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de
Resistência dos
Materiais
Extensometria Elétrica
(Strain-Gage)
e
Fotoelasticidade
1º Semestre 2006
PARTE I: EXTENSOMETRIA 1
1. Introdução 1
2. A Extensometria Mecânica 1
3. A Extensometria Elétrica 2
4. A Extensometria Óptica 2
1. Generalidades 3
2. Princípio de Medidas 4
3. Tecnologia dos Extensômetros 19
4. Características Construtivas 22
5. Efeito Térmico Secundário 31
6. A Escolha de um Extensômetro 32
7. Técnica de Instalação dos Gages 33
8. Instrumentação 33
1. Definições 43
2. Princípio 43
3. Polarímetro 46
4. Figuras Diversas 55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 58
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
PARTE I: EXTENSOMETRIA
1. Introdução
A “Análise Experimental de Tensões” tem como objetivo final a avaliação dos estados de
tensões que agem nos diversos pontos de uma estrutura.
Para tal, ela utiliza os métodos ou técnicas chamadas “extensométricas”, diretas ou
indiretas, que medem as deformações envolvidas em torno de um ponto da estrutura em estudo.
A conseqüente aplicação das relações tensão x deformação permitem avaliar o respectivo
estado de tensão.
No regime elástico, estas relações lineares são dadas pela lei Hooke generalizada:
εx =
1
E
[
⋅ σ x − ν ⋅ (σ y + σ z ) ]
1
[
ε y = ⋅ σ y − ν ⋅ (σ x + σ z )
E
]
1
[
ε z = ⋅ σ z − ν ⋅ (σ x + σ y )
E
]
OU
σ x = k ⋅ [(1 − ν )ε x + ν ⋅ (ε y + ε z )]
σ y = k ⋅ [(1 − ν )ε y + ν ⋅ (ε x + ε z )]
σ z = k ⋅ [(1 − ν )ε z + ν ⋅ (ε x + ε y )]
onde:
E é modulo de Young do material
ν é o coeficiente de Poisson
E
k=
(1 + ν ) ⋅ (1 − 2ν )
No regime plástico, as relações tensão x deformação deixam de ser lineares e dadas por
outras leis como as de Lery-Mises ou de Prandtl-Reuss, que podem ser encontradas nos livros
avançados da Resistência dos Materiais ou da Mecânica dos Sólidos Deformáveis.
As técnicas extensométricas podem ser classificadas em três grandes categorias:
2. A Extensometria Mecânica[1]
A extensometria mecânica tem como princípio básico de trabalho a medida da distância
entre dois pontos, antes e depois da solicitação da estrutura. A distância inicial entre os pontos ´l´
é o comprimento ativo do extensômetro.
Como os deslocamentos envolvidos são muito pequenos, faz-se necessário ampliar a
medida para uma leitura mais segura, que se consegue através de dispositivos óticos ou
pneumáticos.
Um grande inconveniente do uso dos extensômetros mecânicos é o fato das
deformações serem, geralmente, heterogêneas numa estrutura, fazendo com que o comprimento
ativo seja o menor possível, fator limitante da construção dos referidos extensômetros.
1
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
3. A Extensometria Elétrica
3.1. por Analogia: monta-se um círculo elétrico no qual uma grandeza obedeça as mesmas leis
que uma certa função de tensões, verificada na estrutura em estudo. Este método, cômodo em
certos casos particulares, necessita de montagens complexas em muitos outros, o que o torna
inadequado em face dos outros métodos descritos a seguir.
3.2. por STRAIN-GAGES: a deformação em torno de um ponto e numa certa direção de uma
estrutura carregada é determinada pela medida da variação de resistência elétrica de um fio
colado na mesma direção da deformação que se quer medir. O método é cômodo, preciso e
permite a determinação do estado de tensões num ponto isolado, ao mesmo tempo que não
avalia o campo completo de tensões no corpo.
4. A Extensometria Óptica[1]
4.1. MOIRÉ: a superposição de dois reticulados de malhas muito finas, um ligado à peça
deformada e portanto distorcido e o outro de comparação, permite observar um fenômeno de
franjas, chamado de MOIRÉ, cuja configuração está ligada à deformação da peça.
4.2. Holografia por interferometria: esta técnica mede a fase de uma vibração luminosa em
função de uma vibração luminosa de referência. Esta fase é função do caminho óptico percorrido
e varia de acordo com a mesma.
