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Um sinal é reconhecido através da interacção com um componente celular, na maioria das vezes um
recetor da superfície celular. A informação contida no sinal é convertida noutras formas químicas ou
‘transduzida’.
Numa comunicação entre células, a célula sinalizadora (signalling cell) produz um tipo particular de
molécula sinalizadora extracelular (exs.: proteínas, nucleótidos, esteróides, derivados de ácidos gordos) que
será detetada por uma célula-alvo (target cell) que possui receptores que reconhecem a célula sinalizadora.
A transdução do sinal compreende, normalmente, muitas etapas. É iniciada quando o recetor da
célula-alvo recebe o sinal extracelular e converte-o em moléculas sinalizadoras intracelulares que alterarão
o comportamento da célula em questão. Deste modo, o sinal é amplificado antes de produzir uma resposta
e é o mecanismo de feedback que regula todo o processo de sinalização.
O uso de 2ºs mensageiros tem algumas consequências: (1) leva à amplificação do sinal, pois a activação de
um único receptor leva à formação de muitas destas moléculas; (2) os 2ºs mensageiros difundem-se livremente para
outros compartimentos, influenciando vários processos celulares; e (3) pode haver “conversa cruzada”, pois a
actuação de várias vias de sinalização pode alterar a concentração de um 2º mensageiro comum.
4- Activação de efetores que alteram directamente a resposta fisiológica: o último efeito da via
de sinalização é activar ou inibir bombas iónicas, enzimas e factores de transcrição génica que
controlam directamente vias metabólicas, activação de genes e alguns processos como a
transmissão nervosa;
5- Terminação do sinal: após uma célula ter completado a sua resposta a um sinal, o processo de
sinalização deve ser terminado ou a célula perde a sua capacidade de resposta a novos sinais.
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1. SINALIZAÇÃO ENDÓCRINA
Depende de células endócrinas que secretam hormonas para a corrente sanguínea que carregam
moléculas para células-alvo a longas distâncias.
2. SINALIZAÇÃO PARÁCRINA
Uma célula secreta moléculas sinalizadoras para o fluido extracelular que atuarão em células vizinhas.
3. SINALIZAÇÃO AUTÓCRINA
As moléculas secretadas por uma dada célula difundem-se ou ligam-se a receptores da mesma célula,
desencadeando nesta uma resposta.
Por vezes, formam-se grupos de células sinalizadoras semelhantes e cada uma destas possui receptores
que se ligarão a moléculas sinalizadoras (aumentando o sinal autócrino).
5. SINALIZAÇÃO JUSTÁCRINA
Requer contacto direto entre membranas de células adjacentes, o que pode ser desvantajoso, e é um
processo de sinalização rápido.
GAP JUNCTIONS
Algumas células formam canais aquosos estreitos que unem
citoplasmas de células adjacentes - gap junctions. Estas permitem:
- trocas de moléculas inorgânicas e/ou solúveis em água de
pequenas dimensões;
- comunicação direta entre células;
- comunicação em ambas as direcções de forma simétrica e equivalente, levando a uma
homogeneização dos citoplasmas.
São também importantes na transmissão de sinais extracelulares que atuam sobre mediadores
intracelulares (como iões cálcio e cAMP).
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RECETORES
INTRACELULARES DE MEMBRANA
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2. ACOPLADOS A PROTEÍNAS G
Os recetores acoplados a proteínas G (GCPR) são recetores cuja ligação do ligando causa uma
mudança conformacional que ativa a proteína G. Regulam indirectamente a actividade de uma proteína-
alvo (que pode ser uma enzima ou um canal iónico) e pertencem a uma
família de proteínas transmembranares.
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3. ASSOCIADOS A ENZIMAS
Recetores associados a enzimas podem funcionar directamente como enzimas ou associar-se a
enzimas, promovendo a sua ativação. São normalmente proteínas transmembranares single-pass cujo local
de ligação para o ligado é extracelular e o local de ligação para a enzima é intracelular.
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3- TRANSDUÇÃO DE SINAL
De acordo com a estrutura e mecanismo de transdução do sinal, existem 4 tipos de receptores:
1. RECEPTORES IONOTRÓPICOS;
2. RECEPTORES METABOTRÓPICOS;
3. RECEPTORES ASSOCIADOS A PROTEÍNAS CINASES;
4. RECEPTORES INTRANUCLEARES.
2. RECETORES 3. RECETORES
1. RECETORES 4. RECETORES
ASSOCIADOS À ACOPLADOS A
IONOTRÓPICOS NUCLEARES
PRTOEÍNA G CINASES
Intracelular
(alguns situam-se no citosol
Localização Membrana Membrana Membrana
e migram para o núcleo, na
presença do ligando)
Recetores de
Canais iónicos Acoplados sistemas membrana para Responsáveis pela
Características
controlados por efetores por proteína mediadores regulação da
gerais
ligandos G essencialmente transcrição génica
proteicos
Efetor Canal iónico Canal ou enzima Proteínas cinases Transcrição génica
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NUCLEÓTIDOS
Libertação de Ca2+ de
IP3 compartimentos intracelulares.
(ver pág. ?)
