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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

Gabriela Marisa Tavares de Almeida

“O ESTADO BRASILEIRO GASTA DEMAIS?”

NITERÓI

2017
Ao perguntar a qualquer brasileiro sobre os gastos do governo federal, há uma divisão
entre os que acreditam que o Estado gasta muito e os que dizem que o gasto é aceitável,
porém é quase unanime a opinião de que o gasto é mal feito.

O grande problema é que o brasileiro não vê os impostos que pagam sendo investidos
em serviços que usam. A arrecadação é alta: em 2011, um estudo divulgado pelo
Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), mostrou que a carga tributária
do país subiu o equivalente a 34,41% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009 e
35,04% do PIB em 2010. Isso significa que o Estado fica com um pouco mais de um
terço de tudo o que é produzido no Brasil. Seria ótimo se fosse revertido em melhoria
em, por exemplo, saúde e educação. A má qualidade dos serviços públicos é associada à
má gestão dos recursos e não à falta de dinheiro. Porém o gasto elevado e pouco eficaz
impede o país de crescer.

O Banco Credit Suisse fez um estudo que analisou o patamar das despesas do governo
de diferentes países, a expansão de suas economias e os resultados alcançados por suas
políticas. De acordo com essa pesquisa, quanto maior a proporção do PIB convertida em
gastos do governo, menor o crescimento do país. O Brasil, entre 1999 e 2014, teve um
crescimento de 3,1% ao ano e gastou em média 38% do PIB, o que a pesquisa
classificou como baixa eficiência. Na comparação com outros 38 países, o Brasil ocupa
a 28° posição. (Figura 1)

Os cálculos usam uma metodologia que contabiliza os resultados a partir dos gastos em
seis diferentes áreas: distribuição de renda, performance econômica, estabilidade,
administração pública, capital humano e saúde.

Percebe-se que o Brasil não tem um gasto eficaz. A crise econômica no país faz com
que a necessidade do aumento da eficiência desses gastos seja maior.
Figura 1
Não há dúvidas de que o dinheiro é mal gasto. O próprio ministro do Planejamento,
Dyogo de Oliveira, reconheceu que o governo gasta muito mal. Segundo ele, o governo
destina 55% das despesas totais apenas com a previdência pública e privada, despesa de
R$ 720 bilhões no Orçamento deste ano. Por outro lado, os investimentos públicos
previstos em 2017 somam apenas R$ 40 bilhões. A despesa prevista com educação é de
R$ 120 bilhões e, com a saúde, de R$ 115 bilhões. Por isso que neste ano houve tanto
alarde em relação à reforma da previdência. O Estado queria tirar dinheiro da
previdência para se planejar melhor e retornar com o crescimento.

O planejamento mal feito gera dívidas desnecessárias e torna o gasto ineficaz. Devido a
esse mau planejamento, o Tribunal de Contas da União criou e vai manter anualmente o
Relatório de Políticas Públicas e Programas do Governo, que traz uma análise ampla
dos problemas dos gastos voltados a políticas públicas. Um exemplo disso é o FIES
(Fundo de Financiamento Estudantil), que custou para o Brasil mais de 87 bilhões de
reais entre 2009 e 2016 e foi identificado a partir de uma auditoria do TCU que o
programa não gerou aumento das matrículas em cursos superiores e cresceu sem
controle.

Por fim, não acredito que o governo gaste muito, e sim que gasta mal.

Bibliografia

o http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2017/04/21/internas_economia,5902
41/ministro-do-planejamento-governo-gasta-muito-e-investe-de-menos.shtm
o http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/04/1766555-brasil-patina-porque-gasta-muito-e-
mal-indica-estudo.shtml
o https://exame.abril.com.br/brasil/brasileiros-acham-que-governo-arrecada-muito-e-gasta-mal/
o https://www.novonoticias.com/cotidiano/governo-federal-gasta-mal-e-nao-faz-planejamento-de-
longo-prazo-diz-tcu

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