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CAPITULO vil Matrizes e Formas Bilineares §1. Formas. Bilineares Consideremos um corpo K e dois espacos vetoriais V ¢ W sobre K. Dizemos que uma aplicagdo g : V x W —» K & bilinear se ela satisfizer as propriedades seguinies: BI 1. Para quaisquer v,,v,¢Ve we W, vale Gy + Pz, 4) = gv, ,w) + glv2,w) e para quaisquer ve V e w,,w,€ W, vale G0, Wy + W2) = glv, wy) + glo, w2). BI 2. Para quaisquer ce K, veV e we W, vale g(cv, w) = cg(v, w) = g(v, cw). Nestas condigdes, podemos dizer que uma aplicagio bilinear € uma aplicagdo tal que: para todo ve V, a aplicago w +> g(v, w) é linear, e também para todo we W, a aplicagio v ++ g(v, w) é linear. Se ndio houver necessidade de mencionar a aplicago g explicitamente, passaremos a escrever, de maneira geral: alr, w) = (vw), pois as propriedades BI 1 e 2 sio semelhantes as propriedades correspondentes do produto escalar usual. Se os espacos V e W sio iguais ao mesmo espaco V, de sorte que g € uma apli- cagiio de V x V em K, ent&o dizemos que g é uma forma bilinear sdbre V. Na verdade, vamos lidar somente com tais aplicagdes em todo éste capitulo. Se g, g': V x V —+ K sio formas bilineares sébre V, ent&io podemos formar sua soma g + g’. Novamente, trata-se de uma forma bilinear. Se ce K, entdo cg ¢ uma forma bilinear. Assim sendo, 0 conjunto das formas bilineares sébre V é um espago Vetorial sébre K. Exemplo 1, Seja C = (c,;) uma n x n matriz em K. A matriz C podemos ary uma aplicacdo bilinear K" x K" —+ K da maneira seguinte: Se 'X =O €'Y =(y;,. +5 Jq) So dois vetores (tornando X e ¥ como sendo vetores-coluna f entio a éles associamos a 1 x 1 matriz ‘XCY, que interpretamos como sendo um elemento de K. Com isto, a aplicagaio que estamos considerando € (X, Y) rR 'XCY. 132 Algebra Linear ma conseqiiéncia direta das propriedades da mul. A bilinearidade desta aplicagio é u a ! 0 por meio da notagag Jo de matrizes. Também podemos expressar a aplic: ry 7°" Cin\ (YA 'xCY = ued ) : Cai °°" Cnn ims ‘ou, em térmos das coordenadas ¢ de somatérias: cy = Y xe = L curvy agen =a tiplicag: de matrizes: Podemos indicar a aplicagio bilinear sébre K" associada a C pelo simbolo gc. Se Ce C’ sio duas n x n matrizes, ento gore = 9c + Ger. Se be K, entio, Gue = bgc- Isto significa que a aplicagdo CHge uma aplicagdo linear do espaco vetorial das n x n matrizes em K, no espago das formas bilineares sdbre K*, Isto é uma reformulagdo de algumas das propriedades da multiplicag’o de matrizes, a saber 'X(C + C)Y ='XCY +'XCY, IX(WO)Y = BIXCY. A forma g¢ é a forma zero se, e sémente se, C for a matriz zero. Demonstragao: Se gc = 0, entao ‘XCY = 0, quaisquer que sejam X e Y em K". Entao temos necessariamente CY =O para todo Y em K", pois se CY ¥ O, entdo existe Xe K" tal que ‘XCY #0 (devido a no-degeneragdo do produto escalar usual de n-uplas). Analogamente, deve- mos ter C = 0. Em particular, se C € C’ séo n x n matrizes tais que gc = ge, entio C=C. Com efeito, néste caso, temos 'XCY ='XCY quaisquer que sejam X, Y eK"; donde 'XCY -'XC’Y = 0, ¢ portanto ; 'X(C-C)Y =0 quaisquer que sejam X, Y € K". Conseqiientemente, C-C’ = Oe C' =C. Dizemos que a matriz C do Exemplo 1 & a matriz que representa a forma bilinear. ___ Com isto, vemos que uma forma bilinear, designada por (,), origina um certo tipo de produto entre elementos de V. Freqiientemente, formaremos tais produtos envolvendo somas. Sejam elementos 0,,...,0, € W1,...4W,_ de V. Entéio podemos expandir o produto: a Coy tort Og Wa too + Wy) = QOL WEE We) BO Cig Wy EE Hg) = CPL WE) Hoe HOE, We) Hoe t Congr) Hone + Ops Weds Matrizes e Formas Bilineares 133 Nesta soma, cada térmo é da forma (v; , w,) com i = podemos abreviar a soma escrevendo £ Leow synej=, m. Portanto, ou, levando mais adiante a abreviagio, RC a se a referéncia aos indices i,j for clara. Por exemplo, (ov + wv +w) = Cv,0) + Cv,w) + Cw) + Cw, w). Pode acontecer que (v,w) # (w,v), de forma que, em geral, nZo podemos simpli- ficar ainda mais. Dizemos que uma forma bilinear g: V x V — K é simétrica se gv, w) = g(w, v), quaisquer que sejam v, we V. Entdo, uma forma bilinear simétrica nfo é senio um produto escalar tal como definimos no Capitulo VII. Teorema 1. Uma n x n matriz C em K representa uma forma bilinear simétrica se, e sémente se, ela for uma matriz simétrica. Demonstragdo. Suponhamos que C seja simétrica, i.e. 'C = C. Como para todos X,Y K"a matriz'XCY € uma 1 x 1 matriz, ou seja, um elemento de K, entio 'XCY é igual a sua propria transposta. Portanto (XCY) = (XCY) = 'Y'C"X ='YCX. Isto revela que C representa uma forma bilinear simétrica. Reciprocamente, suponhamos que C represente uma forma bilinear simétrica, ie. que 'XCY ='YCX para todos X, Ye K". Como "YCX = ((YCX) ='X'C"Y = 'X'CY, obtemos ‘XCY = 'X'CY, quaisquer que sejam X, Y € K", e, conseqiientemente, C Em outras palavras, a matriz C é simétrica. Exemplo 2. A matriz 1-2 3 c=\-2 1 1 3 1 4 € simétrica. Sejam ‘X = (x, ,x2,%3) €'Y = (V1.)2+Ya) Se g & a forma bilinear asso- ciada, entio G(X, Y) = xyy1—2x2Y1 + 3xay1—2eaY2 + Xad2 + X22 + 3x13 + Xay3 + 4Xs¥3 = g(¥, X).

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