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Tese de Doutorado
Rio de Janeiro
Setembro de 2009
Hélio Nigri
Hélio Nigri
Ficha Catalográfica
Nigri, Hélio
130 f. ; 30 cm
Inclui bibliografia
CDD: 658.5
Esta tese é dedicada ao meu querido pai, meu grande incentivador,
que deixou este mundo doze dias antes da defesa da tese.
Dedico também à minha esposa Karen
e aos meus filhos Dan , Gabriel e Ruth.
Agradecimentos
Aos meus queridos filhos Dan, Gabriel e Ruth que, na maneira particular
de cada um, entenderam as minhas ausências em inúmeras programações infantis
em função da tese. Tenho agora como meta recuperar o tempo que estive privado
do convívio com eles.
Por último e mais importante de tudo, agradeço a D`us, fonte da vida, por
ter me dado forças e removido obstáculos durante toda esta caminhada.
Resumo
Palavras-chave
Indústrias criativas de base tecnológica, clusters, inovação, ambiente
criativo, megamídia.
Abstract
This thesis aims to establish the determinant factors for the development of a new
industry – the technology-based creative industries (TBCI) - in Brazil, focusing on the
formation of innovation clusters. Building on the results of a literature review of the
emergence and evolution of the creative industries and of the new opportunities generated
by the digital convergence, the thesis presents a definition and the productive chain of the
TBCI, a singular industry with an enormous growth potential. The growing importance of
the regional locus in the innovation generation process and the impact of innovation on
economic development highlight the fundamental role of establishing institutions such as
collective learning, informal communication and knowledge creation, connection to
leaders, the venture capital industry and the creative environment as central elements of
innovation producing regional networks. The thesis identifies and assesses the
determinants of success of innovation clusters based on a comparative analysis of ten
clusters and science parks around the world and, then, makes an in-depth analysis of the
Israel and Taiwan cases, two of the most successful clusters in the high technology
industry, next to Silicon Valley. The research also examines the Brazil’s Science,
Technology and Innovation Action Plan, from the perspective of policies and
mechanisms therein to promote the development of the TBCIs in the country. Finally, this
work introduces the location, structural and cultural advantages of a region, the city of
Rio de Janeiro, which holds a great potential to develop a TBCI cluster in Brazil. From
the assessment of the determinant factors in the most successful high technology
innovation clusters; the analysis of nature and singularities of the TBCIs and the
identification of the institutional gaps in the Brazilian policy, it is presented a set of
recommendations that aim to transform the City of Rio de Janeiro in an international
reference of the TBCI.
Keywords
Technology based creative industries, clusters, innovation, creative
environment, megamedia.
Sumário
1. INTRODUÇÃO 15
1.1. Relevância do Tema 15
1.2. Objetivos 19
1.3. Metodologia 20
1.4. Estrutura da Tese 20
3. ECONOMIA CRIATIVA 37
3.1. Indústrias Criativas 37
3.2. Classe Criativa 39
3.3. Cidades Criativas 42
3.4. A Indústria Criativa no Brasil 44
Lista de Tabelas
Lista de Destaques
Rio de Janeiro.
Brasileiro.
TI – Tecnologia da Informação.
Este capítulo traz uma apresentação do tema tratado nesta tese destacando
sua relevância para países em desenvolvimento, como o Brasil, que buscam a
inserção no mercado global através de produtos e serviços de alto valor agregado.
São examinadas algumas ações do governo brasileiro para estimular a inovação
tecnológica e explorado como as Indústrias Criativas de Base Tecnológica
(ICBTs) se apresentam como uma importante alternativa para auxiliar no aumento
da capacidade inovativa da economia brasileira. O capítulo apresenta os objetivos
principais deste trabalho, a estrutura metodológica e os assuntos tratados nos
capítulos subseqüentes.
1.1
Relevância do Tema
1
Lei 10.973, de 02.12.2004, regulamentada pelo Decreto 5.563, de 11.10.2005.
2
Lei 11.196, de 21.11.2005, regulamentada pelo Decreto 5.798, de 07.07.2006.
3
A primeira chamada pública para subvenção econômica em empresas foi realizada pela FINEP
em 2006. Desde então a FINEP já aprovou 566 projetos que totalizaram R$ 1,1 bilhão (SITE 9).
4
Segundo o relatório da Softex (2005a), o conceito de Tecnologias de Visualização “engloba um
subconjunto, relativamente amplo, das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), que têm
em comum a simulação de ambientes e processos virtuais, utilizando como base a matemática, a
física, a lógica e a informática”.
17
5
Há na literatura tanto autores que utilizam o termo “instituições”, como Perez-Aleman (2005),
quanto o termo “fatores determinantes”, como Bresnaham, Gambardella e Saxeniam (2001).
Estaremos usando nesta tese os termos “instituições” e “fatores determinantes” de forma
intercambiável.
18
de capital de risco, que cresceu a tal ponto que estes países têm hoje as duas
maiores indústrias de venture capital do mundo depois dos EUA; estímulo ao
empreendedorismo para combater o desemprego; instituições para o aprendizado
coletivo e rede de relacionamentos sociais e agilidade para aproveitar
oportunidades tecnológicas. Finalmente, esta tese apresenta um conjunto de
recomendações para o desenvolvimento de um cluster desta nova indústria na
Cidade do Rio de Janeiro, a partir dos resultados da análise de clusters de
inovação de alta tecnologia, das singularidades das ICBTs e das lacunas
institucionais identificadas na política industrial brasileira relacionadas as ICBTs.
Este trabalho busca, também, discutir a formação de clusters para a área de
serviços, um tema que pouco aparece na literatura acadêmica. Grande parte da
literatura sobre clusters refere-se a arranjos industriais, como, por exemplo, os
distritos industriais italianos e o distrito de ciências de Taiwan (PIORE e SABEL,
1984; PINE II, 1994; AMADO NETO, 2000 e SAXENIAN, 2006).
