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Uma educação multicultural também deve ser inclusiva: As escolas devem acolher todas
as crianças, independentemente da sua condição física, intelectual, social, emocional,
linguística, entre outras. Este conceito deve incluir crianças com deficiências ou sobre dotadas,
crianças de rua e crianças que trabalham, crianças de populações remotas ou nómadas, de
minorias linguísticas, étnicas ou culturais, e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou
marginais. (Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais. Plataforma de Ação,
parágrafo 3).
Esta teoria esclarece que para haver uma educação multicultural inclusiva, deve
também exaltar-se o respeito à diversidade na escola e aceitarmos que os agentes que
interagem nela têm interesses, visões de mundo e culturas diferentes e que nenhum de nós
tem o monopólio da verdade, da inteligência e da sabedoria. Daí a necessidade de negociações
permanentes para que todos façam concessões e todos tenham, ao menos, parte dos seus
interesses e valores contemplados no espaço público da escola. As atitudes negativas para
com as diferenças e a consequente discriminação e preconceito na sociedade mostram-se
como sendo um sério obstáculo para a educação.
A educação para Fuck (1994) deve ser um processo:
Através do qual o indivíduo toma a história em suas próprias mãos, a fim de mudar o
rumo da mesma. Como? Acreditando no educando, na sua capacidade de aprender, descobrir,
criar soluções, desafiar, enfrentar, propor, escolher e assumir as consequências de sua escolha.
Mas isso não será possível se continuar bitolando os alfabetizados com desenhos pre-
formulados para colorir, com textos criados por outros para copiarem, com caminhos
pontilhados para seguir, com histórias que 17 alienam, com métodos que não levam em conta
a lógica de quem aprende. Ainda segundo Fuck (1994), a educação feita ao longo de toda a
vida, permite ao indivíduo construir-se com o seu saber, aptidões e capacidades para agir
enquanto ator social. A educação deverá levá-lo a tomar consciência de si, dos outros, do meio
onde está inserido e do seu papel na sociedade e no mundo. A educação não pode ser vista só
como método de ensino para aprender novos conteúdos, mas também como um método de
valorização para a formação pessoal e para se aprender a viver em comunidade. Esta é,
simultaneamente, um direito e um meio fundamental para o respeito dos direitos humanos e
liberdades essenciais e um alicerce para todas as formas de desenvolvimento, devendo estar
disponível e acessível a todos.
Então, o que se pode fazer para termos uma escola multicultural assumida?
Segundo Alain Touraine (1999), a função da escola, não é somente uma função de
instrução; tem também uma função de educação, que consiste em, ao mesmo tempo,
encorajar a diversidade cultural entre os alunos e favorecer as atividades através das quais se
forma e se afirmar a sua personalidade. Para este último autor supracitado, a escola: “é um
lugar privilegiado de comunicações interculturais”. Ainda para ele, a escola tem um papel
preponderante na promoção da autoestima e confiança, na promoção das relações sem
preconceitos e discriminações, criando oportunidades para que as crianças das minorias
consigam desenvolver-se com conhecimentos suficientes, atitudes e competências necessárias
à aquisição de estudos académicos, emprego e cargos superiores, em suma, em iguais
circunstâncias das crianças pertencentes à maioria (cultura dominante).
Todo o ser humano tem os mesmos direitos, já o afirmava Matilde Rosa Araújo (1997)
num dos seus poemas: “Toda a criança seja de que raça for, seja negra, branca, vermelha,
amarela. Seja rapariga ou rapaz. Fale que língua falar, acredite no que acreditar, pense o que
pensar, tenha nascido seja onde for, ela tem direito. Creio que ao nos capacitarmos para a
convivência participativa na escola, cooperamos num processo de aprendizagem que também
nos ensina como participar no restante da vida social.