Você está na página 1de 18

SUPRIMENTO DE FUNDOS: um estudo sobre a sua utilização na

Universidade Federal da Bahia

Jose Claudio Ferreira dos Santos (UFBA/FCC) josecfs@ufba.br (*)


Professor Orientador: João Vicente Costa Neto (UFBA/FCC) jvicente@sefaz.ba.gov.br (**)

Resumo

Esse artigo trata de um estudo sobre o sistema de adiantamento do governo federal, o Suprimento de Fundos, e
sua utilização na Universidade Federal da Bahia. Parte-se da premissa de que o Suprimento de Fundos é uma
forma de execução orçamentária destinada a despesas emergenciais e de pequeno vulto, que não possam passar
pelo processo normal de execução (processo licitatório). Nessa perspectiva, ao analisar o contexto atual das
aquisições públicas, verificou-se que o Estado brasileiro tem proporcionado avanços tecnológicos no sentido de
facilitar as compras dos órgãos federais por meio de licitação e, ao mesmo tempo, vem criando leis que
dificultam a compra direta ao fornecedor, como as aquisições por Suprimento de Fundos. Sendo assim, esse
estudo trabalhou com a hipótese de que o uso do dispositivo Suprimento de Fundos na UFBA estaria cada vez
mais restrito, tendo em vista o seu caráter emergencial frente ao destaque do planejamento nas novas leis
brasileiras e as novas modalidades de licitação que facilitam as aquisições públicas planejadas. Após análise dos
processos de requisição e prestação de contas de Suprimento de Fundos da UFBA e o levantamento dos dados,
verificou-se que a hipótese especulada foi parcialmente negada, pois, em valores absolutos, os gastos com
Suprimento de Fundos na UFBA estão aumentando nos últimos anos. Contudo, observou-se também que o tipo
de gasto está praticamente restrito a um item de despesa, o qual sua necessidade aumentou ao longo do período
pesquisado e não se conseguiu concluir o processo licitatório para sua aquisição pelos meios normais de
execução orçamentária.

Palavras-Chave: Universidade Federal da Bahia (UFBA); Suprimento de Fundos; Cartão de Pagamento do


Governo Federal (CPGF); Execução Orçamentária; Contabilidade Aplicada ao Setor Público; Licitação.

II. INTRODUÇÃO

A Universidade Federal da Bahia (UFBA) é uma autarquia pública federal com


autonomia didático-científica, administrativa, patrimonial e financeira. Essa autonomia
caracteriza a UFBA como uma unidade orçamentária, possibilitando que ela execute suas
despesas sem que necessite de nenhuma autorização prévia de algum órgão superior,
(*)
Pós-Graduando em Contabilidade Pública pela Universidade Federal da Bahia, Graduado em Ciências Sociais
pela Universidade Federal da Bahia, Técnico em Contabilidade da Universidade Federal da Bahia. Atuou como
profissional liberal em contabilidade.
(**)
Mestre em Contabilidade, com Graduação em Ciências Econômica e Ciências Contábeis. Professor da
Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Ciências Contábeis e Auditor Fiscal da Secretaria da Fazenda do
Estado da Bahia
2

obedecendo, contudo, a legislação vigente da administração pública. Suas despesas são


realizadas das diversas formas possíveis na Lei 8.666/93, ou seja, por licitação, dispensa ou
inexigibilidade. Mas, além dessas formas, há na legislação um dispositivo de execução
orçamentária que se destaca pelo seu caráter excepcional, chamado de Suprimento de Fundos,
do qual a UFBA também faz uso.
O Suprimento de Fundos é um adiantamento pecuniário concedido a servidor, a
critério e sob a responsabilidade do ordenador de despesas, com prazo para aplicação e
comprovação dos gastos. Desta forma, esta matéria da Administração Pública torna-se
singular pela sua forma diferenciada de execução orçamentária e financeira. Ou seja, o
Suprimento de Fundos busca a realização de despesas – sempre precedida de empenho na
dotação orçamentária específica e natureza própria – que, pela sua excepcionalidade, não
possam se subordinar ao processo normal de aplicação, isto é, não seja possível o empenho
direto ao fornecedor ou prestador, na forma da Lei nº. 4.320/64, precedido de licitação ou sua
dispensa, em conformidade com a Lei nº. 8.666/93.
O servidor que obtém autorização do ordenador de despesas para execução financeira
com os recursos recebidos a título de Suprimento de Fundos é denominado de Agente Suprido
e cabe a ele a responsabilidade pela aplicação e comprovação das despesas realizadas. Com o
advento do Decreto nº. 5.355/05 este Agente Suprido passou a deter em seu poder, e em seu
nome, o Cartão de Pagamento do Governo Federal (CPGF), que se tornou o único meio de
obtenção de recursos para modalidade de despesas aqui tratada.1 Após o período de aplicação,
dentro do prazo limite, o servidor irá apresentar prestação de contas com documentos
comprobatórios que serão avaliados por setor competente 2 e ainda serão submetidos à
aprovação do ordenador de despesa.
Por se tratar de uma exceção à regra de licitar, espera-se que a administração pública
evite cada vez mais a utilização do Suprimento de Fundos para aquisição de materiais e de
serviços, deixando-o para os casos de extrema necessidade e urgência. Além disso, o
desenvolvimento de ferramentas de sistemas de informação – tais como: o pregão e as
cotações eletrônicas, o Sistema de Registro de Preço, o Compras Net, o Sistema Integrado de
Serviços Gerias (SISG) e a Transparência Pública – disponibiliza para a administração uma
maior oferta de materiais e serviços licitados que podem ser adquiridos com mais agilidade, e
também com maior publicidade e controle social das aquisições públicas, se compararmos
com as modalidades tradicionais de licitação presentes na Lei 8.666/93.
Por outro lado, também, na observação cronológica das normas que tratam do tema
Suprimento de Fundos, pode-se perceber que há um enrijecimento limitando cada vez mais as
possibilidades de utilização desse dispositivo nas aquisições do poder público. É nesse sentido
que a Controladoria Geral da União vem buscando padronizar tal uso através de divulgação
de cartilhas que orientam os gestores sobre quais despesas são passíveis de serem adquiridas
por suprimento e como deve ser realizada a compra. Esse enrijecimento das normas também é
sentido pela ênfase que as novas legislações orçamentárias têm dado ao fator “planejamento 3”
nas realizações das despesas públicas. E, sendo o uso de Suprimento de Fundos condicionado
ao caráter emergencial da despesa, é de se convir que ele deva ser evitado.