1.2
Objetivos
1.3
Metodologia
1.4
Estrutura da Tese
Este capítulo traz uma breve revisão bibliográfica sobre clusters, como
surgem e como evoluem, discute a importância do lócus regional no processo de
inovação, apresenta as bases do que é chamado economia do
empreendededorismo e discute o novo papel desempenhado pelas PMEs na
economia. Por último, apresenta a importância de instituições como colaboração
informal e aprendizado no desenvolvimento de clusters de inovação tecnológica.
2.1
Caracterizações dos Aglomerados Produtivos Locais
6
Para maiores informações sobre a RedeSist ver em http://www.redesist.ie.ufrj.br/
28
2.2
Natureza e Evolução dos Clusters de Inovação
7
Keiretsu é um modelo empresarial onde há uma coalizão de empresas unidas por certos interesses
econômicos. Costuma ser uma estrutura baseada em duas partes, um núcleo central no qual se situa
uma organização de grande poderio econômico e um conjunto de pequenas organizações
autônomas, mas que dividem departamentos e acordos econômicos
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Keiretsu).
32
2.3
A Economia do Empreendedorismo
8
Investidores que aplicam seu próprio capital e experiência em empresas nascentes.
34
2.4
O Papel das PME`s na Nova Economia
2.5
Colaboração em Clusters de Inovação Tecnológica
PCs e das workstations. Após a crise, nos anos 90, o Vale do Silício experimentou
um reflorescimento com novas start-ups de sucesso, como a Sun Microsystem,
Cisco Systems, Netscape, Yahoo, Google e Oracle, enquanto a Rota 128 entrou
em declínio. Hoje, o Vale do Silício é responsável por aproximadamente a terça
parte da exportação de eletrônicos nos Estados Unidos, enquanto na Rota 128 as
empresas “âncoras” foram vendidas e o cluster vem perdendo cada vez mais sua
importância como destino de empresas no segmento de eletrônica nos Estados
Unidos. Saxenian aponta como um dos motivos a diferença cultural existente
entre a informalidade da Califórnia e a postura mais formal e conservadora de
Boston para explicar os caminhos distintos de cada cluster. Enquanto no Vale do
Silício imperava a comunicação informal entre as empresas, o aprendizado
coletivo e a colaboração, na Rota 128 as firmas atuavam de forma independente e
isolada, mantinham uma excessiva lealdade corporativa e guardavam segredo das
suas atividades.
A disseminação dos microcomputadores possibilitou a descentralização da
informação e o aumento da produtividade e da capacidade de inovação das PMEs.
Naturalmente as próprias empresas de Tecnologia criaram alguns dos clusters
mais bem-sucedidos e vibrantes como o Silicon Valley nos EUA e o Silicon Wadi
em Israel. De fato, a própria natureza das empresas de tecnologia torna-se um
terreno fértil para o surgimento e o desenvolvimento de clusters devido aos
seguintes motivos: neste setor as mudanças são constantes e a inovação
ininterrupta, os trabalhadores são capacitados e motivados e as relações são mais
informais e com forte tendência ao associativismo. Não é por outro motivo que
inúmeros governos de países como Irlanda, Índia, Israel, Taiwan e Malásia, entre
outros, buscam criar novos “Vales do Silício” em seus territórios (BRESNAHAN
et al., 2001).
3
ECONOMIA CRIATIVA
3.1
Indústrias Criativas
9
O relatório da Firjan (2008) observa que o documento da ONU de 2005 intitulado “International
flow of selected cultural goods and services, 1994-2003” se refere à indústria criativa como sendo
relacionada apenas ao setor cultural.
10
Este fato pode ser percebido no boletim da Creative Industries: Business & Employment in the
Arts, USA e no relatório The 50 City Report, Americans for the Arts,
(www.AmericansForTheArts.org), march 2008
11
A propriedade intelectual abrange duas grandes áreas: propriedade industrial (patentes, marcas,
desenho industrial, indicações geográficas e proteção de cultivares) e direito autoral (obras
literárias e artísticas, programas de computador, domínios na internet e cultura imaterial)
(FIRJAN, 2009).
38
3.2
Classe Criativa
em horas que supostamente deveriam estar trabalhando. Isto porque, nas palavras
deste autor, “criatividade não pode ser ligada ou desligada em períodos pré-
determinados, sendo em si uma mistura de trabalho e diversão. Escrever livros,
produzir uma obra de arte ou desenvolver um novo software requerem longos
períodos de intensa concentração, pontuados por necessidades de relaxar, incubar
idéias e recarregar. Isto também acontece ao se projetar uma nova campanha de
marketing ou uma estratégia de investimento”. Outra característica desta classe de
trabalhadores é a automotivação, que os fazem estar sempre estudando e se
aprimorando por conta própria, e o fato de considerarem o desafio e a
flexibilidade no trabalho como fatores mais importantes na busca de um emprego
do que o salário. O destaque a seguir mostra a história de um típico representante
desta nova classe criativa.
41
3.3
Cidades Criativas
Ainda segundo Landry, a criatividade pode vir de qualquer pessoa que aborde
assuntos de uma maneira inventiva, podendo vir tanto de um homem de negócios
como de um cientista ou de um servente. Isto implica que em uma cidade criativa,
a burocracia, os indivíduos, as organizações, escolas, universidades etc. são
encorajados a usar criatividade e imaginação em qualquer esfera (pública, privada
ou comunitária).
