo , é mei o camno andado
para a ornitologia, qe completa o acto de apreciação qe começou
com a experiência da eleza . in teresse e stético nas cores e rmas
de ma paisem leva à ciência do amiente e ao estdo da agricl
tra.
Não obstante aver certamente lgar para esta extensão cientf
ca do no sso inte resse na eleza nat ral, não deve mos es qece r qe o
interess e e stéti co na Nar eza é relati vo a aparênc ias e não n ece ssa
riamente m inter esse na ci ênci a qe as explica . H algma verdade
na sátira de scar Wilde qe diz qe só m pore de esprito não
ajza pelas aparênc ias, poi s estas contêm signifcado e são o centro
da atenção dos nossos anseios emoconais. Qando me deo im
otalmodo
como elaas
como é coisas
Para compreender a elez
naturais aparecem a natura
quando temos depelo
consideradas carifcar
ohar
estétic o E o modo como as coisas aparecem depende das ca tegoria s
que lhes apicamos Quando olho para o mundo desinteressadamen
te não me aro apenas para aquilo que ele apresenta; relacionome
com ee, ensaio conceitos, categorias e ideias moldadas pea minha
nature za autoconsciente
Es te proc esso é ilustrad o pel a arte da pintura Nas paisa gens pin-
tadas por Poussin, Corot, Harpignies e Friedrich podemos encon
trar a mesma
do, em disposição
cada caso, de montanas,
a postura contempativacampos
enchee aáores Contu
percepção com
a alma distintiva do pintor, criando uma imagem que é inimitave-
mente sua. Da mesma maneira, a Natureza oerecenos a todos um
campo de percepção livre Podemos deixar que as nossas culdades
se demorem sore a cena diante de nós, asorendo e explorando,
sem ter de decia r o que está a sernos dito Ainda que os seres hu
manos team intererido na criação da paisagem que está diante
dos meus olhos, essa intererência não está lá para comunicar uma
intenção
pela artística
História precisa;
e podem os seus
mudar d e contornos
um dia parvão
a o sendo
outro destruídos
Mas é preci-
samente este «es tar ali» do mund o natural que torn a possível que eu
me perca nele, que eu o oe , ora de um ponto de v ista ora de outro;
ora de acordo com uma descrição ora de acordo com outra
As oras de arte são exre ssamen te apresentadascomo ojectos de
contempação Encontramse emod uradas na parede, compreendi
EEZA
belo
. . e o sublime
GE SUTON
O subme e o belo
Notei anteriormente que «belo» é usado tanto como termo geral
da admiração estética como, mais restritamete, para denotar um
tipo particular de graça e de carme pelo qual podemos deixarnos
encantar. No contexto estético, as palavras tendem a tornarse es-
corregadias, comportandose mais como metáras do que como
descri ções literais. razão disto é simples: n o juízo e stético não es-
tamos simplesmente a descrever um objecto no mundo, estamos a
dar voz
qual a um encono
a reacção a uma
do primeiro reunião do sujeito
é rigorosamente com o objecto,
tão importante quanto a
as qualidades do segundo. Para compreendermos a beleza precisa-
mos , port anto, de alguma noção da variedade das nos sas reacçõe s às
coisas nas quai s a iscern mos .
Este aspecto tornouse edente pelo menos desde o tratado de
Edmund Burke, Sobre o Subme e o Belo de 176. Burke distinguiu
72}
EEZA
edenos
juízo, no qualcon
toamos nosscientes
medimos dacom
nossaa nitu
espantosa initude do mundo
de e ilidade
ant deende ainda (embora de um modo que os comentadores
consideram mais sugestivo do que persuasivo) que na eeriência
do sublime somos conontados com uma intimação do nosso pró
prio valor, enquanto criaturas conscientes da vastidão da Natureza
e, ao mesmo tempo, capazes de se armarem ce a ela De alguma
maneira, é no próprio assombro perante o poder do mundo natural
que pre ssentim os a nossa própri a natreza de seres livres que podem
enentar ess
nenhuma rçae po der, rearmando
natural pode azer adesaparecer
nossa obe diência à lei moral q ue
ou astar
73
RGE SON
Na verdade,
reacções o culto
à paisagem e àdo «pitoresco»
pintura surgiu do cto
se alimentarem entre de as háito
si. O nossas
do século XIII que con sistia em de corar a paisagem com rínas, co-
meçou com o amor pela campaaromana, não como ela é mas como
Poussin e Claude orrain a pintaram. No século XII os turistas
viajavam com um «espelho de Claude», um pequeno vidro convexo
matizado, no qual se pegava ajeitandoo de modo a que se pudes
EEZA
dest as regiões elevada s e de sloc arme para o plano das coi sas quo
tidianas plano no qual todos os ser es racionais vivem e traa-
am, por pouco preocupados que pareçam estar com matérias
de estética. Ao consierar o lugar da eleza no raciocínio prático
comum, onde a ex istên cia de um propósito domina o nosso pen-
samento, tentarei mostrar de que rma o juízo estético é uma
condição necessária para zer, se em o qe quer qe seja.
4
Z Q
Jdins
Sem a experiência nuclear da eleza natural , as hortas, por exem
plo, não seriam inteli gveis, a não se r como lo tes de terreno conten-
do vegetais para uso humano Todavia, mesmo os lot es de t erreno
contendo vegetais o edecem aos seus constrang imentos estético s:
disposição em as e espaçamento criterioso, satiszendo assim a
nossa necessidade de ordem visual No caso dos jardins, podemos
alar adeparte
toda um ojecto
dedicamdemuito
interesse universal,
do seu ao qual
tempo lre, as pessoas
numa em
actidade
em que há apenas um puro prazer desinteress ado Os jardins têm a
sua própria enomenologia distintiva, na qual a Natureza é asor-
vida, domada e origada a oed ecer às normas v isuais humana s
Um jardim não é um espaço aerto como o é uma paisem
um jardim é um espaço circunscrito Por outro lado, aquo que
ZA
nele cre sce e o que ne le se erge , cre sce e erguese em redor do oser-
vador. No j ardim, uma á ore não é como a de uma oresta ou de um
campo. Não está simplesmente ali, como algo que cresceu de uma
seme nte e que casualmente (no empo e no e spaço) por ali se disper
sou. A eáore
nam, no jard
staelece co mimelas
relacionase com
uma espécie deas p esso as queEla
conversação. neleocupa
camio
seu lugar sendo uma extensão do mundo umano, mediando entre
o amiente constrído e o mundo da Natureza. Com eeito, á um
«estar entre» enomenológico que contamina todas as rmas pelas
quais aitualmente se retira prazer de um jardim. Esta experiên-
cia inuencia o modo como a nossa experiência ndamental das
rmas e decorações arquitectónicas se desenvolve. Essas rmas e
elementos decorativs são conceidos para conquistarem o espaço
e circunscrevêlo,
nosso para capturálo
Assim se exlica à Natureza
a comparação, e apresentálo
algo antasiosa, entre como
coluna
e tronco de árore, que encontramos equentemente em tratados
de arquitectura. Assim se explicam as rmas da arte do jardim, que
pod emos adequadamente descrever co mo «a arte que está entr e» a
arte de não ser arte nem Natureza, mas amas, cada uma sorepondo
se à oura de modo a ornaremse numa coisa só, como acontece
RGE STON
[
EEZA
[ }
RG SN
Os animais
dâncias. Umirracionais, tal como nós,
cavalo, conontado comvivem
uma num mundo
arreira, de saltála
pode redun-
aqui ou ali, em inúmeros sítios. Se ele salta lo porque quer: para
escapar a um inimigo ou para ir atrás da manada. Porém, o cava-
lo não teria respo sta para a questã o d e saer qual o ponto adequado
para saltar, não porque sej a indieren te saltar neste ou naquele pon
to, mas porque est a questã o não s e co loca a um ca valo. Nóspodemos
[ 2 }
EEZA
zer perguntas como esta, uma vez que temos o háito de remo
ver a redundâ ncia de escolhas, de justif car uma acção determinada,
zendo não só o que é preciso para alcançar os nossos ojectivos,
como tamém o que é preciso para os alcançarmos da rma mais
apropriad a ou ajustada.
Este aspecto pode ser melor compreendido se regressarmos ao
tema das aves canoras. O c anto das aves tem um a nção no proc es-
so de se lecção sex e é e mitido em momentos do dia ao acorda r e
antes de dormir em que um macho activo tem nece ssidade de mar-
car os lmites do seu território. Esta nção não corresponde a um
propó sito da ave ela não tem pro pósi tos, mes mo se o que a motiva
rem de sej os , pois a sua vida não é vivida de acordo c om quaisquer
planos. Além disso, o canto é pouco determinado pela nção, que
requer apenas que aquele seja sufcientemente adível para poder
ser e scutado pelos riva is e pelos p otenciais p arceiros sexais e tam-
ém reconecido como o canto específco da espécie ou, quando
se trata de um território echado ou confnado, como o canto espe
cífco do próprio indivíduo que o ocupa. Não é surpresa, pois, que
as aves canoras tendam a zer chamamentos variados e variáveis,
experimentando ases e notas até se fcarem por m pequeno nú-
mero dediária.
litania alterações no aseado, que ncionam como reães na sua
Ouvimos estas ases como se ssem canções e descrevemos o
canto da ave como uma espécie de música, pois é assim qe o es
cutamos. Porém, nada há no comportamento do pássaro que possa
razoavelmente lev arnos a dizer que a nota que ele e scolheu i a que
deveria seirse à anterior , que es ta ase que esc oleu é a mais con -
rme ao contexto, que ele ouve uma nota como a continuação da
ase que a precede , e assim suces sivamente. Nenum desses juízos
tem aplicação
racionais em que
seres ornitolog ia, poi s tal
não se limitam a irpode apenas
de enc ontroaplicarse
a uma das a sere
mu i-s
tas alternativas diante de si mas que procuram razões para as suas
escolhas, antes ou depois de as zerem, e que ouvem sequências de
sons levando em conta a lógica musical que os liga.
Como pode um ser racional evitar a redundância de escolhas
como as que sempre estarão presentes no canto de uma ave? Re
ROGE SCUTON
Razão aparênca
Seguemse consequências importantes Quando escoo uma mol-
dura para a porta olhando ao que fca em sou conontado com a
questão «porquê?», podendo esta ser colocada por mim ou por ou-
rem
so, em«Simplesmente porque
altern ativa, zer fca em»
comparaçõe s, éprocurar
uma respost a poss ível
s ignifcados, terPos-
em
conta costumes ou tradições que apoiem a mia escoa O que
não posso zer é atriuir à aparência um valor puramente uiliá-
rio , dizend o, po r exemplo, algo como «se as portas tiverem esa mol
dura atraem os clientes mais antigos» Isto signifcaria aandonar o
meu juízo inici al Seri a apoiarme não no impact e que a aparência da
porta em em mim, ms na utilidade da sua aparência para at rair os
outros Seria recuar pa ra um juí zo de utilidade, u m juízo com o qual
poderia razoável
que a moldura da eporta
sinceramente
não tinha esar de acordo
de todo mesmo achando
oa aparência
Acordo signicado
Pode pensarse, oando para o qe i dito até ao momento, qe as
deliberações do carpinteiro se confgram nicamente como uma
espécie de jogo qe ele estabelece consigo mesmo, removendo as
sim a redndânc ia intrínse ca às es colhas de c arácter verdadeiramen
te prático No entanto, das considerações põem em dúvida esta
ideia A primeira é o carpinteiro não ser a única pessoa qe cons
trói ma opinião sobre a qestão da moldura da porta Outras pes
soas olarão para ela e sentirseão agradadas ou desagradadas com
as sas proporções gmas destas pessoas estarão especialmente
interessadas na porta, sendo tros residentes do edicio para o
qal ela estará destinada Otras pessoas terão o interesse enqan-
to transentes ou vizinhos Seja como r, todas terão interesse na
aparência da porta, qe será tanto maior qanto menor r o seu
G SUTON
ceio de visíveis
ela moldura do remendos. Um elo
nosso carpinteiro avião alcança
iminário: uma osolução
mesmoadequa
que a
da para um prolema que po de ser revolvido de dierentes rmas.