1
De acordo com o Decreto nº. 6.467, de 30.05.2008, os Comandos Militares, o Ministério Público da União e os
Poderes Legislativo e Judiciário estão autorizados a utilizar-se também da Conta Tipo “B” para pagamento de
Suprimento de Fundos.
2
Apesar desse setor não ser considerado pela CGU como obrigatório, ele é de extrema importância, pois emite
pareceres fundamentados, atestando a regularidade da aplicação ou informando as falhas/irregularidades
detectadas, de modo a subsidiar o ordenador de despesa na tomada de decisão.
3
Veja por exemplo a Lei nº. 101/2000, chamada Lei de Responsabilidade Fiscal; em que o planejamento é
destacado como um dos principais pilares da Administração Pública Responsável.
3

Nesse contexto surge a seguinte questão gerenciadora deste estudo, ou seja, até que
ponto a Universidade Federal da Bahia tem restringido a utilização do Suprimento de Fundos,
na realização de gastos caracterizados como de caráter emergencial por suas unidades de
ensino. A hipótese que nos apresenta é de que os tomadores de decisões têm orientado aos
ordenadores de despesas a coibir cada vez mais o uso desse dispositivo, orientando para o
fortalecimento do planejamento nas realizações das despesas publicas, com isso, minimizando
o caráter emergencial das despesas, por conseguinte se subordinando ao processo normal de
aplicação dos recursos que permeia a administração pública.
Esta pesquisa tem como objetivo geral desenvolver um estudo exploratório sobre os
gastos da Universidade Federal da Bahia efetuados por Suprimento de Fundos no período de
2005 a 2012. Estabeleceu-se, então, coligir a legislação das normas federais aplicada sobre o
tema Suprimento de Fundos; catalogar os tipos de gastos realizados por Suprimento de
Fundos na UFBA dentro do período proposto de pesquisa; verificar a quantidade gasta por
Suprimento de Fundos entre os anos de 2005 e 2012; e analisar a evolução do gasto durante os
anos de pesquisados.
Um estudo sobre o Suprimento de Fundos pode ser entendido como uma análise de
uma das formas de execução orçamentária do Governo Federal. Em alguns órgãos, como
numa Universidade, pode-se recorrer bastante a este tipo de dispositivo por conta da
diversificação do seu serviço público prestado, a qual, freqüentemente ocasiona em situações
inesperadas ou emergenciais. As publicações sobre o tema geralmente são feitas por órgãos
técnicos do próprio governo e, quando analisadas academicamente, limita-se a conceituar o
que é Suprimento de Fundos e identificar a lei que o disciplina. Neste sentido, o presente
artigo busca contribuir na discussão do tema com uma visão acadêmica, porém com maior
objetividade e aprofundamento. De maneira que, a sua leitura possa contribuir também para o
controle social do gasto público.

III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA


2.1 UM BREVE ESTUDO DA LEGISLAÇÃO SOBRE SUPRIMENTO DE FUNDOS

A concessão de adiantamento a servidor para realização de despesas públicas foi


primeiramente tratada na Lei 15.783 de 08 de novembro de 1922, que instituiu o Regulamento
de Contabilidade Pública, em que, na sua Secção IV – do Pagamento, nos art. 263 a 267,
disciplinou essa modalidade de despesa:

Art. 263. O pagamento da despesa fixada no orçamento ou em créditos adicionais, e


devidamente liquida e justificada, se efetua mediante ordens de pagamento,
expedidas a favor dos credores pelos titulares dos diversos ministérios, pelos
ordenadores secundários devidamente autorizados, ou pelas repartições ou
funcionários a que forem distribuídos créditos ou feitos adiantamento de fundos,
salvo casos excepcionais autorizados em lei.
Art. 264. A delegação de competência para a expedição de ordens de pagamento,
quando não estiver expressamente consignada em leis orgânicas ou nos
regulamentos dos diversos serviços públicos, constará de ato ministerial submetido
ao conhecimento do Tribunal de Contas ou suas delegações, e onde se mencionará
o cargo ou o nome do funcionário delegado, bem como o limite máximo dentro do
qual poderá exercer o mandato.
4

Art. 266. Importam, igualmente, em delegação de competência para expedição de


ordens de pagamentos as requisições de adiantamentos a serem entregues a
funcionários públicos, para satisfação das despesas a seu cargo ou das repartições a
que pertencerem.
Art. 267. Tais adiantamentos somente poderão ser pelos ministérios requisitados do
Tesouro Nacional ou de suas delegacias nos seguintes casos: a) quando se tratar de
serviços extraordinários e urgentes, que não permitam delongas na satisfação das
despesas; b) quando se tratar de despesa a ser paga em lugar distante de qualquer
estação pagadora ou no exterior; c) quando se tratar de despesas miúdas e de pronto
pagamento, nas diversas repartições públicas; d) quando se tratar de despesas com
expedições militares ou navios de guerra; e) quando o adiantamento for autorizado
em lei.

Ao longo dos anos, o conceito básico de adiantamento pouco mudou. Contudo, a Lei
4.320/64, que veio em seguida, tratou do assunto de maneira mais genérica, deixando que lei
complementar o detalhasse. No seu art. 68, resumem-se as letras ‘a’, ‘b’ e ‘c’ (citadas no art.
267 acima) a “despesas que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação”.
Desta forma, acrescentam-se também as despesas de caráter sigiloso, porque não podem
passar por processos que exigem publicidade, tal como as licitações ou a dispensa dela. O art.
69 também trata do tema afirmando que “não se fará adiantamento a servidor em alcance nem
a responsável por dois adiantamentos”. E, uma observação cronológica das normas sobre
suprimentos de fundos, permite-nos afirmar que há uma tendência a evitar ou restringir cada
vez mais a utilização deste meio de realização de despesas.
Em resumo, as seguintes normas que regulamentam o Suprimento de Fundos
atualmente são: (i) Lei 4.320, de 17 de março de 1964, art. 68 e 69; (ii) Decreto-Lei nº. 200,
de 23 de fevereiro de 1967, art. 74, 77, 78, 80, 81, 83 e 84; (iii) Decreto nº. 93.872, de 23 de
dezembro de 1986, art. 45 a 47; (iv) Decreto nº. 5.355, de 25 de janeiro de 2005; (v) Decreto
nº. 6.370, de 1º de fevereiro de 2008; (vi) Portaria nº. 95 MF, de 19 de abril de 2002; (vii)
Portaria nº. 41 MP de 07 de março de 2005, alterada pelas Portarias nº. 01 MP de 4 de janeiro
de 2006, e nº. 44 MP de 14 de março de 2006; (viii) Manual do SIAFI WEB código 02.11.21
atualizada; (ix) Portaria nº. 653 MEC, de 28 de Maio de 2008; (x) Portaria nº. 1.847 UFBA,
de 01 de dezembro de 1998.