Outro ponto que demonstra a importância do tema é a tentativa de tornar
tangível o que as pessoas sentem pelas cidades. Com o objetivo de registrar as
emoções que as cidades despertam nas pessoas, o designer britânico Christian
Nold idealizou uma série de “mapas emocionais” para algumas cidades ao redor
do mundo que se constituem nas respostas instintivas de um grupo de pessoas
enquanto passeiam por diversos lugares de cada cidade (RAWSTHORN, 2008).
Há inúmeras cidades no mundo atualmente que desejam ser conhecidas
como cidades criativas. Algumas, tais como Londres, Manchester, Toronto,
Osaka, entre outras, se auto proclamam cidades criativas. A ONU patrocina desde
1994, através da UNESCO, a “Creative Cities Network”, rede internacional
projetada para promover o desenvolvimento social, econômico e cultural de
cidades tanto no mundo desenvolvido quanto em desenvolvimento. Para participar
da rede, as cidades devem procurar promover a cena criativa local,
compartilhando o interesse da UNESCO na diversidade cultural (FIRJAN, 2008).
As cidades criativas são selecionadas por temas, tais como: literatura, música,
design, arte popular e gastronomia. O resultado desta seleção publicada no
relatório de Economia Criativa da UNCTAD (2008) encontra-se na tabela 1.
3.4
A Indústria Criativa no Brasil
4.1
Definição
4.2
Escopo e Abrangência
tecnologias tenham sido usadas durante a produção (edição das imagens feita por
computador etc.). A participação de uma ICBT em uma produção audiovisual só
acontece quando o produto gerado for diretamente relacionado com o conteúdo e
cuja propriedade intelectual possa ser explorada comercialmente. Por exemplo, o
uso de cenários ou atores virtuais criados com a utilização intensiva de
computação gráfica caracterizam o produto de uma ICBT, como o que ocorreu nas
cenas de batalha da mini-série de 2003 “A Casa das 7 Mulheres”, da TV Globo.
Na indústria do cinema, a participação das ICBT na produção é mais antiga e bem
mais comum (filmes como Shrek, Formiguinha Z, Vida de Inseto, Procurando
Nemo, Madagascar etc.). A produção de conteúdo criativo digital tende a ser cada
vez mais freqüente no setor de audiovisual de uma maneira geral (broadcast para
TV por assinatura e aberta, cinema, TV Digital e internet), sendo um dos
mercados mais promissores para as ICBTs. TSchang e Goldstein (2004) observam
a explosão na demanda por produtos da indústria de animação, uma típica
representante das ICBTs. Os seriados de animação, antes voltados
especificamente para crianças, hoje são produzidos para toda a família. Alguns
jogos para computador bem-sucedidos como Pokemon e Detetive Conan
romperam barreiras e se tornaram produções para TV. Segundo estes autores, a
receita global de animação (incluindo vídeo games, filmes e produções para TV)
prevista para 2008 é de US$ 142 bilhões12. Esta crescente demanda pela nova
mídia pode ser observada também nos demais setores de atuação das ICBTs como
educação a distância, comunicação, medicina etc.
Para entendermos a influência cada vez maior da megamídia nas ICs,
analisaremos a evolução do setor de Educação a Distância (EAD). Até
aproximadamente três décadas atrás, EAD significava o envio de apostilas e
provas pelo correio para os alunos. Através do suporte da Tecnologia de
Informação surge o e-learning, um tipo de EAD que utiliza o computador como
ferramenta e o material educacional distribuído em CD-Roms. Com a
popularização da internet, os cursos de e-learning passam a ser disponibilizados,
na grande maioria dos casos, na rede mundial. Hoje em dia, disponibilizar o
conteúdo dos cursos utilizando apenas textos e imagens já não é suficiente. Há
12
O mercado mundial de games em 2003 foi de US$ 22,3 bilhões. Incluindo o gasto com hardware
e acessórios utilizados para se jogar games, o dispêndio ficou próximo de US$ 50 bilhões
(SOFTEX, 2005b).
51
uma crescente demanda por conteúdos para e-learning que tenham interatividade,
ambientes 3D interativos, simulações e animações em tempo real. A produção
deste tipo de conteúdo exige uma equipe multidisciplinar, criativa e que faça uso
de tecnologias de informação de última geração, isto é, um produto típico para
uma ICBT. Assim como no setor de audiovisual, a demanda pela utilização da
megamídia nas aplicações de EAD tende a ter um crescimento exponencial. Veja
a seguir o destaque para um exemplo de uma ICBT do setor de educação.
52
4.3
Principais Características
13
Termo utilizado na Estatística para identificar distribuições de dados da curva de Pareto, onde o
volume de dados é classificado de forma decrescente. Na Nova Economia este raciocínio é
particularmente utilizado no caso de produtos digitas. Por exemplo, no site da Amazon é possível
encontrar não apenas livros que são procurados por milhares de consumidores mas também livros
que são procurados apenas pontualmente por nichos pequenos de consumidores. Ao contrário do
que acontece numa livraria real, os custos associados à manutenção em exposição de produtos
muito pouco procurados são iguais, da mesma forma que ocorre com o ITunes em relação as lojas
físicas de cd´s (SITE 2).
14
Ver Anexo I para relação de países com economias desenvolvidas, em desenvolvimento e em
transição.