4.3. Fotoelasticimetria: mede por polarimetria a distorção de forma que uma vibração luminosa é
submetida quando atravessa um meio que, inicialmente homogêneo e isotrópico, se torna
birrefringente assim que é deformado.
Obs.: as técnicas de extensometria óptica são bem adaptadas à análise do campo de tensões e
se aplicam, em geral, a modelos estruturais. No entanto, em algumas variações, como na técnica
da fotoelasticimetria por reflexão, o estudo pode ser feito na estrutura real, tornando-a de grande
importância.
2
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
PARTE II: EXTENSOMETRIA ELÉTRICA
1. Generalidades[1]
A extensometria elétrica por STRAIN-GAGES utiliza como elemento sensível um fio
resistivo que transforma uma variação de comprimento em variação de resistência elétrica.
Nos primeiros gages utilizados no início deste século o elemento resistente era
constituído por um depósito de carbono coloidal sobre um suporte isolante. Notou-se
rapidamente que os fatores secundários, temperatura e umidade exerciam uma influência
considerável sobre as indicações do gage.
Estes problemas levaram à concepção de gages constituídos por fio, onde, em sua
forma mais simples, é composto por um fio muito fino (10 a 30 µm de diâmetro) em liga Ni-Cr ou
Cu-Ni. O fio, depois de dobrado, é colocado sobre um suporte isolante, em geral uma folha fina
de papel (fig. 01).
[3]
Fig. 01 – O extensômetro de resistência elétrica.
[3]
Fig. 02 – Detalhes do extensômetro de resistência elétrica.
3
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
Citamos abaixo algumas vantagens do caso dos extensômetros de lâmina:
- a precisão da grelha obtida por fotogravura é da ordem de microns;
- o suporte epóxi, mais sólido que o papel, pode ser muito fino, transmitindo assim mais
fielmente as deformações ao elemento sensível;
- sendo de constituição plana possibilitam melhor dissipação térmica;
- o procedimento de fabricação permite reduzir a dispersão de características geométricas
num mesmo lote;
- o efeito transversal é muito menor que os gages a fio;
- a técnica da fotogravura permite a obtenção de geometrias variadas com grandes reduções
de dimensões.
Desta forma, os gages de lâmina ou de folha são, no dias de hoje, os mais utilizados.
2. Princício de Medidas
[1]
2.1. O Strain-Gage:
Consideremos um gage tipo lâmina, colado sobre um certo ponto da superfície de uma
peça. Um sistema de eixos xyz é ligado a peça, onde o eixo x é paralelo aos fios do gage (fig.
03).
[3]
Fig. 03 – Detalhe de um fio de um gage tipo lâmina.
dR dρ dl dS (1)
= + −
R ρ l S
A Lei de Bridgman estabelece que a variação da resistividade é proporcional à variação
de volume do gage:
dρ dv dS dl
= c⋅ = c⋅ + (2)
ρ v S l
4
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
Substituindo (2) em (1) resulta:
dR dl dS (3)
= (c + 1) ⋅ + (c − 1) ⋅
R l S
(4)
dS 1 − 2ν ν
= ⋅εy − ⋅ εx
S 1 −ν 1 −ν
(5)
dl
onde ε x = Substituindo (4) e (5) em (3), resulta:
l
dR 1 − 2ν ν 1 − 2ν (6)
= c⋅ + ⋅εx + ⋅ (c − 1) ⋅ ε y
R 1 −ν 1 −ν 1 −ν
dR (7)
= K1 ⋅ ε x + K 2 ⋅ ε y
R
onde K1 e K2 dependem de uma série de fatores, em particular da natureza do material do gage
e da temperatura de serviço.
Deve-se observar que a lei de Brigdman, como foi enunciada anteriormente, não leva em
consideração a anisotropia do metal dos gages, conseqüência de sua fabricação (trefilação ou
fotogravura). É provavél que a descrição exata dos fenômenos exige substituir simples
constantes c ou ν por outras grandezas mais complexas (tensoriais).
A constante K1 é o fator do gage e a constante K2 caracteriza sua sensibilidade à
deformação transversal. Em geral K2 é desprezado perante K1.