2.1.1 Suprimento de Fundos

Uma das principais características do gasto público é sua previsibilidade e


planejamento. Esses se concretizam, basicamente, através do orçamento, que representa o
instrumento de pl00anejamento adotado pela Administração Pública, fixando as despesas a
serem realizadas no exercício seguinte. (CARVALHO, 2010, p.28).
Estando de posse do orçamento público, o próximo passo da Administração é executá-
lo. E o procedimento mais adequado para a execução orçamentária é por meio de licitação, a
qual é regida pela Lei 8.666/93. Porém, nem toda despesa pública pode ser prevista e, muitas
vezes, a emergência do gasto não permite que ele passe pelo seu processo normal de
realização: o procedimento licitatório.
Neste sentido, o Suprimento de Fundos pode ser entendido como a solução legal de
problemas relacionados à execução de despesas que, por algum motivo justificável (o caráter
emergencial ou sigiloso, por exemplo), não poderão passar pelo processo normal de licitação.
5

Ou seja, o Suprimento de Fundos é uma exceção à regra de licitar, e é legal porque se


encontra previsto na Lei 4.320/64, nos artigos 68 e 69.
Ele funciona como um adiantamento de numerário a servidor e é aplicável aos casos
de despesas expressamente definidas em lei, obedecendo, contudo, as fases de execução de
despesas: empenho prévio, liquidação e pagamento. É justamente numa dessas fases que se
encontra uma das principais singularidades do Suprimento de Fundos: o empenho não é em
nome de fornecedor e sim em nome do servidor ou da instituição. Este está responsável por
fazer o gasto necessário e apresentar prestação de contas dentro de um prazo determinado.
De maneira bastante genérica a Controladoria Geral da União, buscando padronizar a
utilização de Suprimento de Fundos, estabeleceu que as características das despesas passíveis
dessa modalidade de gasto são: o pequeno vulto (com base nos limites dados pela portaria
95/02 do Ministério da Fazenda); a excepcionalidade da aquisição; a impossibilidade e a
vantagem de não serem submetidas ao processo normal de aplicação; e o interesse público.
Acrescenta-se ainda o caráter sigiloso, referente apenas a órgãos ou entidades que possuem
despesas sigilosas (Polícia Federal, por exemplo), os quais deverão possuir regramento
próprio para tal tipo de gasto.
Daí infere-se que, o uso de Suprimento de Fundos está mais direcionado para despesas
de material de consumo ou com contratação de serviços, ambas de pequeno vulto. Porém, não
há nada na legislação levantada sobre o tema que impossibilite a aquisição de material
permanente, desde que este se enquadre nas características relacionadas acima e que seja
reconhecida e autorizada pelo Ordenador de Despesas.
Neste sentido, o servidor, ao requerer Suprimento de Fundos, deverá observar
previamente às seguintes informações (CGU, 2006):
a) na aquisição de material de consumo (ou permanente)
 inexistência temporária ou eventual no almoxarifado, devidamente justificada.
 inexistência de fornecedor contratado/registrado4
 se não se trata de aquisição de um mesmo objeto, passíveis de planejamento, e
que, ao longo do exercício possam vir a ser caracterizada como fracionamento de
despesa e, consequentemente, como fuga do processo licitatório; se as despesas a
serem realizadas estão vinculadas às atividade
 se da unidade. Ou seja, não cabe a um setor administrativo usar Suprimento de
Fundos para comprar caneta e papel, por exemplo. Isso seria estimular o não
planejamento dos gastos e, consequentemente, a fuga do processo licitatório;
 e, óbvio, o interesse público da realização da despesa.
b) na contração de serviços:
 inexistência de cobertura contratual;
 se a requisição não se trata de contratações de um mesmo objeto, passíveis de
planejamento, e que, ao longo do exercício, possam vir a ser caracterizada como
fracionamento de despesa e, consequentemente, como fuga ao processo licitatório;
 e, novamente, se as despesas a serem realizadas estão vinculadas às atividades da
unidade e se servem ao interesse público.
4
Atualmente, com a possibilidade de registrar-se preço (Ata de Registro de Preço - ARP), é possível ter
fornecedores registrados para a grande maioria de necessidade de material de consumo das unidades
administrativas. Além disso, a citada ARP possibilita que uma proposta mais vantajosa numa licitação de um
órgão seja aproveitada por outros órgão ou entidades pública, sem que estes últimos tenham participado do
processo licitatório. Este dispositivo encontra-se respaldado no Decreto n. 3.931/2001 e ficou vulgarmente
conhecido como “Carona”.
6

A partir das observações citadas acima, pode-se destacar alguns aspectos estruturais e
técnico-administrativos importantes para realização de despesas por Suprimento de Fundos
numa entidade pública, que são: tanto na compra de material de consumo como na aquisição
de serviços, é imprescindível a consulta aos setores de controle de material (almoxarifado) ou
ao setor de contratos de prestação de serviços. Ao mesmo tempo, é importante que se obtenha
uma resposta segura destes setores, pois a existência no estoque de um material a ser
comprado, ou ainda, a existência de fornecedor registrado para fornecê-lo ou para prestar o
serviço a ser contratado, desqualifica a compra por Suprimento de Fundos, tornando-a
injustificável.
Outro aspecto importante a ser destacado é a projeção do gasto ao longo do exercício
orçamentário. Ao se verificar que tal necessidade, num primeiro momento emergencial, irá se
repetir no decorrer do exercício orçamentário, deve-se avaliar a precisão de se abrir um
processo licitatório, buscando evitar que as futuras aquisições por Suprimento de Fundos
dentro de um único período (de um mesmo material ou serviço), sejam apontadas como
fracionamento de despesa.
O fracionamento se caracteriza pela divisão da despesa, de uma mesma natureza, para
utilizar modalidade de licitação inferior à recomendada pela legislação para o total de
despesas. Em outras palavras, é vedada a utilização de modalidade inferior de licitação (ou
dispensa) quando o somatório do valor comprado dentro de um mesmo exercício se enquadrar
numa modalidade superior de licitação. (Fulgêncio, 2007, p. 385). Se tratando de Suprimento
de Fundos, pode-se considerar indício de fracionamento de despesa as compras em um único
exercício e de um mesmo subelemento de despesa, cujo valor total supere os limites dos
incisos I e II do art. 24 da Lei nº. 8.666/93.
Após tomar todas as precauções para uma boa aplicação dos recursos oriundos do
Suprimento de Fundos, o servidor detentor do Cartão de Pagamento do Governo Federal
(também chamado de Agente Suprido) deverá requisitar ao Ordenador de Despesa, através de
processo administrativo, a concessão do valor a ser aplicado juntamente com as devidas
justificativas de sua requisição.
O Ordenador de Despesas, tão responsável pela boa aplicação do recurso quanto o
Agente Suprido, deverá avaliar a real necessidade do gasto, verificar se as precauções na
execução foram tomadas e se a justificativa é pertinente. Somente a partir desses dados ele
poderá aprovar ou indeferir a requisição do servidor. Daí a importância da boa assessoria ou
assistência administrativa, pois esses que iram, a partir de uma análise mais especializada,
resumir as informações processuais para o Ordenador, e apontar em que sentido deverá ser
tomado sua decisão.
A requisição sendo aprovada, a Unidade Gestora emitirá uma Nota de Empenho em
nome do servidor requerente e liberará o valor solicitado para ser gasto através do Cartão de
Pagamento do Governo Federal ou através de saque via este mesmo cartão.