55
14000
12000
10000
8000
1996
6000 2005
4000
2000
0
Economias Economias em Economias em Total no mundo
desenvolvidas desenvolvimento transição
100 94,8
90
80
70
60
50
40 33,5
30
20
10
10
0,5
0
Economias Economias em Economias em Mundo
desenvolvidas desenvolvimento transição
4.4
A Cadeia Produtiva das ICBTs
Esta tese tem como foco o processo Produção da cadeia produtiva, que é
onde se encontram as áreas de atuação específicas das ICBTs. É no processo de
Produção que se realizam os desenvolvimentos de conteúdo digital representado
pelos softwares e pelas peças audiovisuais que serão distribuídos e exibidos pelos
demais componentes da cadeia. A Figura 6 mostra os subprocessos da Produção –
pré-produção, produção e pós-produção. Cada subprocesso é composto por
diversas atividades. Os conjuntos de atividades dos três subprocessos representam
as atividades principais das ICBTs. Estas atividades podem ser executadas por
diferentes empresas ou por diferentes setores dentro de uma mesma empresa. A
60
4.5
O Ambiente Criativo
5.1
Tipologias Existentes
que deram início à formação destes clusters são bem diferentes dos fatores que os
fizeram crescer e se desenvolver. As maiores dificuldades e os maiores riscos
estão na formação de um novo cluster. Nesta fase o papel dos governos, quando
criam políticas públicas para definir onde e quais clusters deverão ser formados,
não apresenta bons resultados. Em contrapartida, políticas públicas, como
investimento em educação, facilidades e incentivos para o empreendedorismo e a
atração de multinacionais, são importantes para o desenvolvimento dos clusters. A
busca de novos nichos de mercado e uma forte orientação para exportação
apresentam melhores resultados que a implantação de políticas protecionistas. O
apoio dos governos para a criação de padrões técnicos ou legais, como aconteceu
com a criação do padrão europeu GSM para telefonia móvel e que trouxe enormes
benefícios para os países Escandinavos e para a Europa em geral, é outro bom
exemplo de acerto em políticas públicas. Em outras palavras, para estes
pesquisadores as políticas públicas não devem estar direcionadas para a formação
dos clusters em si ou mesmo das empresas, mas sim na criação das condições que
possibilitem a criação e o desenvolvimento dos clusters. Outros fatores citados
que podem servir como indicadores comparativos são: a existência de mão-de-
obra técnica e gerencial qualificada, o crescimento das empresas e não apenas do
número de empresas nos clusters, conexão com mercados internacionais e
cooperação com clusters de países do primeiro mundo.
5.2
Tipologia Adotada
5.3
Análise Comparativa de Clusters e Parques Tecnológicos
VR&MM Park, Turin ICT baixo baixo MI ED alto forte fraco baixo forte fraco
Silicon Wadi, Israel rede alto alto MI maduro alto médio médio alto forte forte
Multimedia Super Corridor,
Malásia inst. gover. baixo baixo médio ED baixo forte forte baixo fraco fraco
Silicon Valley, California emp. âncora alto alto MI maduro alto médio fraco alto forte forte
Route 128, Boston emp. âncora baixo alto MI maduro alto médio fraco alto forte forte
Central Florida Research Park ICT médio médio MI ED alto fraco fraco alto forte médio
Cambridge Science Park,
Inglaterra ICT médio alto MI maduro alto fraco fraco alto forte fraco
Hsinchu Science District, Taiwan rede alto alto MI maduro alto forte médio alto médio forte
15
Notas Explicativas: MI - Muito Importante; PI – Pouco Importante e ED – Em Desenvolvimento.
72
5.4
O Silicon Wadi de Israel
16
Fonte: Israel High-Tech & Investment Report, May 2008 (www.ishitech.co.il)
75
globo ocular pelo aparelho, preso na armação dos óculos, que podem ser
usados até mesmo com telefones celulares.
• A empresa Argo Medical Technologies desenvolveu o aparelho ReWalk,
um exoesqueleto computadorizado que auxilia paraplégicos a ficar de pé,
caminhar e subir escadas (O GLOBO, 2008).
17
Este indicador, conhecido como GERD de Gross expenditure on R&D as a percentage of
GDP,é utilizado para comparação internacional de gastos em P&D e representa as despesas
domésticas de um país relacionadas com P&D em um determinado ano (OECD, 2008).
18
OS 10 países que mais gastaram em P&D em termos de percentual do PIB em 2006 foram:
Israel (4,53%), Suécia (3,73%), Finlândia (3,45%), Japão (3,39%), Coréia do Sul (3,23%), Suíça
(2,9%), Islândia (2,78%), EUA (2,62%), Alemanha (2,53%) e Áustria (2,45%). O Brasil gastou
1,02% (OECD, 2008).
19
Fonte: Israel High-Tech & Investment Report, May 2008 (www.ishitech.co.il)
77
20
Fonte: Israel High-Tech & Investment Report, May 2008 (www.ishitech.co.il)
79
21
Fonte: Israel High-Tech & Investment Report, May 2008 (www.ishitech.co.il)
81
2008). O chutzpah pode ser sintetizado pela seguinte frase: “não me ensine
como fazer, eu vou te ensinar”. Esta atitude acaba por ter uma influência
positiva em relação ao empreendedorismo, uma vez que a capacidade de
assumir riscos e enfrentar desafios são elementos cruciais para o
florescimento de atividades empreendedoras
5.5
Hsinchu Science District de Taiwan
• Papel do Estado
O Estado desempenhou um importante papel no desenvolvimento da indústria
de componentes eletrônicos e na criação do Hsinchu Science District.
Inicialmente implantou uma infra-estrutura de alta qualidade na região para
dar suporte às startups no desenvolvimento e manufatura de produtos de alta
tecnologia (KOH et al., 2003). Para atrair empresas intensivas em pesquisa
para a região, o governo oferecia terrenos subsidiados, incentivos fiscais e
financiamento para atividades de P&D através dos bancos estatais que
participavam em joint ventures com até 49% das ações (SAXENIAN, 2006).
As atuações dos institutos públicos ITRI e ERSO garantiam a transferência de
tecnologia para empresas domésticas.