O efeito da deformação transversal sobre a longitudinal é dada pelo fabricante do gage
através do seguinte coeficiente:
dR
⋅ε y para ε x = 0
R
L= (8)
dR
⋅εx para ε y = 0
R
5
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
Como o fabricante do gage procura no seu projeto o menor efeito possível da
deformação transversal sobre a longitudinal (o quociente da expressão anterior não passa de
alguns por cento), em primeira aproximação podemos escrever a seguinte expressão:
dR
= K ⋅εx (9)
R
Observação: Em tudo que foi escrito, supõe-se que a deformação εx medida pelo gage, seja igual
ao do material sobre a qual ele é colado. Apesar de que seja difícil compreender que a
transmissão integral da deformação se dê através do material de suporte do gage (resina epóxi),
devemos notar que a transmissão é de deformações não de tensões. Isto se deve ao
comportamento elástico do material de suporte (caso seja viscoelástica a transmissao de
deformações, ainda esta se dá integralmente, ou com alguns desvios que não chegam a
comprometer a medida) (fig. 04).
[3]
Fig. 04 – Transmissão da deformação da estrutura para o gage.
[1]
2.2 Método de Medida:
Como sabemos, a medida da deformação εx, paralelamente aos fios do gage, se reduz à
avaliação da variação relativa de sua resistência elétrica:
dR
= K ⋅ε x
R
6
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
Com base nesta informação, podemos dispor de dois princípios de medidas que
passamos a abordar: o método potenciométrico e o método em ponte.
[3]
Fig. 05 – Montagem potenciométrica.
10 × 10 6
ε= = 50 × 10 − 6
200 × 10 9
dU K
= ⋅ ε x = 25 × 10 −6 mas se E = 4V, então dU = 100µV
E 4
Estabilizar uma tensão desta ordem é impraticável.
A figura 06 indica uma ponte de Wheatstone, onde i, j e k são as correntes nas suas 3
malhas (os respectivos sentidos estão indicados na própria figura) e G é um galvanômetro.
7
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
[3]
Fig. 06 – Ponte de Wheatstone.
E E
i= e j= mas como U = VA-VB = R1i – R4j , temos:
R1 + R2 R3 + R4
( R1 ⋅ R3 − R2 ⋅ R4 )
U=
( R1 + R2 ) ⋅ ( R3 + R4 )
R1 R2 R1 + R2
como: R1.R3 = R2.R4 ou = =
R4 R3 R3 + R4
R1 R4 R2 R3
ou ainda: = e =
R1 + R2 R3 + R4 R1 + R2 R3 + R4
8
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
R1 ⋅ R2 R3 ⋅ R4
obtém-se pelo produto destas expressões: = (11)
( R1 + R2 ) 2
( R3 + R4 ) 2
Este é o caso de aplicação de gage simples (figura 07) onde, medida a deformação εx
na direção x, basta aplicar a lei de Hooke na sua forma mais simples ( σ x = E ⋅ ε x ) para o
cálculo da tensão σx.
Comprimento Ativo
[3,6]
Fig. 07-01 – Detalhe do gage sob deformação.
9
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
Exemplos de strain gages para solicitação simples:
[5]
Fig. 07-02 – Exemplos de gage HBM série Y.
10
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
[5]
Fig. 07-03 – Exemplos de gage HBM série G.
11
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
Exemplos de strain gages para solicitação dupla:
[3,5]
Fig. 08 – Exemplos de rosetas.
12
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
2.3.2.1. Caso geral:
[3]
Fig. 09 – Roseta genérica.
γ xy
ε a = ε x ⋅ cos 2 θ a + ε y ⋅ sen 2 θ a + ⋅ sen 2θ a
2
γ xy
ε b = ε x ⋅ cos 2 θ b + ε y ⋅ sen 2 θ b + ⋅ sen 2θ b (14)
2
γ xy
ε c = ε x ⋅ cos 2 θ c + ε y ⋅ sen 2 θ c + ⋅ sen 2θ c
2
2 2
εx +εy εx −εy γ xy
ε 1, 2 = ± +
2 2 2
ε x − ε1
θ 1 = arctg
γ xy
2 (15)
εx −ε2
θ 2 = arctg ou
γ xy
2
γ xy
tg 2θ =
(ε x −εy )
Com os valores de ε1 e ε 2 , calculamos as tensões σ 1 e σ 2 , através da lei de Hooke
generalizada:
13
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
E
σ1 = ⋅ (ε 1 + ν ⋅ ε 2 )
1 −ν 2 (16)
E
σ2 = ⋅ (ε 2 + ν ⋅ ε 1 )
1 −ν 2
[3]
Fig. 10 – Roseta retangular ou 45º.