2.1.2 Cartão de Pagamento do Governo Federal (CPGF)

O Cartão de Pagamento do Governo Federal (CPGF) foi instituído em janeiro de 2005


através do Decreto No. 5.355, e se tornou o principal instrumento de pagamento de despesas
realizadas por Suprimento de Fundos. A idéia foi considerada bastante inovadora, pois
possibilitou ao governo extinguir várias contas bancárias e substituir a utilização de cheques
para pagamentos na Administração Publica, eliminando assim diversas etapas e processos de
7

prestação de contas em papel. Além disso, o CPGF permite à Administração Pública uma
maior agilidade nas compras; bem como uma maior facilidade para gerenciar e controlar os
gastos.
Por ser uma transação eletrônica, o uso do CPGF assemelha-se a utilização de um
cartão de crédito comum. Porém, a diferença fundamental é de que o controle e o
acompanhamento dos gastos não estão restritos à operadora de crédito e ao usuário portador
do cartão. O Ordenador de Despesas (ou servidor por ele autorizado) é quem estabelece o
limite a ser gasto com o cartão, controlando-o on-line, podendo, inclusive, verificar em que
tipo de estabelecimento a transação foi realizada. Contudo, a maior beneficiada com a
instituição do CPGF é a sociedade, pois todas as transações ficam disponíveis no endereço
eletrônico da transparência pública nacional, podendo qualquer cidadão consultá-las.
No ano de 2009 o Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão publicou a
Portaria 90 que criou o Sistema de Cartão de Pagamento (SCP) e tornou obrigatório que o
portador do cartão detalhasse, em até trinta dias depois de efetuadas as transações, as despesas
por ele realizadas. O detalhamento consiste em registrar: o número da nota fiscal; o CNPJ da
empresa onde o produto foi adquirido; a data da compra e o valor; e a descrição do produto ou
serviço adquirido. Esse detalhamento deveria complementar as informações disponibilizadas
no portal da transparência, possibilitando um maior acompanhamento pela sociedade dos
gastos realizados por Suprimento de Fundos, inclusive daqueles realizados através de saques
nas agências bancárias, mas, até a presente data, apenas pessoas autorizadas por senha têm
acesso a esses dados.
Os saques com o CPGF podem ser realizados para atender as necessidades ainda mais
excepcionais (limitado até 30% do gasto anual do órgão com Suprimento de Fundos) e em
cada concessão deve constar justificativa explicando a excepcionalidade da despesa que
motiva a necessidade do pagamento em espécie. São exemplos de motivações para o saque:
serviços prestados por pessoa física; despesas realizadas, onde possa ser escassa a rede
credenciada à bandeira do CPGF, entre outras. Contudo, o governo recomenda reduzir ao
mínimo possível o pagamento em espécie.
O acompanhamento da sociedade sobre os gastos realizados com o CPGF é de
fundamental importância para que os usuários do cartão sejam mais criteriosos na hora da
compra com Suprimento de Fundos. O primeiro semestre de 2008 teve como principal
noticiário na imprensa nacional as denúncias do episódio que ficou conhecido como “O
Escândalo dos Cartões Corporativos”, em que, na ocasião, o governo, em 2007, tinha dobrado
o valor dos gastos com Suprimento de Fundos em comparação com os anos anteriores. O caso
tomou vieses grandiosamente políticos, com abertura inclusive de Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI), e ao término das investigações apenas a titular da Secretaria Especial de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial, perdeu o seu cargo e também, o então Ministro
dos Esportes devolveu, por conta própria, aos cofres da união a importância de R$ 30.870,285.
No entanto, é possível notar que após as denúncias houve uma mudança no
comportamento dos usuários do CPGF, diminuindo de forma significativa (aproximadamente
20 milhões de reais) os gastos realizados com o cartão. Além disso, o governo baixou decretos
de regulamentação e limites de saque, que também contribuíram para redução desses gastos.

5
G1Notícias. Entenda a Crise dos Cartões Corporativos e o Caso do Dossiê. G1 São Paulo, São Paulo, 28 mar.
2008. Disponível em: < http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL373871-5601,00-
ENTENDA+A+CRISE+DOS+CARTOES+CORPORATIVOS.html>. Acesso em: 29 jan. 2013.
8

2.2 O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO NO CONTEXTO DO


PROCESSO LICITATORIO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Quando em 1993 foi promulgada a Lei 8.666, já se tinha a idéia de que todas as
aquisições da Administração Pública deveriam ser feitas por meio de licitação. É lógico que se
caberiam as exceções, e estas foram listadas nos artigos 24 (dos casos de dispensas de
licitação) e 25 (em que a licitação é inexigível) desta mesma lei. Porém, o processo
licitatório, nos moldes exigidos pela Lei 8.666/93, sempre foi objeto de reclamação de boa
parte dos gestores públicos, que o considera burocrático em demasia, oneroso e lento. Dentro
dessa visão, criou-se resistência em se recorrer à Licitação Pública para toda e qualquer
aquisição, tentando enquadrar algumas compras em uma das trinta e duas possibilidades de
dispensa de licitação listadas no art. 24 ou numa das três possíveis inexigibilidades do art. 25
da Lei 8.666/93. O pequeno vulto, o caráter emergencial, a licitação deserta, a especialização
notória, entre outros, são os incisos frequentemente recorridos pelos gestores públicos para
justificar a compra direta com o fornecedor por eles escolhidos.
Por outro lado, os governos, ao longo dos anos, vieram tentando amenizar as falhas da
Lei 8.666/93, mediante, principalmente, de desenvolvimento de ferramentas e sistemas de
informação capazes de facilitar, diminuir os custos e aumentar o alcance das licitações
públicas. Atrelado a isso, esses sistemas também permitem um maior controle dos
procedimentos por via eletrônica, simplificando, assim, o uso de alguns dispositivos previstos
na Lei, que eram pouco utilizados pela sua complexidade e dificuldade em controlar as
aquisições da administração.
O Sistema de Registro de Preços (SRP), por exemplo, encontra-se previsto no art. 15
da Lei 8.666/93 e durante muito tempo foi pouco utilizado por causa da grande quantidade de
dúvidas dos gestores públicos quanto aos procedimentos e a falta de recursos informatizados
para controle. Trata-se de um procedimento com base em planejamento para futuras
contratações, em que as empresas vencedoras assumem o compromisso de fornecer bens e
serviços a preços e prazos registrados numa ata específica, mas a contratação só é realizada
quando melhor convier aos órgão/entidades que integram essa ata (CGU, 2011).
A diferença principal entre o SRP e um processo licitatório comum é que, no segundo,
visa-se uma contratação específica que resultará em um contrato com objeto determinado. No
SRP, a licitação define as qualidades do bem ou serviço e os respectivos preços unitários, mas
as quantidades a serem adquiridas dependem da conveniência da administração. Ou seja, o
SRP funciona como um estoque virtual em que o pagamento somente ocorre após a entrega
do bem ou serviço. Quando bem planejado e aplicado, o SRP lembra o Sistema de Produção
Enxuta (Just in time), em que “os insumos (bem e serviços) necessários ao processo de
produção são adquiridos no momento de sua necessidade para aplicação” (CGU, 2011, p.8).
Essa outra forma de licitar possibilita resolver alguns problemas de compras e
aquisições no setor público, principalmente aqueles que se referem a compras de bem comuns
e de peças de reposição, evitando assim que se recorra ao processo licitatório comum a cada
necessidade da administração, pois já se tem mercadorias e serviços licitados e com preços
registrados para o exercício. Além disso, o SRP permite ainda que as licitações sejam feitas
em grupos de órgãos públicos participantes ou que, um órgão ou entidade pública não
participante da licitação possa adquirir mercadoria e serviços licitados em outro órgão
público: a chamada “carona” (Decreto nº. 3.931/01 art. 8º). No entanto, o SRP depende de um
controle bastante seguro e transparente e, consequentemente, de um aparato tecnológico que o
torne possível. Isso afastou os gestores públicos de utilizá-lo durante um longo período, mas
com o desenvolvimento tecnológico e, principalmente, com a possibilidade de se realizar a
9