A segunda consideração é a seguinte: a aparência de algo, quan-
do se torna ojecto de um interesse intrínseco, acumula signifca-
do. Podemos ter praze com a aparência simplesmente pelo que
ela é. Os seres racionais têm, no entanto, uma necessidade inata
}
ZA
sugei
acionalque
quecomeçamos
coespondea descotina um domínio
à ideia osófca genuíno
do estético, da vida
impotante
em si mesma e tamém flosofcamente polemática.
O esto
Depende mos d o háito de ze juízos est ético s paa comunica s ig-
nifcados e o estilo é uma eamenta impotante que usamos nesse
sentido. Isto envolve uma exploação das nomas socialmente gea-
das. A o na lapela, o jao cheio de vinho, o guadanapo doado,
todas estas coisas zem desenvolve uma expeiência de econhe
cimento ente os oseadoes, que vêem no pequeno detale um
signifcado específco em nção do qua os gestos devem se medi
dos. Poque está o vio nu m jao e não numa gaa? O que há no
jao que capta a m inha atenç ão? P oque hád e ele es ta ali, na mesa?
E assim po diante.
RGE S UTON
A moda
argmento desenvolvido neste capítlo torna claro que a busca
de soluções estéticas na vida quotidiana é também uma espécie de
procura dissimulada de consenso. Mesmo aqueles que se vestem de
modo a destacaremse e a atraírem as atenções sobre si zemno
EEZA
Permanência e emeridade
A nossa discussão tem como impcação que o juízo estético pode ser
exercido de duas maneiras entre si contrastantes: pode se para
nos ajustarmos ou para nos salientarmos. Em muitas das nossas ac
tividades estamos a «constrir casa», erido, a despeito do atropelo
da mudança e da decadênc ia, os símolos permanentes de uma rma
de da estável. A mão invisível a que ainda ora reerência inclina-
se por si mesma para o estilo, a gramática e a convenção. isto que
testemuamos na arquitectura veácula, nos costumes populares,
nas maneiras à mesa e nos costumes e cerónias da ctura tradi
RGE SUTON
lierdade
do chá, o s gesto
os movimentos do es
s e as expressõ anftri ão ea do
quando taçac onvidado
é o erecidapelo jardim
e aceit e
adquirem signifcado e pungência especiais A ideia é precisamente
captar o carácter único e a gacidade da ocasião, como transmitem
as paavras ichigo ichie:uma oportunidade, um encontro
Na cerimónia do chá apren demos algo tamém patente na arqui-
tectura vernácula das nossas cidades europeias, nomeadamente que
EEZA
Apesar
remos disso, se regressarmos
rapidamente que o tipo deaos nossos
juízo que trísmos iniciais,
tenho estado ve-
a discu-
tir neste capítulo corresponde exactamente ao juízo de eleza
A adequação que tenho estado a descrever é algo que proporciona
comprazimento tamém uma ra zão para se prest ar atenção à coi-
sa que a possui ela própria um ojecto de contemplação e a sua
importância não reside em algum uso independente matéria de
um juízo r eectido que, estando enraizado na ex periência, não pode
ser ito em segunda mão A adequação é tamém uma questão de
grau Numa
é aquela palavra,
«eleza o queque
mín ima» tenho estado a descrever
pe rmanenteme neste
nte intere ssacapítulo
aos seres
racionais, ao esrçaremse para encontrarem ordem na realidade
que os rodeia e para estarem à vontade num mu ndo partil hado
Re st a agora rela cionar as ideias d este capítulo co m as rmas de
eleza «superiores» que são exemplifcadas pela arte, vendo se po-
demos dizer algo mais sore o tipo de signifcado que procuramos
quando pretendemos apoiar os nossos juízos estéticos através do
raciocínio
5
Z Í
Piadas pe
Vai para um século que Marcel Ducamp assin ou um urinol co m o
nome «R Mutt», intitulouo A Fonte e exibiuo como obra de arte.
Um resultado imediato da piada de Duchamp i precipitar uma
EEZA
te Nem
educ açoisto mosqtra
moral de mod
ue tem o algum
como que as
o je ctivo piadas,
criar o u aquele
um senti do de tipo
humorde
apropriado, no podem ser alvo de crítica Com eito, estando a
consid erar o tema das piadas, a primeira coisa qu e po demos co ncluir
é que o urinol de Duchamp i uma pia da uma oa piada à époc a,
mas que seri a anal pela época das caixa s Brio de Andy W arhol e
completamente estúpida n os dias de h oje
RG SUTON
Arte e entretenimento
Num
italianotraalho surpreendente
Benedetto Croce apontoupulicado há um século,
uma distinção radicaloque,
flóso
na
sua opinião, existe entr e ate propria mente dita e pseudoarte, cuja
nção seria entreter, excitar ou agradar A distinção i adoptada
pelo discípulo de Croce, o flóso inglês R G Collinood, que
argumentou da seguinte rma: ao c onontarme com uma or a de
arte, não são as minhas reacçõe s que me interessam, mas o signifca
do e o c onteúdo da ora Está a serme o erecid a uma experiê ncia,
incorporada nesta ma sensorial única Quando procuro entre
tenimento, pelo contário, não estou interessado na causa mas no
eeito que quer que produza em mim o eeito esperado e stá em
para mim, não haven do luga para juízos , e stéti co ou outro
A ideia em que Coce e Collingood se apoiam é exageada por
que não poss o e star interessado numa ora de ate pelo seu signif
cado e, ao mesmo tempo, divetirme com ela? Não nos divertimos
por diveir, mas por causa da piada divetimento não se opõe ao
üG SCUTON
interesse estétic o, uma vez que é j á uma rma de in teresse est ético.
No é, portanto, surpresa que, tendo como base uma exerada re
je iço da a rte como entretenimento , Croc e e Coinoo d tenam,
cada um deles, construído teorias estéticas do mais implausível que
há na literatura sobre o assunto.
Ape sar disso , tinham razo ao acreditarem que há uma drença
entre o tratamento aísticode um assunto e a mera procura de criar
um eeit o. Numa certa medda, a imem tográfca temnos eito
esquecer este contraste. Enquanto o palco do teatro, à semelhança
da moldura no caso da pintura, ech a o mundo exterior , a câmara
tográfca d eixa o mundo entrar, admitindo d entro de si, brandamen-
te, quer o actor que fnge morrer no passeio quer o balo acidental
que passa em segundo plano. A tentaço é transrmar este deeito
em seduço, encorajandose no espectador uma espécie de «depen
dência da re aldade» . A tentaço é c ar os aspect os d a realidade qu e
nos agarram e excitam, independentemente do seu signifcado dra-
mático. A arte genuína também nos diverte, mas lo criando uma
distância entre nós e as cenas que retrata, uma distância sufciente
para gerar uma simpatia desinteressada pelos caractere s e no tanto
para gerar em nós emoções vicaria ntes .
Um exem plo
Sendo que o cinema e as suas ramifcações congéneres so, entre as
artes, aqueles em que mais se comete o pecado de procurar o eei-
to em detrimento do signifcado, é conveniente dar um exemplo
da arte cinematog ráfca no qual ess e pec ado es teja ausente . Pouco s
realizadores houve to conscientes das tentações provocadas pela
câmara de flmar, e da necessidade de lhes resistir, como Ingmar
Bergman. Pode ria emoldurarse um plano de um e de Be rgman
as sequências oníric as em Morangos Silvestres,a dança da morte em
O Sétimo Selo, o jantar em A Hora do Lobo -, que fcaria na nossa
parede qual gravura, ressonante, atractiva e plena de compostura.
Ingmar Bergman dec idiu zer Morangos Silvestresa preto e branco,
apesar de a cor ser já lína anca à época (199), precisamente por
que queria minimizar as distracções para garantir que tudo o que
ZA
está no ecrã luz, somra, rma e su gestão, em como a pes soa e o
carácter contriua p ara a intriga.
me conta a história de um homem de idade, egoísta, emora
distinto, que evitou os chamamentos do amor. Ele aproximase do
fnal da vida
encontros e sente, memória
simples a ivol idade desta . Acaa
s e sonhos por se lhe
numdeparar
único dia de
mira-
culosamente a salvação, ao aceitar que tem de amar para poder ser
amado, e a quem é dado, no fn al, ma visão transfguradora da sua
inncia e acolimento no mundo dos outros. Aquilo que a história
procura mostrar es tá contido nos sonho s e memóri as episódio s
que desempeam um papel na intriga que é amplifcado através
do elemento cinematográfco. A câmara nde estes episódios com
a narrativa, rçandoos a misturaremse com o presente, gerando
identidades onde as palavras ariam aparecer apenas dierenças.
este modo, os rostos que surgem nos sonhos adquiriram já um
signifcado dierente nos acontecimentos reais do dia.) A câmara
persegue a história que se vai desenrolando à maneira de um caça-
dor, parando para se centrar no presente com o único fto de zer
que este se aproxime do passado até nele roçar. As imagens, muitas
vezes cheias de g ranulado, com d etalhes trazidos p ara a evidência do
(97
ROG SCUON
Fantasia e realidade
A distinção
renciação podeimaginação
entre ser descritae de modo Adierente
ntasia como
verdadeira arteuma die
apela à
imaginação, ao passo que o mero eeito suscita a ntasia As coisas
imaginárias são objecto de reexão, as ntasias são concretizadas.
Fantasia e imaginação dizem ambas respeito a entidades irreais,
mas enquanto as entidades irreais da ntasia penetram no nosso
mundo e o poluem, as da imaginação existem num mundo à par
te, no qual vagueamos livremente numa atitude de distanciamento
complacente
Háas na
pois sociedade
imagens moderna
r ealistas, abundância
da tografa, dode
cinobjectos
ema e dodeecantasia,
rã da tele
visão o erecem substitutos que podem satiszer os nossos desejo s
proibidos, torna ndoos poss íveis por e ssa via Um desejo ntasioso
não se interessa por uma descrição literár ia, nem por uma delicada
pintura do seu objecto Ele busca um simulacro, uma imagem que
ça com que todas as teias da hesitação sej am astadas A ntasia
EEZA
expediente dramático,
as regiões celestes ondeuma rmaedeo sentir
o pensar transportar o espec das
são purgados tador par a
suas
ligações terrenas. Bernini e Masaccio ão estão de modo algm a
praticar o engano ou a encorajar o espectador a liertar as suas pai-
xões vlgares por uma via sustituta.