DERIVADOS DE
LÍPIDOS
DAG Ativa Proteína Cinase C (PKC). - Fosforilação de proteínas.
ENZIMAS AMPLIFICADORAS
- Recetor acoplado a
ADENILIL CICLASE Membrana Conversão ATP em cAMP
proteína G
- Recetor associado a
Membrana
GUANILIL CICLASE enzima Conversão GTP em cGMP
Citosol
- Óxido nítrico (NO)
Conversão fosfolípidos
- Recetor acoplado a
FOSFOLIPASE C Membrana de membrana em IP3 e
proteína G
DAG
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cAMP é uma adenosina monofosfato na qual o grupo fosfato se liga covalentemente aos carbonos 3’ e
5’, formando uma estrutura cíclica. É um importante mensageiro secundário na resposta ao estímulo de
diversas hormonas (como a adrenalina, LH, TSH, glucagon), funcionando como um transmissor de sinal e
regulando vias intracelulares.
O ATP é convertido a cAMP pela adenilil ciclase e o cAMP é degradado a AMP pela cAMP
fosfodiesterase*: os GPCRs que atuam para aumentar [cAMP] estão acoplados a uma proteína G
estimuladora (Gs – stimulatory G protein) que ativa a adenilil ciclase enquanto os GPCRs acoplados a uma
proteína G inibitória (Gi – inhibitory G protein) inibem a adenilil ciclase.
Em células não estimuladas, a fosfodiesterase mantém a [cAMP] baixa, de forma a inactivar a PKA; em células
estimuladas, a [cAMP] aumenta rapidamente, o que oprime a capacidade da fosfodiesterase e ativa a PKA.
A ação do cAMP repercute-se sobre a proteína cinase A (PKA ou proteína cinase dependente de cAMP) da
seguinte forma:
- a forma inactiva da PKA possui 2 subunidades regulatórias e 2 subunidades catalíticas;
- o cAMP liga-se às subunidades regulatórias da PKA, alterando a sua conformação, o que provoca a
dissociação das subunidades catalíticas do complexo;
- as subunidades catalíticas livres ficam ativas e fosforilam resíduos de serina ou treonina das
proteínas-alvo, desencadeando uma resposta celular.
[as subunidades regulatórias da PKA são importantes para a localização da cinase no interior da célula]
Cada ligando ativa somente um recetor, contudo um recetor pode estimular centenas de
moléculas, e cada uma dessas moléculas pode estimular a produção de outras ao longo da cascata de
sinalização. Assim, a ligação de hormonas a um pequeno número de recetores ativa um grande número de
enzimas-alvo intracelulares.
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Depois de ativada, a fosfolipase C cliva o PIP2, originando dois produtos: IP3 (inositol 1,4,5-trifosfato) e o
DAG (diacilglicerol). A partir deste passo, a via de sinalização é ‘dividida’ em duas partes.
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IP3 DAG
IP3 – molécula solúvel em água que atua como um DAG – molécula que atua como um mediador
mediador intracelular. intracelular, mantendo-se aprisionada na
membrana.
O IP3 abandona a membrana e difunde-se pelo
citosol. Quando chega ao RE, liga-se e abre os Na membrana celular, o DAG ativa a proteína
canais IP3 – Ca2+ (IP3-gated Ca2+ release channels cinase C (PKC) recrutada do citosol, ao nível das
ou IP3 receptors): o Ca2+ armazenado no RE é serinas/treoninas.
libertado através dos canais, aumentando Contudo, este apenas consegue ativar a PKC na
rapidamente [Ca2+] no citosol. presença de Ca2+, cuja concentração citosólica foi
aumentada por ação do IP3, uma vez que a PKC é
Assim que as reservas de Ca no RE tenham sido Ca2+-dependente,
2+ e na presença de
2+
esgotadas, a [Ca ] no lúmen do RE será reposta fosfatidilserina.
por ativação de canais de Ca2+ store-operated na Depois de ativada, a PKC irá fosforilar proteínas-
membrana celular e de proteínas na membrana no alvo.
RE.
N.B.: Existem alguns tipos de PKC que não são activadas por
DAG e Ca2+
.
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[N.B.: Existem ainda bombas de Ca2+ na membrana do RE que mantêm baixa a [Ca2+] no citosol ao
transportar ativamente grandes quantidades de Ca2+ do citosol para o RE (contra o gradiente de
concentração)]
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Na maioria dos casos, é necessária uma proteína ligante que sirva de intermediário entre o Ca2+ e as
proteínas funcionais que este regula – por exemplo, a calmodulina.
A calmodulina é um dímero com 4 sítios de ligação para Ca2+. Quando todos os centros de ligação
estão ocupados, esta expõe um domínio hidrofóbico aderente que se dispõe ao redor de regiões
específicas das proteínas alvo de regulação, induzindo alterações conformacionais.
O complexo Ca2+–calmodulina estimula uma vasta gama de enzimas, canais iónicos e outras proteínas-
alvo, como, por exemplo, as proteínas cinases dependentes de calmodulina (CaM cinases).
As CaM cinases fosforilam várias proteínas diferentes e estão envolvidas na regulação do metabolismo
energético, da permeabilidade iónica e da síntese e libertação de neurotransmissores.
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