Apesar da forte presença do Estado nos estágios iniciais do distrito, o seu
crescimento se deu em função da iniciativa privada através da indústria de
venture capital. Saxeniam (2006) aponta as diferenças de Taiwan para seus
competidores do sudeste da Ásia, Singapura e Malásia. Nas décadas de 60 e
70, os três países tinham como estratégia atrair empresas multinacionais para
instalarem fábricas de componentes eletrônicos em seus territórios através de
incentivos e subsídios, além de uma mão-de-obra barata. A partir da década de
85
• Empreendedorismo
Ao contrário do Japão e da Coréia, nos quais empresas gigantes dominam a
indústria de TI, em Taiwan esta indústria consiste em aproximadamente
10.000 produtores altamente especializados, formados principalmente por
pequenas e médias enpresas e localizados na região de Hsinchu. Apesar de
muitas startups terem sido originadas no instituto governamental ITRI, é a
presença abundante do venture capital que possibilitou e ainda possibilita o
empreendedorismo na região (KOH et al., 2003). As grandes empresas de
Taiwan, como a Acer (a maior e a mais conhecida empresa de tecnologia),
também contribuíram para a descentralização da infraestrutura local, ao
suportarem spin-offs e start-ups internos. Muitas empresas de placas-mãe de
computadores em Hsinchu tiveram sua origem na Acer, em um processo
semelhante ao da empresa Fairchild no Silicon Valley22.
Os profissionais que retornaram para Taiwan após trabalharem nos EUA têm
um papel importante no crescimento do empreendedorismo. Em 2000, 42%
das novas empresas que se instalaram em Hsinchu tinham um destes
profissionais como fundadores (SAXENIAN, 2006).
22
A Fairchild Semicondutor, criada em 1958 no Silicon Valley, foi a primeira empresa a conseguir
a produção em massa de circuitos integrados. A partir da Fairchild surgiram inúmeros spin-offs e
start-ups tais como a Intel, Signetics (hoje Philips Semiconductors), National Semiconductors e
AMD. Estas empresas, principalmente a Intel, criada por dois dos fundadores da Fairchild,
formaram a base da indústria de semicondutores dos EUA.
86
• Capital de risco
A base para o desenvolvimento da indústria de alta tecnologia em Taiwan foi,
além da criação do parque tecnológico de Hsinchu, o desenvolvimento de uma
indústria doméstica de capital de risco. Com o apoio do Ministério de
88
• Capital Humano
O número de graduados com educação superior em Taiwan cresceu de menos
de 10.000 por ano em 1961 para aproximadamente 200.000 em 1996,
correspondendo a 18% da população com mais de vinte cinco anos. Destes,
40% foram graduados em engenharia. É uma mão-de-obra altamente
capacitada não só pela excelência das ICTs locais, mas também porque muitos
vão estudar nas melhores universidades americanas. No início da década de 90
mais de 30% dos engenheiros que foram estudar nos EUA retornaram para
Taiwan, contra menos de 10% nos anos 60 e 70 (SAXENIAN, 2006).
• Presença de multinacionais
Diferentemente dos anos 60 e 70, quando as multinacionais instalavam suas
fábricas em Taiwan para aproveitar o baixo custo da mão-de-obra local, a
partir do ano 2000 empresas estrangeiras passaram a instalar seus centros de
P&D no país. Com o objetivo de estar próximos de fornecedores essenciais
para reduzir o tempo de lançamento de novos produtos no mercado, empresas
como Intel, IBM, Sony, Dell, 3Com, Broadcom, Conexant, HP, Motorola,
Alcatel e Nortel Networks estabeleceram novos centros internacionais de
P&D em Taiwan.
23
Alguns órgãos, como o Dow Jones, apresentam uma classificação diferente.
6
DESENVOLVIMENTO DE UM CLUSTER DE INDÚSTRIAS
CRIATIVAS DE BASE TECNOLÓGICA NA CIDADE DO RIO
DE JANEIRO
6.1
Estratégias do Governo Brasileiro para Ciência, Tecnologia e
Inovação
26
Passou de 0,6% do PIB em 2004 para 1,7% em 2008 (SITE 9).
92
formação de uma rede nacional, ao passo que a nossa proposta para o segmento
está centrada no desenvolvimento de clusters, uma vez que a transmissão de
novos conhecimentos necessários para gerar produtos inovadores ocorre de
maneira mais eficiente entre atores localizados próximos uns dos outros.
6.2
A Situação Atual das ICBTs na Cidade do Rio de Janeiro
6.3
O Potencial de Crescimento das ICBTs na Cidade do Rio de Janeiro
para efeito deste trabalho são: o Estado do Rio possui o maior percentual de
trabalhadores em setores da IC entre as unidades da federação (2,44% contra
1,82% do país como um todo), a remuneração destes trabalhadores é a maior entre
seus pares (31% superior à renda média dos trabalhadores do núcleo criativo do
país) e a participação da cadeia da IC no PIB fluminense é o maior percentual
(4%) entre os Estados da federação (São Paulo é de 3,4%, e a média ponderada de
todos os estados da federação é de 2,6%). Entre os setores da IC, televisão, artes
visuais e software apresentaram as maiores rendas per capita, principalmente em
função da presença das grandes emissoras, produtoras e empresas de software
localizadas na Cidade do Rio de Janeiro. Segundo Matos, Guimarães e Souza
(2008), em termos relativos, o Rio de Janeiro contribuiu com 52% da produção
cultural no Brasil em 1999.
O papel da indústria de TIC no estado do Rio de Janeiro pode ser analisado
a partir dos registros de propriedade intelectual (propriedade industrial e direito
autoral de software) depositados no INPI (Instituto Nacional de Propriedade
Industrial). Esta análise nos pareceu a mais apropriada em função da importância
da geração e da exploração da propriedade intelectual para as ICBTs, como está
expresso na própria definição desta indústria apresentada no Capítulo IV.