Tamém no teatro a acção não é real, é representada. E, po r mais
realista que seja, evita (por regra) aqueas cenas que são o alimento
da ntasia. Na tragéd ia grega os assass ínios acontecem ra de cena,
dandose d eles notícia em v ersos qu e zem o coro moverse ritmi
camente,
gado pelarecitando
métrica doo verso.
horror
ao oj
mesmo
ect ivotempo
não é que o rcontêm,
priva a mortever-
do seu
poder emocional, mas contêla dentro do domínio da imaginação,
onde nos perdemos livremente, suspendendo os nossos interesses
e desejos.
Emora as paões sentidas no teatro sejam dirigi das para oject os
imaginários, elas s ão gia das por um senti do de realidade, evoluindo
ROG SCUON
O esto
Um artist a verdadeiro co ntrola os emas so re os quais tra alha. Um
modo de exercer
so controlou esse c onrolo
o sentimento zse
erótico pel odae stilo
através que adopta:
reconstrução Picas-
cuisa
do rosto minino Pope conrolou a misantropia aravés da lógica
refnada do dísico heróico . estilo não é exiido apenas pela ar e .
Com eeio, como deendi no capítulo anterior, o esto é algo que
nos é natural, um elemento da esética da vida quotidiana pelo qual
emelezamos o amiente que nos rodeia e o dispomos de modo a
estaelecermos com ele uma relação signifcativa. Saermos vestir-
nos, por exemplo, não tem a ver com teimar na srcinalidade, mas
consiste, ao invés, na capacidade de pegar num repertório comum e
darlhe um toque individual, de m odo a revelar em cada es colha um
carácter único. isso que queremos dizer com estilo e a «elegância>>
em lugar quando se vai longe de mais no est o, tornandose est e no
ctor dominante na maneira d e vestir da pesso a.
Esilos dierentes podem assemelharse e conter idiomas que em
grande parte se sorepo nham como os e stilos de Hay dn e Mozart
[ oo
EEZA
da regra.
apelar O estilo permite
a comparações que aos
nãoartistas aludir a coisas que
zem explicitamente, não dizem,
colocar a sua
obra e o tema desta num contexto que torna cada gest o signifcativo,
e, a ssim , atingir a intensidade de signifcado que test emunhamos na
sinn ia para violoncelo d e Britte n ou nos Four �artets de Eiot.
Conteúdo e rma
Estas ideias levantam imediatamente um problema que se tornou
miliar na estética, na crítica literária e no estudo das artes em ge-
ral, a saber: como se pode separar o conteúdo de uma obra de arte
da sua rma? Por outro lado, se podemos separaro conteúdo, não
mos trará iss o apenas que este é irrelevant e para o obje ctivo est éti co ,
não zendo parte daquilo que a obra realmente signifca?
Suponhase que me pergu ntam qual o conteúdo da mos a pintu-
ra da cadeira amarela de Van Gogh. que signifca ela exactamen
Or }
RG SUTON
em palavras:
o modo como«Tratase de um
esta penetra convite
naquilo quepara
elasveproduzem,
r a vida das p ess
para veroasa e
rma como a vida irradia das coisas mais insignifcantes, para ver
que nada está parado e que tudo se transrma.» Mas não se poderia
ter escri to e sta mensem na parte ine rior da tela? Porque é p rec i
sa uma cadeira para comunicar um pensamento como este? mais
certo era que eu respondesse dizendo que as minhas palavras são
O 2
ZA
se», expressão
que Brooks se que devemos
reeriu consis ao
te ecrítico Cleanth
m pensarse queBrooks A heresia
o signifcado a
de um
poema pode manterse numa paráase Daqui podemos passar
cilmente ideia de que é uma heresia achar que o signifcado de um
poema pode manterse numa tradução, que pode ser transmitido
num estilo dierente ou por um outro tipo de arte, ou de qualquer
modo que não seja a rma deste poema espec ífco
O3
RG SUTON
tngente»,
qustão, e como o descrevram
uma questão Avicena
insolúvel e S. Tomás.
que vem O sercom
superície é uma
já uma
nova e perturbante ressonância na ansiedade exstencal de Hamet.
Em posa o que con ta para o sentido das palavras não é só o s eu sg
nfcado e o modo co mo elas se ass ociam umas s outras. Também o
som é importante; e não apenas o som, mas o som organzado pela
sintxe e moldado pea lguagem. Portanto podemos concluir que
EZA
[
ZA
Constable
Y armouth representa
em Davidexactamente
Coppeeld.oAmesmo ugar que as
mbos descrevem as cenas de
paisagens
panas de Yarmouth, ambos contêm mensagens que se podem
transmiti r de outras m aneras e por outros meios. A representa ção
em palavras ou em imagens, corresponde a uma relação entre uma
obra e um mundo e a obra reerese ao seu mundo tal como os con
cetos se reerem s coisas que são por eles subsumidas, descreven
RGE SUON
como
Penso aque
emoção é expressa
nenuma na arte ez
dessas teorias e porque
avançaré muito
ela tãoaimportante.
questão.
O s gncado muscal
Os leitores podem interrogarse porque é que num livro dedicado
ideia de beleza é preciso explorar o recôndito problema do signi
O }
EEZA
deseEsas
leza? modoquesões
iransiivo? E porque
animaram é a expressão
a discussão sobre auma pare
música da be-
desde o
moso esaio de E. T. A. Homann sobre a inta Sinfoniade Bee-
hove (e iso acoece u muio a e s de Croce er eio do coce io
de expressão um as pec o ce nral na eséi ca).
ROG SCTON
O mismo music
O ensaio de 1854, On the Musicay eautu de H anslick, est ava des
tinado a tornarse um documento ndametal na disputa entre os
segidores de Brahms, para quem a arte da msi ca era esse ncialmen
te arquitectural, consistindo na elaboração de estruturas tonais, e os
seguidores de Wagner, que deenderam a opinião de que a msi ca é
uma arte dramática, dando rma e coerência aos nossos estados de
espírito Hanslick deendia que a msica pode expressar emoções
defnidas ap enas se puder a presenta r ob ec tos defnidos de emoção
Mas a msica é uma arte abstracta, incapaz de apresentar pensa-
mentos defnidos Portanto, a asserção de que uma peça de msica
exprime alguma emoção tornase vazia Nada se pode dizer em res-
posta pergunta «expressão de quê?»
Hanslick, ao contrário, argumentou que a música é entendida
como «rmas que se movem at ravés do som» Esta é a característ ica
essencial, e as associações de natureza emocional não são mais do que
isso, associaçõesque não têm a pretensão de corresponderem ao sig-
nifcado daquilo que ouvimos A compr eensão musical não tem a ver
com devaneios de algém centrado em si mesmo, que podem talvez
ser suscitados pela msica, mas que de modo nenhum são controlado s
por ela A compreensão consiste em apreciarse os vários m omentos
contidos na supercie musical, em ouvir como estes se desenvolvem
uns dos outros, como respondem uns aos outros e como ncionam,
tendo em vista uma resolução e uma conclusão O prazer causado por
tudo isto t em semelhança com o prazer que encontramos nas rmas
da arquitectur a, espec ialmente o tipo de rmas alcançadas a partir de
uma base diíil e que contenha obstáculos, como os que Longhena
enentou na constrção de Santa Mar ia della Sute, pois era precis o
assentar uma cpula circular sob re uma ba se oct ogonal
Mas, o que se quer dizer com movimento musical? Considerese
o tema do ltimo movimento da sinnia Eroa de Beethoven Ele é
composto largamente de silêncio s Começa em mi bemol, segindo-
se um siêncio durante o qual o tema vol ta a ascender e m si be mol,
desce um a oitava, e assim por diant e Podemos com muita ci lida
O}
EEZA
}
RE SUTON
rr
EEZA
dstnção
descrever radca entreimplica
um e outro rmaoemesmo
conteúdo quando
recurso o esrço
à metára para
e o mes-
mo erigr de pontes entre experiências. Quer Scott quer Browning
nvocam o modo como o juízo estétco leva a que uma experiência
tena impacte sobre outra transrmando a última; e como mo stra
Browning a transrmação resultante p ode provocar no c oração u
mano uma iluminação inesperada.
Sigcado e metára
Assim sendo parece que os nossos melores esrços para explicar
a beleza das obras de arte abstractas como a música e a arqutectu-
ra implica amarrálas à acção à vida e à emoção umanas através
das correntes d a metára. Se quisermos compreender a naturez a do
signifcado da arte temos portanto de entender primeiro a ógca
da linguem fgurativa.
3}
ROG SCUTON
Uma imem notável, rica nas sas implicações, que transrma in-
teiramente a percepção que o auditório tem da hesitação de Octá-
via Est e é o género de transrmação almejada pelas metáras Uma
metára morta nada consee, mas uma viva muda a percepção das
coisas esta a nção da linem frativa em geral
As reexões sobr e a natureza meta órica dos no ssos es rços para
atribuir um signifcado expre ssivo mús ica sugerem uma conclusão
provisória A igação entre a música e a emoção não é estabelecida
por convenções ou por uma «teoria do sinifcado musical» Ea é
estabeecida pel a experiência de tocar e de ouvir Compreendemos
a música expressi va, pondoa em sinto nia com outros eementos d a
nossa experiência, criando lgaçõe s com a vida humana, «harmoni-
zando» a música com outras coisas que para nós têm signifcado
Deste modo, admiramos o Adao for Strings de Barber pela sua so
lenidad e nobre A metá ra não é arbitrár ia, poi s z a ligação com
a vida moral que expica o cto de nos sentirm os em sin tonia co m a
peça musical e d e se rmos por ela inspirados Mas tratase de uma me-
tára que carece de justifc ação Se é uma v erdade ira indicia ção do
que sinifc a a peça , tem de e star sustentad a na estrut ura e no mo do
como a música se desenvove A lona melodia em si bemol, que a
pouco e pouco se desenvolve, e que é mais uma melodia evocada
do que pr opriamente dita; as t ensõe s resolvi das em semicadências,
como se parand o para respirar, embo ra nunca o zen do realmente,
1 1}
EEZA
�,
O valor da e
As obras de arte podem ser admiradas por dierentes motvos. Po
dem ser tocantes e trágicas melancólicas ou alegres equilibradas
melodiosas elegantes excitantes. Embora a beleza e o signifcado
estejam ligados na arte algmas das obras com maior signifcado
dos tempos recentes são inequivocamente eias e mesmo oensivas
pelo seu impacte chocante pensem os em A Suivorom Warsaw
de Shoenberg em O Tambor de Gnter Grass ou em Gueica de
Picasso banalizar
mesmo . Diz er que estaselas
o que obras são belastransmitir.
procuram é de ce rtoTodavia
modo diminuir
se a belee
za é apenas um valor estéti co entre muitos outros porque é que uma
teor ia da arte deve dizernos al go a seu respe ito ?
A relação es tabelecid a por Schille r entre arte e div ertimento em
Sobre a Educação Estca do Ser Humano nma Srie de Cartas,z al-
guma luz sobre o assunto. A arte sugere Schier tiranos das preo
[}
EEZA
a pati do
objectos momento
como fns emem que nos eempenhamos
si mesmos, em gea
não como meios e apecia
paa satisze
os n ossos dese jo s e popósi tos , queemos ve neles uma odem e um
signifcado. Esta «aiva abençoada pea odem» está logo pesente
no pimeio impulso da ciação atística; e o ímpeto que que impo
ode m e signifcado na vida human a, atavés da epeiê ncia de ago
enc antado, é a motiva ção subjacen te ate em odas as suas mas.