licitação de SRP através da modalidade Pregão Eletrônico (Decreto nº. 5.450/05, art. 25, §§ 7º
e 8º) o Sistema de Registro de Preço passou a ser muito mais utilizado na administração
pública e vem substituindo as modalidades tradicionais de licitação, como Convite e Tomada
de Preço.
O Pregão Eletrônico talvez seja a principal evidência da inserção de recursos
tecnológicos ao processo licitatório. Ele foi criado através da Lei Federal n. 10.520/02 e
mudou significativamente a forma de licitar brasileira, tornando-a mais dinâmica, ampla e
econômica. O Pregão Eletrônico funciona como um leilão, só que ao contrário: nele ganha o
fornecedor que oferecer a mercadoria ou o serviço pelo menor preço ao órgão licitador. Este
último divulga sua necessidade e os fornecedores se cadastram pela web para ofertar lances de
preços no dia e horário marcado. Após definido o vencedor, esse apresentará a documentação
de habilitação que será conferida e deferida ou indeferida pelo pregoeiro. Observe que o
pregão inverte a fase de habilitação dos fornecedores, deixando-a para o final e são analisados
apenas os documentos da empresa vencedora, diferentemente da Concorrência, por exemplo,
em que a habilitação é prévia e os documentos de todos licitantes são verificados. O Pregão
Eletrônico ainda, por ser realizado via web, pode ser acessado de qualquer local, o que amplia
a quantidade de participantes concorrentes e, consequentemente, reduz os preços ofertados.
Um estudo publicado pelo Governo Federal em outubro de 2012, afirma que 93% das
compras da União até setembro deste mesmo ano foram feitas por meio de Pregão Eletrônico
e que, tal modalidade de licitação gerou uma economia de 4,5 bilhões de reais6.
Toda essa evolução do processo licitatório permite concluir que, justificar a compra
direta ao fornecedor, alegando o alto custo de se fazer uma licitação ou, a dificuldade de
encontrar fornecedores para participar do certame, ou ainda a emergência do gasto frente á
lenta burocracia da licitação, está cada vez mais difícil, e pode ser vista pelos órgãos
fiscalizadores como falta de planejamento da gestão e, no caso do uso de Suprimento de
Fundos, como impropriedade da aplicação dos recursos públicos (Acórdão Nº 1760/2012 –
TCU – Plenário).

6
Para maiores informações sobre a Economia do Governo Federal com o Pregão Eletrônico veja a matéria:
“Compras governamentais por pregão eletrônico geram economia de R$ 4,5 bilhões”. Publicada em
22/10/2012 no sítio: www.brasil.gov.br. Acessado em 08/01/2013.
10

IV.METODOLOGIA

Este estudo tem como objeto de pesquisa os gastos por Suprimento de Fundos na
Universidade Federal da Bahia, tendo como análise temporal o período entre os anos de 2005
e 2012. A classificação da pesquisa dar-se-á na perspectiva delineada por Beuren (2003) que
sugere que as pesquisas sejam enquadradas de acordo com os seus objetivos, procedimentos e
abordagem.
Quanto ao objetivo da pesquisa ela é de natureza descritiva, pois teve como objetivo
descrever características da utilização do Suprimento de Fundos na Universidade Federal da
Bahia, sem nenhuma interferência do pesquisador sobre o fenômeno pesquisado. Os
resultados poderão contribuir para destacar o papel do planejamento na gestão pública,
fazendo uma relação de que quanto menos se recorre ao Suprimento de Fundos, melhor tem
sido o planejamento da UFBA, pois ela está necessitando menos de recorrer aos dispositivos
emergenciais para despesas de pequeno vulto.
Em relação aos procedimentos a pesquisa caracteriza-se como um Estudo de Caso na
Universidade Federal da Bahia e concentra-se sobre a temática do uso do Suprimento de
Fundos, reunindo informações detalhadas através da coleta de dados por verificação in loco
dos processos administrativos, buscando apreender a totalidade desse fenômeno nesta
Instituição.
Relativamente ao aspecto da abordagem, ante ao forte debruçamento sobre os
números, os quais ajudaram a entender o uso do Suprimento de Fundos na UFBA, essa
pesquisa classifica-se como quantitativa, pois busca demonstrar, através dos dados levantados,
como se dá a utilização do Suprimento de Fundos na UFBA e os fatores que determinam os
critérios do uso desta ferramenta nesta Instituição.
A técnica de coleta utilizada que teve maior aprofundamento nesta pesquisa foi a
análise dos processos de concessão de Suprimento de Fundos e dos processos de
comprovação dos gastos, conhecida como de prestação de contas. Mas, também, diante da
grande disponibilização de dados sobre o tema pesquisado na internet, boa parte dos dados foi
coletada no Portal da Transparência do Governo Federal. Além disso, recorreu-se a
informação direta com os funcionários da universidade quando os números não foram
suficientes para perfeita compreensão dos fatos.
Sob o aspecto da população e amostra o estudo foi centrado nos processos de
concessão e de prestação de contas de Suprimento de Fundos da Universidade Federal da
Bahia no período de 2005 a 2012, e, eventualmente, consultou-se os servidores diretamente
envolvidos nas etapas de efetivação do gasto.
11

V. RESULTADO E DISCUSSÃO
4.1 A unidade de estudo de caso: UFBA7

Desde 2007, quando o Conselho Universitário aprovou a adesão da UFBA ao


Programa de Apoio e Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais
(REUNI), a Universidade Federal da Bahia vem passando por grandes transformações, como:
criação de novos câmpus, ampliação do número de vagas, abertura de novos cursos etc. Tais
transformações trazem consigo uma maior disponibilização de recursos, mas, também,
exigem dos gestores tomadas de decisões mais rápidas, tendo em vista que a grande
quantidade de recurso disponibilizada tem que ser aplicada (ou pelo menos comprometida)
dentro do exercício orçamentário, para que o valor disponibilizado não seja devolvido aos
cofres do Tesouro Nacional ao final do exercício.
A urgência de se tomar decisões dificulta o planejamento adequado e mais abrangente,
o que pode levar os gestores a recorrerem aos meios de aquisição emergenciais, tais como o
Suprimento de Fundos, para corrigir as falhas dentro dos planos de execução orçamentária.
A Universidade Federal da Bahia é uma autarquia pública federal, vinculada ao
Ministério da Educação. Neste sentido, a sua autonomia administrativa e orçamentária
encontra-se dentro dos limites estabelecidos pela legislação federal e também pelos Decretos
e Portarias publicados pelo MEC, quando estes se estenderem aos órgãos a ele vinculados.