Os pedidos de patentes depositados por residentes do Estado do Rio de
Janeiro em 2007 foram de 552 representando 8,2% do total do país e a quinta
posição entre os Estados da federação. Quando analisamos os dados específicos
da indústria de TIC, tais como registros de programas de computador e contratos
de tecnologia, a participação do Estado do Rio aumenta consideravelmente. O
número de depósitos de programas de computador no INPI28 provenientes do
Estado do Rio de Janeiro em 2006 foi de 383, representando 24,6% do total do
país, atrás apenas do Estado de São Paulo, com cerca de 40%. Contratos de
tecnologia são aqueles que resultam em transferência de tecnologia, incluindo
licença de direitos de propriedade industrial (exploração de patentes e de desenho
industrial e uso de marcas), aquisição de conhecimentos tecnológicos
(fornecimento de tecnologia e prestação de serviços de assistência técnica e
científica) e franquias. O número de certificados de averbação destes contratos por
28
Estes números não significam que estas invenções foram desenvolvidas no local, apenas
indicam onde foram depositadas. Estes dados, portanto, devem ser analisados com a devida
cautela.
97
29
O PIB do município do Rio, que participou em 2005 com 5,5% do PIB nacional, é o segundo
maior do país, atrás apenas da Cidade de São Paulo com 12,3% do PIB nacional. O Estado do Rio
de Janeiro participou com 11,5% do PIB nacional (ZANI, 2008).
98
6.4
O Projeto do VisionLab
TV, além de ter sido o berço do cinema italiano), também enfrenta grandes
dificuldades financeiras e de integração com o mercado, uma vez que o governo
italiano, após investimentos da ordem de 30 milhões de Euros no parque durante
quatro anos, não considera como sua responsabilidade investimentos após a
inauguração (FEIJÓ e BADARÓ, 2006).
A experiência do VisionLab traz questões importantes que devem ser
discutidas: Quanto tempo o governo deve financiar empreendimentos em
inovação tecnológica? A política de inovação deve ser regional ou centralizada?
Como estimular a integração dos laboratórios com a indústria? No caso do
VisionLab, o governo não planejou corretamente o investimento no laboratório,
ao não levar em consideração que em inovação os investimentos devem ser de
médio e longo prazo. Além disso, seria também importante que o laboratório
buscasse uma maior integração com o mercado através de contatos e divulgação
dos seus serviços.
6.5
Outras Propostas Existentes
6.6
O Ambiente Criativo da Cidade do Rio de Janeiro
6.7
Caminhos para Formação de um Cluster de ICBT na Cidade do Rio
de Janeiro
30
O município é o responsável pelo segundo maior PIB do Brasil e o trigésimo do mundo (SITE
13).
104
31
Com modernas instalações e equipamentos de alta tecnologia, o NAVE é voltado para a
pesquisa e o desenvolvimento de soluções educativas que utilizem de forma diferenciada as
tecnologias da informação e da comunicação no ensino médio. Criado em 2004, foi implantado em
2005 em Recife e em maio de 2008 no Rio de Janeiro. Durante a manhã é dado o currículo médio
convencional e à tarde o ensino médio profissionalizante. Totalmente gratuito, o Instituto Oi
Futuro tem o objetivo de instalar outros NAVEs em outros Estados do país em parceria com as
redes estaduais do ensino médio (SITE 10).
32
Criado em 2002 e tendo iniciado a 14º turma em 2009, o curso mobiliza aproximadamente 15
profissionais da Rede Globo e da Globo.com, além de professores da UFRJ, para falar de temas
estratégicos da megamídia como efeitos especiais, sistemas de transmissão de TV digital, conteúdo
web, convergência celular-tevê, entre outros (SITE 12).
107
Alberto Magno fez mestrado e doutorado nos EUA, trabalhou lá por muitos anos e
chegou a abrir uma empresa de games em Los Angeles. Decidiu voltar ao Brasil e,
desde então, já criou duas empresas no setor de ICBTs: a AS TV, que atua na área de
produção, captação, finalização e transmissão de imagens e de dados, e a M1nd, que
atua na área de TV para celulares. Magno define a M1nd como uma “empresa carioca
de inteligência”. A empresa é líder no segmento de TV Móvel no país, com 300 mil
usuários da TIM e da OI. Nos próximos meses a empresa passará a trabalhar no
mercado internacional atendendo a seis operadoras móveis da América Latina e outras
11 da África. A previsão é atingir dois milhões de usuários até o final do ano e quatro
milhões em 2010 (ROSA, 2009). Segundo Magno, só há duas empresas no mundo que
desenvolvem este tipo de produto e ambas não têm interesse em países do terceiro-
mundo em função da instabilidade dos sinais de telefonia nestes países.
Magno considera muito importante para o profissional da sua área a experiência de
trabalho no exterior, não só pelo aprendizado tecnológico, mas pela rede de
relacionamentos e pelo conhecimento de mercado e das inovações que surgem a cada
dia. Seu sócio, Salvatore de Luca, foi chefe da engenharia de Broadcast da Sony em
Tókio. Dos 41 cientistas da M1nd, 18 são brasileiros que trabalhavam no exterior e que
voltaram seduzidos pela proposta de Magno de “quebrar paradigmas e escrever uma
história nova no Brasil”. Ele frisa que os principais motivos para o retorno destes
profissionais foram o desafio profissional e a vontade de morar no Rio. A questão
financeira ficou em segundo plano. Magno também incentiva seus funcionários a
estudarem no exterior. Atualmente, quatro estão nos EUA em universidades de ponta.
Mesmo distantes, continuam desenvolvendo remotamente software para M1nd. Ele
próprio faz questão de manter “um pé” nos EUA. Viaja várias vezes por ano para lá,
mantém sua empresa de games em Los Angeles (hoje tocada pelo seu filho) e continua
renovando sua rede de contatos. Para Magno, as bases para a criação de empresas
inovadoras são: montar uma equipe talentosa e motivada e “circular pelo mundo”.