A ate esponde ao enigma da eistência. Ela diznos porque eis-
timos ao imbui as nossas vidas de um sentido do ajustamento das
cois
de sias.
meNa suaedimindose
sma, ma mais daelevada, a beleza
con tingênc toase
ia pea naque
ó gica justifcação
liga o fm
das coisas ao seu começo, tal como se enconta no Paraíso Perdido,
no edro e n' Anel dos Nibelungos.A ma mais elevada de bee-
za, eempifcada nestas ealizações aísticas supemas, é uma das
maioes dádivas que a vida nos dá. Ea é o vedadeio supote do
vao da ate, pois é aquilo que a ate, e só a ate, pode da.
1 17}
RGE SUON
Bele za e verdade
A percepç ão de Keats do vaso gego com a sua mensag em A el eza
é verdade; a verdade eez a é tudo/o que na terr a saem os e tudo
o que precis amos de saer» surge de um derradei ro ohar sore um
mundo que desapareceu. Porém regista uma experincia comum.
As nossas oras de arte voritas parecem guiarnos para a verdade
da condição humana e pondo diante de nós exemplos de acções e
paixões humanas consumadas liertas das contingncias da vida do
quotidiano mostramnos porque vae a pena a vida humana.
Esta ideia esclarece se porentura melhor atra vés de um ex emplo.
Saemos o que é amar e não ser correspondido e andar por essa
razão perdidos no mundo envenenados pelo desânimo desolador.
Esta experincia em toda a sua desordem e aritrariedade é uma
experincia pea qua l todos tem os de p assar. Ma s quando Scuert
em Winteeise,explora o tema numa canção descorindo melodias
delicadas que uma após a outra iluminam os muitos re cantos de um
coração destroçado vislumramos uma ordem dierente. A perda
deixa de ser um acidente tornandose em vez disso num arquéti-
po cu a eez a a músi ca leva para á do alcance das pala vras uindo
so o impulso da melodia e da harmonia para uma conclusão que
possui uma lógica artística irresistível. como se olhássemos ata
vés da perda contingente do protagonista do ciclo de canções para
um tipo de perda completamente dierente: uma perda necessária,
cua usteza reside na sua completude. A eleza atinge a verdade
suacente a uma experincia humana mostrandoa sob o aspecto da
necessidade
Acho dicil expressar esta ideia. E estou consciente da lição que
temos de tirar das disputas sore rma e conteúdo. Reerirnos
verdade contida numa o ra de arte impica s empre arriscar o eeit o
corrosivo da questão: que verdade? E no entanto esta questão tem
de ser reeitada. A intuição que a arte conere está apenas dispo-
sição so a rma pela qual ela se apresenta. Reside apenas na ex-
perincia imediata cuo poder consolador consiste em remover a
aritrariedade da condição hu mana ta como a do soimento é
[1 18}
ZA
Arte e moradade
Drante o séclo srgi o movimento da «arte pela arte, l
pour lrt. As palavras são de Théophile Gatier, qe acreditava qe,
se a arte deve ser valorizada por si mesma, deverá ser separada de
qalqer propósito, inclindo aqeles qe respeitam vida mora.
Uma ora de arte qe moraliza, qe se esrça por tornar melhor o
se aditório , qe de sce do pinác lo da ele za pra para se entregar
a ma casa social o didáctica, oende a atonomia da experiência
estética, trocando o valor intrínseco pelo instrmental e perdendo
qalqer pretensão de eleza qe pdesse ter.
Uma ora de arte qe se preocpa mais em transmitir ma men-
sagem do qe em compraze o se aditório é certamente deei-
tosa. Oras de propaganda, do género das escltras realistas do
período soviético, o (o se eqivalente em prosa) do Don Slencioso
de Miail Sholokhov, sacrifc am a integridade estét ica corr ecção
polític a, o caráct er caricatra e a intriga ao sermão . Por otro ado ,
RGE SUTON
ézr
moralmnt nutra
d just fcar possuindo
al gaçõs no ntanto
morais. um modo
Ao trazr próprio
supr ci a d
com-
paixão ond o mundo a rcusa um artista pod como Tolstoy m
Anna Karenina, opors s obrigaçõs d uma ordm moral dma
siado aprtada. Por outro lado ao romantizar caractrs qu não
mrcm tal tratamnto um artist a pod como Brg ( Wdnd)
m Lulu, conrir ao narcisismo ao goísmo um podr d atracção
2 o }
EEZA
2 }
6
O objectivo comum
As coisas não são tão simpes como o argumento democrático z
crer Se
como é tão oensivo
recoece oar deporque
o democrata, to para o gost
o gosto o alheio,
está isso é ass
intimamente liim,
gado nossa vida pesso e nossa identidade moral Faz arte da
nossa natureza racional esrç armonos po r uma comunão no juí
zo, por uma concepção partilada do valor, pois é isso que a razão
e a vida mora requerem E este desejo de um consenso reectido
transborda para o sentido da beeza
22}
ZA
mesmo as xv
do século ameias dos edicios que dão para a via pública eneza,
em diante)
Este desejo de consenso não se confna ao domínio público do
planeamento do espaço edifcado e dos jardins Pensemos na rou-
pa, na decoração de interiores, na ornamenta ção do corpo : também
aqui podemos fcar beira de um ataque de neos, podemos ser
excluídos ou incluídos, sentirnos dentro ou ra da comunidade;
1 3}
RüG SCUON
Subjectividade e razões
Alguém pode dzer que não á aqu um verdadeiro argumento.
O co nsen so, a ser alca nçado, surge po r outra via, por co ntio emo
cional, não pela razão. Digamos que você gosta de Brams e que eu
o detest o. Im nese que você me c onvda para ouvir as suas peças
voritas e que, a partir de certa altura, elas me «batem». Se calar
ZA
mesma
ra célula
assado melódca
pouco tempoe harmónca que gerou
eu compreendo que háa meloda
aqu umadeespéce
abertu
de mnmalsmo, ue tudo emerg e de um a semente ond e tod o o ma-
teral muscal est á concentrado Assm que percebo que é sto o que
acontec e, tudo , subta mente , me soa bem a opressão e a untuos da
de de saparecem nu m ápce e, em vez deas, oço uma bela planta que
desabrocha e com eça a orr
ROG SCUTON
Está bem, respondo, pode ver as coisas dessa manera, mas a pin-
tura não se limita a ser uma impressão, a sua qualidade sombria dá
bem ideia de quanto as pesso as e os seus projec tos tornaram o mun-
do um lugar mais negro. Nã o há aqui negação d o trabalho e da explo-
ração,
sombriomas, pelo contrário,
a extensão umahumano
do abuso tentativa de ver
sobre naquee momento
a Natureza. O títuo
dános essa ideia. De cto, um «nocturno» é uma criação humana,
uma criação recente, desconhecida antes da revolução industrial e
da retirada da classe dos proprietários para os salões, nos quais es
beltos estetas ao pano lhes proporcionavam um serão agradável.
O prateado e o cin zento são as co res da viuvez e a atmos era da pin
[ 1 26
ZA
representando a lria
de mod o dierente e a ama,
aqele «negrovocê começa
amor a ovir
secreto» as palavras
gana uma nova
ressonância, qe nada de bom oira para a sa vida. Este exercício
crítico não di apenas eis o qe o poema signifca, como se sse
pos sível pôr de parte o poe ma e t er aces so ao seu signifc ado atra vés
da mina tradção sperior. A poesia não é apenas m meio para
transmitir o signifcado q e con tém , como se ma tradção pdesse
ROGE SCUTON
zêlo tão bem como ela Quero que a sua experiência do poema
seja dirente e o eu argumento crítico aspir a precisamente a cau-
sar essa mudança na sua percepção
O argumento pode ser reeito a propósito da arquitectura, da es-
cutura, dos romances e das peças de teatro ; po de ser també m rei-
to a propósito de objectos naturais, de paisagens e ores Em cada
um dos casos reco nhecemos que há um raciocínio cuja fna lidade é
produzir uma mudança de percepção ém disso, o argumento que
não tenha por fm uma mudança de percepção não pode ser consi-
derado um argumento crítico, não corresponderia a uma reexão
relevante sobre o seu objecto enquanto objecto de juízo estético
Pode confrmarse isto se considerarmos como se pode responder
s seguintes questões: achas que o Grand Canyon é de cortar a res-
piração? O Bambi é tocante ou kitsch? A Madame Bova é trica
ou cruel? A Flauta Mágicaé inntil ou sublime? Estas são questões
reais e também são questões bastante controversas Seja como r,
argumentar sobre eas signifca apresentar uma expeência como
send o a experiência apropriadaou coecta.
1 28 }
EEZA
unvesas tanscultuas.
sas, a exstem, Também
não estejam nãonamplca
enazados que essesounve-
nossa natueza que
não se almentem dos nossos nteesses aconas a um nível mto
ndamental. A smeta e a odem, a popoção, o acabamento, a
convenção , e também a nov dade e a exctação, tudo s to paec e m
pesso na a psique humana em geal. Clao que todas estas palavas
são vagas e muto ambígas, po dend o mesm o obje ctase que os sg-
nfcados em que elas se podem pulveza coespondem pecsa-
mente aos snfcados dados pelas deentes cultuas que dvdem
a espéce
quata humana.
como A Altae Idade
hamonoso paa oMéda olhava
de tecea paa
como o ntealo
dssonante. de
aa
nós é o op osto, se alma co sa. A hamona paa os Gegos con
sst a numa elação ente os sons suce ssvos de uma meloda e não na
consonânca de notas smultâneas, e assm po dante.
RG STON
Objctvdd unvrsdd
Isto lvanos a uma obsação ma is impot ant , a sab: no qu rs
pita ao uízo st étic o, a obc tividad a univsalidad aparc m
spaadas Na ciência na moralidad, a pocua da obctividad
corspond busca d sultados válidos univsalmnt, qu têm
d s acits po qualqu sr acional No uízo d blza, a po-
cua da obctividad tm a vr com mas válidas lvadas d
xpiência humana , na s quais a vida pod ori d acodo co m as
suas ncssidads atingir a ição qu tstmunhamos no con-
tacto
A com o tctocítica
agumntação da Capla
não Sistina,
tm mcom ou com
Parsalqu
vista mostrar Hamlet
tems, po
xmplo, d gostar d Hamlet O su to é xpor a visão da vida hu-
mana qu a pça contém as mas d ptnça qu la vorc,
psuadindonos do valo daqua Não s trata d arma qu sta
visão da vida humana é univrsa l Isto não signica qu não s po ss a
z comparaçõs tanscultuais: é ctamnt possívl comparar,
por xmpo , Hamlet com uma pça paa maiontas d Chikamat-
su Isso i á ito, d sto á obras d tato aponês qu satiri-
zam aa vida
qu humana
xaltam, plo(aqu
comédia kabuk
a qustão Hkas
d sabr poMarage
d, Le xmplo)de
obras
Fgaro,
d Baumachais, trata a sxuaidad humana d uma ma mais
ponda do qu Hkadé uma qustão qu z todo o sntido
A obcção qu lmbra qu as azõs stéticas são puramnt su-
gstivas não z snão ritrar a idia, nomadamnt, d qu o uí-
zo stético stá naizado na xpriência subctiva Assim é com o
uízo da co E não é um cto qu as coisas vrmlhas são vmlhas
azuis as coisas azuis?
