INDIGNAÇÃO: AFETO DA REVOLUÇÃO OU DA BARBÁRIE NA SOCIEDADE
UNIDIMENSIONAL?
Neiara Parente de Araújo
Vivemos momentos decadentes do capitalismo, sob a forma de crise da representação política e
do crescimento econômico mundiais, gerando supostas tensões entre indivíduos e sociedade. Em resposta, pessoas indignadas estão protestando. Especificamente no Brasil, a partir de 2011, houve protestos contra a democracia representativa e a especulação imobiliária (os ocupas), as copas de futebol masculino de 2013 e 2014, sobre o impeachment da presidenta Dilma Rousseff e contra as reformas da previdência, trabalhista e do ensino médio; e possivelmente existirão em relação às eleições de 2018. No entanto, será que a indignação dos protestantes permanece à lógica mercantil da sociedade unidimensional ou não? Será que a indignação representa a tensão da relação dialética sujeito-sociedade? Temos a hipótese de que a indignação contemporânea está apresentando uma tendência de se equivaler ao ódio, visto que a maior parte dos indignados não rompeu com a subjetivação fetichista e continuam na lógica unidimensional imanente do sistema ao ser socializado pelas mercadorias. Com a crise, a imagem do eu fetichista do sujeito passou a sofrer cisões, causando angústia a ele. Para assegurar a identidade fetichista, o indivíduo reage de maneira indignada sem considerar os outros. Caso o sujeito transcendesse a unidimensionalidade e tivesse uma inscrição civilizatória da alteridade em sua subjetividade, a indignação tenderia à revolução, porque romperia com a imagem do eu fetichista em crise. Assim, com o intuito de melhor esclarecimento do fenômeno, temos como objetivo fazer uma revisão crítica bibliográfica sobre o tema. Utilizamos a perspectiva teórica-metodológica da Teoria Crítica da Escola de Frankfurt em diálogo com a Psicanálise e com Marx. Concluímos que a barbárie existe e está em evidência em manifestações de pessoas indignadas, porém o afeto necessita de mais constatações em posteriores pesquisas.
Palavras-chave: Sociedade unidimensional. Indignação. Fetichismo da mercadoria. Mais-de-