4.2 A utilização do Suprimento de Fundos na UFBA

No tocante ao tema Suprimento de Fundos e Cartão de Pagamento do Governo


Federal, o MEC no ano de 2008 publicou a Portaria nº. 653, que trata de autorizar e
estabelecer limite de saque inferior ao estabelecido no Decreto da Presidência da República
Nº 6.370, desse mesmo ano. Enquanto que a legislação federal estabelece que os gastos por
Suprimento de Fundos possam ser realizados por saque até o limite de 30% (trinta por cento)
do total das despesas efetuadas por este dispositivo no ano, os órgãos vinculados ao
Ministério da Educação só podem gastar por saque apenas 20% (vinte por cento) desse total.
A Portaria 653/08 do MEC, além de instituir o limite de saque com CPGF, reforça
ainda a idéia de que a Administração deve recorrer ao saque como forma de pagamento
apenas em casos em que a localidade ou o estabelecimento sejam desprovidos de
equipamentos que permitam a operação com o cartão. Ela determina ainda que os saques só
poderão ser usados para pagamentos de prestadores de serviços (pessoa física ou jurídica) e na
aquisição de material de consumo e, para efetuá-lo, o processo de requisição deverá conter
justificativa demonstrando a impossibilidade de utilização do pagamento via CPGF.
Em se tratando dos outros aspectos relacionados ao Suprimento de Fundos, a
Universidade Federal da Bahia segue ainda a sua Portaria interna nº 1.847 de 1998 – já um
tanto ultrapassada por conta das grandes modificações ocorridas nos últimos anos,
principalmente a institucionalização do Cartão de Pagamento do Governo Federal, que ainda
não existia na época da portaria. No entanto, fatores como formalização do processo de
requisição de suprimento e de prestação de contas; prazo para aplicação, prorrogação e

7
Para maiores informações sobre a UFBA, como estrutura administrativa e organizacional e a sua natureza
jurídica, consulte o Estatuto e Regimento Geral da UFBA, 2010. Disponível em www.UFBA.br. Acessado em
14/01/2013.
12

comprovação dos gastos; bem como, a determinação da unidade competente de controle e


acompanhamento, presentes nessa portaria, são válidos até hoje.
É com base nessa Portaria que os processos de requisição e prestação de contas de
Suprimento de Fundos da UFBA devem conter descrição do material ou do serviço a ser
contratado de forma clara e explícita, com folhas numeradas seqüencialmente e documentos
organizados em ordem cronológica. Essa Portaria determina ainda que a Divisão de
Contabilidade e Auditoria seja a unidade competente para analisar os processos de concessão
e comprovação, podendo sugerir veto à concessão, impugnação de despesa e tomada de
contas especial, quando tais processos não se ajustarem ao que dispõe as normas vigentes.
O prazo para aplicação do Suprimento de Fundos na Universidade Federal da Bahia é
de 30 dias corridos, podendo ser prorrogado por mais 30. Terminado o prazo de aplicação,
conta-se mais 10 dias para que o Agente Suprido apresente a prestação de contas. Estes prazos
são inferiores àqueles constantes na legislação federal que admite até 90 dias para aplicação e
mais 30 dias para comprovação dos gastos.
No que se refere aos limites dos gastos, a UFBA segue os mesmos limites
estabelecidos pela Portaria 95/2002 do Ministério da Fazenda, tendo em vista que o teto dos
gastos constantes na Portaria nº. 1.847/98 não levava em consideração os novos limites
estipulados pela legislação que instituiu o Cartão de Pagamento do Governo Federal. Os quais
são:

Tabela 1 – Valores limites para despesas com Suprimento de Fundos

INSTRUMENTO Cartão de Pagamento do Governo Federal (CPGF)


Obras e Serviços de
NATUREZA Compras e Serviços
Engenharia
a) por concessão R$ 8.000,00 R$15.000,00
b) por despesa (isto é: por documento de
R$ 800,00 R$ 1.500,00
comprovação do gasto)
Fonte: Portaria N. 95/2012 – Ministério da Fazenda

O controle e o acompanhamento dos gastos são realizados pela Pró-Reitoria de


Administração da UFBA. No entanto, o uso do Cartão de Pagamento do Governo Federal é
descentralizado, ou seja, a UFBA se divide em vários Centros de Custos, os quais poderão ter
até mais de um servidor portador de CPGF. Porém, todos esses servidores devem estar
autorizados anualmente pelo Pró-Reitor de Administração, que envia no inicio de cada
exercício uma lista ao Banco do Brasil com os dados cadastrais de cada servidor e o Centro de
Custo ao qual ele está vinculado para fazer uso do Suprimento de Fundos com o CPGF. O
limite de gasto, apresentado no Quadro 1, é, assim, estabelecido para cada Centro de Custo
individualmente, e não para a Universidade como um todo, nem para cada servidor portador
do Cartão de Pagamento.
Atualmente, a UFBA encontra-se com trinta e oito centros de custos cadastrados, a
maioria com um servidor portador do CPGF. Contudo, o número de servidores cadastrados
para utilizar o cartão não significa dizer que todos estão fazendo uso do dispositivo
Suprimento de Fundos. Na pesquisa, observou-se que a quantidade de cartões utilizados para
realização de despesas variou bastante nos anos verificados.
13

Tabela 2 - Número de CPGF Utilizados para Suprimento de Fundos de 2005 - 2012

Ano de Utilização do CPGF 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Quantidade de Cartões Utilizados
na UFBA 2 3 18 2 3 3 7 4
Fonte: Portal da Transparência do Governo Federal: <http://www.portaldatransparencia.gov.br>

Destaca-se o ano de 2007, em que havia 18 cartões em uso, um número relativamente


destoante comparado com todos os outros períodos. Foi nesse exercício também que a UFBA
mais gastou com Suprimento de Fundos, bem como foi o ano em que houve a maior variedade
de tipos de despesas.