Rgrs orgnldd
A obcção nal é, no nta nto, mais séia Pod hav gras do gost o,
mas las não ga rantm a bl za d uma oba d a rt, qu pod msmo
rsidir na transssão s as do gosto As quanta oito gas
d Bach vidnciam todas as as da composi ção para ga, mbo a
[o]
ZA
{
RG SUTON
O padrão do gosto
Para ond dvmos olhar ntão, d modo a ncontrar pdrõs pa ra o
juízo d bl za? Ou srá s sa procura vã? Num cébr nsio , Hum
tntou mudar o cntro da discussão, rmnando mais ou mnos
como s sgu: o gosto é uma rma d prrência st a é a prmis
sa, não a conclusão, do uízo d blza. Para xr o padrã o, portanto,
dvmos dscobrir o juiz fddigno, aqu cuos gosto capacidad
d discrimin ar sj a o mlhor ia para ...
Guia para uê? Há qui ua poncial circuridad: a blza é
aquio qu o juiz fddigno é capaz d discrnir o juiz d confan
ça é aqul capaz d discrnir a blza. Esta circularidad já dvia
{r
ZA
ser esp erada. Para Hume, ver um obje cto como belo é uma questão
de «dourálo ou manchálo com as cores do sentimento interno».
O padrão, se existe, não reside nas qualidades do objecto, mas nos
sentimentos daquele que z o juízo. Assim, sugere Hume, livremo
nos das discussões inutíeras sobre a beleza e concentremonos
nas quali dades que admiramos num crític o a fneza e o d iscerni-
mento.
Est as considerações ex põ emnos, no entanto, a outro tipo de cep
ticismo: porque hãode ser estas as qualidades que admiramos? Se
parecia normal, na Escócia da época de Hume, admirar a fneza e
o discernimento, hoje em dia as coisas não são assim, numa época
em que a céc ia e a ignorância tão injustament e deadas de p arte
pelos austeros sagesdo Iluminismo exigem , e rece bem , a sua qu ota
parte de atenção.
Não será melhor dear cair aqui o assunto? Penso que não.
O argumento de Hume sugere que o juízo de gosto reecte o ca
rácter daquele que o z, que o carácer conta. As características do
bom crítico, como Hume as concebia, apontam para virtdes que,
segudo o seu pensamento, são vitais para um a boa conduta de vida
e não apenas para a discriminação das qualidades estéticas. Em últi
ma análise
nos , há tanta
juízos sobre o bjec etividade
a virtude o vício.nos noss osestá,
A beleza juízos de tão
pois, belerme
za como
mente enraizada na ordem das coisas como a bondade. Ela alanos,
tal co mo a virtude, da realiza ção human a: nã o das co isas que quere
mos mas das coisas que devemos querer, porue a natreza humana
as requer. Esta é pelo menos a mia crença. Procurarei justifcála
nos próximos capítulos.
7
Individulidd
Entre os animas, apenas os seres hmanos revelam a sa indvda-
lidade peo rosto. A boca qe ala, os olhos qe olham, a pele qe
cora; tdo isto é sinal de lberdade, de carácter e de jízo e do é
eressão concreta do carácter únco do E qe está no nterior.
O grande retratsta rá com qe estes pontos salen tes da epress ão
ZA
o apetit
na pinterasea. Os ohos
são incon oham
seqent para coi sas
es. Nenhma aa mas apenas
rota deespara as que
nenhm
ohar fxo qest iona inco mod a o arreat a. Tdo se mantém na sa
qietde de criatras demasiado astractas para se apropriarem da
vida. As Nereides em O Trinfo de Vén, por exempo não se dis-
tingem da desa; todas são ma nica mlher e ao mesmo tempo
m número infnito deas instâncias separ adas de m niversa ca
{
ROG SCUON
EEZA
ama; não são sequer corpos de anmas, pos ncluem o mode uni
versa do rosto humano ao qua ata o eu que anma e redme E esta
ausênc a de uma ama degrada a pntura Ela é gracos a, atractva, de -
coratva, uma peç a de moba esplêndida mas bela? Não estamos
muito seg ros dsso
ou tensão muscular,
samparado de um rostomantém em péque
melancólco O corpo é umo exteror,
olha para apêndcenão
de-
para o obs eador mas para lá dee e, no entanto , que mportânca
tem sso? um rosto com o qua sonhamos, pelo qual suspramos,
nesquecí vel, o rosto de uma mu er ideal zada e, portanto, não
o rosto de um mortal; não deixa, no entanto, de ser um rosto, que
smutaneamente ndv dualza e mstf ca Não quer sto dz er que a
Vénus de B ott cell seja sensua tratase de uma V énus da prmera
Renascença, que se move nas eseras ceestais e que está ra do
alcanceEsta
brosa dosmuher
susprosque
humanos por
é ruto do ssoestá
desejo quealém
a pintura
do queé tão assom-
o desejo,
tal com o sempre conh ece mos , pode alcançar
[
ROGE SCUON
[1
EEZA
A arte erótica
Anne Holaner escreve sobre a circnstânci a e o n ser, n a nos sa
traição, mai s espio o e esnao: m corpo marcao pelas
rmas e materias alo e abitalmente o cobre. Em Ticia-
no o co rpo esc ansa, ta l como ra se estiv ess e prote go o nosso
olar po r m v m co rpo vestio por ropas invsíveis. Assim
como somos icapazes e separar o corpo e ma mler compe-
tamente vestia o se rosto e pe rsonalae, tambm somos inca
pazes e zêlo o caso e m n e Ticia no Ao pintar o co rpo do
moo escrito,
sa natreza deTiciano spera aEste
ruto proibio alidae esconia o se
eeito esapareceria corpo, a
o rosto
sse sbstitío por um estereótipo prozio em srie, ao estilo
e Bocer. Nele, o rosto go e aponta para o corpo, a sa
razão e ser. Em Ticiao não temos bem o contrário isto, pois a
emoção prese nte na pint ra resie certamente na coloração em tons
e carne, na lz, na suaviae e na promessa e uma rma emini-
na completa Só qe em Ticiano o rosto mantm a sa vigilância
sobre esta rma, afrman o o seu ireito e proprieae sobre ela,
removenoa o nosso alcance.
e too, arte concpiscente. Tratase
A Vns nãoeestá
artea erótica, mas não ,
sernos mostraa
como m possível objecto o nosso esejo. Ela está a sernos nega
a, a ser integraa na personalidae e calmamente ola por ae-
les olos e que se ocupa e pensamentos e esejo s próprios.
Quano aet pinto a mosa boulevardiennea Paris o s clo
XX na pose da Vnus e Ticiano, a sa intenção não era apresentar
o corpo esta como um objecto sexual, mas revear m tipo de sb-
jectividae mais rte . A mão na coxa da Oympia e anet não a
mão e Ticiano pinta, ecada nas carícias inocentes e que repo
sa com um toque delicao. uma mão e e experimentada, qe
lia com ineiro, qual mais c agarrar o qe acariciar; ma
mão e usaa para astar impos tores , inaaptaos e epra vaos.
A expres são sabia nã o oerece n em esc one o co rpo, m as lá tem a
sua maneira de izer qe aquele corpo está completamente ao meu
ispor. Olympia irigese ao obseraor com um olar avaliaor,
[
RüGE SCTON
Eros e desejo
A questão evantada por Platão no Banuete e o edro mantémse
tão pertinen te hoje com o o er a na antiga Grécia: q ue lugar há, no d e
sejo sexal, para o obj ecto individual? isto co mo simpes impuso,
o desej o po de se r satiseito p or qualquer membro do sex o reevante
Nesse ca so o indi víduo não pode se r o verdadeiro o bjec to do des ejo ,
uma vez que ele o u ela é apenas um a instância do homem o u da mu
her universais isto como rça espiritual, no entanto, o desejo é
imete indierente ao indivíduo Se ee é visado, éo devido sua
{
EEZA
a primeira
dieval Renascença
do erótico . A esteorentina
respe ito reteve a co ncepção
a distância platónica
que medeia e me
entre Dante
e Milton tem paralelo na que vai de Botticelli a Ticiano. Enquanto a
mente platónica da d ade Média e da primeira Renascen ça conce bem
o objecto do desejo como uma premonição do etéreo a mente mo
dea vê o objecto do desejo simultaneamente como racional e mor
tal com todo o desamparo dor e tristeza que daí advêm.
RGE SUON
e e pornograa
A ascensã da alma pela mã d amr, que Platã descreve n edro
é sim blizada pela Adite U rânia, a énus intada pr B ttic ei,
que, pr acas, i um ardente patónic e membr d círcu pla-
tónic que girava em trn de Pic dela Mirandla A énus de
Btticei nã é erótica é uma visã da beleza c eestial, uma visita -
çã vinda de eseras de utra natureza, mais elevada, e um cnvi
te transcendência Ela é decert precursra, e a mesm temp
descendente, das virgens de Fra Fiipp Lippi: precusra, n seu
signifcad
cançad na précristã descendente,
repre sent açã da irgemaMaria
abser tdsímbl
c m que i
da al
carne
imaculada
A reabilitaçã pósrenascentista d desej sexua lançu s ali-
cerces de uma arte erótica genuína, que viria a exibir ser human
cm sujeit e também cm bject d desej, sem que aquele
deasse de ser um indivídu livre, cuj desej é um vr cncedi-
d cnscientemente ntud, esta reabilitaçã d sex levans a
levantar uma questã que se trnu uma das mais imprtantes para
asearte e parahá,a crítica
alma entra adaarte
arteerótica
n n ess
a tprngrafa
emp : sabe rAqual
artea pde
dieren
serça,
erótica e também bela, cm n cas da énus de Ti cian Prém,
nã pde s er bela e simu ltaneamente prngrá fca assim crems,
pel mens imprta nte perc eber prquê
A disting ir erótic e prngráfc , estams realmente a dis
tingir dis tips de interesse: interesse na pessa incrprada e
interesse n crp e, n sentid q ue eu ten em mente, di s
interesses incmpatí veis (Ver discussão no Capítulo 2.) O desej nr
mal é umaque
e mútua, emçã i nterpe
é também a ss al O
uniã deseu prp
dis ósit é uma
indivídus, esteentrega livre
e aquele,
atravésds seus crps, decert, mas nã meramente enquanto cr-
ps O desej nrmal é uma reacçã pessa a pessa, que prcura a
identidade qu e erec e Os bjec ts pdem ser substituí ds uns pe
ls utrs, s sujei ts nã Os sujeits , c m Kant persuasi vamente
deendeu, sã indivídus livres a sua nã substituibilidade ligase a
EEZA
danos
tão e napara
alusãa o,
subjectividade
em vez de nade outra pessoa,
exibição apoiandose
explí cita . na suges-
O prop ósito da pornografa é inci tar o desej o vicariante; o da arte
erótica é retratar o desej o sexal das pesso as nea representadas se
ela além disso também incita aquele que a vê como acontece por
vezes co m Correio isso é um deeit o est étic o uma «queda» no utro
tipo de interesse que não aquele que aponta beleza. A arte erótica
põe, assim, um véu sobre o seu objec to, por rma a que o dese jo não
possa ser traduzido e expropriado pelo obserador. A suprema rea-
lização
véu da si
sobre arte erótica éprópria
dando zer com
carnque o corpo
e uma ponha
expre ssão ele prprio
de decênc um
ia que
interdita o voyeur, zendo assim com que a subjectividade do nu se
revele mesmo naquelas partes que estão ra da esera da vontade.
isto que Ticiano alcança, e o resultado é uma arte erótica ao mes-
mo tempo serena e nupcial, que põe o corpo totalmente ra do al-
cance do interesse sórdido dos «mirones».