33
Em junho de 2009 a Capes em parceria com a FAPERJ lançou o maior programa de Apoio ao
Pós-Doutorado no Estado do Rio de Janeiro. Com recursos na ordem R$ 94 milhões, o programa
irá custear a fixação temporária (até 5 anos) de até 320 jovens doutores (pesquisadores que
obtiveram o grau de doutor há no máximo 5 anos) em programas de pós-graduação do Estado do
Rio para ingresso em 2009 e 2010 (SITE 11). Apesar da existência de programas de bolsa para
fixação de pesquisadores nas empresas através do CNPq (bolsa RHAE pesquisador na empresa) e
Finep, eles são ainda muito tímidos quando comparados com os programas de fixação de doutores
nas universidades.
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES
7.1
Considerações Finais
Esta tese teve como objetivo discutir o papel e o potencial de um novo tipo
de indústria, a indústria criativa de base tecnológica (ICBT), e analisar os
determinantes principais que devem ser consideradas para o desenvolvimento de
um cluster de inovação de ICBTs no Brasil.
Inicialmente analisou-se a importância da inovação tecnológica em países
emergentes e a busca para inserção no mercado global através de produtos e
serviços de alto valor agregado. Como uma inovação tecnológica só pode ser
considerada implantada quando tiver sido introduzida no mercado (Manual de
Oslo, 2004), o estímulo à inovação nas empresas passou a ser fundamental. A
questão que se apresenta para os governos é saber como estimular a transmissão
de conhecimento entre as empresas para gerar inovação e quais atividades são
propícias para criação de produtos e serviços com alto valor agregado. Neste
sentido, foram destacadas algumas ações do governo brasileiro para promoção da
inovação nas empresas.
Em seguida, apresentou-se a caracterização e a evolução dos clusters e as
vantagens competitivas advindas da proximidade geográfica. Estas vantagens são
ainda mais acentuadas para as empresas focadas em inovação onde a transmissão
de novos conhecimentos ocorre através do contato pessoal ou da mobilidade entre
111
(i) O plano tem como uma das metas dentro de segmentos emergentes de P,D&I
o incentivo a formação de uma rede de visualização – RBV (Rede Brasileira
de Visualização). No entanto a formação de um cluster de visualização, ao
invés de uma rede, nos parece mais apropriado, uma vez que a inovação
ocorre em sistemas locais por exigir uma troca intensa entre os atores. O
conceito de rede funciona bem para academia ao facilitar o contato entre
pesquisadores (rede de pesquisadores), mas não para um modelo empresarial
focado em inovação. Para estes casos, a concentração de empresas,
instituições de ensino e pesquisa, empresas de capital de risco, associações etc.
em uma mesma região é o que possibilita a disseminação do conhecimento,
matéria prima para a inovação, conforme visão predominante da literatura
sobre cluster referenciada ao longo deste trabalho.
(ii) O plano apresenta incentivos para a fixação de recursos humanos para C,T&I
com o objetivo de evitar a “fuga de cérebros”. No entanto para o
empreendedorismo e inovação a diáspora é extremamente benéfica por
possibilitar a transferência não apenas de conhecimentos técnicos, mas
principalmente de conhecimentos organizacionais, de mercado e de
financiamento, quando há o retorno desta mão-de-obra para o seu país de
origem, conforme descreveu Saxenian (2006). Sendo assim, o governo deveria
estimular o retorno de brasileiros que trabalham com tecnologia no exterior,
especialmente no Silicon Valley. Este estímulo pode vir de várias formas, tais
como: facilidades para criação de novas empresas de tecnologia, subvenção
econômica para projetos inovadores e/ou redução de impostos nos primeiros
anos de funcionamento para todos aqueles que retornarem e criarem novas
empresas no país, além de bolsas de auxílio e facilidades para colocação de
profissionais brasileiros vindos do exterior em empresas de tecnologia locais.
Seria, portanto, uma espécie de fixação de profissionais que retornaram do
exterior nas empresas, nos moldes do programa atual de fixação de
pesquisadores nas universidades. A tão temida “fuga de cérebros” pode vir a
se transformar em uma bem-vinda “circulação de cérebros” quando estes
profissionais são repatriados trazendo conhecimento e uma ampla rede de
contatos. O momento atual, com a crise econômica mundial iniciada no
segundo semestre de 2008, é bastante propício para esta ação, uma vez que o
setor de tecnologia dos EUA, duramente afetado pela crise, foi obrigado a
117
concatenada e com metas bem definidas podem levar a resultados positivos. Estas
ações são, resumidamente, as seguintes: (i) criação de instituições voltadas para o
compartilhamento de informações relativas ao setor de megamídia; (ii) apoio do
Estado para revitalização do Pólo Rio de Cinema, Vídeo e Comunicação da Barra
da Tijuca e para laboratórios de pesquisa voltados para ICBT que tenham como
prioridade a integração com empresas; (iii) formação de profissionais para o setor
nos níveis de pós-graduação, superior e, principalmente, técnico, replicando
experiências bem sucedidas como a do Instituto Oi Futuro para formação
profissional de pessoal de nível médio em atividades relacionadas com a
megamídia; (iv) estímulo ao empreendedorismo em áreas relacionadas com a
ICBT através do foco, nos editais de subvenção econômica para o Estado do Rio,
em start-ups que atuam neste setor; (v) apoio a presença de pesquisadores e
profissionais de talento vindos do exterior nas empresas, nos moldes do programa
de fixação de jovens doutores em ICTs; (vi) apoio a localização de empresas de
capital de risco na Cidade para que estejam próximas das empresas locais e (vii)
ligação com os líderes internacionais da área de megamídia incluindo parques
tecnológicos e as ICTs que mantenham uma forte ligação com a indústria local.