ε x = εa ; ε y = εb ; γ xy = 2 ⋅ ε b − ε a − ε c
εa + εc
ε 1, 2 = ± (ε a − ε c )2 + (2 ⋅ ε b − ε a − ε c )2 (17)
2
2 ⋅ εb − εa − εc
tg 2θ = (18)
εa − εc
2 ⋅ (ε 1 − ε a )
ou θ1 = arctg
2 ⋅ εb − εa − εc (18-a)
2 ⋅ (ε 2 − ε a )
e θ 2 = arctg
2 ⋅ εb − εa − εc
14
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
Substituindo a expressão (17) na (16), resulta:
E εa + εc 1
σ 1, 2 = ⋅ ± ⋅ (ε a − ε c ) 2 + (2 ⋅ ε b − ε a − ε c ) 2 (19)
2 2 1+ γ
ε 1, 2 = A ± B onde
εx + εy
A= e
2
(20)
1
B = ⋅ (ε a − ε c ) 2 + (2 ⋅ ε b − ε a − ε c ) 2 = (ε a − A) 2
+ (ε b − A)
2
2
ε −A
tg 2θ = b
εa − A
15
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
Procedimento para se traçar o círculo de Mohr:
- traçar 3 retas paralelas verticais, distantes ε a , ε b e εc de uma origem ‘O’ arbitraria num eixo
horizontal x;
- marcar um ponto sobre a vertical deε a , a um distância arbitrária, acima do eixo x;
- marcar a mesma distância sobre a vertical de ε c abaixo do eixo x obtendo um ponto;
- unir, através de uma reta, os dois pontos, que cortará o eixo x no ponto C, centro do círculo
de Mohr. A distância A está estabelecida;
- obter da própria figura os valores de εa − A e εb − A e desenhar o triângulo retângulo da
figura abaixo para obter o raio do círculo de Mohr B (de acordo com as expressões (20));
B
εb − A
εa − A
16
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
2.3.2.3. Roseta Delta:
[3]
Fig. 13 – Roseta delta ou 120º.
εx = εa
1
ε y = ⋅ [2 ⋅ (ε b + ε c ) − ε a ]
3
2
γ xy = ⋅ (ε c − ε b )
3
εa + εb + εc 2
ε 1, 2 = ± ⋅ (ε a − ε b )2 + (ε b − ε c )2 + (ε c − ε a )2 (21)
3 3
3 ⋅ (ε c − ε b )
tg 2θ = (22)
2 ⋅ ε a − (ε b + ε c )
tal que:
- se ε c − ε b > 0 então 0º< θ 1 <90º
- se εc − εb < 0 então –90º< θ 1 <0º
ou
17
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
3 ⋅ (ε 1 − ε a )
θ 1 = arctg
εc − εb
3 ⋅ (ε 2 − ε a )
θ 2 = arctg
εc − εb
εa + εb + εc 2
σ 1, 2 = E ⋅ ± ⋅ (ε a − ε b )2 + (ε b − ε c )2 + (ε c − ε a )2 (23)
3 ⋅ (1 − ν ) 3 ⋅ (1 + ν )
ε 1, 2 = A ± B
1
A= ⋅ (ε a + ε b + ε c )
3
2 (24)
B= ⋅ (ε a − ε b )2 + (ε b − ε c )2 + (ε c − ε a )2
3
2 εc − εb
tg 2θ = ⋅
3 εa − A
c a
- marcar um ponto arbitrário sobre a vertical por εb . Este ponto será o Pólo do círculo de
Mohr;
- pelo Pólo traçar retas paralelas às direções dos extensômetros ‘a’ e ‘c’ que interceptam as
verticais por ε a e ε c nos pontos A e C;
- os três pontos A, Pólo e C determinam o círculo de Mohr.
NOTA: este procedimento é absolutamente geral e portanto aplicável a qualquer tipo de roseta,
desde que um dos gages esteja na vertical.