Oemos agora para A Menina Ouhy de Boucher e veremos
quão dierente é a intenção artística . Esta mulher adoptou uma pose
que não poderia assumir se vestida. Tratase de uma pose que não
tem lugar na vida quotidiana tirando no acto sexual. Esta postura
atri a atenção para si mesma uma vez que a muler olha calma-
mente para outro lado, não parecendo estar preocupada com algo
em espe cial. A pintura de Bouch er vai contra as normas da decê ncia
ainda de outro modo, visto que não e ncontramos no quadro qual-
quer razão que justifque a pose da Odalisca. Ela está sozina, não
ROGE SCUTON
olando para algo em particular, não ocupada com outro acto que
não aquele que está vista O lugar do amante está ausente espera
de ser preenchido , sen do o e spectador convid ado a ocupá lo.
Há obvamente dirença entre a O dalisca e os peitos e traseiros
na pina 3 do The Sun. Uma delas é a dir ença geral entr e pintu-
ra e tografa a prmeira, uma representação de f cçõ es; a sen-
da, uma a presentação de reaidades (mesmo se ajusta das pelas ar te s
gráfcas ou pelo photosoware. O mínimo que se pode dizer é que
o traseiro na página 3 do The Sun é tão real como parece e que o
seu interesse r eside nisso mesmo . A senda di erença está li gada
primeira, ou seja, não temos de saber o que quer que seja acerca da
Odalisca de Boucher, trando o que a pintura nos diz, para apreciar
o eeito pretendido Houve um modelo que posou para esta tela
No entanto, nós não interpretamos a tela como o seu retrato, nem
como uma pintura em que a pessoa do modelo seja o tema. Os tra
seiros na página 3 do The Sun têm um nome e uma morada. Muito
equentemente, o texto que os complementa diznos muito acerca
' Scção do jo tablóide ês de mor crculação ond s o dem ncontr to de mu
feito d rtismo T
lheres oplessou mesmo nuas com o intuto produzirem
BEEZA
A questão mor
Não é cil movimentarmonos no pântano moral da pornografa
so Numa época como a nossa em que as imagens mais cruas es-
tão ao alcance de um toque no teclado em que o Supremo Tribunal
dos EUA protege a pornografa hardcore por considerála «liberdade
ademodéstia
expressão» e quandoe ao sealidade
a decência pudor nada hmana é discutida
mais ssem do que como
ilusõesse
opressivas é dicil condenar a página 3 do The Sun. Que mal pode
zer? E sta é a resposta natur al e qando atacada por eministas de
pendo r censório até no s é simpática. Mas não dev emos enganarnos
a nós mesmos como acontece com certos comentadores pensando
que o interesse pela página 3 do The Sun é um interesse pela beleza
por um ideal de eminilidade ou por um valor mais elevado que se
revela no texto. Pelo contrário a caracterí stica mais importante das
raparigas da página 3 do The Sun é que elas são reais sendo exibidas
como objecto sexual. Mesmo se temos para com elas uma atitude
tolerante e mesmo se têm o papel de compensar aquilo que alta
numa vida privada de sati sção sexual não devemos pe nsar que elas
competem no domínio do interesse estético (nem mesmo do inte-
resse motivado pel A Menina Ouhy de Boucher ). A tela de Bou-
cher encontrase na linha divisória entre o estético e o sexual auto
RGE SUON
Estou
ao meumisturado com eeque
cor po é o mesmo inetrincavelmente
zêl o a mim PorFazer
outr oqualquer
lado, se ocoisa
meu
corpo é sujeito a um certo tratamento, a nha maneia de pensar e
de sentir pode atera rse Poss o perder o me u sens o moral, tornarme
menos sensível e indierente aos outros, dear de azer juízos ou de
ser guiado por princípios e ideais Quando isto acontece não sou ape-
nas eu o prejudicado odos os que me aam, que precisam de mim
{
EEZA
Beleza e eros
Neste capíulo concentreime na pintura, de rma a sublinhar a
onteira entre arte erótica e antasa sexual. A minha intenção era
visitar pela útima vez a v ea per spe ctiva platónica d e que er s é go-
vernado
com maispelo princípiocomo
pormenor da beleza em todas
isto alseia as asuas
quer rmas,do
natureza e mostrar
interes-
se estéico quer o género de educação moral que a verdadeira arte
consegue alcançar. A beleza resulta de coocar a vida humana, sexo
incluído, a uma distância tal que se toe po ssível vêla sem de sgos-
to ou prurido. Quando se perde esta distanciação e a imaginação é
engolida pela ntasia, a beleza pode até permanecer mas será uma
bel eza degradada, uma belez a rçad a a libertarse da indivi dualida-
de da pess oa que a possui. Perde o seu vaor e gaa um preç o.
lém disso, a beleza humana pertence ao nosso estar num cor-
po. A arte que «objectiva» o corpo, removendoo do domínio das
relações morais, nunca será capaz de captar a verdadeira beleza das
rmas humanas. A comparação entre a pornograa e a arte erótica
mostranos que o gosto está enraizado no quadro mais aaado das
nossas prerências, que expressam e encorajam certos aspectos do
nos so c arácter moral. A luta contra a porn ografa é co ntra o interes
ROGE SCUTON
se que ea see, de v er as pess oas reduz das aos seus co rpo s, obj ec t
vadas como anmas, transrmadas em coisas e tornadas obscenas.
Tratase de a go que muito s comungam, mas é um nteres se em co n-
to com a nossa humanidade. Ao mostrarme desvorável a este
interesse, ponhome ra da esera do juízo �stétco e passo para o
problema da vrt ude e da depravação sexuas. A p ornografa oere ce ,
portanto, um a vívda ilustração da te se apontad a no fnal do capítulo
anterior. O padrão do gosto é ado pelas vrtudes do crítco e ess as
são t estadas e provadas na vida mora.
{48J
8
À Z
eende
mostrar
r qeaavida
beezta
a éqa ea é. Arthr
enganadora Danto
enqanto fmchego
e de cemesmo a de-
rta maneira
oposta missão da arte moderna.
Este movimento de ideias pode ser visto em parte como algo
qe nos z reconhecer a natreza ambíga do termo «beleza». Mas
ele envolve também a r ejeição da beleza no se sentido e strito a
afrmação de qe as velhas invocações da casa da paz do amor e do
BEEZA
Tradição ortodoxia
Encontramos a mesma hstóra a respeto da arqtectra e da l
teratra: a arte em gerra com o se passado, rçada a desafar os
clchés e a lançarse nma va de transgressão Toda esta hstóra,
porém, almentase de exemplos qe pendem só para m ado da
balança No momento em qe Rothko, De Koonng e Pollock se
empeavam nas sas experêncas (no me entender bastante re
pettvas), Edwa rd Hop per pr odza pntras fgra tvas qe zam
dele o pntor da vda mode rna amercana tanto qanto Manet o ra
para a Pars do s éclo XIX No momento e m qe Scho enb erg atrava
bo rda ra a tonaldade em vor da mú sca seral, J ancek comp
nha Kaa Kabanovae Sbels começava a sa grande sére de sn
nas tonas
Além dsso , h ma otra hstóra do artsta moderno , ma hstó
ra ma s verdadera, qe é contada pelos grandes modernstas Essa é
a hstóra narr ada por T S Elot , nos se s ensaos e nos atro ar
tetos, por Ezra Pond nos Cantos, por Schoenberg nos ses escrtos
crítcos e em Moisés e Abraãoe por Pfzner em PalestrinaEla não dz
qe o artsta moderno tem por objectvo o corte com a tradção,
mas antes recaptrar a tradção, em crcnstâncas para as qas o
legado artístco poco o nada nos preparo Esta hstóra não vê o
carcter pretérto do momento present e, mas apenas a sa r eaidade
acta, como o lugar a que chegámos,cja natreza tem de ser enten
dda como m contíno Se, nas crcnstâncas modernas, as rmas
e os estlos da arte têm de ser retos, não é com vsta a repdar a
velha tradção mas a restarla O artsta moderno esrçase por
dar expressão a real dades qe anterormente não exstam e qe são
partc larme nte díces de abarcar Mas nã o pod e zêlo a não ser
rec orrendo ao captal esprtal da nos sa cltra, com o algo relevan
te para o momento presente assm que pode mostrar o presente
como ele realmente é Para Eliot, e para os otros, portanto, não
po dera ha ver ma arte verdad eramen te moderna qe não sse ao
EEZA
fcado duramente
honrada conquistada,
com o o símbolo paradeque
presente a beleza
valores sse novamente
tra nscendent es. Não é
isto que se vê na arte actual, conscientemente «transgressora» e «de
safadora», que é exemplo de uma ga beleza e não de um desej o
de recuperála.
