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OS ESTADOS DE CRISTO – A EXALTAÇÃO

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Por: Helio Clemente

Os estados de Cristo podem ser considerados como a sua relação com a lei de
Deus e a condição de sua pessoa resultante deste fato. Os teólogos reformados
consideram os estados de Cristo relativos à sua pessoa
– O Verbo de Deus – e não à sua natureza humana ou divina, sendo esta
também, a ideia aqui colocada.

A EXALTAÇÃO DE CRISTO

Da mesma forma que a humilhação, a exaltação tem como sujeito a pessoa de


Cristo. Apesar de que, a exaltação se realiza na natureza humana, seus efeitos se
manifestam na pessoa de Cristo, o Verbo de Deus, que personaliza sua natureza
humana.

Pela exaltação, Cristo ficou livre da sujeição e da maldição da lei, entrou em


posse das bênçãos que conquistou e foi glorificado junto ao Pai com a mesma
glória que teve antes da fundação do mundo.

Filipenses 2,9-11: “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o
nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo
joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus
Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai”.

O estado de exaltação é uma consequência judicial do estado de humilhação, é


possível definir quatro estágios na exaltação de Cristo:

Os estágios da exaltação de Cristo

– Ressurreição:

1 Coríntios 15,17: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda


permaneceis nos vossos pecados”.

A ressurreição de Cristo não consiste apenas em que ele retornou da morte,


mas que a sua natureza humana foi restaurada a um patamar superior à glória
do homem antes da queda, completamente espiritual e revestida de novas
qualidades adaptadas à vida celestial, embora ainda não completas antes da
ascensão. A ressurreição é também uma declaração de que a morte havia sido
vencida e uma demonstração do que irá acontecer com os eleitos no dia do
juízo final.
1 Coríntios 15,42-44: “Pois assim também é a ressurreição dos mortos. Semeia-se
o corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita
em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural,
ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual”.

A ressurreição está em conexão direta com a segunda volta de Cristo, por ela
Deus fez ver a todos que Cristo é o Filho de Deus, e pela ressurreição foi
exaltado acima de toda a potestade e todo poder foi dado a ele, que desta
forma foi acreditado e destinado eternamente a vencer o poder da morte,
levantando da mesma forma, pela ressurreição dos mortos, todos os homens e
mulheres para o julgamento final.

Atos 17,31: “Porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com


justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos,
ressuscitando-o dentre os mortos”.

A ressurreição de Cristo é um evento inalienável no plano de redenção, pelo


qual ele completa e sela sua obra redentora vencendo o poder da morte e do
diabo, pelo que o apóstolo diz com certeza e até em certo tom de desafio:

1 Coríntios 15,55: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu
aguilhão?”

Pela sua morte Cristo venceu o poder do pecado, conseguindo o perdão de seu
povo que lhe foi dado por Deus e pela ressurreição conseguiu a justificação
deste mesmo povo diante de Deus, completando assim o seu trabalho.

Calvino: “De que natureza seja isto, melhor se exprime nas palavras de Paulo, pois
diz que ele morreu por causa de nossos pecados e ressuscitou por causa de nossa
justificação [Rm 4.25], como se estivesse a dizer que o pecado foi removido por
sua morte, a justiça restaurada e restabelecida por sua ressurreição. Ora, como,
em morrendo, nos podia ele livrar da morte, se ele próprio à morte fosse
sucumbido? Como nos haveria adquirido a vitória, se houvesse fracassado na
luta? Pelo que, assim dividimos a matéria de nossa salvação entre a morte e a
ressurreição de Cristo, que, mediante aquela (morte), o pecado foi aniquilado e
extinta a morte; através desta
(ressurreição) a justiça foi restaurada e a vida, restabelecida; por isso aquela
(morte) exibe sua força e eficácia para conosco em virtude desta (ressurreição)”.

Romanos 4,25: “O qual foi entregue por causa das nossas transgressões e
ressuscitou por causa da nossa justificação”.

Mais uma vez, seguindo Calvino, é preciso dizer que todas as vezes que se faz
menção de sua morte, compreende-se, ao mesmo tempo, o que é próprio da
ressurreição, da mesma forma, quando se faz menção de sua ressurreição
compreende-se ao mesmo tempo, o que é próprio de sua morte.

– Ascensão:

Pode-se dizer que a ascensão é a consumação da ressurreição, é a transição da


presença da natureza humana de Jesus na terra e sua ida para o céu. A ascensão
representa mais uma mudança na natureza humana de Cristo tornando-se
adaptada de forma definitiva para a vida no céu.

As doutrinas da salvação e da vida eterna não teriam sustentação sem a


ressurreição e ascensão de Cristo, através da elevação aos céus o Senhor Jesus
abriu os portais celestiais, antes fechados aos homens, para receber o seu povo
que lhe foi dado por Deus na eternidade.

Salmo 24,7: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos,


para que entre o Rei da Glória”.

É preciso lembrar aqui, que a pessoa de Jesus é o Verbo de Deus, desta forma
todo o seu trabalho é válido em todos os tempos, os portões celestiais estão
abertos em Cristo eternamente, todos os eleitos de Deus em todos os tempos
do mundo receberam a salvação em Cristo.

Esta garantia de que a vida após a morte e a ressurreição do corpo irão


acontecer, trazem segurança e tranquilidade para os crentes, pois o apóstolo diz
que se os cristãos esperam apenas nesta vida, são os mais infelizes dos homens.

1 Coríntios 15,19: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida,
somos os mais infelizes de todos os homens”.

Agostinho: “Por sua morte Cristo haveria de ir para a destra de Deus, donde
haveria de vir para julgar vivos e mortos em presença corpórea segundo a sã
doutrina e a regra de fé, pois, em presença espiritual, com eles haveria de vir após
sua ascensão.”

Mateus 28,20: “Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E
eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século”.

– Estar assentado à destra de Deus:

Este fato significa que Cristo recebeu o governo da igreja em acréscimo ao


governo do universo como rei eterno e supremo, significa também que o seu
ofício de mediador e sacerdote é exercido de maneira plenamente eficaz, em
igualdade e exatamente conforme a vontade de Deus.
Esta autoridade significa, ainda, que Cristo envia o Espírito para continuar e
completar sua obra de redenção junto a seu povo na terra.

Efésios 1,20-22: “O qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e


fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais, acima de todo principado, e
potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir, não só no
presente século, mas também no vindouro. E pôs todas as coisas debaixo dos pés,
e para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja”.

O juízo final:

Pela sua exaltação, Cristo adquiriu o poder do julgamento definitivo, sua volta
em glória no dia do juízo é a realização suprema da exaltação.

Já vimos acima, que, pela ressurreição Cristo foi exaltado acima de toda a
potestade, todo poder e todo domínio, para que desta forma, tenha em si o
poder e o nome que está sobre todo o nome, pois o julgamento requer
autoridade, e a autoridade de Cristo vem de sua exaltação, que é acima de
todas as coisas.

Mateus 16,27: “Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os
seus anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme as suas obras”.

Pela exaltação de Cristo, pode-se dizer que o cristianismo não é uma religião
baseada em um homem piedoso que morreu para salvar a humanidade, não é
uma religião baseada em um grande mestre que serve de exemplo para a
salvação dos homens, não é uma religião de um homem altamente
espiritualizado através de muitas reencarnações, mas sim, uma religião baseada
em um Deus Todo-Poderoso e Redentor, um Deus vivo e eternamente presente
ao lado de seus filhos.

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