18
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
3. Tecnologia dos Extensômetros
[2]
3.1. Materiais Empregados:
dR
= K ⋅εx
R
onde K é o fator do gage que depende de inúmeros fatores, entre outros o material.
Poder-se-ia imaginar que vários materiais se prestariam à fabricação dos extensômetros,
mas uma série de considerações de compromisso devem ser atendidas restringindo, assim, a
escolha:
19
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
[3]
Fig. 14 – Curvas de resposta à deformação de alguns materiais metálicos.
Poder-se-ia escolher, para aplicação em extensômetria, três tipos de materiais (fig.15) conforme
a resposta às deformações:
[]
Fig. 15 – Tipos recomendados para sinais de extensômetros.
20
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
onde:
- os tipos ‘a’ e ‘c’ são recomendados para pequenas deformações;
- o tipo ‘b’ é recomendado tanto para pequenas como para grandes deformações.
O Constantan (ADVANCE) tem uma curva do tipo ‘b’ e é uma das ligas mais usadas na
construção dos extensômetros.
Apresenta-se a seguir algumas características das ligas de maior uso:
21
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
4. Características Construtivas[1,2]
4.1. Extensômetro elétrico de fio (wire):
[1,7]
Fig. 16 – Exemplos de extensômetros elétricos de fio.
22
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
4.2. Extensômetro elétrico de folha (foil):
[3,5,7]
Fig. 17-a - Exemplos de extensômetros elétricos de folha.
23
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
[7]
Fig.17-b – Exemplos de outros tipos extensômetros elétricos de folha.
24
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
[7]
Fig. 18 – Tipos de extensômetro de semicondutor.
25
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
[3]
Fig. 19 - Gages Simples.
[3]
Fig. 20 - Roseta de 2 gages.
26
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
[3]
Fig.21 - Roseta de 3 gages.
[3]
Fig. 22 - Rosetas de 4 gages.
27
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
[3]
Fig. 23 - Rosetas Superpostas (2 e 3 gages) .
[3]
Fig. 24 - Gages longos.
28
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
[3]
Fig. 25 - Gages sem suporte.
[3]
Fig. 26 - Gages para tensão residual.
[3]
Fig. 27 - Gages para gradiente de tensões.
29
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
[3]
Fig. 28 - Gages para concentração de tensões.
30
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
5. Efeito térmico secundário
Quando se aquece uma peça, sobre a qual um gage é colado (fig. 29), este registrará
uma variação de sua resistência R, devido ao aumento de sua temperatura e da diferença de
alongamento da peça e do seu alongamento próprio.
[]
Fig. 29 – Efeito Térmico sobre o gage.
∆R
= (α peça − α SG ) ⋅ K ⋅ ∆T + γ ⋅ ∆T (25)
R ∆T
onde:
α peça : coeficiente de dilatação linear do material da peça.
α SG : coeficiente de dilatação linear do material do SG.
K : fator do gage
γ : coeficiente térmico de variação da resistividade do material do gage.
Compreende-se que este efeito deve ser eleminado para que se possa medir somente o
efeito do carregamento sobre a estrutura.
Para que (∆R R )∆T
seja nulo, deve ocorrer a seguinte relação de dependência a partir
da expressão (25):
31
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
Um elemento que verifica a expressão (26) é chamado de autocompensado
relativamente a variação térmica.
Na realidade isto pode ocorrer em determinadas faixas de temperaturas para diferentes
materiais como se indica na figura 30 abaixo.
[3]
Fig. 30 – Strain Gages autocompensados.
6. A escolha de um extensômetro[5,6,7]
A multiplicidade de tipos, formas e materiais empregados para os extensômetros fazem
com que ocorram critérios de escolha, para determinadas aplicações, baseadas em alguns
fatores:
6.1. Alongamento:
É o caso dos gages simples, das rosetas e dos gages especiais, abordados no capítulo 3
e ilustrados através das figuras 19 a 28.
32
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
6.4. Temperatura de Funcionamento:
7.1. Adesivos a base de cianocrilato: cura à temperatura ambiente; fáceis de usar; tempos de
colagem de alguns minutos; não necessitam de pressão de colagem.
7.3. Adesivos a base de poliester, acrílico e epóxi: usados normalmente com um catalizador;
aplicados com alta pressão entre o gage e a peça; tempos de cura variam com o tipo de produto,
podendo ser lentos (12horas) ou praticamente instantâneos (acrílicos).