{
GE SUTON
A ga beleza
{
EEZA
se e srça para q e a sa voz, ainda té ne, seja abada por trás das
cenas de dessacral zação Isto porqe a beleza é exi gente: é m cha-
mamento para rennciarm os ao no sso narci sismo e oarmos para o
mndo com reverência (C o acerca de Ca ssio , «Na sa vida, ele
mostra todos os dias a belezaqe me torna eio», e o solilóqo de
Clart em Biy Budd de Britten, enrecido contra a beleza qe
expõe a sa própria baixeza moral)
se a palavra «dessacralzação» para assm recordar a discssão
sobre o sagrado no Capítlo 2 Dessacralizar é estragar o qe, sem
isso, pode estar parte, na esera das cosas consagradas Podemos
prona r ma igreja, ma mesqta, m cemi tério, ma tmba; tam-
bém ma imagem santa, m livro sagrado o ma cerimóna religio
sa Podemos anda pronar m cadáver, ma imagem qerida, até
mesmo m ser hmano vivo desd e qe con tenham (como realmen-
te contêm) m poco dessa condção srcinal extraordinária de m
«estar parte» O medo da dessacralização é m elemento vital em
todas as religiões Com eito, é isso qe a palavra religiosignicava
orginalmente: m culto o ce rimónia con cebi dos para proteger m
espaço sagrado do sacrilégio
ma pessoa qe não sinta a necessidade da beleza não pode ser
m ser realza do Essa nece ssidade advém da nossa condção meta-
sica enqanto seres livres , qe qerem enco ntrar m lgar na es -
ra pública Podemos errar por este mundo, alienados, ressentidos,
cheios de sspeções e desconanças; o podemos encontrar aqi
o no sso e spaço e v ivermos em harmonia co m o s otros e co nnosc o
mesmos A experiência da beleza guianos por esta última via; ela
diznos qe neste mndo estamos em casa, qe o mndo qe nós
partida percebemos como tendo ma ordem é m lgar eito me-
dida de sere s com o nós Todavia e e sta é também ma mensa gem
dos primeiros modernistas , seres como nós não podem sentirse
em casa neste mndo sem o reconhecimento da sa «qeda», como
admite Elot em The Waste Land.Assim, a experiência da beleza
aponta também para lá deste mndo, para m «reino dos ns», no
qal a nossa mortal nostalgia e o nosso desejo da pereição obtêm
nalmen te respos ta Portanto, como vira m qer Plat ão qer Kant
o sentimento da beleza é algo qe não está longe da mentalidade
{
ROGE STON
O s rado o p ro fano
A essacraliação é ma espécie e eesa contra o sagrao, ma
tentati va e estruir as sas pretensõ es Na presença as cois as sa-
graas as nossas vias são jlgaas, e para escaparmos a esse jlga-
ento estrímos a coisa e parece acsarnos
Mitos ó sos e antropólogos , no entanto, pen sam e a expe-
riência o srao é m elemento niversal a conição hmana,
não sen o, po rtanto , evitaa cilmente As nossas vias são, a maior
parte o tempo, organiaas em nção e propósitos transitórios
ocos esses propósitos são memoráveis o empolgantes Ai e
ali som os sacios pa ra ra a nossa complacência e sentimo s es
tar na presença e algo enormemente mais importante o e os
nossos interesses e esejos Sentimos a realiae e algo precioso
e misterioso, qe nos estene o braço afrmano algma coisa e
nm certo sentio não é este mno Isto acontece perante a m or-
te e especialmente perante a morte e alguém qerio Olhamos
com espanto para o corpo o al a via escapo Não se trata já e
ma pes soa , mas os ses «restos mortais» s te pensamento ános
ma sensação e e stranhea Sentimos reltânci a em tocar o co rpo
o morto Nm certo sen tio, oamos par a ele como algo e não
propriamente parte o nosso mno, ase como se sse m
visitante vino e ma otra e sera
sta experiência é paraigmática o nosso encontro com o sa-
grao xigenos ma espécie e recoecimento cerimonial
O caáver é objecto e ritais e e actos e prifcação, estinaos
não apenas a enviar sem problemas para o Além aele qe era o
se ocpante poi s estas práticas ocpam mesmo aeles e não
acreitam no Além , como também para ltrapassar o receio s-
per stic ios o e a qaliae so brenatral a rma hmana inanimaa
O corpo é reclamao neste mno pelos riais, qe reconhecem
e ele também se sita para lá ele or otras palavras, os ri
RGE SUTON
A rma
ossa humaa
ecaração é para ós sagrada
A dessacralização porque da
intecional contém
rmaahumaa,
marca da
pela pornograa do sexo ou pea porograa da morte e da volê-
cia, torouse, para muita gete, uma espéce de compulsão Esta
dessacralzação, que arruína a experiêcia da liberdade, é também
a egação do amor querer rezer o mundo como se o amor dele
já ão zesse parte E é esta, sem dúvida, a mais importate carac
terística da cutura pósmoderna, exemplicada pela produção de
O Rapto por Bieito uma cultura em que o amor está ausete, a qual,
Idoltri
A dialéctica do srado e do prono é um tema cetral a Bíblia
dos udeus, em que Deus se revela constatemete nos mistérios
que entizam o seu carácter sagrado e em que os eles são consta
EEA
existente
considerarserá uma questão
a postura perantepronda de éteologia.
Deus que advogadaMaspela
é mportante
Bíba he-
baica. Embora seja , numa certa medda, uma ino vação (como o é a
própria ideia de que ele é De us, em vez de um deus), e sta compreen-
demos ins tintivamen te, me smo se não con seguirmos raconalizar ou
ecar porqu e tem ea tant a mportância na v ida do crente
1 6 o }
EEZA
Profanação
Eist em outas oc asiõe s em que pocuamos c anos nalguma coi
sa, apeciála po apeciála, pela coi sa que é; em que a nos sa atitude,
apesa de não se de adoação, é, apesa disso, ameaçada pela inte
venção de substitutos O eemplo mais evidente tem sido conside
ado em váios pontos deste livo, a sabe: o inteesse seual, cujo
objec to é idealiza do, mantido pa te, pocuado não como uma co
modidade, mas pelo que a pes soa em causa é Este tipo de inte esse ,
que designamos como amo eótico, está em isco O pincipal é a
apaição de um substituto, seja ele de que tipo Como assinalei
no Capítulo 2 uma das azões de o ciúme se dolooso tem ceta
mente a ve com o cto de alguém ve que o objecto do seu amo,
algo que paa si ea sagado, i de ssacaliza do
Uma cua possível paa a do da dessacalização passa po uma
ga em ente paa a profanaçãototal Po outas palavas, passa
po destui todos os vestígios de santidade daquele que i ante
iomente o objecto adoado, zendo dele meamente uma coisa
dese mundo e não apenas nese mundo, algo que nada é acima dos
eventuas substitutos que a qualque momento podem toma o seu
luga A dependência cada vez mais genealizada da ponogafa
devese a isto, ponação que emove inteiamente o vínculo se
ual do domínio das coi sas que têm v alo intínseco Ao etia toda
uma áea em que a ideia do belo se enaizou, a ponogafa pote
genos da possibilidade de ama a beleza e, consequentemente, de
pedêla
A outa áea em que esta ponação ocoe egulamente é a do
juízo estético Também aqui estamos a lida com uma atitude que
pocua destaca o seu objecto, apeciálo pelo que ele é, olhálo
como insubs tituível, sem substitut os poss íveis e com um signifcado
que é dele insepaável Não digo que as obas de ate são sagadas,
emboa algmas das ma ioe s team nascido como tal, incluindo as
estátuas e templos dos gegos e dos omanos e os altaes da Euopa
medieval Contudo, afmo que as obas de ate zem, e fzeam,
pate do esço humano paa idealiza e santifca os objectos da
epeiência e paa apesenta imaens e naativas da nossa huma
nidade como algo que devemos me ece , e m vez de se si mplesme n
{
GE SUTON
EEZA
Beleza e prazer
O desejo da dessacralzação prodz m prazer de m certo tpo, e
podemos ser levados a conndlo com prazer estétco, ma nova
se da esthétique du mallovada por Badelare. Para ver qe as-
sm não é temos de revsitar brevemente a discssão do Capítlo
Neste capítlo sger qe o prazer de o em tem de ser dstng-
do do prazer que Agmente anda qe tem de se dstingr entre
dos grandes tpos de prazer, de o em: o sensóro e o intencional.
O prmeiro derva drectamente de m estímlo, tem m carácter
exctável e pode ser prodzdo at omatcamente. Deste tpo são os
prazeres da comda e da bebda, qe podem ser cm ente obtidos
RGE SUON
Prazer e dependênc a
Os estados de espito de natureza cognitiva raramente causam
dependência, uma vez que estão sujeitos exploação do mundo e
do encontro do indivíduo com um ojecto determinado, cujo po-
der de atracção está ra do controlo do sujeito. A dependência
acontece quando o sujeito tem completo controlo sore um prazer
e pode produzilo quando quiser. Tatase primariamente de um
EEZA
dê sentido
imbuída desjuízo
suasevidas A sua atitude
discriminação e eles ce coisaa ue
testamse amam no
si mesmos está
cononto com ela, tentando zer ue au ilo por ue sentem afni
dade igal e a ordem ue nele vêem.
A dependência, conrme reer em os psic ólogos, é uma nçã o da
recompensa c. O dependente é algém ue repetidamente carre
ga no inter rptor do prazer, ue ge ao pensamento e ao juízo, p er
J
RGE SON
Santidade e kitsch
A arte, como nós a conhecemo s, situase no limiar d o transcenden
tal. Ela znos olhar p ara lá deste mun do de cois as contingentes e
desconexas, para outra realidade que dá vida humana ma lógica
emociona que z nobre o soimento e com que o amor valha a
pena. Por isso, ninguém atento beleza é alheio ao conceito de re-
dençã o a uma trans cendência fna l da desordem moral n o «reino
dos fns». Numa era em que a é es tá em declínio, a arte dá testemu-
nho permanente da me espiritua e da nostalgia imortal da nossa
espécie. Deste modo, a educação estética é mais importante hoje
do que em qualquer out ro período da is tória. Wagner deu expres-
são a esta ideia: « É arte que cabe a savação da semente da é, na
medida e m que as imagens míticas nas quais a religi ão de sej aria que
acreditássemos acabam, pelo seu valor simbólico, por serem apre
endidas através da arte pela representação ideal desses símbolos,
a arte revela a verdade que neles está prondamente escondida».
Portanto, mesmo para o descrente, a «presença rea» do sagrado é
hoje em dia uma das ma is importante s dádivas da arte.
nversamente, a degradação da arte nunca i tão aparente como
hoje. E a rma mais generalizada de degradação é o ksch ainda
mais do que a pronação delib erada da nossa humanidade pela por
nografa e vioência gratita , essa doença peculiar que imediata-
mente reconhecemos, mas que somos incapazes de denir, ligada,
66J
EEZA
através detranscendentais
verdades visões idealizadas
Nodomanto
seu mundo:
azul dafgurações
virgem de concretas de
Beini en
contramos o ideal de maternidade, como uma pureza que envolve
e uma promessa de paz sto não é kitsch, mas a verdade espiritual
mais pronda que o poder e a eloquência da imagem nos ajudaram
a per ceber D e qualquer mod o, como os purit anos c onstantemente
lemb ram, a imagem da virgem situase no lim iar da idol atri a e ba sta
GE SCUON
m peeno toe para e ea caia da sa eminên cia esp irita para
dentro do poço do sentimentalismo Isso acontece no séco xx
por toda a parte, medida e as imagens votivas prodzidas em
massa inndaram o domicio comm, santos precrsores dos gno-
ms de ardim dos dias de hoe
EEZA
ee amor
que atrai a nossa admiração
é maniesta nas históriase eamor. Esta
rituais igação entre
reigiosos. sacriício
também um
tema recorrente na a rte. Quando os poe tas, em plena carnifcina da
Grande Guerra, procuravam dar um sentido destruição que os ro-
deava, tiam plena consciência de que o kitsch apenas tornava as
coisas piores. Os seus esrços não procuravam negar o horror, mas
antes e ncontrar um modo de o enquadrarem numa óptica de sacrií
BEEZA
cio . F oi deste esrço que nasceu a poesia de Wil ed en e , muito
mais tarde, o ar Requiem de Benjamin Britten.
Temos então o remédio, se o conseguirmos encontrar. Ele não
pode ser alcançado apenas pela arte. Usando as palavras do poema
«Achaic Torso de Apolo», de Rilke, «tens de mudar a tua vida».
A beleza está a desaparecer do nosso mundo porque vivemos como
se ela não tivesse importância; e zêmolo porue perdemos o há-
bito do sacriício , procurando evitá lo a todo o cus to. A alsa arte do
nosso tempo, atolada no kitsch e na dessacralização, é um dos sinais
disto me smo.
Eviden ciar esta característica da noss a condição actua l não é zer
um convite ao desespero. Uma marca dos seres racionais é não vive
rem apenas ou mesmo de todo no presente . São livres de de spre-
zarem o mundo ue os rodeia e de viverem de um modo dierente.
A arte, a literatura e a música nascid as na nossa civilização lembram
os seres humanos desta sua natureza e indicamlhes o caminho que
têm diante de si: o caminho qe os conduz não dessacralzação
mas ao sagrado e ao sacr icial. isto, numa palavra, que a beleza nos
ensina.