Tabela 3 - Valores (em reais) dos Gastos com Suprimento de Fundos no período de 2005 - 2012

Esfera de
Utilização
do CPGF 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Governo
Federal 21.706.269,63 33.362.544,98 76.254.491,76 55.257.326,02 64.547.860,27 80.079.782,60 58.743.558,95 25.491.902,41

Ministério
da
Educação 1.183.879,50 3.759.705,95 5.359.075,85 4.829.177,96 5.171.540,78 4.796.494,28 5.595.371,49 2.569.108,71

UFBA 1.332,87 12.239,90 28.562,26 4.531,73 7.687,59 9.792,03 13.573,08 12.229,89


Fonte: Portal da Transparência do Governo Federal: <http://www.portaldatransparencia.gov.br>

Por se tratar de uma universidade com atuação em quase todas as áreas de formação
acadêmica e, além disso, com assistência estudantil, a UFBA tem as mais diversas possíveis
necessidades que podem surgir como emergenciais. Desde remédios até material esportivo ou
hospitalar, tudo pode ser objeto de aquisição por Suprimento de Fundos na UFBA, desde que
se enquadre nas características exigidas em Lei. Porém, sendo tais emergências em sua
maioria decorrentes da própria atividade fim desta Autarquia, espera-se sempre que até
mesmo elas sejam incorporadas ao planejamento da Universidade, fazendo-se assim licitação
ou buscando a aquisição com contratos prévios.
Neste sentido, buscou-se identificar quais os materiais e serviços que foram objeto de
compra através do Suprimento de Fundos na Universidade Federal da Bahia no período de
2005 a 2012, os quais estão distribuídos da seguinte maneira:
14

Gráfico 1: Distribuição dos Gastos com Suprimento de Fundos na UFBA de 2005 - 2012
Fonte: Processos de Prestação de Contas de Suprimento de Fundos da UFBA

Como se pode observar, os gastos com gêneros alimentícios ocupam mais de


cinquenta por cento dos processos de Prestação de Contas de Suprimento de Fundos da
Universidade Federal da Bahia. A análise desse gasto ano a ano permite afirmar que houve
uma tendência a concentrar o uso de Suprimento de Fundos nesse item de despesa.

Tabela 4 - Evolução dos tipos de despesas realizadas por Suprimento de Fundos na UFBA

Tipo de Estabelecimento dos


Gastos 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total
Gêneros Alimentícios 75% 30% 15% 0% 93% 85% 77% 88% 51%
Material de Expediente 25% 54% 34% 77% 0% 11% 12% 2% 26%
Passagens Rodoviárias e Aéreas 0% 0% 28% 0% 0% 0% 0% 0% 9%
Material de Construção 0% 11% 4% 0% 2% 1% 5% 10% 5%
Combustíveis e Peças automotivas 0% 0% 8% 0% 0% 0% 6% 0% 3%
Outros 0% 5% 11% 23% 5% 3% 0% 0% 6%
Total 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%
Fonte: Processos de Prestação de Contas de Suprimento de Fundos da UFBA

Vê-se que, dos oito anos pesquisados, nos quatro últimos, a despesa com gênero
alimentício concentrou mais de 75% (setenta e cinco por cento) do gasto com Suprimento de
Fundos da UFBA. Essa concentração, segundo informação de servidores técnico-
administrativos da Universidade, decorre principalmente da dificuldade de se concluir uma
licitação para alguns alimentos específicos, utilizados nas aulas práticas realizadas na Escola
de Nutrição. A situação agravou-se ainda mais a partir do ano de 2009, com a criação do curso
de Gastronomia (coordenado também por essa unidade de ensino) o qual aumentou a
demanda por alimentos ainda mais singulares. A análise dos dados constantes na Tabela 5
ratifica a informação obtida com servidores da UFBA.

Tabela 5 - Gasta com Suprimento de Fundos por Centro de Custos da UFBA


15

Centro de Custos 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total
Escola de Nutrição (NUT) - - 3.220,34 - 6.990,59 7.979,57 5.206,76 6.228,42 29.625,68
Instituto Multidisciplinar - - - - - 1.194,86 1.566,41 1.429,99 4.191,26
De Saúde (IMS)
Pro - Reitoria de - - 6.686,24 3.999,43 200,00 617,60 6.799,91 4.571,48 22.874,66
Administração (PROAD)
Escola de Dança (DAN) - - - 532,30 497,00 - - - 1.029,30
Serviço de Seleção - - 8.570,56 - - - - - 8.570,56
(SSOA)
Pro - Reitoria de Assist. 800,00 5.236,80 2.000,00 - - - - - 8.036,80
Estudantil (PROAE)
Inst. De Ciências e - - 2.200,73 - - - - - 2.200,73
Desenv. Sustentável
(ICADS)
Hosp. Univ. Prof. Edgar 532,87 7.093,10 5.884,39 - - - - - 13.510,36
Santos (HUPES)
Total 1.332,87 12.329,90 28.562,26 4.531,73 7.687,59 9.792,03 13.573,08 12.229,89 90.039,35

Fonte: Processos de prestação de contas de Suprimento de Fundos da UFBA

Infere-se, portanto, que os gastos por Suprimento de Fundos na Universidade Federal


da Bahia não estão diminuindo gradativamente por conta apenas de um item de despesa, que
ainda não foi possível concluir a licitação por falta de interesse dos fornecedores em registrar
preço em ata, considerando a pequena quantidade do produto a ser adquirida pela UFBA e a
flutuação dos valores dos gêneros alimentícios requisitados. No entanto, ainda assim, pode-se
considerar que há falhas que se repetem ao longo dos anos no planejamento da universidade,
tendo em vista que, contando a partir da criação do curso de Gastronomia em 2009, são quatro
anos consecutivos em que a Escola de Nutrição recorre a um dispositivo de caráter
emergencial, com limites bastante reduzidos, para conseguir realizar as aulas práticas dos seus
cursos. A simples frustração das tentativas de licitar, neste caso, não é justificativa suficiente
para se recorrer aos dispositivos emergenciais da legislação por tanto tempo, pois a UFBA
poderia ter se servido (e isso deveria ter sido feito antes mesmo da criação efetiva do curso)
de outros meios, como formalização de convênios ou parcerias com outros órgãos, de maneira
a viabilizar a manutenção da qualidade dos cursos da UFBA.
Vendo por outro lado, no que se trata dos outros itens de despesa, constata-se a
esperada diminuição dos gastos com Suprimento de Fundos, fruto da evolução tecnológica no
processo licitatório, dos enrijecimentos impostos pela legislação federal e da gestão pública
responsável.