8. Instrumentação[1]
Como vimos no item 2.2., dois métodos de medidas extensométricas são usados:
-por montagem potenciométrica;
-por montagem em ponte de Wheatstone.
Apresentaremos a seguir as ligações em ponte de Wheatstone por tratarmos, por
enquanto, de medidas estáticas.
8.1. Ligações:
As ligações em ponte de Wheatstone são feitas substituindo seus braços pelos gages,
chamados ativos, através dos quais queremos efetuar as medidas. Conforme o número de
braços ocupados, teremos ligações ou montagem de ¼ de ponte, ½ ponte ou ponte completa.
Estando os 4 braços da ponte ocupados, a expressão que traduz a variação da tensão
com a variação da resistência dos gages é a expressão (13), reproduzida abaixo pelo (26). A
33
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
expressão (27) é a mesma, mas escrita em termos de deformações, e a figura 31 é o esquema
da ponte de Wheatstone.
E⋅K
dU = ⋅ [ε1 − ε 2 + ε 3 − ε 4 ] (27)
4
[3]
Fig. 31 – Ponte de Wheatstone.
E dR1
dU = ⋅ e (28)
4 R1
E⋅K
dU = ⋅ε
4
34
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
[3]
Fig. 32 – Ligação ¼ de ponte – 2 fios.
∆R = R ⋅ γ ⋅ ∆T = 2 ⋅ 0,004 ⋅ 1 = 0,008Ω
1 ∆R 1 0,008
ε= ⋅ = ⋅ = 31,2 µε /º C
K R 2,1 (120 + 2)
[3]
Fig. 33 – Ligação ¼ de ponte – 3 fios.
35
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
Nota: não obstante, os efeitos térmicos secundários devido aos fios, com ligação em 3 fios,
serem eliminados, um erro deve ser considerado na leitura devido à introdução, em série, com a
resistência do gage, da resistência dos fios. Para medidas precisas deve-se considerar a
seguinte correção:
1 ∆R
ε real = ⋅
K RG
1 ∆R
ε medido = ⋅
K RG + r
ε real (R + r )
= G
ε medido RG
(30)
( RG + r )
ε real = ⋅ ε medido
RG
120 + 2
ε real = ⋅ ε medido
120
Esta montagem, esquematizada pela figura 34, utiliza gages ativos instalados em braços
adjacentes ou opostos da ponte, conforme se queria a diferença, ou a adição dos sinais,
respectivamente. Das expressões (26) e (27) podemos ter:
E dR1 dRr
dU = ⋅ −
4 R1 R2
montagem em braços adjacentes ou (31)
E⋅K
dU = ⋅ (ε 1 − ε 2 )
4
E dR1 dR3
dU = ⋅ +
4 R1 R3
montagem em braços opostos ou (32)
E⋅K
dU = ⋅ (ε 1 + ε 3 )
4
36
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
[3]
Fig. 34 – Ligação ½ de ponte com dummy.
E dR + dRT dRT E dR
dU = ⋅ − = ⋅
4 R R 4 R
Exemplos de aplicação:
1) Flexão Normal:
E⋅K
dU = 2 ⋅ ⋅ε (sinal dobrado)
4
E⋅K
dU = ⋅ ε ⋅ (1 + ν ) (sinal multiplicado por 1 + ν )
4
37
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
2) Tração:
E⋅K
dU = 2 ⋅ ⋅ε
4
E⋅K
dU = ⋅ ε ⋅ (1 + ν )
4
3) Flexão Oblíqua:
Esta é a montagem mais utilizada na realização de captores que se constitui por 4 gages
ativos substituindo os 4 braços da ponte (fig. 35). As diagonais de alimentação e de medidas são
respectivamente FR e HI. As expressões (26) e (27) são diretamente aplicadas nesta montagem.
[3]
Fig. 35 – Ligação em ponte completa.
38
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
Flexão Normal
E⋅K
dU = 4 ⋅ ⋅ε
4
E⋅K
dU = 2 ⋅ (1 + ν ) ⋅ ⋅ε
4
39
Apostila de Experiências – Laboratório de Resistência dos Materiais
[3]
Fig. 36 – Esquema de todas as ligações.
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Fig. 37 – Influência do comprimento dos cabos de ligação na medida.
[3]
Tabela III: Aplicações para as células de carga.