9
ibli l
Um guia sobre a estétic a que nos dá teste munho a ctualizado sob re o odo
como o tema é hoje entendido e ensinado nos departamentos de losoa
do mund o anglosaónico é: David Cooper, org , A Companion to Aesthetics
(Ord, 992)
Estas notas pe rmitem identicar as ref erênc ias, eplícitas ou implí citas, no
teto Listoas por capítulo e, de seguida, por secção Não procurei ne
cer uma bibliogra a completa, mas apenas sugeri r leituras co plementa
res que possa clar icar as q uest ões que discu to
Capítulo
Crítica da Faculdade do Juízo, de Kant; D avid Hume, «Do padrão do gos
to» ( 757), disponíve l em qua lquer edição dos ensaio s de Hue So bre a me
tára, ver Scruton, The Aesthetics ofMusic cap e referências aí contidas
guns truí smo s Ver Paul Horwich, Tth (Nova Iorque, 980) Uma de
fes a do inimaliso como suciente para gerar todos os t ruísmos resp ei
tantes à verdad e e como ne ces sário para não os contradizer
{ ]
Beleza mín ima. Discuti este tea longaente e The Classical Veacu
la Achitectual inces in an Age ofNihilism(Manchester, 1 99 2)
Algumas consequências. Sobre a variedade dos vaores estéticos, ver
Budd, Values of AtSobre o etremiso estético, ver Walter Pater, Ma
ius the Epicuian(1885); The Renaissance (1 877) Sob re « que é a just ado» , ver
Tristan Ed wards , ood and Bad Mannes in Achitectue (Londres , 19 24)
[}
üGR SCRT ON
de Deu s e a Ele retornam, atra ídas pelo amor e dese jo Ele é beleza, bon
dade e ver dade, manif es tações d o Uno que é o próprio Ser V er Doris Be
hrensbousef, Beauty i Arabic Culture (Princeton, 9 99) . Sobre o pal adar
e o olcto, ver F N Sibley , «Smes, Tastes and the esthetic», em F N
Sibley, Approaches to Aesthetics org John Ben son , Be tty Red fern e Jere my
Robee Co (O rd, 200 6), e Roger Scr uto n, «The Philosophy o f Wine»,
em Barry Smith, org, estios of Taste: The hilosophy of Wie (Ord,
2007) O tratamento de Ruskin sobre a oposição entre theoria e aesthes
está em Mode aiters Vol I I , Part e I I I , Secção I , Capí tulo I , parágra
s 2 0; os ecertos releva ntes pod em ser encontrados em Eri c Warner e
Graham Hough, org Strageess ad Beauty A Atholo ofAesthetic Criti
cm 18409 0, Vol (Cambridge, 983)
O in ter es se desinter es sado. Shaesbury, Characteristics; Kant, Crítica da
Faculdade do Juízo
O prazer desinteressado. Malcolm Budd, The Aesthetic Appreciatio of
Nature (Ord, 2000), págs 468 (debatendo Kant) Scruton, At ad
Imagiatio capítulo 7 Sobre os tipos de prazer, ver Bernard Williams,
«Pleasu re an d Belie, roceedigs of the Aristotelia Society
Vol 33 (959)
questão do praze r e da s suas implicações c ognitivas (por eemplo, s aber
se há «f alsos prazere s») i primeir amente levantada por Platão no Filebo.
Capítulo 2
Eos e amor latóco Roger Scruton, Death-Devoted Heart Sex and the
Sared in Waer Tristam and !solde (Nova Iorque, 2 00 4) , Capít ulo 5
O objecto individual Roger Scruton, Sexual Desire (Londr es, 9 86), Ca
pítul o 5
Cor os bel os lguas destas reeões ram diferentemente direccio
nadas por Ma Scheler (Formalismo na Étia9 72 , Par te 6), Mauric e Mer
leau-Ponty ( Fenomenologia da erepção945) e por Karól Wojtyla (papa
João Paulo I I) (The Theolo ofthe Body Human Love in the Divine lan Wa
shing ton, 9 85) O cont o de E T H oann de O lympia, a bonec a que
dança, está disponível em Hoan, Weird Tales(Londres, 885), e, claro,
na brilhante montage de Oenbach e Contos de Homan ideia de
que a beleza huana é reacção à moda depende da cultura e não obedece
a quaisquer padrões universais é negaa eloquenteente por rthur Ma
rwick, It Histo of Human Beauty (Londres, 2004) Sobre as aneiras à
mesa e o seu especial signicado, ver Leon Kass, The Hun Sou Eating
and the etion of our Nature(Chica go, 9 99 )
mas belas. Hegel, Fenomenologia do Espírito VI C c Para um a modern a
tentativa de zer da vi rtude , e nquanto enc arnaa na rma humana, um as
pect o ce ntral da e periência da beleza, ver D avid E Cooper, «Beautil Peo
ple, B eautil Th ings», BritishJoual ofesthetis (200 8), pá gs 247-60
A beleza e o sagrado O primeiro poema épico de dicado a Tró ilo e Crés si
da i o Roman de Troie de Benot de SainteMaure, u eclesiás tico da corte
de Eleanor de quitânia, quando esta estava casada com o rei de França
Duas ver sões ulteri ores o Filóstratode Boccaccio e o Tróilo e Créssida de
Chaucer contamse entre as e plorações literárias ai s renadas sobre
os ideais cava lheires cos e a s ua corrupção pelo mundo re al dos sent imen tos
humanos. Ve r, em g eral, Sc ruton, DeathDevoted Heart Capítlo 2
Capítulo
Uma rép lia. Uma réplica com ple ta à rejeição mar ista do esté tic o encon
trase no último capí tulo de Scr uton, The Aesheis ofMusi
(
blime enquanto
circular ideal estético, embora Boileau tivesse já posto a ideia a
em França
Capítulo 4
I I)
e; R s
as ave s e outras questio náveis so bre as pess oas Algumas reexões de licio
sas sobre as competências musicais das aves pode m ser vis tas em Frans de
W aal, The Ape and the ush Master: Cultural Reectons by a rmatologst
(armondsworth, 2), Capítulo 4
Razão e aparência. Hegel, Introução às conferncias sobre Estética
lain d e Botton, The Archtecture ofHappness (Harondsw orth, 20 06)
Capítulo 5
Conteúdo e rma. Cleanth Brooks he Well- Wrought U: Studies in the
Stcture of oet(974) carta ao Can Grande e o Convivi estão am
bos nc luídos e m Robert S Haller org Litera Criticism ofDante lighieri
(ncoln eb 9 73)
Forma e conteú do n a arq uit ect ura. Ruskn Studies of Venice (85
-53), Vol I I no qual a greja é ref erda como «S aute» Iron camente Ruskin
produziu várias belas aguarelas desta greja vsta da ponte que atravessa o
Grande Canal Georey Scott he Architecture ofHumanism: a Study in the
Histo ofaste(ondes e ova Ioque 94)
cU
O vor da arte obra obr a Ecação Etética o r Hmano nma éri
Caa, de Schiler, exlora a relaão enre are e dierimeno isão
de Schiller é discuida de modo esclarecedor or rmsrong, Th Intimat
Maning ofArt áginas 15168 ligaão é exlorada nouros senidos e no
con exo de uma e oria da rerese naão or Kendall L Walon, Mimi a
Mak-Bliv (Cambridge, Mass , 19 90) Ver a mbém Budd, Val ofAr.
Arte e moralidade Ver T S Elio, Th U of ot an th U of Criti
cim (Londres , 1 933)
Capítulo
Para um raameno s oc iológico abran gen e, er Se hen Bayley, Tat th
crt Maning of Thing(Lon dres, 20 06) Mais erin ene do ono de is
a lo sóco é Malcolm Bud d, «T he nerubjec ie V alidit y of eshe ic
Judgemens», Britih Joal ofAthtic (2007)
Em
on, busca da Intinct
Th Ar objectividade Sobre osan
Baty, lar uniersais
Hmaneséicos,
EvoltionDenis
(NoaDu
Iorque,
2008)
Capíto 7
Beleza ce este e beeza terrena Ver as reex ões de Sir Ernest Gombrich
sobre a Vénus de Botticelli, «Botticelis Mhologies» em Symboli Images
(Londres, 1972), páginas 31-8
A arte erótica Anne Hollander, Seeing Through Clohes (Nova Iorque,
1993) Sobre Manet, ver o moso ensaio de Baudelaire Le peinre de la vie
modee em qualquer colectâne a dos se us escrit os em pros a, e T ] Clark ,
The ainings ofMode L ar in he Ar ofMane andHis Foowers (Prin
ceton, 1 98 5, ed Rev ista, 1 9 99) Ver ta mbém a escla recedora discussão po r
Nehamas, Only a romise of Happiness que se ocupa da Olympia de Manet
enquanto obs táculo à busc a da belez a artí stica
Capítlo
Idoatria. lgumas das uestões mas prodas desta secção são debati
das por Le E Goodma em od oAbraham (Nova Ior ue 9 96)
[86J
Pensamentos nai s
K Messiaen, Olvier, 66
Kaa, Franz, 54 Miguel  ngelo, 47 103 131
U2, 122
Utillo, Maurice, 101
V
Van Gogh, 1 0 1 , 1 02, 10 3
Vaughan Williams, Ralph, 69,
153
Velázquez, Diego, 95
Vedi, Giusepp e, 1 5 3
Velaine, Paul, 1 32
Viglio, 103
w
Wagne, Richad, 1 7 , 1 0 , 1 62,
166
Wahol , Andy, 93
Wedekind, 20
Wesen donck, Mathilde, 22
Whistle, James Abbott 1 26 ,
127
Wilde, sca, 7, 28 , 69
Wittgenste in , Ludwig, 30, 27,
177
Wodswot h, Willia, 22 , 63,
67, 75, 01
Wen, Chistophe, 21
z
Zola, Éle, 1 49, 1 56, 1 62
Í É
Niiliso 19
Ideologia 3-4
Iluiniso 28 0- 1 1 3 3 Objectivida de 20-2 1 39 -40
Iaginação 98-100 128133
Incorporação 51-52 13413 Obscenidade 52 148
14147 158
Individuidade 29-30 49-5 1 54 Paisagens 27 -2 -70 7375
2 108 124 134135 147 107 128 15
Inncia 57-58 Piadas 9295
Pôr a esa 23 8 1 88
Jardins 78-80 Poograa 142-145
Job Livro de 1 03 Prazer 339 13-1
Juzo estético 12 27 47 Prazer dos sentido s 32
1 -5 72 7-77 88-89 Préo Tuer 1 2
94 1 13 1 28 13 0 148
Pré-raelitas 17
11-13
Psicologia evolucionista 4145
Tradição 152-162
Tragédia 99, 170
Transcendentais 17
l Badassare Longhna, ' Maria da lute, © useu de Hstóra da otograa rteli
Aitiar, ornça/Arquivos Anar, ornça
2 r Chrstopher Wrn, Cated r de . Pauo vsta de Ludgat Peter Titm uss/A amy
3 Uma rua humde, mas harmonios a: Barn H l, tamrd Robin W avr /Coections
imon Mart i, Anunciação 1333 Musu fz, loreça © Arquvos An ari, orença/re
produçã autorizada pelo Min stero per Ben e e Attivitá Cultur
5 ererd sre hunt ng country lan reeey/C oton s
Garganta nos Apes avid Y oung/to bra
Cminho sinuoso e m tte parta, jardim d I an Hamton inda y Robn Glndrs
por ta de um vro de pad rõe s da épa ge organa The Architect, or Practical House Car-
penter de Asher Behjamn , 30.
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I999 Topotocouk
2 Um Buda sereno de u m tempo arte sacra © uste bd/a kgma ges
25 Gnomos de jardm stockphoto
2 Wam Hogarth, oa de rosto de The Analysis of Beauty 153 Trustees do useu
Brtâno
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