Você está na página 1de 2

NOTAS SOBRE O ARTIGO “A FRENTE NEGRA BRASILEIRA NA BAHIA” POR JEFERSON

BACELAR

• Frente Negra Brasileira passa a se organizar no início da década de 1930 estruturando-se em


São Paulo em 1931. Em 1933 começa a circular em São Paulo o jornal “A Voz da Raça”.
Sua estrutura possuía um Conselho Geral e delegados da capital em diversos estados.
• Segundo estudo de Thales de Azevedo, “Elites de Cor”, as organizações de negros na bahia
no inicio de 30 eram de irmandades religiosas e algumas associações operárias, porém
nenhuma delas possuía um engajamento direcionado ao combate de práticas racialmente
excludentes do Estado.
• A instalação da Frente Negra na Bahia ocorreu em 1932, sua comunicação ao interventor
estatal da época, Juracy Magalhães, também ocorreu nesse ano conforme a lei exigia. Seu
idealizador fora Marcos Rodrigues dos Santos, ele viajou o Brasil realizando trabalhos de
alfabetização, o que o levou até São Paulo e até o contato com a FNB de SP.
• Aproposta da Frente Negra da Bahia, na "defesa dos direitos e interesses da sua classe",
pautava-se nos seguintes pontos:
◦ 1' Alphabetização, como um dos formidáveis factores da sua instituição, o que deve
constituir a pedra angular de todas as organizações que se venham fundar no nosso
Brasil.
◦ 2" levantamento moral da raça, falha que vem da sua gênesis, principalmente em relação
a formação nobilíssima da família. Devemos mesmo trabalhar pela formação da elite da
mulher negra [...I. O negro será ajudado, não lhe 61- tará a moeda para o sustento da sua
família já legalmente constituída. Trabalho tampouco faltará pois é um dos pontos de
maior cogitação nossa.
◦ A Frente Negra tem uma política de sua orientação mui sutilmente estudada pois o nego
não pode estar alheio a política do seu paiz, servindo tão somente de guarda-costas aos
srs. candidatos que julgam ser este o seu único lugar nos pleitos e o negro que dá tudo o
que tem, quando não lho arrancam maneirosa ou mesmo agressivamente, nada pede para
si.
• Os fundos para viabilizar os trabalhos de alfabetização e inserção cultural ocorriam
mediante festivais de música, cinema e cultura. Um dos focos do movimento bahiano era a
questão da mulher negra e a exaltação da raça.
• O autor fala que do ponto de vista mais basilar ideológico havia grande proximidade entre
os núcleos bahiano e paulista, porém, devido as singularidades sociais promovidas pela
diferença regional, também há fatores de grande distanciamento entre esses grupos. Vide
que ambos não eram contra “ a ordem social, politica e econômica estabelecida”
( BACELAR, p. 78) logo é um movimento que construía a demanda de inserção do negro na
estrutura social branca.
• Percebe-se que a dominação racial desenvolveu mecanismos diferentes para cada região
diante de suas singularidades; em São Paulo, negro e mestiços foram atingidos pelas
políticas de imigração e branqueamento, portanto sua inserção social e construção de um
capital foi severamente prejudicada, destituindo muitos negros de seus cargos, e impedindo
aqueles que não estavam empregados a ascenderem. Já o contexto bahiano não sofreu
alterações sócias tão bruscas, muitas famílias negras mantiveram seus postos economicos e
sociais, portanto as formas de dominação de certa forma foram mantidas, os grilhões não
eram tão perceptíveis.
• Isso gera um fenômeno de rejeição da elite mestiça e negra bahiana quanto aos princípios
defendidos pela Frente Negra da Bahia, pois aquela elite, já aculturada, se identificava como
branca. O mito da Democracia Racial operava de forma mais profunda nesse contexto
social. ( página 80)

*nota: esse fenômeno pode explicar o motivo da vasta gama de mídias de informação negras em SP,
o jornalismo negro muito mais forte.

• O movimento, mesmo que tímido da Frente Negra bahiana, provocou a percepção racial do
problema que fora obliterada pela estruturação classista daquela sociedade; as elites negras
perceberam que as camadas pobres de negros era sistematicamente inviabilizada de ascender
por causa do racismo, isso possibilitou uma união entre as classes através do alicerce da
dimensão racial, porém os diagnósticos receberam remédios ineficientes, isso explicaria a
efêmera passagem desse movimento, cerca de um ano.
• Página 82

Você também pode gostar