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[3]
Tabela IV: Aplicações para as células de carga.
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1. Definições
- fotoelasticidade: é a ciência que estuda os efeitos físicos, sobre a luz, devidos à ação de
tensões ou deformações em corpos elásticos transparentes.
- fotoelasticimetria: é a técnica experimental que serve para medir as tensões por
fotoelasticidade.
2. Princípio
- birrefringência acidental: certos corpos transparentes e opticamente isotrópicos (vidro, araldite,
resinas, epóxi,...) quando solicitados externamente tornam-se birrefringentes. Os eixos de
birrefringência são os eixos principais de tensões ou deformações.
[3]
Fig. 01 – Birrefrigência acidental.
1 1
ε1 = ⋅ (σ 1 − ν ⋅ σ 2 ) ; ε2 = ⋅ (σ 2 − ν ⋅ σ 1 ) (1)
E E
onde: E é o módulo de elasticidade do material;
ν é o coeficiente de Poisson do material.
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[3]
Fig. 02 – Birrefrigência acidental.
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E δ
(σ 1 − σ 2 ) = ⋅
1 +ν K ⋅ e
δ E δ C⋅E
e substituindo as relações (2) e (3) resulta: = ⋅
→ K=
C ⋅e 1 +ν K ⋅ e 1 +ν
2.2. Método de Medidas:
δ e ⋅C e⋅K
ϕ = 2 ⋅π ⋅ = 2 ⋅π ⋅ ⋅ (σ 1 − σ 2 ) = 2 ⋅ π ⋅ ⋅ (ε 1 − ε 2 )
λ λ λ
onde λ é o comprimento de onda.
2.2.2. Revestimentos Fotoelásticos: recobre-se a superfície da peça a estudar com uma camada
de material birrefringente, assegurando-se da perfeita colagem, de modo a poder se afirmar que
as deformações do revestimento são idênticas às deformações da estrutura. Observa-se, agora,
o material por reflexão. Neste caso θ = 2t .
• Transmissão:
[3]
Fig. 03 – Fotoelasticidade por trasmissão.
F: fonte
P: polarizador
A: arralisador
O: observador
M: modelo
R: revestimento fotoelástico
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• Reflexão:
[3]
Fig. 04 – Fotoelasticidade por reflexão.
3. Polarímetro
[3]
Fig. 05 – Esquema de um polarímetro.
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- seja V0 = a 0 ⋅ sen(ω ⋅ t ) a vibração polarizada, incidente no modelo;
- seja V1 e V2 as vibrações emergentes do modelo apresentando uma defasagem ϕ;
δ e ⋅C e⋅K
ϕ = 2 ⋅π ⋅ = 2 ⋅π ⋅ ⋅ (σ 1 − σ 2 ) = 2 ⋅ π ⋅ ⋅ (ε 1 − ε 2 )
λ λ λ
- seja V3 e V4 as componentes de V1 e V2 na saída do analisador.
ϕ
V1 = a 0 ⋅ cos α ⋅ sen ω ⋅ t +
2
ϕ
V2 = a 0 ⋅ sen α ⋅ sen ω ⋅ t −
2
ϕ ϕ
As defasagens ϕ1 = + e ϕ2 = − foram tomadas por conveniência, pois o resultado
2 2
da interferência das vibrações, à saída do analisador somente depende da defasagem relativa
e⋅K
ϕ = ϕ1 − ϕ 2 = 2 ⋅ π ⋅ ⋅ (ε 1 − ε 2 )
λ
ϕ
V3 = V1 ⋅ sen α = a 0 ⋅ sen α ⋅ cos α ⋅ sen ω ⋅ t +
2
ϕ
V4 = V2 ⋅ cos α = a 0 ⋅ sen α ⋅ cos α ⋅ sen ω ⋅ t −
2
V = V3 − V4
a0 ϕ ϕ
V= ⋅ sen 2α ⋅ sen ω ⋅ t + − sen ω ⋅ t −
2 2 2
a0 ϕ
V= ⋅ sen 2α ⋅ sen ⋅ cos ω ⋅ t
2 2
2
a0 ϕ
I= ⋅ sen 2 2α ⋅ sen 2
2 2
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Podemos ter dois casos de extinção da luz:
a.) → α = 0 ou α = π :
sen 2α = 0
2
No ponto considerado, as direções do polarizador e do analisador coincidem com as
direções principais. O lugar dos pontos, cujas direções principais são paralelas e perpendiculares
a uma direção fixa, é uma linha ou frange negra, chamada ISÓCLINE.