7.2
Conclusões
ampla rede de contatos ativos, uma vez que, mesmo após o retorno, continuam
mantendo fortes ligações com a região onde trabalharam. As indústrias de alta
tecnologia em geral e especialmente as ICBTs precisam de talentos e estes
profissionais que estudaram e trabalharam no exterior são normalmente
criativos e talentosos. Deve-se, portanto, atrair este profissional dando-lhes as
condições necessárias para que empreendam em seu país de origem de modo a
convencê-los que sua capacitação profissional terá um valor maior na sua terra
natal.
(iii) Capital de Risco – Da mesma forma que os clusters de empresas de alta
tecnologia, clusters de ICBTs necessitam da indústria de venture capital para
poderem crescer. Mesmo que o Estado tenha uma forte presença na criação e
no período inicial de um cluster, o amadurecimento, representado pelo
aumento no número de start-ups e/ou pelo crescimento das empresas-membro,
só acontece quando há uma indústria de venture capital forte. O Estado deve
estimular o crescimento desta indústria através de financiamentos e apoio
organizacional. A presença do investidor estrangeiro deve ser estimulada, não
apenas pelo seu capital, mas, principalmente, pela transferência de
conhecimento para a indústria de capital de risco local. Israel e Taiwan
provaram que é possível, através de políticas de governo bem planejadas,
desenvolver uma vibrante indústria de capital de risco em menos tempo do
que ocorreu nos EUA (AVNIMELECH, KENNEY e TEUBALL, 2005).
Outro fator importante é a presença de profissionais, que já tiveram a
experiência de criar suas próprias empresas, atuando como capitalistas de
risco.
(iv) Ambiente Criativo – De acordo com a definição apresentada nesta tese, um
ambiente criativo propício facilita a transmissão de conhecimentos além de
atrair a classe criativa. Clusters de ICBTs devem estar localizados em regiões
que sejam atrativas o suficiente para que sejam escolhidas pela mão-de-obra
criativa como local para viver. Cada vez mais as empresas buscam se instalar
em locais onde há uma grande quantidade de talentos disponíveis, conforme
enfatizou Florida (2002). O sucesso das ICBTs está diretamente relacionado
com a existência de uma mão-de-obra criativa e talentosa. Por isto esta
indústria deve buscar regiões que atendam as necessidades desta classe de
trabalhadores criativos. Estes trabalhadores buscam locais que sejam
122
7.3
Sugestões para Trabalhos Futuros
ANDERSON, C. (2006) - The Long Tail: Why the Future of Business Is Selling
Less of More. New York: Hyperion.
AUDRETSCH, D.B. e THURIK, A.R. (2001) - What´s New about the New
Economy: Sources of Growth in the Managed and Entrepreneurial Economics.
Industrial and Corporate Change. Oxford University Press. Volume 10.
Number 1, 2001, p. 267-315.
FLORIDA, R. (2002) – The Rise of the Creative Class: And How It´s
Transformig Work, Leisure, Community and Everyday Life, Basic Books, 2002.
HILTZIK, M. A. (2000) – Israel`s HighTech Shifts Into High Gear. Los Angeles
Time, 27 August 2000.
HOWKINS, J. (2001) – The Creative Economy: How People Make money from
Ideas, Penguin Global.
MANEY, K. (1995) – Megamedia Shakeout: The Inside Look of the Leaders and
the Losers in the Exploding Communications Industry, John Wiley & Sons, May
1995.
OECD (2008) – OECD Science, Technology and Industry Outlook 2008. Science
and Innovation: Country Notes. Annex 3.A1. pp. 176- 188. ISBN 978-92-64-
04991-8.
PIORE, M.J.; SABEL, C.F. (1984) – The Second Industrial Divide: Possibilities
for Prosperity, New York: Basic books, 1984.
ROPER, S.; GRIMES, S. (2005) – Wireless Valley, Silicon Wadi and Digital
Island – Helsinki, Tel Aviv and Dublin and the ICT Global Production Network,
Aston Business School Research Paper: Birmingham, UK, March, 2005.
REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS
1. ECONOMIAS DESENVOLVIDAS
América
Bermudas Saint Pierre e Miquelon
Ásia
Israel Japão
Europa
Alemanha Holanda
Andorra Hungria
Áustria Ilhas Faeroe
Bélgica Islândia
Bulgária Irlanda
Chipre Itália
República Tcheca Lituânia
Dinamarca Luxemburgo
Estônia Malta
Eslováquia Noruega
Eslovênia Polônia
Espanha Portugal
Finlândia República da Látvia
França Romênia
Grã-Bretanha San Marino
Gibraltar Suécia
Grécia Suiça
Vaticano
Oceania
Australia Nova Zelândia
34
No documento das Nações Unidas (UNCTAD, 2008) não foi explicado qual foi o critério para
a classificação dos países em Economias Desenvolvidas, Economias em Transição e Economias
em Desenvolvimento. O documento apenas trouxe em seu anexo a relação dos países por tipo de
economia, conforme transcrito aqui. Nesta tese, esta classificação só foi usada nos dados sobre
exportação de novas mídias que foram retirados do documento da UNCTAD.
130
2. ECONOMIAS EM TRANSIÇÃO
Ásia
Armênia Quirguistão
Azerbaijão Tadjiquistão
Casaquistão Turcomenistão
Geórgia Uzbequistão
Europa
Albânia Moldávia
Belorússia Rússia
Bósnia e Herzegovina Sérvia e Montenegro
Croácia Ucrânia
Macedônia
3. ECONOMIAS EM DESENVOLVIMENTO