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25/09/2018 Urgência processual e urgência na Saúde - Empório do Direito

Urgência processual e urgência na Saúde


Clenio Jair Schulze 25/06/2018

Questão importante na Judicialização da Saúde é identificar as diferenças entre urgência processual e urgência
em Saúde.

No âmbito jurídico, a questão está regulada no artigo 300 do Código de Processo Civil – CPC, as estabelecer que
“A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.”

A finalidade é permitir que o magistrado delibere sobre a questão liminarmente, inclusive antes da citação do
demandado, se for o caso.

De outro lado, na área da Saúde é interessante conhecer os conceitos de urgência e emergência.

A Lei 9.656/98 estabelece que há emergência nos casos “que implicarem risco imediato de vida ou de lesões
irreparáveis para o paciente, caracterizado em declaração do médico assistente” (artigo 35-C, inciso I). Exemplo
de emergência pode ser um infarto agudo do miocárdio.

A urgência na Saúde acontece nos casos “resultantes de acidentes pessoais ou de complicações no processo
gestacional” (artigo 35-C, inciso II, da Lei 9.656/98). Exemplo de urgência é uma fratura decorrente de acidente
ou, ainda, complicações na gravidez.

Como se observa, há muita diferente entre a urgência processual e a urgência na Saúde. Em verdade, geralmente
os casos de urgência – e de emergência, em uma proporção menor – na Saúde sequer são levados ao Judiciário,
pois após a ocorrência do fato não haveria tempo suficiente para procurar um advogado (defensor público ou
membro do Ministério Público), escrever uma petição inicial, ingressar em Juízo e esperar a decisão do
magistrado. O transcurso de todo este itinerário não é imediato e geralmente leva alguns dias, razão pela qual o
estado de Saúde já teria se agravado de forma irreversível ou mesmo levado á óbito.

Prova disso é a classificação de risco fixada pelo Protocolo de Manchester, também utilizado no Brasil, ao prever
que o atendimento deve ser promovido imediatamente (Nível I) ou pelo menos em até 120 minutos (Nível 5)[1],
o que não acontece quando há a Judicialização.

Assim, é ilusório imaginar que o Judiciário trata de casos de urgência e emergência em Saúde. Em regra, os
processos judiciais envolvem tratamentos que não se encaixam nos aludidos conceitos, permitindo-se apenas a
análise de casos clínicos que não exigem intervenção imediata.

Notas e Referências

[1] http://www.ans.gov.br/images/stories/prestadores/E-ACE-01.pdf

Imagem Ilustrativa do Post: Saúde - PA // Foto de: Cláudio Gouveia // Sem alterações

Disponível em: https://www.flickr.com/photos/dinhozinho/6165663380

Licença de uso: https://creativecommons.org/licenses/by/2.0/

O texto é de responsabilidade exclusiva do autor, não representando, necessariamente, a opinião ou


posicionamento do Empório do Direito.

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