VI. CONCLUSÃO
16

Propôs-se nesse artigo fazer um estudo sobre os gastos efetuados por Suprimento de
Fundos na Universidade Federal da Bahia, desde o ano de 2005, quando foi instituído o
Cartão de Pagamento do Governo Federal, até o ano de 2012.
Nesse sentido, fez-se um levantamento das principais normas que regulam o uso de
Suprimento de Fundos, primeiramente na esfera federal como um todo, depois, no Ministério
da Educação e na UFBA propriamente dita. Em seguida, verificou-se tanto a quantidade que
se gastou por este dispositivo no período pesquisado, como o tipo de gasto realizado por
Suprimento de Fundos na UFBA.
Paralelamente, analisou-se o contexto das aquisições de materiais e serviços no setor
público, e se constatou que as condições atuais, tanto materiais (no sentido de recursos
tecnológicos) como legais, favorecem e exigem que o planejamento seja tomado como um
princípio das tomadas de decisões do gestor público, ficando assim cada vez mais difícil
justificar as compras por Suprimento de Fundos, tendo em vista que elas estão reservadas às
despesas excepcionais, que por algum motivo não pôde passar pelo processo normal de
execução.
Nessa perspectiva, trabalhou-se com a hipótese de que os gastos efetuados por
Suprimento de Fundos estariam diminuindo a cada ano, na medida em que o planejamento de
execução orçamentária da UFBA estaria melhorando, seguindo o contexto das aquisições
públicas atuais. Em outras palavras, esperava-se que com a facilidade, através das recentes
mudanças no processo licitatório, de se adquirir bens e serviços por meio de licitação (como a
criação do Pregão Eletrônico, por exemplo) e com a obrigatoriedade legal de licitar; as
compras diretas ao fornecedor, como Suprimento de Fundos, estariam sendo cada vez menos
necessárias.
Tal hipótese não foi confirmada totalmente, pois, em números absolutos, o gasto com
Suprimento de Fundos na UFBA, em vez de diminuir, vem aumentando nos últimos anos. No
entanto, uma observação mais detalhada demonstrou que os gastos não diminuíram por causa
apenas de um tipo de despesa que tem encontrado dificuldades em finalizar a licitação. Desta
forma, conclui-se que a confirmação da hipótese é uma questão de tempo e de curto prazo,
pois, ultrapassando a dificuldade do fornecimento de gêneros alimentícios licitados – a qual a
solução não precisa ser exclusivamente a conclusão do processo licitatório, mas pode ser a
formalização de convênios ou parcerias com outros órgãos ou entidade – os gastos com
Suprimento de Fundos serão restritos apenas a despesas realmente eventuais, as quais a UFBA
cada vez menos tem sido surpreendida, graças ao seu bom planejamento orçamentário.

REFERÊNCIAS
17

BRASIL. Lei 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro
para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios
e do Distrito Federal. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4320.htm#veto>. Acesso em 11 abr. 2012.

_______. Decreto-Lei n. 200, de 23 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a organização da


administração federal, estabelece diretrizes para Reforma Administrativa e dá outras
providencias. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil/decreto-lei/Del0200.htm>.
Acesso em 11 abr. 2012.

_______. Decreto, 93.872, de 23 de dezembro de 1986. Dispõe sobre a unificação de caixa do


Tesouro Nacional, atualiza e consolida a legislação pertinente e dá outras providências.
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D93872.htm> Acesso em 11
abr. 2011.

_______. Decreto n. 5.355, de 25 de janeiro de 2005. Dispõe sobre a utilização do Cartão de


Pagamento do Governo Federal - CPGF, pelos órgãos e entidades da administração pública
federal direta, autárquica e fundacional, para pagamento de despesas realizadas nos termos da
legislação vigente, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26
jan.2005. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2005/Decreto/D5355.htm > Acesso em 11 abr. 2011.

_______. Decreto nº. 6.370, de 1º de fevereiro de 2008. Altera os Decretos nº 5.355, de 25 de


janeiro de 2005, que dispõe sobre a utilização do Cartão de Pagamento do Governo Federal -
CPGF, e 93.872, de 23 de dezembro de 1986, que dispõe sobre a unificação dos recursos de
caixa do Tesouro Nacional, atualiza e consolida a legislação pertinente, e determina o
encerramento das contas bancárias destinadas à movimentação de suprimentos de fundos.
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 06 fev. 2008. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/d6370.htm> Acesso em 31
jan.2013.

Controladoria Geral da União (CGU). Suprimento de Fundos e Cartão de Pagamento:


perguntas e respostas. Brasília: Ascom/CGU. 2006. 47 p.

MINISTÉRIO DA FAZENDA (Brasil). Portaria nº. 95, de 19 de abril de 2002. Estabelece


limites para utilização do suprimento de fundos e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 23 abr.2002. Disponível em: <
http://www.fazenda.gov.br/portugues/legislacao/portarias/2002/portaria095.asp> Acesso em:
31 jan..2013.

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO ORÇAMENTO E GESTÃO (Brasil). Portaria nº. 41


de 07 de março de 2005, alterada pelas Portarias nº. 01 do MPOG de 4 de janeiro de 2006 e
nº. 44 do MPOG de 14 de março de 2006. Estabelece normas complementares para
utilização do Cartão de Pagamento do Governo Federal – CPGF, pelos órgãos e entidades da
18

Administração Púbica Federal direta, autárquica e fundacional. Diário Oficial da União,


Brasília, DF, 07 mar. 2005.

MINISTÈRIO DA EDUCAÇÂO (Brasil). Portaria nº. 653, de 28 de Maio de 2008. Autoriza


os órgãos e entidades vinculadas ao Ministério da Educação a realizar despesas com
suprimento de fundos através do Cartão de Pagamento do Governo Federal – CPGF. Diário
Oficial da União, Brasília, DF, 28 mai. 2008.

SECRETARIA DO TESOURO NACIONA (Brasil). Manual do SIAFI WEB código 02.11.21


atualizada. Coordenação Geral de Contabilidade e Custos da União – CCONT.
Disponível em <https://gestaomanualsiafi.tesouro.fazenda.gov.br> . Acesso em 31 jan. 2013.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA. Portaria nº. 1.847, de 01 de dezembro de 1998.


Disciplina a concessão, aplicação e a comprovação de suprimento de fundos.

CARVALHO, Deusvaldo. Orçamento e contabilidade pública: teoria, prática e mais de 800


exercícios. 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

FULGENCIO, Paulo César. Glossário Vade Mecum: administração pública, ciências


contábeis, direito, economia, meio ambiente. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007.

KOHAMA, Hélio. Contabilidade Pública: teoria e prática. São Paulo: Atlas. 2003.

Abstract
This article deals with a study on the system of advance of the federal government, the
supply-of-funds, and their use at the Federal University of Bahia. It starts with the premise
that the supply-of-funds is a form of budget expenditures aimed at emergency and small
figure, which can’t go through the normal process of execution (bidding process). From this
perspective, to analyze the current context of public procurement, it was found that the
Brazilian government has provided technological advances to facilitate purchases of federal
agencies through competitive bidding and at the same time is creating laws that hinder the
direct purchase the supplier, as purchases by supply-of-funds. Therefore, this study worked
with the hypothesis that the use of the device supply-de-funds at the Federal University of
Bahia would be increasingly restricted in view of its emergency planning ahead to highlight
the new Brazilian laws and new bidding procedures that facilitate the procurement planned.
After analyzing the requisition processes and accountability Supply-of-Funds of the Federal
University of Bahia and survey data, it was speculated that the hypothesis was partially denied
because, in absolute terms, spending on supply-of-Funds at the Federal University of Bahia
are increasing in recent years. But, it was also observed that the type of spending is mostly
restricted to an expense item, which increased its need throughout the research period and was
not able to complete the bidding process for its acquisition by normal means of budget
execution.
Keywords: Federal University of Bahia (UFBA); Supply of Funds; Payment Card Federal
Government (CPGF); Budget Execution, Accounting Applied to Public Sector Procurement

Você também pode gostar