b.) sen ϕ → ϕ = 2 ⋅ n ⋅ π n = 0, 1, 2,... :
= 0
2
δ
ϕ = 2 ⋅π ⋅ = 2 ⋅ n ⋅π δ = n⋅λ
λ
O retardo óptico entre as duas vibrações é múltiplo inteiro do comprimento de onda
utilizado e n = 0, 1, 2, 3... é chamado de ordem de interferência. Devido à relação (3) temos:
S = e ⋅ C ⋅ (σ 1 − σ 2 ) mas δ = n ⋅ λ = e ⋅ C ⋅ (σ 1 − σ 2 )
λ
(σ 1 − σ 2 ) = n ⋅ f com f =
e⋅C
Obteremos uma linha ou frange negra ou colorida (luz monocromática ou natural) que é
o lugar dos pontos cuja diferença de tensões principais é igual a um múltiplo inteiro de ‘f’. Tal
linha é chamada ISOCROMÀTICA.
[3] [3]
Fig. 06 – Ordem das franjes. Fig. 07 – Retardos óticos.
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3.1. Luz Monocromática:
3.1.1. Isóclines: são sempre franges negras, pois elas dependem unicamente do ângulo α ;
3.1.2. Isocromáticas: são sempre franges negras, pois correspondem à extinção de um mesmo e
único comprimento de onda λ .
Obs.: quando se observar uma passagem rápida do vermelho para o azul, fenômeno este que se
dá pela extinção de uma das componentes da luz natural, o amarelo ( λ0 = 0,5650 µ ), a ordem
[3]
Fig. 08 – Zonas de extinção da luz em função da birrefringência.
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3.3. Eliminação das Isóclines:
λ
δ π
Como ϕ = 2 ⋅π ⋅ → ϕ = 2 ⋅ π ⋅ 4
→ ϕ =
λ λ 2
2
a ϕ
I = 0 ⋅ sen 2 ∴ ϕ = 2 ⋅ n ⋅π (n = 0, 1, 2, 3, ...)
2 2
δ
ϕ = 2 ⋅π ⋅ = 2 ⋅ n ⋅π
→ δ = n ⋅ λ
λ
b.) polarizador e analisador paralelos:
2
a0 ϕ
I= ⋅ cos 2
2 2
∴ ϕ = (2 ⋅ n + 1) ⋅ π (n = 0, 1, 2, 3, ...)
δ 2 ⋅ n +1
ϕ = 2 ⋅π ⋅ = (2 ⋅ n + 1) ⋅ π
→ δ = ⋅λ
λ 2
Obs.: como a presença da lâmina quarto de onda modificou a birrefringência total, compensa-se
este efeito colocando entre o modelo e o analisador uma outra lâmina quarto de onda, orientada,
perpendicularmente à primeira. Resulta desta montagem os cálculos acima.
3.4. Compensadores:
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[3]
Fig. 09 – Compensador Coker.
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[3]
Fig. 10 – Compensador Babinet.
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[3]
Fig. 11 – Compensador Bravais.
45
Se β = 45º então (σ 1 − σ 2 ) = 5 ⋅ 1+ = 6,25 kgf mm 2
180
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4. Figuras Diversas
[3]
Fig. 12 – Banco Fotoelástico por transmissão.
[3]
Fig. 13 – Polarímetro por reflexão.
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Fig. 14 – Exemplo de uma análise fotoelástica.
[3]
Fig. 15 – Exemplo de uma análise fotoelástica.
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[3]
Fig. 16 – Exemplo de uma análise fotoelástica.
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Fig. 17 – Exemplo de uma análise fotoelástica.
[3]
Fig. 18 – Exemplo de uma análise fotoelástica.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. DALLY, JAMES W.; RILEY, WILLIAM F. Experimental Stress Analysis. McGraw-Hill Editora,
3ª edição, 1999, p.134-136, 136-140, 164-165, 165- 168, 214-233, 311-315, 169-173, 146-
173, 146-154, 173-179.
6. MILES, A. W.; TANNER, K.E., Strain Measurement Biomechanics, Capman & Hau, 1982
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